Não Chore Esta Noite escrita por AnaMM


Capítulo 42
Mais Que Um Erro


Notas iniciais do capítulo

We're back! Tem Lidinho? Teeeem! Tem mais explicações sobre o foreshadowing que mencionei nas notas do anterior? Teeeem! Tem beijo? Teeeem! Tem momento fofinho? Teeeem! Tem conflito? Teeeem! Tem uma das músicas favoritas de uma das bandas favoritas de todos os tempos dessa que vos fala? TEEEEM! Tem música que a autora descobriu com um de seus otps, Justin e Rebecca, de Brothers and Sisters? Teeeem! Tem Lorenzo/Lia? Teeeem! Tá esperando o que? Vem ler! Atrasa, mas fica pronta, é tipo obras públicas essa fic ;)

Trilha:
https://www.youtube.com/watch?v=F2i6CF5_HK0 conflito da Lia
http://www.vagalume.com.br/linkin-park/crawling-traducao.html
https://www.youtube.com/watch?v=V0YYqCS3D9o lidinho no hospital
http://www.vagalume.com.br/counting-crows/when-i-dream-of-michelangelo-traducao.html



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Fechou a porta rapidamente na esperança de deixar as lembranças no apartamento. Ou de esconder suas lágrimas... Que diferença fazia? Tanto tentara ignorar esse dia, fingir que não lhe importava a volta da mãe, e agora estava novamente em pedaços, apoiando-se apenas à maçaneta, deixando-se puxar pelo frio piso do corredor. Arranhava seus braços em busca daquilo que a atormentava, precisava sanar aquela dor de alguma forma, livrar-se do veneno que percorria suas veias e corroia suas entranhas. A simples e irreparável presença do DNA daquela mulher em suas veias a enojava. Não era o mesmo ser decepcionada e ver Tatá sofrer. Convivia com sua própria dor diariamente, e não suportava cinco minutos presenciando a dor da caçula. Cada lágrima da irmã transbordava o ódio que a mais velha sentia contra a mãe. Bateu com força a cabeça contra a porta. Mais lágrimas. Mesma dor. Arranhou as unhas contra seu crânio. Nada. Mordeu seu braço desesperada, abafando o grito que ainda lhe restara. Nada apagava o que vira, muito menos o que ainda sentia. Se ao menos Ju estivesse ali... Tocou a campainha do apartamento à sua frente na pífia esperança de ter a melhor amiga ao seu lado. A porta não demorou a se abrir, revelando um confuso Bruno Menezes a observá-la.

Medo e preocupação se somavam ao desconforto que o primogênito sentia ao vê-la. Juliana não poupara críticas em seu relato, mas era Lia que batia à sua porta, a mesma que vira crescer, novamente em crise, o que se tornara uma rotina. Dessa vez, no entanto, confortá-la poderia ser visto como traição pela irmã. Tentou se conter.

– A Ju pode falar? – Perguntou a voz frágil e rouca.

– A Ju não quer falar com você...

Arrependeu-se no instante em que lhe respondeu. Sabia que só estava piorando o sofrimento da garota que já estava tão claramente transtornada. Ouvira gritos do apartamento da frente. Conhecia essa dor, não era só por uma briga com a melhor amiga. Testemunhara aquele olhar e aqueles braços arranhados tantas vezes que lhe doía tanto quanto a ela.

– Raquel? – Testou-lhe cuidadosamente.

– A Ju? – Repetiu angustiada.

– Juliana, por favor, é importante! – O mais velho enfim a chamou.

Eu preciso de um tempo, você não entendeu? – A voz de Ju lhe respondeu de dentro do apartamento. – Eu não sei o que pensar, nem o que sentir, e ver a Lia agora só vai piorar as coisas!

– Esquece, eu volto outra hora.

Juntou a pouca força que lhe restava e se dirigiu ao elevador. Olhou para Bruno uma última vez. O garoto parecia se desculpar. Lia, no entanto, entendia perfeitamente a amiga. Se ao menos tivesse coragem de assumir o que fizera... Talvez Raquel tivesse razão ao abandoná-la. Nada justificava o que havia feito com Juliana. Traíra a amiga sem remorso e agora se dirigia justamente a onde estava o objeto de sua traição. Apunhalara a amiga mesmo depois de ajudá-la com Dinho, de jurar-lhe que por ele não sentia nada, de assegurar-lhe que não lhe passaria a perna. Buscara a amiga em seu pior momento por consolo, embora fosse justamente o motivo do presente sofrimento da própria amiga.

Dentro do apartamento, Juliana agora encarava um decepcionado irmão.

– Raquel.

– O que? Eu sou uma idiota! Eu preciso... E se ela...? Ai, meu deus... Por que você não me disse antes?

– Eu disse que era importante!

– Você não me disse que era tão importante!

Juliana se dirigiu à porta em um pulo, empurrando a chave nervosamente contra a fechadura. Não se deu ao trabalho de fechá-la. Correu para o elevador sem pensar duas vezes. Cada segundo de espera a atordoava. Não eram tantos andares, por que não chegava? Apertou um mínimo de três vezes o botão para o térreo. Chegou a tempo de vê-la pegar um de dois táxis que haviam parado ao seu sinal. Prontificou-se a pegar o segundo.

