Não Chore Esta Noite escrita por AnaMM


Capítulo 32
Provocações


Notas iniciais do capítulo

Ok, ok, eu prometi uma certa coisa que não virá nesse capítulo por um pequeno erro de planejamento, MAAAAAAAAAS esse capítulo vem com Dinho morrendo de ciúme, Dinho admitindo que amooou ficar com a Lia, término JuDi...

Ah, sim, e o que faltou nesse capítulo virá em DOBRO, sim, em DOBRO no capítulo que já está pronto e será postado semana que vem. Have fun!



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Mal terminaram de combinar, o quarto foi invadido pelos outros alunos do colégio Quadrante.

– Que que é isso, hein, marrentinha? É no a três, agora? Tem lugar pra mais um? - Orelha zombou.

– Aí, Lia, eu sabia que você tava pro crime, mas dois ao mesmo tempo? Meus parabéns! Nem eu consigo isso! - Fatinha continuou.

– Essa aqui é insaciável, vai com dois e até com quatro! Né não, marrentinha? Tava uma delícia aqui, vocês perderam. - Dinho entrou na brincadeira abraçando a roqueira por trás.

Sem jeito, Gil não sabia como se defender.

– Parou, né, gente? Não aconteceu nada, ok? - O grafiteiro se pronunciou.

– Poxa, Gilzinho, sacanagem você negar o nosso amor assim. - Adriano brincou. - Vem, você também mandou bem. - Acrescentou puxando Gil por um braço e, com o outro, acariciando a cintura de Lia.

Irritada, a roqueira se desvencilhou. Sabia que Ju não acreditaria nas brincadeiras de Dinho, mas que a mão do garoto em seu corpo certamente estava deixando a it-girl desconfortável.

– Não rolou nada, podem parar de rir. Ou vocês acham que eu sou a Fatinha? - Apontou se sentindo vingada pelo menos de uma.

– Eu acho que você é até pior! - Orelha respondeu.

– Engraçadinho você! Sério, gente, o Gil tava nos mostrando uns desenhos, só isso. Muito irados, querem ver? - Lia distribuiu umas folhas como prova.

– Irados, mesmo. - O nerd concordou. - Mas mais irado deve ser esse aí que você tá escondendo. Será que eu posso ver?

– Não, Orelha, esse eu não posso mostrar, não. - Tentou pensar em uma desculpa o mais rápido que pôde.

– Por que?

– É que... O Gil fez especialmente pra mim, né Gil? - Respondeu se insinuando pro grafiteiro, o que deixou Dinho desconfortável.

– É, é... A Lia pediu e eu fiz. - Gil confirmou rapidamente, sem jeito.

Lia fingiu acanhamento, sorrindo com a face rosada.

– Ah, que fofinho! - Orelha zombou.

– Aí, rapaziada, acho que a gente tá sobrando aqui! - Pilha comentou empolgado.

– E você, Dinho, ficou pagando vela? - O nerd indagou.

– Eu fiquei foi cuidando da melhor amiga da minha namorada pra que ela não fosse abusada pelo aluno novo, só isso.

– Faz sentido, Dinho, faz sentido! Aí, na moral, a carne nova tem que respeitar os direitos dos outros membros da coligação. Aí, assim não é justo. A Lia nunca nos deu bola e esse cara mal chega e já tem ela no quarto? Não é justo! - Pilha protestou.

– Ainda mais que vocês já ficaram, né, Dinho? Você como ficante alfa deve preservar o patrimônio da galera. - Orelha acrescentou, irritando a roqueira.

Lia olhou para Ju sem jeito, querendo esconder a cabeça em um buraco.

– Eu não sou ficante alfa de ninguém, não! Eu tenho namorada, me erra. - Adriano se defendeu.

–x-

– Vem cá, amiga, deixa eu ver o desenho que o Gil fez pra você, vai? - Ju perguntou no banheiro com Lia. - Mostra, mostra, por favor?

– Ah, Ju, não rola. - Lia respondeu se sentando, tentando esconder o desenho de um grafite que incriminaria Gil.

– Óbvio que rola! Vai fazer charminho pra mim, agora?

– Não, é que... É mais coisa minha, mesmo, sabe?

– Não, não sei. - Ju estranhou. - Desde quando a gente tem segredo uma com a outra, Lia? E se fosse de Dinho, e não de Gil? Seria o único motivo para sua melhor amiga esconder algo. Não, não podia ser. Gil estava junto, não havia rolado nada entre os ex ficantes.

– Você quer mesmo saber? - Lia se levantou. - Desde quando cê resolveu grudar no seu namorado e esqueceu que tem uma amiga, né?

