Lilian Evans e Bernard Evans estavam sentados no jardim, um do lado do outro.

Aquele era o lugar deles. Durante toda a vida quando os dois queriam ter um momento pai e filha eles iam ali conversar ou mesmo aproveitar o silêncio da companhia um do outro.

–Pai, posso lhe falar uma coisa?

–Pensei que não nunca iria me perguntar.

Ela lhe olha com surpresa. Bernard apenas sorri.

–Meu lírio, eu te conheço sua vida toda, sempre sei quando está nervosa, quando quer me contar algo que provavelmente vai me deixar nervoso... Nesse ponto você parece muito com sua mãe.

–É que... Não sei como falar isso com o senhor.

–Quer uma dica? Apenas deixe fluir.

–Se fosse fácil assim...

–Nunca é fácil meu amor.

A ruiva respira fundo.

–O senhor sabe que eu gosto muito do James... E que a gente está namorando. Também sabe de toda a historia do que está acontecendo no mundo bruxo...

–Era isso que você estava nervosa em me dizer/?

–Não... É que as coisas não andam nada fácil, e esse ano termino Hogwarts, e James me pediu em casamento?

Bernard Evans demorou alguns minutos para absorver a noticia e por fim perguntou:

–Qual foi sua resposta?

–Não respondi, nem que não, nem que sim... Respondi que era uma loucura.

–Você acha uma loucura?

–Acho... quer dizer... É uma loucura, mas quando penso em fazer isso com James não me parece uma, me parece algo certo, entende?

–Casamento é um passo muito grande.

–Eu sei... E não tenho ideia do que fazer.

–Claro que sabe você acabou de me dizer. Só que como sempre coloca a razão na frente dos sentimentos.

–O senhor acabou dizer que casamento é um passo muito grande.

–E é muito grande, talvez enorme, mas a única pessoa que pode dizer se vocês estão preparados para dar esse passo é você. A única coisa que posso fazer é torcer para que você tenha razão e ele seja o certo.

–Sim, mas qual a sua opinião sobre eu me casar com James.

–Eu... Se fosse por mim, meu Lírio, você só iria se casar depois dos sessenta anos, mas infelizmente eu não posso te trancar dentro de casa e impedir que você se apaixone ou ame alguém.

–Pensei que você adorasse o James.

–E eu o adoro, gosto muito daquele garoto, ele é meio biruta, tem uma cara de safado e um sorriso muito malicioso para o meu gosto, mas ele gosta de você, se preocupa com você, cuida de você... e ama você. O que mais eu poderia desejar para o marido de minha filha? O problema é que a gente nunca sabe o que o futuro nos reserva, e eu vou te dizer a mesma coisa que disse a tua irmã, não é que eu seja contra você casar, mas eu me preocupo porque nem todos tem a sorte de acertar com o primeiro casamento e geralmente nesses as pessoas saem feridas e não quero vê nenhuma das minhas filhas com o coração partido.

–Então para resumir, você não é contra eu casar com James é contra casamentos?

–Isso.

–Muito contraditório para alguém que ama o romantismo, não?

–Filha quando estamos um pouco velhos, e prestes a morrer, começamos a olhar a vida mais criticamente, veja bem, casamentos nem sempre dão certo, na verdade a tendência é justamente essa de não dar certo, e eu não quero que você se magoe. Eu seria capaz de suportar todas as dores do mundo só para que você, meu Lirio, nunca saiba o que é sentir dor. E Deus sabe como as dores causadas por corações partidos nos machucam profundamente.

–Eu não que James quebraria meu coração.

–Nós nunca achamos.

–Ele não seria louco papai. Até parece que se esqueceu como nós ruivas podemos ser bastante assassinas e vingativas.

–E ciumentas, meu amor, não esqueça de ciumentas. Lembro uma vez quando eu estava trabalhando com uma novata lá no hospital e sua colocou na cabeça que a garota estava apaixonada por mim...

–Serio?

–Muito, e pior, segundo sua mãe eu estava dando bola para a tal garota e numa festa do hospital eu cometi a estupidez de elogiar a garota perto da sua mãe, sabe o que ela fez?

–Não faço ideia.

–Ela jogou uma garrafa de champanhe na minha cabeça. Isso na frente de todo mundo. Levei cinco pontos.

–Não acredito...

–Juro que é verdade... Sua mãe é louca.

–E o senhor ainda continuou casado com ela depois disso?

–Claro. Lembro que passei a noite inteira, ou melhor, a semana inteira mangando do ciúme dela. Deixei-a louca ou mais louca ainda. Aqueles eram bons tempos.

–Sabe, acho que quero um casamento como o de vocês.

–Meu amor, você cresceu, antes quando sentávamos aqui falávamos de banalidades, de coisas de garotinhas, de vez enquanto, alguma coisa sobre velhos. Agora falamos sobre seu possível casamento. Não sei se fico feliz por você ser está crescendo ou triste por não poder vê você crescendo ainda mais. A vida é injusta meu bem, sempre quis ter netos e não vou conhecê-los.

–Papai não diga isso, por favor.

Lilian pede já com lagrimas nos olhos.

–Desculpe filha, acabei de levar uma filha ao altar, e cá estou eu falando em levar a outra, estou emotivo. Eu amo você.

–Não mais do que amo você.

Os dois se abraçaram e nenhum deles conseguia mais segurar as lagrimas.

...

–Então vai dar uma resposta afirmativa ou negativa para o garoto?

–O senhor já sabe. Acho que não conseguiria dizer não para ele, mas acho que não vou dar a resposta pra ele agora, vou deixa-lo se torturando por um tempinho.

–Você também? Sua mãe me deixou esperando duas semanas e eu quase morro, até quando você vai esperar.

–não sei, estou pensando de dar minha resposta no fim do ano letivo.

Disse Lilian com um sorriso malicioso.

–Por Deus, você é pior que sua mãe.

...