–x-

Esperou encontrar o pai no hall do hospital. Era sua última chance antes de ir atrás da última pessoa que devia procurar. Não que não fizesse sentido, é claro. Havia salvado a vida de Dinho, nas palavras dele, era o mínimo que podia querer em troca, um ombro, um amigo. Eram amigos antes de tudo dar errado... Bom, quase. Abriu discretamente a porta, esperando encontrar os pais do garoto. Adriano, no entanto, estava adormecido e só. Nem sinal da família Costa. Aproximou-se do garoto. Sentiu um certo alívio ao vê-lo desacordado. Era melhor assim... Aproximou-se do garoto aos poucos, ainda se sentindo culpada por estar ali. Alguma coisa boa havia feito em sua vida, por mais que nem sempre salvá-lo lhe parecesse ter sido uma boa ideia. De qualquer forma, era uma vida, e Dinho estava seguro por sua ajuda. Era tão melhor calado, dormindo... Não a deixava desconfortável com piadinhas, nem havia lugar para implicâncias, por mais que dessas até gostasse. Provocações à parte, Dinho até que era bonitinho quando inerte... Seus cílios caíam perfeitamente contra sua tez alva, seus cachos pareciam meticulosamente esculpidos e seus lábios ainda exibiam certa ironia na discreta curva que naturalmente formavam. Levou a mão em direção aos cabelos de Adriano antes que se pudesse censurar. Era como um ímã, que a atrairia mesmo que escondido por chumbo. Seu rosto se aproximou lentamente da cama de hospital. Os lábios dormentes a hipnotizavam, lembranças indesejadas invadindo sua mente como um vírus.

Escutara o discreto bater da porta. Escutara seus passos hesitantes. Sentira sua presença ao seu lado, sua respiração se aproximando. Mantivera seus olhos fechados por todo o tempo. Sabia quem era, não precisava vê-la para saber. Seu perfume era inconfundível, ainda que quase imperceptível. Por que estava ali? Sabia que a roqueira não era sua amiga, que não queria nada com ele, que fugia a cada aproximação sua e agora estava ali, mexendo em seus cabelos, aproximando-se de seu rosto. O que queria? Confundi-lo ainda mais? Dar-lhe esperanças apenas para tomá-las de volta bruscamente, como se o garoto fosse o único culpado? Sabia que Lia não era sua amiga, não queria sê-lo. Que não era nada sua, tampouco queria ser nada. Sabia, e lhe doía sabê-lo, que a garota queria distância, que jamais se perdoaria pelo que fizera, contudo estava ali. Estava ao seu lado, cúmplice do silêncio de um quase vazio quarto de hospital. Abriu os olhos aos poucos, contra o medo de afastá-la logo agora que seus lábios estavam tão próximos. Secou uma lágrima traiçoeira do rosto de Lia Martins. Por que tinha que vê-la chorar tão seguido? Seus rostos estavam quase colados. A garota desviou o olhar, culpada. Adriano não se conteve em eliminar a distância que o separava de seus lábios. Inclinou levemente o pescoço e capturou-os em sua boca, roçando-os lentamente. Os lábios de Lia enfim se juntaram em volta dos seus, correspondendo ao beijo, sua mão esquerda ainda em seus cachos, a direita encontrando seu peito, enrolando-se contra o tecido de algodão.

Lorenzo não esperava testemunhar a cena. Passara pelo quarto apenas para checar o estado de seu paciente, sequer esperava encontrar sua filha, quanto mais aos beijos com Adriano. Desconfiar desde o começo de ambos não impedira a surpresa. Fechou a porta com cuidado, encarando Mario e Alice.

– Eu aconselho vocês a deixarem o Dinho descansar por agora. Ele teve uma noite agitada. Quando ele acordar, eu aviso.

Os pais de Dinho acataram o conselho do médico, deixando-o na presença apenas de Juliana.

– Você viu a Lia, tio Lorenzo?

– A Lia? Não, por que eu a teria visto? Ela foi pra casa assim que recebeu alta. – Tentou ao máximo responder sem gaguejar.

– É, ela voltou pra casa, mas depois ela saiu de novo...

– E você tem certeza de que ela veio pra cá?

– Sim, eu... Bom, eu vi ela chegar, eu vim visitar o Dinho, sabe... Só que deu problema com o troco do táxi e eu a perdi de vista.

– Ok... Bom, por mim ela ainda não passou. Por que você não tenta a cafeteria? Às vezes ela me espera por lá. Eu vou só arranjar alguns documentos e te encontro lá. Com sorte, vocês.

– Certo. E o Dinho?

– Está bem. Dormindo, como eu falei. – Respondeu nervoso.

Juliana enfim deixou o corredor, tranquilizando o médico.

– Pai?

Lorenzo se virou em direção à voz. Assustava-o a fragilidade de seu tom. A pequena figura o abraçou, trêmula. Não sabia o que lhe responder, sempre perdia a fala ao vê-la naquele estado.

– Por que tudo tem que ser assim?

– Tudo o que, filha?

– Tudo... Por que eu sempre estrago tudo? Eu devia ter ficado. Se eu não tivesse ido àquele maldito acampamento, eu teria impedido a Tatá de criar expectativas pra suposta volta da Raquel... E eu não teria discutido com o Dinho, e ele não estaria no hospital. E eu ainda teria a minha melhor amiga...

– Você fala como se tudo fosse culpa sua...

– E não é?

– Lia, o bolo da Raquel em vocês não é culpa sua, nunca foi. A Tatá iria criar esperanças de um jeito ou de outro. Você salvou a vida do Dinho porque estava lá, e quanto à Ju... Bom, vocês vão se entender.

Não saberia, não por Lia, com detalhes o que acontecera entre as amigas. Depois do que vira, no entanto, não estava longe de descobrir. Uma certeza tinha: se Juliana sabia de algo, com certeza não havia testemunhado. Não havia flagrado os olhares que os dois adolescentes trocavam, nem a forma doce como se beijavam. Havia mais que um erro ali.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e fiquem atentos às dicas. Vai demorar um pouco a chegar o que está sendo encaminhado, mas um passarinho me contou que uma certa leitora xodózinha dessa que vos fala adoooora um mistério para desvendar ;) Bjos e vejo vocês nos comentários(espero hehe)