– Justo... - Ju comentou desarmada. - Então de vingancinha você grudou no meu namorado? Esse desenho é dele, não é?

– Lógico que não, Ju! Tá maluca?

– Então o que tanto vocês conversaram naquele quarto? Hein? Aposto que esse desenho tem a ver com isso!

– Nada a ver, Ju! Caramba, há quanto tempo que a gente não conversa direito? Tem um monte de coisa acontecendo na minha vida que você não sabe!

– Se você falar, eu vou saber, né?

– Nem tudo se resume a 140 caracteres, né? - Lia respondeu irritada.

– Lia, DR de amiga a essa hora? Não, não rola, né?

– Não rola porque o assunto não é o Dinho, né? - E por um momento Lia estava até agradecida de a conversa ter tomado outro rumo.

– Então tá. Então vamos falar de outra coisa. - Ju se aproximou da amiga e sorriu. - Tá rolando um clima entre você e o Gil, eu vi que tá! - Juliana comemorou.

– Ju, não surta.

– Ah, imagina: os quatro saindo de casalzinho? Eu, você, o Dinho, o Gil...

– Juliana, não viaja, tá? - Lia cortou irritada, saindo do banheiro.

Já havia escutado frases suficientes com "você e o Dinho" no meio para uma noite. Jamais suportaria sair de casal com Juliana. Já era o bastante ter que vê-los de casal no colégio, na rua, na festa... Arrependeu-se de haver combinado a saída de madrugada com o grafiteiro e Adriano. Mal sabia como o encararia. Tinha raiva do garoto por atrapalhar sua amizade com Juliana, fosse quando o namoro estava bem, ou quando estava mal. Dinho era um imbecil que provavelmente faria piadinhas sobre o que os três fizeram no quarto, ou faria questão de se anunciar namorado de Ju, nem um pouco interessado em Lia. E o odiaria por qualquer das opções, por mais que jamais admitisse sentir ciúme do namoro da amiga com seu ex-ficante. Lembrou-se por um momento de que Juliana ainda não sabia a verdade sobre quantas vezes a amiga havia ficado com Dinho, e rezou para que ninguém presente no quarto mencionasse.

–x-

– Não pego, não pego ninguém, mesmo. - Orelha respondeu à provocação de Pilha no quarto de Gil. - Mas o nosso amigo Gil pega, não pega?

Dinho, disperso na cadeira da escrivaninha, ficou alerta à conversa. Quando havia chegado, Lia e Gil estavam sozinhos no quarto, e nada lhe garantia que não houvesse rolado nada. Seu coração disparou. Lia não podia ter ficado com Gil, não podia.

– Que? - Gil perguntou confuso.

– Como é que foi pegar a Lia?

Já que o melhor amigo sempre o privara de detalhes, era a vez de Orelha interrogar Gilberto. Jamais ficaria com a roqueira, portanto viveria dos relatos alheios. A musa do rock era seu sonho de consumo velado.

– Que? Que pegar a Lia?

– Que pegar a Lia o que... Para de ser sonso, cara, todo mundo viu! Ela tava toda atiradinha pro seu lado com esse papinho de desenho, você acha que a gente não percebeu?

Dinho ficava cada vez mais tenso. Lia dando mole para o grafiteiro? Estivera tão disperso assim? Não podia ser verdade, devia ser viagem de Orelha. Lia jamais daria em cima de Gil na frente de todos, daria? Não, sua marrentinha era contida, fechada em relação à vida pessoal...

– Ela é gostosa? Fala pra gente. - Orelha insistiu.

– Ô Orelha, cala a boca! - Dinho se pronunciou. Mal percebeu que Lia e Ju acabavam de voltar ao quarto.

– Sim, ela é gostosa, muito gostosa, mas o Gil não teve nada com ela, agora vaza!

– Que isso, pegador? Ficou mordidinho, foi? Você tá namorando, mas a Lia continua sendo só sua? Explica isso pra gente, Adriano!

Gil ainda não conseguia acreditar que Lia havia ficado com Dinho no passado. Como uma garota de tanta personalidade e tão legal como Lia podia ter tido algo com o pegador babaca do colégio? Pelo visto, Adriano ainda não a havia superado. Percebeu que a roqueira estava parada em frente à porta, chocada.

– Aí, eu já falei e vou repetir: a Lia tá pior que a Fatinha.

Adriano, percebendo a presença da namorada, voltou para a cadeira onde estava e defendeu a ex-ficante com a voz baixa.

– Aí, Orelha, nada a ver você falar assim da Lia.

– Fala a verdade, Dinho, você não acha que a Lia tá pra jogo máximo?

