Impulsos De Uma Paixão escrita por Gil Haruno


Capítulo 3
Flagra Inesperado


Notas iniciais do capítulo

Capítulo postado, flores!
Beijocas!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/352824/chapter/3

–Não pode haver outro tipo de comida melhor que esse! Impossível!

–Aposto que se você parar de comer lámen um pouco e experimentar outras coisas irá descobrir que existem sim comidas muito mais saborosas que macarrão instantâneo.

–Uh?

Kakashi sorriu se apoiando no ombro de Naruto e, deixando nossas caras surpresas de lado, voltou os olhos para a leitura de seu livro pervertido.

–Ei, Kakashi-sensei! Não me assuste assim quando estou comendo.

–Perdão, Naruto, mas não resisti a seu discurso. – pesarosamente ele guardou o livro e se convidou a sentar ao lado de Sasuke que até então ignorava a interação matutina. –Uma tigela no capricho para mim também.

–Saindo!

–Ora, sensei! Admita que você também é fã de uma boa tigela de lámen! – falou Naruto com o dedo apontado para o sensei.

–Claro, mas não como você, isso é indiscutível.

–Aqui está, Kakashi!

Todos os olhares se voltaram para ele, na esperança intrigante dele tirar a máscara.

–Acho que vou esperar esfriar um pouco.

Suspiramos derrotados, mas a expectativa ainda era grande.

–Fiquei surpreso de vê-los tão cedo no mesmo lugar. Por acaso foram convocados para uma missão e eu não sei?

–Ah, não! Só nos encontramos por acaso mesmo. – respondi confiante, mas no fundo me sentindo encurralada.

Que boba eu era por está pensando demais agora. O fato de eu passar a noite na casa de Sasuke-kun não muda nada; apenas dormimos na mesma casa e nada mais. Ainda assim... Ainda assim não posso negar o quanto aquela noite foi importante para mim. Está com ele dividindo o mesmo espaço foi como se eu fizesse parte de sua vida reservada... Foi como mergulhar em um mundo secreto somente dele, conhecendo partes fragmentadas de seu passado e presente.

–Pelo silêncio de vocês imagino que Naruto ainda não contou detalhes sobre nossa nova missão.

–Missão? Quando? – indaguei esperando a resposta do sensei.

–Amanhã à tarde e não podemos nos atrasar.

–Sair em missão pela tarde? – indagou Sasuke pensativo. –Por acaso iremos escoltar alguém?

–Isso mesmo. Trata-se de uma família muito rica, e muito exigente. – Kakashi-sensei suspirou em desagrado. –Eles precisam de proteção para chegar a sua vila, mas há muito saqueadores pelo caminho, e as estradas estão um pouco fechada por causa da neve.

–Então será uma missão pacífica se o problema for saqueadores.

–Não fique tão desanimado, Naruto. Recebi informações de que se trata de um bando de ninjas patifes.

Naruto sorriu ao ouvir o sensei.

–Então essa missão será bem divertida. – Sasuke sorria em tom de desafio, e Naruto retribuiu o olhar como se em algumas horas eles fossem disputar o lugar de melhor ninja.

–Estava delicioso!

Kakashi-sensei aproveitou nossa distração para comer o lámen, e mais uma vez nos pegamos curiosos para saber o que ele escondia atrás da máscara.

–Assim não vale, Kakashi-sensei!

–Do que você está falando, Naruto? – perguntou sádico enquanto se divertia com o mau humor de Naruto. –Estejam hoje a partir das duas da tarde na sala da Hogake, ela explicará detalhadamente como será nossa missão.

–Ainda bem que Tsunade-sama e Shizune estão de volta, senão seria impossível deixar o hospital.

–A propósito Sakura, a Hokage mandou alguém ir à sua casa ontem à noite, mas parece que você não estava.

Completamente desconcertada, foquei os olhos entediados do sensei.

–Na minha casa?

–Parece que você se esqueceu de deixar uns antídotos com ela.

–Droga... – rapidamente vasculhei o bolso direito da blusa e achei os dois vidrinhos valiosos. –Mas com certeza ela deve ter achado mais três vidrinhos desses em uma das gavetas.

–Provavelmente. – ele sorriu.

–Mas como você sabe disso?

–Depois de deixar Naruto em casa fui ao hospital relatar os fatos a Hokage, e expliquei que você estava ajudando Sasuke a se recuperar. – foi inevitável fingir que não fiquei encabulada.

