Impulsos De Uma Paixão escrita por Gil Haruno


Capítulo 4
Doce Realidade


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado à Rayanne Cruz! Obrigada por recomendar a fic, linda!

Esse capítulo está bem fofo, na minha opinião, e espero que vocês também curtam.

Grande beijo!



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Rapidamente dei uma boa ajeitada no visual; nada demais, mas eu quero estar apresentável.

–Para quem está se escondendo ‘dele’ há duas semanas... até que você quer ficar bonitinha para vê-lo.

–Não é nada disso. – a fuzilei. –Normalmente eu não percebo que a correria do hospital me deixa um pouco abatida, por isso estou me ajeitando.

–Que coincidência você está percebendo isso só agora.

–Eu não sei por que você ainda está aqui porca, me distraindo.

–Você acha que eu vou perder esse reencontro? – indagou ajeitando o colarinho do meu casaco. –Já posso vê suas bochechas pegando fogo se Sasuke, acidentalmente, olhar você.

Riu sem se importar com meu mau humor.

–Pode esperar sentada por que eu vou agir normalmente. – abri a porta e a deixei passar. –Eu não fiz nada demais naquela maldita fonte. – sussurrei passando pelos pacientes. –E eu nunca me masturbei. Nunca. – Ino voltou seus olhos para mim. –E se ele tocar no assunto... vou ignorá-lo completamente. Nunca vou perdoá-lo por ter me espiado nua.

–Você é uma mulher agora testuda, bonita, tem sucesso e está apaixonada. Não sei por que você ainda age como se tivesse doze ou dezesseis anos. – a olhei. –Seja uma mulher confiante. Só isso.

Ino... Desde sempre ela era tão confiante... Tão decisiva... Dificilmente algo a torna atingível, e eu a admirava por ser assim.

–Você está certa. – falei sem sussurrar e ela sorriu como se estivesse esperando essas palavras.

–Bom dia, Sakura-chan!

Chegamos ao portão de entrada do hospital, e assim que me viu Naruto acenou.

–Bom dia, Naruto. Kakashi-sensei, como vai? – e cruzei meus olhos com os de Sasuke-kun. –Bom dia, Sasuke-kun.

–Uh. – murmurou olhando-me de esguelha enquanto os braços permanecem cruzados.

–Oi, pessoal. – se pronunciou Ino. –Não vieram fazer curativos, não é?

–Hoje não. – respondeu o sensei.

–Que bom. Isso significa que o esquadrão Anbu está bem. – respirou em alívio.

–Vamos sair em missão em três dias Sakura, e dessa vez será obrigatório sua presença.

Balancei a cabeça concordando, pois já fazia um bom tempo que o time sete andava desfalcado, e, às vezes, Shizune se oferecia para ir em meu lugar, deixando-me com Tsunade-sama.

–Pode contar comigo, sensei.

–Melhor assim por que já estava ficando estranho sair em missão e você não ir. – disparou Naruto. –E você sabe como é ruim não ter ninguém para conversar nessas horas.

–Poxa! Você está mesmo perturbado com o trio, hein Naruto. – provocou Ino.

–Mas tudo voltará ao normal, não é Sakura-chan?

–Se você diz... – olhei Sasuke-kun, sério ao lado de Kakashi-sensei, e não me importei quando seus olhos negros me frisaram.

–Então eu já vou indo.

Sasuke enfiou as mãos nos bolsos e começou a andar em passos lentos.

–Ei, Sasuke! – gritou Naruto fazendo-o se virar para vê-lo. –Não se esqueça que hoje é a noite dos garotos!

–Uh. – murmurou se afastando.

–Noite dos garotos? Hoje? – indagou Ino.

–Será uma reuniãozinha para festejar o aniversário de Shikamaru. – explicou Naruto um tanto empolgado.

–E imagino que vocês não convidaram nenhuma de nós. – Ino apontou para nós duas. –Típico dos homens.

