Senti alguém me sacudindo e bati na pessoa com o travesseiro. O coisa chata, nem me deixar dormir em paz deixam...
Ouvi a tal pessoa bufar e virei para o outro lado, me cobrindo até a cabeça.

-Morango, é hora de acordar, hoje é quarta!

-Eu sei, mas to com muito sono...

Pela voz eu sabia que era Thomas. De repente, ele puxou meu edredom, me fazendo cair com tudo no chão.
Quis matá-lo.

-Thomas, seu ser sem cérebro!

O retardado simplesmente riu, olhando para o meu pijama.
Que que tem eu estar usando um pijama infantil, cheio de bolinhas vermelhas?

-Realmente, você é um moranguinho. - ele falou ainda rindo.

Me levantei e empurrei ele para fora do quarto, irritada. Vi Yan com a cara toda amassada perto da porta.

-O que vocês estão fazendo? Parecem duas crianças...

Sim, ele provavelmente estava de mau humor. E eu também.
Simplesmente fui para o banheiro e quando voltei para o quarto coloquei a primeira roupa que encrontrei.
Uma calça meio justa demais e uma camiseta lilás.

Eu estava entrando na cozinha enquanto prendia o cabelo e vi que os meninos estavam tomando café.

-Ei, ruiva! Vocês vai pra escola de estômago vazio?
Vai passar mal.

-Eu nunca como nada no café, Yan...

Thomas de repente se levantou e veio correndo até mim. Tirou a presilha das minhas mãos e jogou para trás. O que ele está fazendo?

-Ei! Por que você fez isso?

-Porque eu quis.

Revirei os olhos e fui para o carro. Depois pediria um elástico de cabelos para Sophie.

Não é que eu odeie meu cabelo, sabe?
Só acho ele meio chamativo, só isso.

Logo meus lindos e maravilhosos irmãos adotivos entraram no carro, seguidos de Henry.
Thomas foi no banco da frente e Yan se jogou ao meu lado.
Se apoiando em mim e logo em seguida fechando os olhos.
Peraí, eu lá tenho cara de travesseiro?!

Decidi ficar quieta, apesar de querer empurrá-lo.
Fechei os olhos e acabei dormindo. Eu acho.
Sei que quando percebi Thomas estava me sacudindo.
Como eu sabia que era Thomas?
Simples, o perfume dele. Sim, isso aí, eu já conheço perfeitamente o perfume dele. E devo dizer, ele tem bom gosto.

-Que foi, mini Voldemort? Por que tu me acordou? Eu tava tão bem dormindo...

-Saí logo do carro, laranja falsificada. Nós temos que entrar na escola.

Bufei e saí do carro, dizendo tchau para Henry. Não, eu não consigo vê-lo como meu pai. Assim como não vejo minha mãe exatamente como uma mãe, já que fui praticamente criada por minha tia Angela.
Minha mãe ficou grávida aos dezessete anos, ou seja, nova demais.

Percebi que haviamos chegado na escola atrasados, e tivemos que correr para a sala.
A professora de espanhol, Anahí, gostava de mim -e muito- então nos deixou entrar.

As aulas de Espanhol passaram muito rápido, assim como as de química e física -que eram com o mesmo professor-.
As duas de "ciências" como nós chamamos até hoje sempre são legais, já que o professor Renato conseguiria tornar até matemática legal, se resolvesse dar aula disso.

No meio da aula de física comecei a pensar sobre algumas coisas. Coisas tipo eu achar que gostava de Yohan -que aliás ficava chutando minha bunda por estar sentado atrás de mim- e que nunca iria para de gostar.

Sei lá, mas parece que quando estou perto de Thomas tudo some, somos somente nós dois, uma bolha ao nosso redor. Sim, eu estou me perguntando se estou começando a me apaixonar por ele. Isso é estranho, sabe?

Ouvi o sinal bater e fechei os olhos por um momento. Queria de repente, desaparecer. Era horrível achar que estava apaixonada. Uma sensação estranha. Se fosse como da última vez, eu estava ferrada.