Efeito Borboleta escrita por Lyandra Delcastanher


Capítulo 5
#5


Notas iniciais do capítulo

Explicações nas notas finais.



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– Porque eu sinto que devo confiar em você? - Kurt perguntou, já sentado na maca. Enquanto isso, Blaine massageava sua perna lentamente e David tomava conta da porta, do lado de fora.

– Talvez você não devesse. - Sorriu o moreno, fazendo Kurt levantar uma das sobrancelhas. - Então você é uma cheerio...

– Sim... Você me conhece? - Kurt abriu um pequeno sorriso.

– Quem não conhece Kurt Hummel? - Blaine brincou, e Kurt ficou mais confuso ainda. Confuso e amedrontado, e foi quando Blaine lembrou que Kurt não o conhecia. - Hã... Digo, eu lembro de você nas seletivas...

– Aah. - O castanho parecia um pouco mais aliviado.

As mãos de Blaine agora estavam nas mãos de Kurt, e Blaine não conseguia esconder o quanto admirava aquele garoto, e o quanto estava com saudades de abraçá-lo e amá-lo.

Em um ato simples, se inclinou e beijou o jovem. "Droga, Blaine." dizia seu pensamento, mas seu coração bateu ainda mais forte quando Kurt correspondera o beijo. Foi um ato fofo.

– Está vindo alguém... - David abriu a porta, encontrando Kurt deitado e Blaine, praticamente, em cima do amado. - Mas que merda vocês dois estão fazendo?

Kurt e Blaine se separaram na hora e olharam David. Ambos com lábios vermelhos, usufruindo do beijo que fora quebrado. Se olharam por alguns segundos, e caíram na risada.

– Bom, vamos ver o que aconteceu por aqui... - A enfermeira entrou no local, ficando ao lado de Kurt. Depois de algum tempo examinando o pé que Kurt torcera, o laudo saiu. - Foi só uma torção. Um dia de pé pra cima deve adiantar. Ainda bem que você teve um anjo da guarda que te trouxe pra cá. - Brincou, olhando para Blaine.

Assim que a enfermeira saiu, acompanhada de David (porque o moreno não era bobo de ficar segurando vela para os dois), Kurt se jogou nos braços de Blaine.

– Eu não sei porque eu confio em você, e não sei porque meu coração bate mais forte, sendo que nunca te vi por aqui. Eu só... Sinto que preciso de você.

– Que bom, porque a partir de hoje, estarei sempre aqui pra você. - E Blaine beijou Kurt novamente. Para ele, era normal e o beijo de Kurt continuava o mesmo, porém Kurt suspirava, beijando aquele garoto desconhecido.

Durante o beijo, Blaine relembrou o motivo de ter viajado no tempo. Proteger Kurt. Agora que estavam "juntos", seria bem mais fácil, e aquele frio na barriga em perder Kurt já estava longe.

"Meu dever aqui está cumprido." pensou Blaine, fechando os olhos sorrindo e imaginando-se no futuro. Não tinha mais porquê o moreno continuar no passado. Ele só não imaginava que essas pequenas alterações acarretariam uma enorme mudança no presente.

Blaine abriu seus olhos e encontrou-se deitado em sua cama, a encarar o teto. O ambiente era o mesmo de antes. Receoso, olhou em volta do quarto, com medo de não encontrar suas fotos com Kurt, porém as achou nos mesmos lugares que antes. A cômoda estava cheia delas. No criado mudo, uma foto dos dois em um lugar que Blaine desconhecia. Os bonecos gigantes mostravam que era na Disney, e Blaine por um momento ficou triste por não ter realmente ido para Disney com Kurt, porém o sorriso que o castanho estava na foto valia a pena ter perdido essa memória.

Blaine sorriu. Havia cumprido sua missão. Sem bullying, sem Kurt machucado, sem passado triste. Foi se levantar da cama para correr ao encontro dos braços do castanho, porém não se mexeu. Estranho. Tentou novamente, e novamente e... Porque ele não sentia seus braços e suas pernas? Olhou para baixo e se encontrou deitado, sem conseguir mexer nenhum dos membros.

– Mas que merda...?! - Sussurrou para si mesmo, quando a porta do quarto foi aberta por Kurt.

– Vim te fazer uma surpresa... - Disse Kurt entrando no quarto com algumas flores em um vaso, que acabou deixando na mesinha ao lado da porta. O castanho se aproximou da cama e selou seus lábios com os de Blaine, que continuava a não entender nada. - Como está se sentindo hoje?