–Não olhem feio para a gente. É Shikamaru que organizou tudo e se ele não convidou as garotas, é por que ele acha vocês muito problemáticas!

–É melhor irmos, Naruto. – Kakashi deu um sorriso sem graça atrás da máscara e imediatamente puxou Naruto pelo colarinho. –Até mais, meninas.

–Não me puxe assim sensei, eu ainda não disse que...

–Já disse sim.

Ino apertou os punhos e, aparentemente histérica, olhou-me como se fosse aprontar algo.

–Depois de tudo o que passamos na guerra... Não é justo sermos deixadas para trás como se fôssemos meras garotas.

–Do que você está falando? É só uma reunião boba de aniversário e aposto como não terá bolo. O máximo que eles farão é pedir sakê e churrasco.

Cruzei os braços sem me importar com o drama que ela estava fazendo.

–Nós iremos nessa reunião.

–O quê? – perguntei incrédula e ela balançou a cabeça afirmativamente. –Eu não vou nessa reunião.

–Vai sim, meu bem. – suspirei desanimada. –Mas não vamos nos sentar ao lado deles, porém na mesa ao lado deles.

–Como naquele dia? – indaguei pensativa.

–Muito melhor. Agora Sasuke e Naruto estarão lá, não é?

–Vamos parecer desesperadas e isso é horrível! – entrei no hospital e Ino me seguiu. –A única garota aqui que está namorando é você. Então pode imaginar como Hinata, Tenten, e eu ficaremos desconcertadas?

–Você está inventando desculpa demais, testuda.

Entrei na sala e, percebendo que tinha muito trabalho pela frente, comecei por aquele que está pela metade.

–Dez pacientes estão fora de perigo... Isso sim é aceitável. – ao voltar os olhos para Ino percebi que ela estava magoada. –Eu não quero ir, porca. Você sabe que meu psicológico ainda está... frágil por causa daquele maldito dia.

–Por favor!

Implorou de joelhos e eu gostaria de saber o porquê de tanta fragilidade de repente.

–Está bem.

–Você não vai se arrepender! Agora vou tratar de ir imediatamente convidar Tsunade-sama e Shizune.

–Elas também?

–Quanto maior o número, maior poder feminino. É uma pena que a Temari não esteja aqui essa noite.

*

7h 30min da noite

Atrasada... Pensando na bronca que eu ia levar por tanto atraso... Andando em passos apressados, sem me importar com o vento no meu cabelo. Tanto atraso por que eu achava que, pelo menos hoje, eu deveria estar bonita. Não sei o porquê dessa vontade feminista se ao menos tenho me vestido como uma garota vaidosa.

Mas, por insistência do meu subconsciente, revirei meu guarda-roupa. As peças eram sempre as mesmas e a vida ninja dificilmente me deixa notar isso. Embora meu desejo de achar algo bom lá dentro fosse pessimista, ainda existia esperança no último cabide. E eu estava certa.

Tratava-se de uma blusa branca de crochê, minuciosamente cheia de detalhes, e de cumprimento ideal para usar com uma legging. Minha mãe passou parte do verão a fazendo, e não via a hora de me vê vestida. Basicamente usei a maquiagem que ganhei de Ino, nada que mudasse meu rosto, mas que realçasse meus traços maduros. Cabelo solto e estava pronta para sair.

Parei de frente ao restaurante de churrasco, ofegante, e não dei mais nenhum passo sem antes recuperar o fôlego. O lugar estava aparentemente cheio, e dava para ouvir boas gargalhadas.

Autoconfiança e é só isso. – disse baixinho dando os primeiros passos em direção à mesa que eu ainda preciso achar.

–Aqui, Sakura!

Na última mesa, extremamente alegre, Ino acenou.

–Ei, Sakura-chan!

Naruto também acenou, ao lado da mesa das garotas, e eu fui obrigada a me dirigir a ele.

–Oi, pessoal.

Cumprimentei a todos, o que me causou um pouco de desconforto.

