Todo O Mal Que Há escrita por Camila J Pereira


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Não iria postar hoje, só amanhã, mas não consigo me conter quando vejo o capítulo pronto e tão legal como ficou esse e não postá-lo.



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– Preciso de um momento com você. – Bella falou de repente com Reneé. Estavam entrando no prédio em que morava e Damon parou a dois passos na frente e virou para as duas. – A sós. – Completou.

– Tudo bem. – Reneé ficou animada com isto.

– Não aqui. Pelo menos que seja nos meus aposentos que não são nada dignos, mas servirá, estarão seguras com o feitiço que lançou. – Damon explicou. – Levo vocês até lá.

Damon as guiou até os fundos do prédio e a cerca de cinco metros das escadas de serviço havia uma meia porta cor de magno. Ele usou uma chave para abri-la.

– Como conseguiu essa chave?

– Pegamos emprestado do sindico. – Damon fez sinal para que ela entrasse.

– Está escuro. – Bella falou quando entrou.

– Aqui filha. – A lâmpada foi acesa por Reneé. Bella deu uma olhada em volta, tinha muita coisa velha. Dois colchões em um canto, o que estranhou muito e dois caixotes do tamanho de um homem. Ela pensou que Damon caberia muito bem nele. Sentiu o local abafado, parecia ter sido tirado de histórias de terror.

– Estaremos seguras Damon. – Damon apenas assentiu para Reneé e fechou a porta.

Reneé pegou dois dos bancos velhos que estavam ali e tentou tirar um pouco a poeira com as mãos.

– Sente-se. – Pediu sentando também.

– Porque aquelas dois caixotes enormes?

– Um meio de viajar em segurança pela manhã. Eles vão como uma entrega urgente e frágil.

– Não é perigoso? – Bella imaginou aquele tipo de viagem. Sentiu-se claustrofóbica.

– Há toda uma preparação e recomendações com pessoas de confiança. – Pensou que para ser vampiro tinha-se que usar de muitos artifícios, logo a inteligência era um meio de sobrevivência.

– Eles não voam? – Perguntou lembrando-se das histórias.

– Sim, mas seus voos são curtos e não muito altos. E é preciso muita energia para isso. – Renée sempre tinha a resposta na ponta da língua.

Bella apenas se deixou ficar imersa a tudo o que tinha acontecido nos últimos tempos. Era fato que aqueles dois homens que estavam em seu apartamento eram singulares, assim como o homem do doutro dia. E que foi muito estranho o motorista investir para Reneé estando todos os outros carros parados. E foi aterrorizante o que lhe aconteceu naquele dia com o homem que lhe transmitiu o recado. Sua mente dizia que não era possível, mas alguma parte dela acreditava e estava confusa.

– Quando chegou aqui, disse que queria me falar toda a verdade. – Reneé confirmou com movimento positivo de cabeça. – Falou sobre Atlântida, sobre o povo que conseguiu se salvar e povoou a Inglaterra. Você me disse sobre os druidas e que quando o cristianismo surgiu esse povo foi descriminalizado e torturado. E disse sobre a maldição que os druidas lançaram sobre estes cristãos.

– Sim, Bella.

– Reneé. Explique-me como o meu nome surgiu nesse tal ritual que sempre fazem para manter contato com os antepassados.

– Já sabíamos através de sonhos e visões que um descendente dos antigos druidas teria magia suficiente para controlar os vampiros que ficam mais terríveis a cada dia.

– Isso é loucura. – Falou soltando o ar em um desespero. Levantou parecendo nervosa caminhou de um lado a outro. – Nunca senti que tinha magia, ainda mais suficiente para isso.

– Mas você tem.

– Como existem esses vampiros humanistas como falou antes?

– Te disse que alguns vampiros que foram transformados pelos druidas tornaram-se realmente demônios. Aterrorizavam cidades, praticavam extermínio em massa. Muito sangue foi derramado até que os druidas perceberam que agiram errado, pois colocaram sobre a humanidade um terrível mal.

– E então?

– Começaram a guerrear com eles. E nesse processo alguns dos vampiros que foram criados com eles vendo no que se transformaram pediram ajuda. Eles sofriam pelo o que eram, não queriam machucar ninguém, mesmo sendo difícil controlar isso. Odiavam ver o massacre que os outros faziam. Estes se uniram aos druidas.

– Os druidas tiraram a maldição deles? – Perguntou cada vez mais interessada no desenrolar da história.

– Os druidas tentaram mais não conseguiram. E um dia em um ritual, os antepassados disseram que surgiria um descendente capaz de ajudá-los.

– Essa sou eu. – Disse.

– Sim, filha. – Bella engoliu em seco.

– Como chegamos a Carlisle?