–Então... Sakura-chan... Você dormiu na casa de Sasuke?

–B-bem... Eu...

–Ela estava muito cansada, e nevava muito para sair na rua.

Todos os olhares se voltaram para Sasuke, exclusivamente o meu, e em nenhum momento ele demonstrou está irritado com a situação ou até mesmo constrangido.

–Fez muito bem, Sasuke. – Kakashi-sensei se levantou olhando o céu, e por alguns segundos permaneceu assim, prestativo. –Vejo vocês daqui a pouco.

Kakashi sumiu entre as pessoas que circulavam a nossa volta, e assim como ele também me preparei para sair.

–Sasuke-kun... – pronunciei seu nome e imediatamente recebi sua atenção. –, desculpe por ontem e mais uma vez obrigada por ter sido... atencioso. – Naruto olhava de um para o outro, e a cara dele não nega que sua cabecinha fantasia ‘coisas’. –Vejo vocês daqui a pouco.

–Vou com você. – Sasuke-kun se levantou, e surpresa paralisei sob seus atos.

–Não é preciso se incomodar...

–Eu já disse que não é incômodo.

Nada mais servirá de argumentos para ele, e sei que nada o impedirá.

–Eu vou pedir outra tigela. – Naruto sorriu para nós e sem cerimônia voltou a ocupar sua cadeira.

Se não fosse pelo vento gélido batendo contra o meu rosto, eu juraria que aquela pequena caminhada não passava de um sonho.
Sintia-me ridiculamente boba... Perdida em meio a devaneios, e isso era tão real que eu não consigo evitar a sensação absurda de que meu coração vai bater descontroladamente a qualquer momento. Estava sendo assim desde que ele tinha voltado... Toda vez que ele acidentalmente ou necessariamente me tocava... E eu, em nenhum momento conseguia parar de pensar na intensidade oculta que coisas tão singelas despertaram em mim.

Levemente corada unir as mãos e corajosamente olhei Sasuke-kun ao meu lado. Poucos passos seriam dados em poucos minutos, e mais uma vez nos despediríamos.

–Se você quiser pode voltar daqui, minha casa está bem próximo.

–Você quer que eu me sinta obrigado a tudo o que eu fizer por você? – perguntou concentrado nos meus olhos.

–Não. É que você...

–É estranho o fato de eu está sendo gentil, mas não faço isso por que quero ouvir seus agradecimentos, faço porque simplesmente quero fazer. – e ele olhou o céu nublado. –Talvez eu esteja sentindo que estou em falta com você, por isso quero retribuir sua gentileza. Mas pode ser que eu só queira ser gentil mesmo... como Naruto costuma ser com você.

–O que isso significa? – perguntei elevando minha curiosidade. Sasuke então se manteve com o olhar distante, como se buscasse uma resposta simples e eficaz.

–Eu só acho que Naruto se dá bem com as pessoas melhor que eu.

–Você está tentando imitá-lo? – indaguei divertida.

–Só não quero fazer tudo errado de novo.

Então me perguntei o que Sasuke estava tentando mudar, e o porquê de ele está se apegando tanto a comportamentos que não era do seu feitio.

–Quer saber? – parei de frente à minha casa e Sasuke fez o mesmo. –Você está se saindo muito bem. – e, de forma sexy e surpreendente seus lábios entreabriram enquanto ele me olhava fixamente. –Mas, sinceramente... eu vou preferir o Sasuke-kun que eu conheço desde sempre.

Sorri para ele e acenei entrando em casa. Extremamente entorpecida pelos últimos acontecimentos, me apoiei à porta e assim permaneci até ouvir o barulho dos passos apressados da minha mãe.

–O que faz aí parada?

–Hã? – murmurei voltando à realidade.

–Pode começar a explicar onde você estava à noite toda, mocinha.

–Na casa de Ino e eu não pude avisá-la porque já era muito tarde. O hospital está lotado por causa do frio e graças a Tsunade-sama e Shizune, Ino e eu fomos liberadas. Como Ino achou que eu estava muito cansada exigiu que eu dormisse na casa dela, e...

–Ok. Ok. Mas da próxima vez nos avise antes. Seu pai estava muito cansado e não ouviu o pessoal do hospital batendo na porta.