–Sakura-san... Você está mais bonita que o normal.

Sorri encabulada. –Obrigada, Lee. – e não houve tempo para olhar o rosto passivo de Sasuke-kun. –Bom jantar para vocês.

–Vem logo, Sakura! – gritou Ino.

Virei-me dando as costas para o grupo de rapazes, mas ainda escutei isso:

–Sakura está bonita. Não que ela esteja somente agora. É que hoje ela deu uma caprichada. Você não acha, Sasuke?

Minhas bochechas queimaram, e com cara de boba sentei-me.

–O que aconteceu com você? Chegamos há uma hora.

–Desculpe pessoal, mas eu ainda não tinha certeza se viria.

–Como não? – indagou Tsunade-sama com as bochechas róseas do sakê. –Assim que soube que era outra reunião dessas deixei o resto dos meus compromissos para amanhã.

–Tsunade-sama adora fugir das suas obrigações às vezes. – disse Shizune despertando o olhar dela. –Mas, às vezes, não há problema, certo?

–Claro que não! – gritou servindo-se de mais sakê. –TRAGA MAIS CARNE DE PORCO E UMA GARRAFA DE SAKÊ!

E isso está apenas começando...

–Esse último pedaço é meu!

–Desculpe Chouji, mas esse último pedaço é de Sasuke; o que me lembra de você ter comido o antepenúltimo que era meu.

–Discussão por causa do último pedaço de carne... Isso é ridículo.

–Naruto, Chouji... Sasuke tem toda razão. Vamos nos comportar com um pouco mais de decoro, certo? Acho que vocês não querem dar motivos às meninas para serem chamados de maus educados depois.

Ao ouvirem o raciocínio do sensei, eles trataram de fazer silêncio.

–Eu não tinha certeza de que você ia vir, Hinata.

Comentei reservando o diálogo entre nós duas.

–Ino disse que todas viriam e que... – as bochechas dela coraram rapidamente. –Naruto-kun também ia está aqui e já faz um bom tempo que eu não o vejo.

–Isso é bom, não é?

Nada era mais gratificante do que está ali, entre eles.

–Você está muito bonita. – elogiou Hinata. –Todo mundo prestou atenção em você. – docemente ela prendeu uma mexa de cabelo atrás da orelha. –Acho que eu cairia dura se todos me observassem ao mesmo tempo.

–Você não é mais a Hinata supersensível de antes, mas, se você caísse dura, eu saberia que foi por causa de Naruto.

Soltamos uma boa gargalhada juntas; como nunca fizemos antes. E perguntei-me: desde quando Hinata e eu nos tornamos tão íntimas? Não sabemos como e quando isso aconteceu, e talvez só agora estejamos refletindo sobre isso.
Todos nós tivemos medo da grande guerra... Lutamos para proteger pessoas que amamos e, acima de tudo, lutamos para manter de pé os sonhos dos antigos Hokages. E houve mortes dolorosas... Pessoas que nunca iremos esquecer deram suas vidas na batalha... E assim foi até a paz se restabelecer em Konoha.
Mas, apesar de tanta dor, colhemos bons frutos no fim de tudo. Novas amizades... Alianças entre vilas vizinhas... E laços indestrutíveis.

–Então Ino é a única aqui que está namorando... – todas nós olhamos Tenten. –Estou surpresa que não se trate de Sakura ou Hinata, afinal elas são as mais óbvias a formar par. Não sei por que está demorando tanto.

Eu não conheço esse lado ‘cupido’ da Tenten, mas estou surpresa ao vê-la tão à vontade com assuntos que não seja armas.

–Confesso que eu nunca vi simpatia na cara de Sasuke, principalmente quando ele passou de amigo para inimigo de Konoha. – no mínimo intervalo de palavras ela tomou o último gole de sakê do copo. –Mas ele tem mudado muito e demonstra isso agindo corretamente com a vila, e com Sakura que sempre o amou.