– Carlisle é um dos primeiros. Ele seguia os passos de seu pai, um eclesiástico. Cometeu algumas atrocidades com os ditos bruxos da época. Sempre se culpou por isso, agia com medo de seu pai. Foi e incapaz de abandoná-lo até mesmo no momento da maldição onde se agarrou a ele. Digamos que ele se tornou o líder dos que se aliaram aos druidas.

– O que aconteceu com o pai dele? – Reneé ofereceu sua mão para Bella que aceitou e foi conduzida novamente ao banco.

– O pai de Carlisle... – Pela hesitação da mãe Bella adivinhou o resto.

– É o líder dos vampiros maus. – Reneé assentiu. - E o que podemos saber sobre os irmãos, Stefan e Damon?

– Damon Salvatore é produto de um deslize de Carlisle. Era o filho mais velho de uma família italiana. Carlisle o manteve perto tentando colocá-lo no caminho do bem, mas Damon tem um espírito arredio e contraditório. – Reneé parou um pouco para recomeçar. – Damon deixou sua família que amava muito, seu irmão nunca se esqueceu dele. Stefan tinha apenas 13 anos quando a maldição se abateu sobre Damon. Numa noite ele voltou para a sua antiga casa, Stefan já era um homem. Damon levou o seu irmão já transformado com ele e estão com Carlisle desde então.

– Aquele homem hoje parecia em transe. – Bella falou, mas estava pensando alto. – Depois não sabia de nada.

– Eles agem assim. Como não podem andar durante o dia, induzem os humanos a fazerem o seu serviço.

– O que eles querem exatamente de mim, estes vampiros liderados pelo pai de Carlisle? – Reneé hesitou, mas tinha se comprometido a falar a verdade.

– Existem duas hipóteses. A primeira de que queira você para usá-la ao seu favor, a segunda que estejam tão apavorados que queiram...

– Me matar? – Bella perguntou quando a mãe parou.

– Sim.

– Tudo isso porque acham que tenho magia.

– Você tem. – Reneé olhou para ela com toda a sua certeza.

– Mas eu não tenho magia. – Repeti.

– Acha mesmo? Tem certeza? – Bella olhou para a mãe sem entender aonde ela queria chegar.

– O que quer dizer?

– Quando você era criança, te vi usando magia. Por algum motivo, você bloqueou isso depois.

– Me viu usando magia?

– Sim, foi naturalmente. – Confirmou.

– Isso não é verdade. – Disse ainda mais convicta do que a mãe.

– Você não se lembra, mas pode vir a lembrar.

Bella tentou lembrou-se de sua infância, mas nenhum episódio que a envolvesse usando magia vinha a sua mente. Tentou deixar isso de lado, provavelmente a mãe estava confusa.

– Quero mais um dia. O dia de amanhã. Aplicarei a última prova, corrigirei e deixarei o resultado na escola. Pedirei licença e vamos para onde quer que eu vá. Darei uma boa olhada em tudo e se não ficar convencida de que devo ficar voltarei.

– Tudo bem. – Reneé lhe deu um grande sorriso.

Quando chegaram ao apartamento Reneé contou o que tinham combinado.

– Mais um dia? Eu acho que esta brincando com fogo. – Damon soltou.

– Isso é perigoso sim, mas estaremos aqui. – Stefan disse com um vinco de preocupação entre as sobrancelhas.

– Nenhum vampiro nos visitou estes dois dias. Não há urgência, ficaremos todos juntos e passaremos por mais um dia.

– Alguém tem que morrer para você acreditar que há urgência? Eu posso providenciar isso. – Damon ameaçou pegando Bonie pelos cabelos. Bonie esperneava tentando se livrar dele.

– Pare com isso Damon! – Renée exigiu.

– Se você não a saltar... – Falou irritada querendo arrancar a cabeça dele por aquela afronta.

– O que? O que fará bruxinha de meia tigela. – Ele apertou mais os cabelos da Bonie, fazendo-a arfar de dor.

– Solte-a Damon. – Stefan exigiu.

– Espere irmão, quero ver o que ela pode fazer. – Aquele olhar obsceno e desafiador a estava irritando. – Faça algo bruxinha ou você não é nada como eu penso? – Algo dentro dela crescia, como se a vontade de poder destruir aquele homem aglutinasse em seu coração certo poder. Estava irritada de tal maneira que cerrou as mãos com força.

Percebeu que todos ficaram calados ao seu redor, mas talvez a sua ira tenha surtido este efeito. Cerrou os dentes também. Sentiu o calor de o seu corpo aumentar e um ar mais frio contornar o seu corpo.

– Solte-a. – Sussurrou. Viu que Damon a olhava intrigado agora, mas do que isso, ele estava surpreso. Sua respiração estava acelerada por conta da raiva. Damon soltou Bonie que depois de olhar em volta também a encarava perplexa.