Agindo como se minha explicação fosse a única verdade, comecei a me dirigir a meu quarto.

–Era Sasuke Uchiha que estava com você lá fora?

–Sim. Por quê?

–Nada.

Fechei a porta do meu quarto, e desabei sobre a cama...

*

De frente a Cede Hokage, cercados por inúmeros cavalheiros e cinco ou sete carruagens. Ao olhar a cena de homens e cavalos agrupados no mesmo lugar vinha à mente o que Tsunade nos disse na reunião:

A família Takahashi é muito exagerada quando o interesse está no conforto e segurança, então não estranhem se um batalhão de homens estiver lá fora amanhã.

–Naruto e Sasuke irão atrás do primeiro grupo montado. – Sasuke-kun e Naruto saíram em direção a seus postos. –Sakura, protegeremos a carruagem onde está a família.

–Sim!

O frio se tornava intenso a cada passo que dávamos dentro da mata fechada, e apenas avançamos alguns quilômetros de estrada encoberta pela neve.
Distraidamente aconcheguei os braços debaixo da capa, e de repente a neve começou a cair, como já ameaçava fazia algum tempo.

–Ei, garota.

Levantei a cabeça e deparei-me com um dos homens montado. Seu porte físico não era muito definido. Seu cabelo castanho era grande, e seus olhos eram negros.

–Você está com frio?

–Não, estou bem.

–Uh. – murmurou reduzindo a velocidade do seu cavalo. –Se quiser eu posso te dar minha capa. É só pedir.

–Não, obrigada. – agradeci somente por educação, mas logo o ignorei completamente.

–Ela é uma gracinha.

Foi o que ouvi entre eles.

–Falta pouco para nossa missão terminar... Até lá eu não quero vê nada destruído. Tudo bem pra você, Sakura? – a mão de Kakashi posou sobre meu ombro.

–Não se preocupe sensei, uma mulher deve saber lhe dá com esse tipo de coisa, certo? – e em resposta ele balançou a cabeça.

Depois de andarmos sem descanso, Kakashi-sensei, como líder do grupo de guarda, nos concedeu descanso até o dia seguinte, mas logo partiríamos pela manhã, o mais cedo possível.

–Ei, Kakashi-sensei! – Naruto espirrou alto. –Por que avançar amanhã tão cedo? – e outro espirro forte.

–Tenho pressa em voltar para Konoha, além do mais a família Takahashi tem obrigações importantes em sua vila.

–Qual é o problema desses velhotes?

–Naruto! – rapidamente o sensei o repreendeu.

Katon: Goukakyuu no Jutsu!

Alguns cavalos se assustaram com a imensa bola de fogo feita por Sasuke-kun, inclusive alguns homens que, espantados, admiraram o justu até então desconhecido por eles. Sem olhar para trás Sasuke-kun veio a nosso encontro, mas deixara centenas de curiosos se perguntando ‘de onde aquele garoto tinha saído’?

–Ficaremos aqui, um pouco afastados dos outros. Apesar de termos sido contratados pela própria família Takahashi ainda há dúvidas sobre nós.

–Como eles podem duvidar se os ninjas de Konoha são bons ou não? – indagou Naruto possesso, e parecia não se importar se fosse ouvido. –Vamos mostrar para eles que somos os melhores ninjas de Konoha.

–Você é irritante, Naruto.

–Como você pode manter essa expressão pacífica enquanto eles – apontou para a tenda –, duvidam do nosso potencial, Sasuke?

–Eu não me importo com o que falam ou pensam de mim. Já deixei isso bem claro.

Naruto torceu o bico em resposta, e a contra gosto se aquietou.

O reflexo das chamas dançante da fogueira transparecia em nossos olhos... O céu estava completamente nublado... A neve tinha parado de cair já fazia algum tempo... O frio era intenso, mas estávamos aquecidos... E às vezes, quase como uma pegadinha, o vento balança as copas das árvores deixando-nos alarmados.

Cuidadosamente desamarrei o laço da capa no meu pescoço e a tirei. Estiquei até os punhos a manga da blusa vermelha, em seguida soltei meu cabelo e o acomodei as madeixas longas nos ombros, de forma que minha nuca ficasse protegida do frio. Rapidamente estiquei os braços até a fogueira, abrindo e fechando a mão para que ela logo se aquecesse.

–Sakura Haruno, não é?