–Tsunade-sama...

Tentei impedi-la de continuar, mas, mesmo estando a sua frente, ela não me enxergou.

–Agora eu aprovo o comportamento dele e não vejo mais empecilhos para ele namorar minha discípula.

–Tsunade-sama...

Murmurei seu nome sem nada conseguir. Constrangida baixei a cabeça.

–MAIS UMA GARRAFA DE SAKÊ!

–Desse jeito ficaremos bêbadas. – comentei observando o estado da sensei. –Acho que é melhor a levarmos em casa.

–Mas ainda é muito cedo. – resmungou Ino. –E um sakê não vai matar uma alcóolatra como a Hokage.

–Quem você está chamando de alcóolatra, Ino?

Ino deu um sorriso amarelo ao perceber que ainda restava um pouco de lucidez na sensei.

–Você tem razão... – disse ela descansando a cabeça na mesa. –Estou tão cansada.

–Acho que é hora de irmos, Tsunade-sama.

–E eu vou com vocês Shizune, caso ela tente achar uma casa de jogos.

–Obrigada, Sakura.

–Para que servem os discípulos se eles não acompanham seus mestres numa rodada de sakê? – resmungou.

–Até amanhã, meninas.

–Tchau.

–Vocês precisam de ajuda? – perguntou Naruto despertando o interesse dos outros.

–Tsunade-sama vai ficar bem, Naruto. – e, emburrada ela pôs as mãos nos quadris. –Se lembre de ser educado e ofereça-se para levar Hinata em casa.

–Por quê... Eu não sou bom nisso, Sakura-chan.

–Eu sei, mas nunca é tarde para praticar.

*

9h 10min da noite

–Você foi muito boba em ter me acompanhado, Sakura.

–Por mim está tudo bem, sensei. Na verdade eu não pude conversar com a senhora no meio de tanto barulho, e acho que será mais apropriado conversarmos amanhã.

–Sobre o que você quer falar?

Apesar dos lugares maus iluminados, vez ou outra eu consiguia flagrar suas bochechas vermelhas e seus olhos extremamente cansados.

–Bem, esse é um assunto que não me diz respeito, mas... Por quanto tempo Sasuke-kun vai permanecer sob a vigilância da Anbu?

Aquele era um assunto isolado para os demais, somente tratado entre Sasuke-kun e a Hokage. Era uma sentença a cobrar devido à falta de lealdade que ele teve com a vila, além de missões designadas a ele sem o Time Sete, e de extrema responsabilidade.

–Do que você tem medo?

Fiquei pensativa, estudando a melhor resposta.

–Uma shinobi como eu não deveria ter medo de nada, mas isso é inevitável. – ela parou bruscamente. –Meu maior medo é que... Aquele pesadelo volte. – respirei fundo sob o olhar atento dela. –Mas não importa o quão caótico estejam nossas vidas... Eu sempre vou confiar e esperar o melhor dele.

Tsunade-sama segurou meu queixo carinhosamente e sorriu mantendo o olhar fixo.

–Então pense sempre nisso quando você se sentir insegura.

Em silêncio me despedi delas.

Quase não havia mais ninguém andando pela rua e pouco a pouco as últimas lojas começavam a fechar. Na época do frio Konoha se tornava solitária em determinados horários, e tudo o que víamos era a cor da neve. Cenário frio e melancólico, mas feito para ser apreciado em momentos tenro; ao lado de alguém que não se importe em observar o nada e simplesmente ache bonito.

Diminuir os passos... Não estava nevando, mas fazia muito frio. Apressadamente unir as mãos e senti falta das luvas, que devem ter ficado na mesa. Meus passos eram fundos sobre a neve sensível, mas eu não tinha pressa a chegar em casa; talvez em lugar nenhum naquele momento. Eu só queria está assim, sem deriva... Entretida em pensamentos... Inspirada para a vida que me fazia perceber, diariamente, que faltava algo nela... Um sabor.