Os cabelos de todos estavam suspensos, como se alguma força magnética os agitasse. Alguns objetos como livros, almofadas, quadros, estavam suspensos no ar em volta deles. Todos estavam abismados com aquela demonstração de magia. Bella era a única que cega pela raiva não via o que estava fazendo.

– Bella. – Ouvi a voz da sua mãe ao seu lado. – Bella. – Repetiu e olhou para ela devagar. Foi quando viu vários objetos pequenos da sala cair de volta aos seus lugares.

– O que foi isso? – Piscou algumas vezes olhando ao redor.

– Isso foi você, sua magia aflorando. Você está acreditando. – Reneé sorriu com lágrimas nos olhos. A esperança se renovava.

– Como? – Bella parecia atordoada e tombou desacordada sendo amparada por Damon.

***

Bella abriu os olhos, tentou lembrar-se da última coisa que tinha acontecido. Estava em sua sala, suas amigas e sua mãe antes desaparecida estava com ela. Tinha também os irmãos Salvatore. Lembrou-se de Damon agarrando Bonie daquela maneira, machucando-a. Tinha sentido raiva e certa vontade de avançar nele.

Ergueu-se, estava em uma cama estreita e desconhecida. As paredes eram constituídas de grandes pedras rochosas. Não sabia como tinha chegado aquele lugar e temeu estar dentro de um dos seus sonhos mais estranhos.

Caminhou até a porta que se mantinha aberta. Deparou-se diante de um grande corredor, aquilo lhe deu calafrios. Viu que havia mais portas, mas não ousaria entrar em nenhuma daquelas. Tinha um péssimo pressentimento. Avançou lentamente, pé ante pé até o que parecia o início do corredor.

Bella surpreendeu-se ao ver que do seu lado direito havia uma escada que levava para o que parecia o andar a cima e a sua esquerda outra que levava para baixo. Optou por subir ainda não encontrando ninguém em seu caminho. Todas as portas que tinha passado estavam fechadas.

Lá em cima encontrou-se diante de um grande salão aberto. Não havia portas, só grandes cadeiras de madeira que pareciam antigas e imitavam as dos grandes teatros. Na verdade, aquele espaço parecia um teatro a não ser por um tipo de trono na parte elevada que se encontrava diante dos outros assentos. Havia um mezanino que rodeava toda a parte de cima e as cortinas vermelhas que estavam por toda a parte, reafirmava que aquele espaço foi organizado para grandes espetáculos.

Bella girou e sentiu o coração parar quando viu um homem parado diante do trono adiante. Ele olhava em sua direção. Bella pegou-se o admirando, era um homem extremamente belo. Seus cabelos eram lisos e brilhantes de um louro dourado e lhe caiam nos ombros. Sua pele era branca e tinha traços finos. Bella caminhou para ele que ainda permanecia imóvel.

Seus olhos eram castanhos claros e tinha um ar compenetrado. Percebeu que as roupas que ele usava eram de outra época, mas não sabia qual seria. Sobre a roupa ele usava uma espécie de túnica preta aveludada que lhe dava um ar ainda mais altivo.

– Isabella. – Bella parou a poucos metros dele sobressaltada ao ouvir o seu nome saindo daqueles lábios finos e sérios. Mas percebeu que ele não olhava para ela, mas além dela como se não a enxergasse. – Isabella Swan. Ela será a nossa arma mais poderosa. – Bella entendeu então que eles a queriam viva para usá-la assim como sua mãe previra. – Tenho que tê-la, mesmo que tenha que matar a todos a quem ela ama. – Bella arregalou os olhos.

– Não! – Então tocou nele e pareceu que ao redor tudo girava. Agarrou-se ainda mais naquele braço que pareceu firme sob sua pele.

Alguns segundos depois as coisas pareciam parar e notou que agora não estavam sozinhos. Outro homem vestido como ele estava ao seu lado. Bella o soltou, eles se olharam, pareciam magoados. O outro também tinha uma beleza surreal, seus cabelos louros, no entanto, eram mantidos na altura das orelhas, mas tinha uma expressão mais serena.

– Pai! Já não me sinto parte deste lugar. Não concordo com seus métodos. – O mais jovem de cabelos mais curtos parecia exasperado.

– Nunca concordou meu filho, mas esteve sempre perto. Temos que ficar juntos.

– Não mais. – Disse por fim e eles se calaram. – Caius, você sempre será o meu pai. – Caius deu as costas para o filho e começou a se afastar. Carlisle manteve-se no mesmo lugar olhando para ele.

– Não pense que se você se unir aqueles druidas e estiver no campo de batalha eu hesitarei em avançar. – Disse parando e virando levemente o rosto para ver o filho. – Não fique em meu caminho.

– Caius! – Carlisle exclamou cheio de dor.

Bella conseguia sentir o que Carlisle sentia. Era como se através dos seus olhos aquela dor por se afastar do pai e tê-lo como inimigo fosse transmitida para ela.

– Caius! – Foi assim que acordou.


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