Levantei a cabeça e encarei o homem de pé ao meu lado; o mesmo que fora ‘gentil’ na viagem.

–Temos comida fresca e cobertores limpos... Se você precisar de alguma coisa é só me chamar. – atônita nada disse. –Fui um pouco rude e não me apresentei. Meu nome é Daiki Ogawa. Sou filho de Fuyuki Ogawa, líder do grupo e braço direito do chefe Hachiro.

–Filho de Fuyuki Ogawa? Pensei que ele só tivesse um filho. – comentou Kakashi despertando a atenção dele.

–Somos dois, e normalmente não trabalhamos juntos. – e ele novamente voltou seus olhos para mim, sem cerimônia alguma. –Mas fico feliz em ter aceitado essa missão. – e o rapaz se inclinou um pouco para cima de mim. –Você não tem medo de algo acontecer...

–Se afaste dela.

Em questão de segundos a espada de Sasuke-kun brilhou no pescoço do homem que deveríamos ter como aliado.

–Não recebo ordens de alguém inferior a mim. – desafiou ele, e a resposta de Sasuke-kun foi pressionar a lâmina afiada da espada.

–Não vou repetir novamente.

–Calma aí, Sasuke! – interviu Naruto se aproximando, mas Kakashi o impediu. –Kakashi-sensei...

Com pressa e exatidão a espada sibilou no alto, e Daiki saltou para trás, mas seu pescoço levou um pequeno corte.

–Desgraçado!

Seu corpo explodiu como se fosse clones da sombra, e sua verdadeira forma apareceu. Um homem na faixa de cinquenta anos. Forte e de estatura baixa.

–IMPOSTORES!

Outros homens explodiram e logo mostraram sua verdadeira forma, em questão de segundos o fogo tinha começado a incendiar algumas carruagens.

–Protejam a família Takahashi! – gritou Kakashi-sensei avançando contra um homem que tentou golpeá-lo por trás.

*

Por fim o último oponente foi jogado junto aos outros...

–Esse aqui é o último.

–Foi ele meu impostor? – perguntou Daiki apontando a espada para o homem que o encarava cheio de ódio. –Você achou mesmo que nos roubaria?

–Se não fosse pelos ninjas de Konoha teríamos arrastado sua reputação à lama! Você e seu grupinho não servem de nada!

Daiki o atingiu em cheio com um golpe que fez o homem desmaiar.

–Sem feridos?

–Estão todos bem, mas não consigo acalmá-los... – respondi apontando para a tenda que por pouco não desabava devido o alvoroço das pessoas nela. –Acho que é melhor sairmos daqui.

–Sakura tem toda razão. – Kakashi-sensei retornou ao lado de Sasuke-kun e Naruto. –A próxima vila fica daqui a dois quilômetros. Temos que chegar lá ainda hoje.

–Eu não fico no meio desse mato nem mais um segundo! – um dos homens mais velho incentivou os outros a debater o mesmo desejo.

–Espero que não se importem em ter que andar. – disse Kakashi e nossa nova jornada estava começando.

Examinei o pequeno quarto, composto apenas por uma cama de solteiro, uma cômoda e uma cadeira abaixo da janela. Era o quarto menor da pousada, e como eu era a única garota no meio do grupo de homens, serviu-me perfeitamente.

Abra a porta, por favor!

Corri para atender o chamado da mulher, e não haveria de ser alguém além dela, que era simpática e extremamente atenciosa.

–Sim?

–Eu vim avisar que é melhor você esperar mais um pouco para tomar banho. A área de banho está lotada de homens e como não há mulheres aqui, além de você e eu, eles dominaram os dois lados.

–Entendo. E não há outro lugar que eu possa me banhar?

–Bem, temos uma pequena fonte termal no fundo, mas nessa época do ano o lugar é gelado e está sem cobertura.

–Se eu ficar com essas roupas suja de neve será pior. Será que eu posso me banhar nela?

–Claro que sim. E não se preocupe com pervertidos, ficarei de guarda para que ninguém passe.

–Não se preocupe. Eu tenho certeza de que ninguém tentará despertar minha ira.

–Ouvi dizer que você é muito forte.

–Um pouco.

O lugar era gelado, como ela havia dito, mas a piscina fumegante natural era extremamente convidativa.

–Vou deixa-la à vontade, mas volto mais tarde, depois que esses homens se acomodarem melhor.