Parei, como se aquele fosse o fim da linha para mim, e me senti dominada pela sensação devasta que eu ainda tenho coisas para fazer nessa noite. Isso me lembrava muitas coisas... Como um déjà vu... Isso era completamente nostálgico.
Meus passos continuaram, estava determinada a ouvir a razão; porque o amor que eu sentia estva sempre me impulsionando a tomar frente de tudo. E eu já tinha decidido que, se Sasuke-kun sentia algo por mim, seria ele a ser impulsionado.

–É isso ,Sakura. Você só precisa esperar... Isso nunca foi um problema para você, não é?

Levantei a cabeça renovando as forças, e surpreendentemente me deparo com Sasuke-kun. Seu olhar era penetrante, mas diferente das inúmeras vezes que o vi.

–Você aqui? – indaguei atônita.

Sem nada dizer ele desviou o olhar, enfiando a mão no bolso, e sutilmente o vasculhou.

–Você esqueceu isso.

Ele se aproximou e do bolso tirou minhas luvas e entregou-me.

–Acabei de notar a falta delas... – peguei as luvas de sua mão e no leve contato nossos dedos se tocaram. –Obrigada.

Estava compenetrada em seus olhos... Completamente persuadida pelo calor singelo de sua pele em contato com a minha. Fora tão de repente quando meus dedos se mexeram, quebrando o toque, e como se tivesse voltando à realidade, senti sua respiração um pouco irregular.

–Então... – prendi uma mexa de cabelo atrás da orelha, como se o gesto fosse me dá tempo. –, até amanhã.

De cabeça baixa passei por ele, mas parei ao sentir sua mão abraçar meu pulso.

–Por que você não me diz o que há de errado?

Sasuke-kun soltou meu pulso e no mesmo instante me virei para ele.

–O que você quer ouvir? – perguntei olhando-o fixamente.

E o que eu tenho que responder?
Agora estávamos tão mudos... Tentando firmar palavras ao vento... Como em um momento único onde não existia uma saída de emergência, apenas uma única porta e um único objetivo. Mas, o que realmente queríamos dizer um ao outro?

–Você tem me evitado...

–E isso te incomoda?

–Claro que sim.

Sua resposta foi rápida e surtiu um grande efeito em mim.

–Como você pode desejar a presença de alguém tão irritante como eu?

–Do mesmo modo que você desejou minha presença mesmo eu indo contra Konoha.

–Do mesmo modo? – indaguei dando um passo para frente. –Meu desejo é bem diferente do seu.

E ele também deu um passo na minha direção.

–Por quê?

–Por que eu o amava demais para desejar isso. E você... Não sei por que você desejaria minha presença.

Ele respirava pacientemente, mas parecia fazer esforço para manter-se assim.

–Amava... – murmurou pensativo. –Então seus sentimentos por mim mudaram?

Como poderia ter mudado se eu ainda sentia essa sensação avassaladora? Sentia meu coração bater com todas as suas forças... Alertando-me... Confundindo-me... Levando-me ao encontro de palavras incertas. Mas estranhamente eu conseguia suportar isso e não senti dor ou tristeza, por que eu tinha a forte sensação de que tudo seria diferente.

–Eu... – murmurei e ele carinhosamente acariciou meu rosto. –Eu...

Meus lábios estavam entreabertos... Meu peito estava oscilando... Meu coração estava batendo tão forte e eu não conseguia controla-lo... Eu não queria controla-lo... Não queria controlar esse momento, apenas queria sentir a intensidade real de tê-lo cada vez mais próximo de mim.

Estávamos tão próximos... Podia sentir sua respiração e o dançar inexperiente da sua mão fria contra meu rosto. E seus olhos negros me fitavam misteriosamente, até que nossos narizes se enroscaram um no outro e como num toque de mágica nossos lábios se tocaram.

