Durante dois dias não fui a escola, eu estava cansado, meus pensamentos não me deixavam descansar, dormia cerca d duas horas por noite, apenas pensando nele, o que houve em sua casa deixou marcas, não queria me magoar, as vezes eram coisas da minha imaginação, mas a todo momento, eu relembrava a cena: ele segurando minha mão, cantando olhando nos meus olhos, eu senti uma ligação com meu sonho, cheguei até a pensar que seria naquele momento que aconteceria. Mas, como sou covarde, deixei essa oportunidade escapar, fiquei com medo, Rachel e Quinn não gostaram da minha reação, eu recuei em um momento que tudo estava em jogo, mas eu não estava preparado, ainda não estou. Quinn me contou que ainda vai continuar com seu plano de unir nós dois, mas eu não sei se isso será possível, pois tenho o grande problema: não sou assumido. Sinto que ainda não estou bem comigo mesmo, tenho medo, penso no Bullying que eu vou sofrer e desisto da ideia de assumir.

Nas noites em claro, chegava a me perguntar se perdi a grande chance de ser feliz, ou então pensava em abandonar tudo, voltar para o antigo colégio mas acho que não suportaria ficar tanto tempo sem vê-lo.

O tempo se passou, após quatro dias sem ir ao colégio recebo visitas. A primeira, meio obvia foi de Rachel.

- Oi Rachel, entre.

- Olá Sebastian, por que você não está indo a escola?

- Estou casado, não consigo dormir, você sabe disso.

- Mas por que ficar assim? Vamos, levanta desse sofá, vamos dar umas voltas e a partir de amanha você vai voltar para o colégio, certo?

- Tudo bem...

Passeamos pelo parque, ficamos um tempo no shopping e depois voltamos para minha casa, Rachel se despediu e foi para suas aulas de instrumentos.

No meio da tarde, eu estava deitado na minha cama, escrevendo uma carta com tudo que eu quero dizer ao Blaine, enquanto escrevia, parecia que ele estava ao meu lado, cantando e tentando me animar, mas eu apenas chorava, cada palavra que escrevia, sentia arrepios, palavras que serão apenas escritas, porque minha coragem não permite. Acabei adormecendo, mas fui acordado por minha mãe:

- Filho, Quinn está aqui.

- Certo, desço em um minuto.

Escovei meus dentes, limpei meu rosto, mas ainda dava para notar que chorei. Desci e encontrei Quinn sentada no sofá com meu pai, dizendo a ele que é normal ser homossexual e que amor é amor.

- Oi Quinn! Desculpa interromper.

- Tudo bem, vou deixar vocês dois aqui, preciso trabalhar.

- Como vai Quinn?

- Bem, e sei que você não está. Mas por favor, não fique assim. A Rachel me contou tudo e acho que você precisa é se expressar. Vou te ajudar a contar pra ele.

- Mas eu não quero.

- Eu sei que você quer. Enfim, eu passei para dizer que hoje, a professora Shelby passou uma tarefa para nós: duetos. Ela fez um sorteio e eu farei um dueto com você.

- Serio? Que Legal! Conseguiu me animar, sempre quis cantar com você.

- Todos querem, aprendi isso com a Rachel.

Começamos a rir, nos organizamos e escolhemos uma musica. Quinn deixou eu escolher a canção, pensei em Part Of Me. Estávamos ensaiando, por alguns momentos consegui parar de pensar em Blaine, consegui me preocupar mais com a musica, com as notas e se estava ficando bom.

Estava anoitecendo e Quinn precisava ir. Despedi-me e fui tomar um banho. Acho que no banheiro é um dos lugares, embaixo do chuveiro onde você mais pensa, embaixo do chuveiro, nos tornamos filósofos.

Ao sair, desci para comer algo e encontrei uma garota na cozinha, era Santana:

- Saia da minha casa!

- Calma, querido. Não vou fazer nada, só vim te fazer a oferta novamente, já pensou sobre o que pode acontecer? Você prefere tirar só o Blaine ou ficar sem o coral?

- Eu prefiro que você vá embora.

- Então você está tomando uma decisão que Blaine sofrerá as consequências.

- Se você encostar um dedo nele...

- Já bati em caras maiores que você.

- Sai daqui agora!

- Eu vou porque eu quero.

Bati a porta com toda minha força. Minha raiva estava tomando conta do meu corpo, meus pais me perguntaram o que houve mas não quis explicar. Eles despediram-se e foram jantar em um restaurante, deixando-me sozinho. Era um momento perfeito para pensar mas novamente a campainha tocou.

- Blaine?

- Oi Sebastian, tudo bem?

- Mais ou menos, entre.

- Não, não quero causar problemas, só passei para pedir desculpas, aquele dia eu não sei o que aconteceu. Eu sou hétero viu? E sei que você também é por isso vim pedir desculpas, não vai mais acontecer.

- Tudo bem – eu estava tão nervoso que estava com as mãos frias e a pulsação rápida demais.

- Alguém te avisou sobre a tarefa do coral?

- Sim, estou animado para me apresentar a primeira vez para vocês.

- E eu estou animado para te ver... Quero dizer, animado pra ver você cantando, claro.

- Claro – notei que seu nervosismo havia aumentado.

- É isso... Tchau Sebastian!

- Tchau, ah me lembrei de algo. Quem vai cantar com você?

- Sam... – Diz Blaine atravessando a rua, para ir embora.

Aquilo me deixou estranho, eu senti algo que não sabia explicar, eu que deveria cantar com ele. Eu não vou aguentar ver o Sam cantando com ele. Descobri que Sam está começando a gostar do Blaine e isso só vai aumentar o contato entre eles. Preciso fazer alguma coisa para impedir esse amor, mas primeiro preciso de coragem.