– Parado.

Kurt sorriu.

– Só dei uma passadinha de alguns segundos, porque daqui a pouco a aula vai começar. - Kurt deu mais um selinho em Blaine. - Qualquer coisa, só chame sua mãe que ela vem correndo.

– Kurt?

– Oi? - Disse o castanho já perto da porta.

– Você pode pedir pro David vir me visitar? É urgente, então se ele puder matar aula, melhor ainda.

– David? - Perguntou Kurt, fazendo Blaine arquear uma das sobrancelhas. Será que o futuro havia se alterado ainda mais e David não estava mais em seu presente? Claro que quando depois que Blaine se mudara para o McKinley, sua amizade e a de David não era a maior do mundo, porém sempre mantinha contato para saber como o amigo estava indo na faculdade de dança. - Ahh... Não chamamos ele assim desde o primeiro ano de vocês no McKinley...

Eles haviam se mudado para o McKinley?

– Então... - Continuou Kurt. - Eu posso até tentar falar com o BigD - como ele é gostado de ser chamado agora, mas duvido que ele me escute. As meninas não vão deixar eu chegar muito perto dele, aliás. Mas eu tento falar.

– As meninas quem? - Perguntou Blaine confuso.

– Ah, você sabe. Quinn, Mercedes, Brittany e a namorada dele, a Santana.

– A Santana namora o David? - Blaine começou a gargalhar alto, de um jeito que Kurt tinha saudades de ver. - E você não é amigo da Mercedes?

– Ah, a gente conversa e tal. Mas você sabe como é. Depois que eu roubei o cargo de capitão das líderes de torcida ficou meio estranha nossa amizade... Bom, eu tenho que ir. Vou conversar com o BigD pra você, beijo. - E Kurt deixou o quarto, antes que Blaine pudesse falar alguma coisa.

Já havia passado algumas horas, quando a porta do quarto se abriu. E por ela passava BigD.

– Blaine! - Disse o garoto sorrindo e se sentando na cama, ao lado do corpo imóvel do amigo.

– David, eu preciso que você escute com atenção o que vou lhe dizer, e não quero que pergunte, apenas que acredite em mim, tudo bem? - O moreno arqueou uma sobrancelha, porém assentiu. - Eu não lembro de nada que aconteceu desde aquele dia na enfermaria. Você lembra? Quando conhecemos o McKinley pela primeira vez. Foi como se eu acordasse hoje e todas minhas memórias tivessem sido apagadas. E eu preciso que você me conte tudo que aconteceu.

David parecia surpreso, e parecia também não acreditar no que Blaine o contava. Porém via a aflição nos olhos do amigo, então resolveu aceitar o que ele propunha.

– Bom, faz três anos já... Mas você e o Kurt começaram a namorar e convencemos nossas mães a nos mudar para o McKinley. Hã, então eu cansado de ficar de vela comecei a sair com as amigas de Kurt e acabei pedindo a Santana em namoro, e estamos juntos até hoje. Você e Kurt passaram o final do ano passado todos juntos, até viajaram para a Disney e tudo mais. Kurt virou o capitão das Cheerios, eu virei o capitão do time de futebol e nós ganhamos as Nacionais do coral... Praticamente isso que aconteceu, Blaine.

– Mas... e porque eu não sinto meus braços e minhas pernas?

David engasgou com sua própria saliva, e demorou alguns segundos até se recompor. - Você não se lembra disso?

Blaine negou com a cabeça.

