Sabia que não estava sozinha, sabia disso a partir do momento em que abri o livro, isso por que meu espião foi descuidado e fez barulho, mas um vampiro sabe se esconder muito bem, então nem me dei ao trabalho de procurar ou ficar irritada.

Continuei lendo e aproveitando o silencio por um tempo, me perguntando se ele ia continuar ali ou se em algum momento ia desistir e ir embora, juro que estava torcendo pela segunda opção.

Mas eu não tenho uma sorte boa assim, ele continuou ali e comecei a pensar no por que dele estar fazendo isso, sera por compulsão? Elijah havia hipnotizado ele a me proteger? Ou ele era um vampiro idiota que faria qualquer coisa para impressionar alguém mais velho e mais poderoso?

Meus devaneios me levaram a esquecer do livro e eu me perdi completamente na minha própria cabeça, rodeada de perguntas, lembranças e tendo uma crise existencial por não poder ficar sozinha nem mesmo no jardim da casa.

Ser que eles acham que eu sou assim tão frágil a ponto de não poder andar sozinha pela casa? Só por que sou humana não quer dizer que sou completamente indefesa, tenho a capacidade de cravar uma estaca no coração de um vampiro, ou pelo menos acertar ele para ganhar tempo e fugir.

Cansada de pensar, simplesmente fechei o livro e me virei para ver o vampiro sentado em um dos bancos, olhando para mim, como se estivesse faminto, o que era bem provável, ao ver meu olhar ele deu um pequeno sorriso, daqueles que da vontade de dar um soco na pessoa.

–Bom dia Tommy- falei me levantando e ignorando o olhar surpreso dele, por eu ter sido bem educada.

–O que aconteceu com você? - ele me seguiu pelo labirinto, confuso- ontem nem podia olhar na minha cara e hoje me trata bem?

–Estou tentando ser educada, mas posso ignorar você se preferir- falei entrando e indo direto para a escada- eu sou ótima e ignorar as pessoas.

–Desculpe, mas fiquei surpreso, depois de sua reação de ontem.

–Se fosse você no meu lugar, e estivessem colocando alguém para te vigiar, sem dizer nada, como reagiria? O que faria ao saber que não confiam que vai sobreviver cinco minutos sozinho na cidade, apenas por que é humano?

–Eu fugiria, para o mais longe possível- ele sorriu e olhou para o lado, onde uma empregada trazia uma bandeja, meu café da manhã, ele pegou das mãos da mulher e olhou de novo para mim- esta com fome?

Simplesmente sorri e fui para o quarto, ele me seguiu, deixou a bandeja nos pés da cama enquanto eu ia para o banheiro trocar de roupa. Assim que terminei de me arrumar fui comer.

Tommy estava na janela, olhando para alguma coisa, e parecia realmente preocupado, como se alguma coisa ruim estivesse acontecendo, mas assim que fui para perto para ver o que era ele fechou as cortinas e me arrastou até a cama, para que eu terminasse o café da manhã.

Engraçado, ontem não suportava olhar para a cara dele, hoje estava me divertindo conversando com o garoto que era praticamente meu guarda costas, sabe eu achava que ele era a pior pessoa do mundo, mas depois de conversar um tempo com ele, percebi que nunca devo julgar ninguém antes de conhecer a pessoa de verdade.