Jessica viu Mary andar cuidadosamente sobre a neve, na frente dela e John.

Mesmo sendo uma filha de Hades e não gostando muito de liderança, a garota tinha uma moral bem grande para poder sair na frente. Ela realmente impunha uma imagem de líder sobre as outras pessoas.

Exceto por Quíron.

A filha de Hécate estava diminuindo a velocidade dos passos ao longo que chegava perto da Casa Grande. Com a cara que seu tutor estava, ela só continuava andando por puro orgulho e pelos segredos que sabia. Quando chegou, alguns segundos depois dos dois Caçadores de Sombras, Quíron fez um sinal para que entrassem, e eles obedeceram.

Ela estava com gotas de suor descendo pelas costas, mesmo estando muito frio.

Acabaram entrando no escritório do Sr. D, agora somente iluminado pela fogueira. Como estava meio quente, Jessica tirou o casaco mais grosso, deixando-o pendurado no braço. Mary se apoiou na janela, enquanto John pareceu meio perdido, parado em frente à porta, agora fechada.

Houve um minuto de silêncio enquanto Quíron analisava os que estavam lá.

-Você deu a ele alguma permissão para entrar, Mary? - Ele perguntou, olhando para John. O garoto só franziu a testa, com os olhos dourados brilhando com a luz do fogo.

-Devo ter dado enquanto dormia. Tive muitos pesadelos desse tipo. - Ela respondeu.

O tutor delas assentiu, balançando a cabeça. Mas, vendo sua expressão, Jessica sabia que ele não havia acreditado.

-Ele não parece familiar para você?

Mary olhou John com os olhos franzidos. Por fim, balançou a cabeça.

-Não sei dizer-te.

-Alguém que te visitou várias vezes, tentando uma explicação para o fato de você pertencer a esse século... Que te visitou esses dias. Eu conversei com ele, sabe?

A filha de Hades encarou Quíron. Jessica estava com as mãos tremendo, ninguém jamais desafiava o tutor daquele jeito. Ou Mary era louca ou ele havia tocado em um assunto mais que delicado.

Em uma fração de segundo, olhando para John, ela soube do que O centauro falava.

Era o mesmo rosto, a mesma postura, até mesmo agora, depois de saber, podia sentir a aura. Somente a cor dos olhos e dos cabelos eram diferentes, mas Jessica podia mais que ver a semelhança paterna entre John e Apolo.

Somente o garoto parecia perdido naquela situação.

-Ahn... O que vocês estão dizendo? - Ele perguntou, cruzando os braços.

-O que aconteceu com seus pais? - Quíron questionou.

O garoto hesitou por um momento antes de responder.

-Morreram quando eu era muito novo.

-John – o tutor delas disse, apesar de que ninguém havia dito o nome do garoto - , o que aconteceu com o seu pai?

Jessica viu que o garoto prendeu a respiração e encarou Quíron com os olhos arregalados. Era claro que ele não esperava aquela pergunta.

-Mestre, isso não é uma boa ideia – Mary interrompeu.

-O garoto precisa saber da verdade.

-Não! Ele não precisa. Você não soube da profecia. Foi por este motivo que ele me visitou. Para alertar-me.

Quíron olhou para os papéis em cima da escrivaninha. Parecia indeciso.

-Ou para você alertar outro alguém.

Ela baixou os olhos. Jessica estava com vontade de sair, aquele não era um assunto dela. Mesmo assim, se pudesse sair, iria ficar para dar apoio a Mary. A garota estava realmente acabada.

-Eu nunca conheci meu pai – sussurrou John, depois de alguns minutos. A filha de Hécate o olhou, com pena. Ele não tinha a menor ideia do que estava se metendo.

Então, um simbolo em forma de harpa brilhou em cima de sua cabeça.

***

Na varanda, Jessica estava confusa com todas as informações. Haviam contado tudo a John, que pareceu em pânico, mas acabou aceitando. Então, Mary falou da guerra. Dessa vez, com John ali, Quíron não pôde negar. Por mais que a história parecesse absurda, era a verdade. Então, depois de tudo, Jessica saiu, com o coração batendo forte por cause da oferta que Mary lhe fizera.

Jessica estava observando a neve tomar conta dos campos no Acampamento. Mesmo com a vista aconchegante, o segredo que Mary havia lhe contado a corroía por dentro. Ser a líder em algo tão importante... E ela era muito nova. Uma semideusa menor. Por que fora escolhida?
Ela sentiu um peso no ombro. Se virou com curiosidade e viu Mary, com os olhos multicolores iluminados. Nesse momento, sem mesmo nenhuma palavra sendo dita, Jessica percebeu o por quê. E tomou a decisão.


Ela ia liderar uma guerra.