–Vou ficar bem.

Aproximei-me da fonte e logo tirei o roupão. Ajeitei a toalha firmemente contra meus seios que, surpreendentemente, salientavam meus decotes, e calmamente toquei a água com as pontas dos dedos.

–Perfeito.

A toalha caiu ao chão e sem tecido algum no meu corpo adentrei na água. Sem pressa minhas mãos deslizaram pela curva do meu pescoço, descendo até circuncidarem os seios... Chegando ao ponto extremo da minha sensibilidade onde, levemente, toquei soltando um leve suspiro. As massagens continuaram... Toques mais sensíveis e intensivos... Sensações que eu ousava experimentar naqueles momentos de entrega mental... E, secretamente, nada vinha à mente a não ser pensamentos ultrajados de desejos.

–Sasuke... Kun...

Involuntariamente eu disse seu nome, como já havia pronunciado inúmeras vezes a desejar que ele me tocasse daquela forma. Um suspiro ecoou dos meus lábios, e abri os olhos no exato momento que a neve começou a cair. Sozinha e melancólica assisti seu show de pureza cair por toda a parte... Eu nunca me cansava de observar cada floco mudo que caía ao chão e por lá ficava até que outros flocos deitassem por cima e se tornem ainda mais brancos.

–Como está o banho?

A mulher tinha voltado com mais toalhas e um roupão.

–Está maravilhoso.

–Atrás da pedra tem um lugar mais fundo, dá até pra mergulhar.

Observei a pedra, a dois metros de mim, e realmente parecia que era o lugar mais fundo.

–A comida será servida. Espero que você não demore ou irá esfriar.

–Ficarei mais dez minutos. Obrigada.

Esperei ela sair e estando sozinha resolvi explorar o lugar da pedra. Não dava para nadar, como pensei, mas dava para mergulhar o corpo na água. Dois mergulhos ao me aproximar da pedra e até ela três passos. Mergulhei novamente e levantei com os cabelos pingando. Apoie-me na pedra e no primeiro passo que dei deparei-me com Sasuke-kun, que parecia ter pensado a mesma coisa que eu.

Meus olhos estavam assustadoramente arregalados, mas eu não conseguia dá um passo sequer. Ele, por sua vez, me olhava fixamente, e respirava como se tivesse prendido o fôlego.

Eu... – falou baixo como se fosse um murmúrio, mas se perdeu ao descer os olhos para o meu corpo exposto.

–AH! – gritei cobrindo meus seios e cheia de pressa agachei até a água bater ao nível do meu pescoço. Sasuke virou de lado e se refugiou atrás da pedra. –Há quanto tempo você está aqui? – perguntei, muito nervosa.

–Antes de você chegar.

–O quê? Por que você ficou quieto e não se pronunciou?

–Eu ia fazer isso, mas... Mas...

–Mas você não resistiu à vontade de ser pervertido, pelo menos uma única vez na vida!

–Nunca passou pela minha cabeça espiá-la nua.

–Nunca? – indaguei muito surpresa. –Que seja, pois você só iria se decepcionar!

Sasuke nada disse, e isso só aumentou minha tensão.

–Eu vou fechar os olhos e você vai sair daqui, está bem?

–Você vai ter quer sair primeiro.

–Por quê?

–Porque eu posso dá de cara com a dona da pousada e, aliás, foi ela que me indicou esse lugar.

–Não faz sentido ela ter dito a mesma coisa para mim.

–Senhorita? – sorridente ela se aproximou e trouxe com ela mais tolhas. –Eu não me lembrava de ter trazido essas toalhas para cá... Bem, ultimamente eu tenho esquecido muita coisa, com muita facilidade, então não estranhe se eu lhe passar informação errada.

Não paramos desde o momento que saímos da pequena vila. Os reforços chegaram no dia seguinte, e outras carruagens, sem muito luxo, chegaram ainda de madrugada.
Por causa do grande alvoroço na noite passada, Kakashi-sensei decidiu que o Time Sete se concentraria no meio do grupo; somente dessa forma todos os frescos da família Takahashi viajaria tranquilos.

