Acordei no meio da noite, pois não parava de sonhar com minha família, eu já estava começando a ficar cansada disso. Não que eu não gostasse, mas eu ficava triste ao pensar que quando eu acordasse, eles não estariam me esperando para o café, ou que Maria não estaria lá para desabafar, ou que minha mãe não poderia vir me dar mais conselhos, ou não poder brigar mais com Tatiana, ou muitas outras coisas.

Coloquei a mão no meu travesseiro e percebi que ainda estava molhado, por causa das minhas lágrimas da noite passada. A saudade que eu sentia de todos era muito grande, cheguei até a pensar que preferia ter ido com eles do que estar sofrendo igual estou sofrendo agora.

Me sentei na cama, arrumei meu vestido e me enrolei na manta. Cruzei as pernas,abracei meus joelhos abaixei a cabeça e mergulhei nas minhas lembranças.

"Eu e Maria estávamos sentadas em uma fonte que tinha no imenso quintal do Palácio de Inverno, conversando:

–Você viu o novo cozinheiro? - perguntou Maria.

–Não, quem é?

–Não sei, só sei que ele é lindo - falou em voz baixa, enquanto eu ria.

–Nossa, parece que temos alguém apaixonada aqui - falei zombando de sua cara.

–Claro que não... ele não faz meu tipo - falou convencida.

–Sei...

–Além do mais vi Tatiana trocando uns olhares com ele - falou mais uma vez eu voz baixa.

–Até parece, você que é medrosa - falei jogando um pouco de água daquela fonte nela.

Nisso ela pegou nos meu pés, e jogou dentro da fonte e fiz o mesmo com ela. Mesmo nós sabendo que iríamos levar uma bronca, não ligamos e continuamos a brincar naquela fonte"

Mais uma vez lágrimas, escorriam dos meus olhos. Aquelas lembranças eram muito fortes, faziam em me sentir em casa, com todos mais uma vez.

Quando eu levanto minha cabeça, minha irmã estava, sentada na beira da cama, me observando com os olhos cheios de lágrimas:

–Olá irmãzinha - falou Maria.

–O quê? Como assim? Por que? - falei assustada

–Não vai me dar uma oi - falou sorrindo.

–O que faz aqui? - perguntei confusa.

–Vim te ver... estava com saudades.

–Mas você morreu, não? - achei que estava sonhando.

Não me respondeu, apenas se ajoelhou em frente a minha cama, e ficou olhando em meus olhos:

–O que foi? - perguntei.

–Apenas senti sua falta...

–... Eu também - falei abraçando-a.

–Posso te fazer uma pergunta? - perguntei.

–Claro - falou se sentando do meu lado.

–Isso é um sonho? Você esta mesmo aqui? - perguntei.

Ela mais uma vez não me respondeu, apenas sorriu:

–Quando meu pai, veio aqui também, ele não me respondeu... isso é um sonho?

–...Isso você terá que descobrir sozinha - falou passando a mão no meu rosto.

–Como assim? Por que? -falei tirando sua mão de meu rosto e segurando ela.

–... não posso.

–Não pode o que?

Ela apenas virou o rosto e foi indo em direção da janela:

–Não vai, desculpa não quis te magoar - falei.

Ela virou o rosto para mim, sorriu e disse:

–Não me magoou... Apenas tenho que ir.

–Não... Eu estou sozinha, não tenho ninguém, fique aqui...

–Tem sim, Dimitri...

–Mesmo assim, não vai...

–Sempre estaremos com você... você pode falar conosco sempre que quiser, vamos sempre te ouvir.

–... Sentirei sua falta.

Ela se aproximou da janela e disse:

–Eu também, mas nunca se esqueça de uma coisa...

–O que?

–Eu te amo.

–Eu também te amo.

Assim que ela ouviu o que eu acabara de falar a travessou a janela e foi embora.

Fui abrir a janela correndo para ver se eu à via, mas apenas vi o imenso quintal do senhor Arman.

Sentei na cama para ver se era um sonho e se eu iria acordar, mas nada aconteceu, então sera que tudo isso era real ou apenas um sonho?