Inesperadamente o beijo foi aprofundado, por ele, e imitando-o explorei cada centímetro da sua boca. Tão quente... Úmida... Insaciável... Tão bom. Suas mãos abraçaram firmemente minha cintura e o mais perto possível do seu corpo fiquei. Eu sempre pensei nesse momento, sempre sonhei com este dia, mas vive-lo era muito melhor que sonhá-lo.

Sentia o ar se esvaindo de mim lentamente, obrigando-me a quebrar o beijo. Permaneci de olhos fechados, sem querer despertar, e talvez Sasuke-kun também desejasse o mesmo. Alguns segundos passaram e ainda não nos pronunciamos, nem mesmo tive coragem de levantar o rosto e olhá-lo nos olhos. Então sinto que já era o momento de fazer isso.

Abro os olhos lentamente. Pouco a pouco levantei a cabeça e deparei-me com seus olhos negros observando-me. Ele parecia feliz... Parecia até que queria sorrir abertamente, mas em vez disso preferiu dá um sorriso tímido.

–Eu te assustei?

Fui pega de surpresa pela pergunta.

–Um pouco. – respondi timidamente. –Por que... Nós... Esse beijo... Não sei o que dizer.

Esperei que ele dissesse algo ou que simplesmente me ajudasse.

–Sakura, case-se comigo.

Meus olhos estavam assustadoramente abertos e meu coração estava batendo tão forte como nunca bateu antes. Não sei dizer em palavras o que se passava comigo, porque aquela sensação era indescritível, mas eu sabia perfeitamente bem que a felicidade estava ali.

–Casar? – indaguei ainda incrédula.

–Eu sei que é um pedido prematuro, mas, definitivamente, eu sei o que quero, e eu quero você.

Permaneci pálida observando-o e mal notei o exato momento que suas mãos frias tocaram as minhas.

–Eu sei que você tem muitos motivos para dizer Não e eu não posso culpa-la. Mas, caso sua resposta seja sim, eu prometo que darei o melhor de mim para reconquistar sua confiança, todos os dias, e se for necessário, serei o velho Sasuke de antes para ter seu amor de volta.

Apertei suas mãos e minhas lágrimas caíram sobre elas em silêncio.

–Apenas reconquiste minha confiança. Quanto ao amor... Eu nunca deixei de amá-lo. – sorri enquanto as lágrimas caem. –E tudo o que eu mais quero... é ser sua mulher.

Apenas sua... Sempre... Para todo o sempre.

Dois meses depois...

–Não se mexa tanto senão acabarei tirando medidas erradas de você ou o alfinete vai espetá-la.

–Desculpa.

Por fim, acabei percebendo que dali não era possível vê quando Sasuke-kun chegasse.

–Ainda falta muito?

Perguntei inquieta e de olho torto a senhora Miura me observou.

–Você quer entrar na igreja impecável, não é?

–Sim, é que... Meu noivo... – dois meses de noivado e eu ainda coro ao chamar Sasuke-kun assim. –Ele disse que passaria aqui, mas não disse quando chegaria. Bem, estou morrendo de medo de Sasuke-kun enfiar a cara nesse quarto e me vê vestida de noiva. Dizem que dá azar, né? E eu já tive azar para a vida toda.

Ela sorriu.

–Não se preocupe. Isso é uma superstição do povo. – respirei um pouco aliviada. –Então você vai se casar com o último sobrevivente do clã Uchiha.

–Pois é. – sorri bobamente.

–Não o conheço muito bem, mas tenho certeza de que ele é um rapaz muito bonito. – simpática, ela sorriu. –Você é uma garota de sorte.

–Acho que sim.

Olhei discretamente para a janela, mas a mulher logo tapou minha visão.

–Você tem seios volumosos.... Ficarão bonitos no decote do vestido, embora não seja muito vistoso.

–Err... Obrigada, mas nem sempre eles foram assim. – comentei olhando para dentro do vestido. –Eu fui mirradinha até certa idade, mas misteriosamente ‘eles’ cresceram.