– Você sabe da história de Kurt... Ele era gay e os caras do time zuavam muito com ele. Depois que vocês começaram a namorar, isso ficou mais e mais constante... Não era apenas um gay no colégio, porém dois... Mas o tal de Dave e Azímio não encrencavam com você, só com Kurt. Um dia eles machucaram o ombro de Kurt e você ficou muito, mas muito irado e brigou com os dois. Você acabou com os dois num estalar de dedos. Seus olhos estavam vermelhos de raiva e sua força deve ter aumentado... Só sei que todos os alunos ficaram semanas ridicularizando os dois, e você saiu apenas com um olho roxo, enquanto eles mal conseguiam andar. - Blaine assentia lentamente, ouvindo tudo o que o amigo falava. - A vergonha de ter apanhado por um gay era enorme pra eles, então os garotos chamaram reforços. Combinaram um dia de ficar te esperando ao lado de fora da sua casa, e quando você saiu, eles te levaram até a parte abandonada da cidade, e te bateram. Lembro que demoraram dias pra te achar. Você estava todo ensanguentado e machucado. Mal conseguia respirar... - David contava lentamente, como se fosse difícil para ele relembrar a dor do amigo. - Foi no hospital que viram que sua coluna estava prejudicada. Seu pescoço foi quebrado e isso acabou quebrando todas as ligações dos seus membros. Dave e Azímio te deixaram lá para morrer, e eles realmente acharam que você tinha morrido. Quando você depôs para a polícia, eles foram presos e até hoje estão na cadeia. Kurt sofreu muito com isso. Chorava pelos cantos da escola, porque você sabe, ele te amava, e ele não queria te ver sofrer. E o pior era saber que a culpa de você estar nessa cama, é dele... Isso acabou com ele. Ele visitou psicólogos e tudo mais... E até hoje é difícil pra ele falar no assunto... - Os olhos de Blaine estavam cheios de lágrima. - Você realmente não se lembra de tudo isso?

– N-não... - Blaine estava estático. Ele mudou sua vida para que Kurt não sofresse, e então acabou fazendo o castanho sofrer mais ainda. - E... Kurt?

– Ele vem te visitar todos os dias, e frequenta dois turnos. Um no terceiro e outro no segundo ano, pra te passar toda a matéria e você não perder o ano escolar. Ele... faz tudo por você...

– E-eu sou um empecilho na vida dele? - Perguntou com a voz embargada.

– O quê?! Não! Nem pense nisso. Kurt te ama. Vocês estão juntos há três anos e ele só te ama mais e mais. Ele gosta de cuidar de você, e mesmo se não gostasse, cuidaria até o fim de suas vidas.

– Ele está perdendo sua vida por minha causa.

David abriu a boca para retrucar algo, porém a fechou.

– Ele... Ele não está feliz.

– Não diga isso! - David quase gritou, segurando a mão do rapaz, mesmo sabendo que ele não a sentiria.

– Eu preciso arrumar as coisas. Eu preciso fazer certo dessa vez.

– O quê você está falando? - Blaine fechou os olhos com força, se imaginando no mesmo dia do treino das cheerios. Dessa vez, iria fazer diferente.

Logo, o som da voz de David não ecoava mais no ouvido de Blaine, e assim que abriu os olhos, se encontrou dentro do carro de David, no banco de trás. O caminho era o mesmo: McKinley.

– Eu preciso fazer as coisas certas dessa vez. - Sussurrou para si mesmo, feliz por agora sentir os braços e as pernas.

– O quê você disse? - Perguntou David, tirando os olhos da estrada.

– Nada, apenas continue dirigindo...

David deu de ombros e continuou o caminho. Alguns minutos depois eles estavam "novamente" na escola. Os corredores vazios, e o campo cheio.

– David, quer um conselho? - Disse, se sentando na arquibancada com o amigo.

– Fale.

– Fique longe de uma tal Santana Lopez. Ela não curte nem um pouco caras como você... - Riu para si mesmo.

– Caras como eu...? - Franziu o cenho.

– Caras... homens. - E Blaine gargalhava alto, deixando David sem entender. E assim as líderes de torcida começaram a fazer sua performance no campo, e Blaine ficou apenas admirando a eficácia do namorado nos saltos.

It's so delicious (It's hot, hot)

So delicious (I put them boys on rock, rock)

So delicious (they want a taste of what-)

AAAAAAAAAAAI! - Era o grito de Kurt.

– Hora de agir. - Disse Blaine, correndo arquibancada abaixo, e novamente, David ficou sem entender nada.


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Notas finais do capítulo

O negócio é o seguinte: eu sempre deixei claro que minha mãe tinha doenças difíceis, como câncer de mama e câncer no sangue. Atualmente, ela tá piorando e nesse momento está internada na UTI em coma por causa de um ataque cardíaco. Eu não posso fazer nada para ajudá-la nesse momento, então fico em casa tentando desocupar minha cabeça, e nessas tentativas eu acabo escrevendo fics, porém as vezes minha mente tá ocupada demais e eu não consigo atualizar... Escrevi um capítulo enorme hoje porque não sei se a partir de agora vou ter criatividade/tempo/cabeça pra continuar escrevendo, então... É basicamente isso.

"Ataques cardíacos são por amar demais." (Brittany S. Pierce)