Como ninja, concordei sem titubear, mas intimamente eu gostaria de ter sido designada a andar longe do Time, especificamente longe de Sasuke-kun.
Ao olhar suas costas, me pegava vergonhosa ao recordar a cena do banho. Talvez eu não estivesse tão preocupada por ter sido flagrada nua, mas... Por que eu tinha que me tocar daquela forma e deixado o nome dele escapar?
Olhei suas costas novamente, e me perguntei o que ele estava achando de mim agora.

–Ei, Kakashi-sensei! O que há de bom na vila dos velhotes?

O sensei olhou Naruto de soslaio, tentando repreendê-lo devido à forma desrespeitosa de se dirigir aos homens.

–Uh... Ouvi dizer que as fontes termais de lá são ótimas.

–Você só sabe dizer isso em todas as missões? – indagou Naruto levemente revoltado, mas logo tratou de sorrir e sem demoras passou o braço no ombro de Sasuke-kun. –Aposto como você gostaria de vê as garotas se banharem, não?

Automaticamente minhas bochechas ficaram vermelhas.

–Não seja idiota! – Sasuke-kun se afastou de Naruto, e ele ficou sem entender o estresse na simples brincadeira.

–Que estranho... Normalmente Sasuke nunca dá bola para minhas brincadeiras, mas agora senti que ele ficou irritado, e um pouco desconcertado.

–Isso faz sentido. – comentou o sensei. –Também notei que ele está mais calado que o normal... E você também, Sakura.

Calada, continuei andando, e só Deus sabe se vou resistir a esse sufoco interno.

*

Duas semanas depois...

–As pessoas dizem que o amor emagrece, e não é que elas têm razão!

–Emagrece se for um amor sofrido, mas não acho que seja o seu caso, porca. Ultimamente você só tem falado de Sai e o quanto é ‘maravilhoso ser namorada dele’.

–Uh. – como sempre fazia, e isso me irritava profundamente, ela se sentou na minha mesa e cruzou as pernas. –Então seu amor não é sofrido, pois você está um pouquinho acima do peso.

–Você está mentindo que eu sei! – Ino riu. –Mas, pra falar a verdade, tenho exagerado um pouquinho no chocolate.

–Percebi outras coisas também... Já faz um bom tempo que não ouço o nome de Sasuke nessa sala. – e, desconfiada, Ino se inclinou olhando fixamente nos meus olhos. –Você nem mesmo pergunta se o esquadrão Anbu voltou bem das missões. É como se nada relacionado à Sasuke chamasse mais sua atenção. Aconteceu alguma coisa?

–Sim, mas não quero falar sobre isso.

–Você não vai esconder nada de mim, testuda. – Ino ficou de pé em um pulo e correu para fechar a porta entreaberta. –Eu sabia que você está escondendo algo!

–Não é que eu não queira contar a você, é que... Será um pouco desconfortável detalhar algo tão íntimo.

–Espero que esse drama todo não seja para dizer que você e Sasuke se beijaram. É extremamente infantil.

–E se eu disser que ele me espiou tomando banho enquanto eu... me tocava e sussurrei o nome dele?

–Acho que eu não ouvi direito.

–Foi o que você ouviu. Faz duas semanas que estou fazendo de tudo para não cruzar com ele. E sabe o que é pior? Eu fico há todo momento pensando o que ele está achando de mim, e isso é uma tortura!

–Desde quando você se masturba? – perguntou ela com toda a seriedade que lhe era possível. –Isso é de menos. Mas você deveria ter sido prudente, testuda. Essas coisas a gente não faz por aí. Você deveria saber disso.

–Eu não sou nenhuma pervertida, porca. Foi um momento íntimo de reflexão... Eu nem queria pensar nele, mas...

–Mas não resistiu. – Ino se sentou a minha frente e suspirou alto esparramando-se na cadeira. –Você gosta dele e ele gosta de você. Está tudo bem.

–De onde você tira tanta confiança?

–É a verdade e não existe outra. – ela se inclinou para frente e sorriu maliciosa. –Você gostou do que ‘viu’?

–ARGH! – gritei deixando-a se divertir com a situação.

–Sakura-san!

–Pode entrar!

Timidamente a enfermeira mais jovem do hospital se aproximou da minha mesa.

–Seus companheiros de Time estão lá fora e deseja vê-la.

–Obrigada Yume. Diga que estou indo.

–Sim.

Ino esperou Yume sair para lançar seu olhar divertido; não escondia está achando graça da situação.

–Você vai vê-los?

–Não posso me esconder para sempre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!