–Uh. – ela sorriu de forma maliciosa. –Um bom par de peitos faz qualquer homem se derreter. – corei. –Seu marido será um deles na noite de núpcias.

Enrubesci ao pensar na noite de núpcias e ligeiramente senti um pouco de pavor.

–Espero não ter te assustado.

–Não, está tudo bem. – sorri para ela expressando a serenidade no meu rosto, mas intimamente ainda estou pensativa.

–Ah! Essa idade é tão fabulosa! – suspirou mergulhada em pensamentos. –O primeiro beijo. O namoro. O noivado. O casamento e a noite de núpcias. – outro suspiro e seu ponto imaginário era o cenário de alguns vestidos a sua frente. –Espero que você seja feliz.

–Eu serei.

*

Pela terceira vez o olhei de esguelha, a meu lado. Com as mãos dentro do bolso e cara séria, Sasuke-kun não se importava com alguns olhares sobre nós. Tinha sido assim desde que a notícia do nosso noivado se espalhou pela vila, mas pouco nos importamos.

–Você está tão sério... – comentei chamando a atenção dele. –Tem algo te incomodando?

–Claro que não. – eu sempre gosto quando suas respostas são imediatas. –Só estou pensativo.

–Com o casamento?

Perguntei mesmo sabendo que uma resposta básica virá.

–Não.

–Então o que é?

Sasuke-kun me olhou fixamente, como se pedisse paz.

–Você é irritante quando o assunto é nosso casamento.

–Claro. – aquecida pelo tom da conversa enlacei meu braço no seu. –Tenho medo de você acordar e perceber que eu não sou a garota certa.

–Impossível.

Apertei seu braço ainda mais e me aconcheguei.

–O vestido está quase pronto. Você não sente curiosidade de vê-lo?

–Não porque logo, logo te verei vestida nele. Então, por que a pressa?

–Sei lá... Acho que todo homem gostaria de vê sua noiva em um vestido branco. Eu pensei que você seria um deles, mas tudo bem se não for.

–Não seja boba. – gentilmente ele passou a mão no topo da minha cabeça, acariciando-me rapidamente, e não estranhei por ter sido tão rápido. –Eu tenho certeza que você ficará bem nele.

Essa era a maneira de Sasuke-kun dizer que ‘eu ficarei linda vestida de noiva’, mas ele nunca diria algo assim, no entanto, eu me contentei de ouvir poucas palavras, e sem quase nenhum mimo.

–Falta pouco para nos casar e já temos quase tudo pronto. Eu só não sei ainda aonde iremos em lua de mel. – comentei um pouco envergonhada.

Esse é o único detalhe a ser explorado ainda.

–Vamos pular essa parte, por enquanto. – olhei-o aturdida. –Ainda estou sob a vigilância da Hokage.

–Estou tão empolgada que nem me lembrei disso. – suspirei irritada. –Mas assim que isso acabar viajaremos para bem longe, não é?

–Sim.

Abracei-o fortemente e de soslaio Sasuke-kun me olhou. Eu nunca estava preocupada em expor meus sentimentos em público, mas ele era sempre reservado, e quase nunca me abraçava quando andávamos juntos pela vida.

–Não se esqueça de que minha mãe te convidou para jantar lá em casa hoje, às 7h da noite.

–Não vou esquecer.

Estava sendo assim o relacionamento dele com os sogros e mesmo que Sasuke-kun nunca falasse que gostava de se sentir em família, sua gentil expressão já demonstrava isso.

–Antes de nos casarmos têm uma coisa que você precisa saber.

–E o que é?

–Eu não tenho o hábito de cozinhar, por isso não sou tão boa na cozinha. Mas andei treinando muito nesses dois meses e posso dizer que melhorei bastante.

–Então por que você está tão nervosa? – perguntou divertido.

–É que eu vou cozinhar para você e não quero estragar tudo no primeiro dia.

–Você não vai estragar nada.

Discretamente ele se inclinou e beijou-me.


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