– Orelha, a Lia não é bola de futebol pra tá pra jogo, não! Se o Gil falou que não pegou é porque não pegou, meu irmão!

– Ah, é? E você? Será que falou a verdade quando pegou? Foram quantas vezes, hein? Porque quando eu flagrei vocês dois, parecia estar rolando há bastante tempo e você nunca tinha me falado nada!

Lia queria intervir, calar o nerd como fosse, porém não sabia como encerrar a discussão sem piorar a situação para Juliana. Percebeu a tensão da amiga, morta de ciúme e, ao mesmo tempo, curiosa. Continuava sem saber muito sobre a ficada de Dinho e de Lia e jamais ouvira Dinho confessar daquela maneira que havia gostado tanto de ter beijado a roqueira.

– Aai, que bonitinho, o Dinho com ciúme da Lia! Cê vê, rapaz, olha aqui que coisa! - Orelha continuou provocando, aproximando-se do amigo.

Ju e Lia ficavam cada vez mais tensas. A roqueira dificilmente conseguiria convencer Juliana de que não rolava nada entre ela e Adriano. Queria matá-lo mais do que antes, de uma forma bem sangrenta, e aproveitaria o chão sujo de sangue para dar cabo a Orelha também. Olhou para Adriano furiosa, percebendo que o garoto a mirava fixamente com ares de um pedido de desculpa silencioso.

– Pera aí, pera aí! - Juliana enfim se pronunciou. - Como assim o Dinho com ciúme da Lia?

– Nada a ver, Ju, é que o Orelha tava viajando como sempre. Por isso eu falei essas coisas: pra defender a imagem da Lia, só isso. Ele fica falando dela e do Gil, se pegou, como se a Lia fosse um objeto e eu a defendi, só isso. Por que que eu teria ciúme da Lia?

– Ah, não sei! Por que não me diz você? - Juliana cobrou irritada. Havia escutado o suficiente.

– Juliana, para com isso?! - Lia tentou interrompê-la.

Não aguentava mais ter seu passado com Dinho revisitado. Era passado enterrado e assim devia permanecer. Estava cansada de ter que se defender em relação aos ciúmes de Ju.

– Ah, foi mal, não era pra dona encrenca ter ouvido, não. - Orelha se desculpou.

– Iiih! Formou, formou! - Pilha começou a cantar.

– Pera, pera! - Juliana o interrompeu. - Alguém pode me explicar o que tá acontecendo, ou não? Chamar a minha amiga de gostosa é defendê-la, agora? É tratar como menos objeto? E que história é essa, Dinho?

– Eu só fui sincero, Ju. A Lia é gostosa, sim. - A roqueira corou com as palavras de Dinho que não havia escutado antes daquela noite. - Eu amei ficar com ela, sim. Se eu ficaria com ela de novo caso estivesse solteiro e ela não fosse a sua melhor amiga? Com certeza! - Dinho parou por um momento, percebendo o olhar estático de Lia. Entendeu sua mensagem e continuou com outro rumo. - Só que, no momento, eu estou com você, é com você que eu quero continuar e eu não preciso mentir que não curti ficar com a Lia pra que você fique mais tranquila. É isso.

Lia expirou o ar que segurava. Por um momento, talvez não o odiasse tanto assim.

– É o seguinte: o Orelha tava sacaneando o Gil e a Lia, e eu só tava aqui defendendo eles, dizendo que não rolou nada! - Defendeu-se.

– Ah, é isso mesmo? - Ju perguntou desconfiada.

Derrotada, Lia percebeu que não havia funcionado. Em tempo recorde, pensou em uma solução. Precisava calar os amigos e tranquilizar a bff o mais rápido possível.

– Não rolou nada? - A roqueira desmentiu. - Alguém disse isso, gente?

O coração de Dinho parou. Só podia ser mentira, tinha que ser mentira. Começou a suar frio conforme via a garota se aproximar de Gilberto. Não podia beijá-lo, não podia beijá-lo, não podia. Tarde demais. Para seu pavor, Lia ficou com Gil na sua frente. Não um beijo, nem dois, mas uma ficada completa, com mordida e tudo. E Adriano de camarote, como se enfrentasse seu maior pesadelo acontecendo. Ju sorria orgulhosa pela amiga, enquanto Dinho tremia, torcendo para que não fosse verdade. Era para ser ele no lugar de Gil, e não um grafiteiro que havia ferrado os dois e seu melhor amigo. Para seu pavor, o beijo parecia não ter fim. Orelha filmava enquanto os outros faziam comentários e aprovavam. Dinho queria sumir. Queria fugir de tudo, de todos. Não conseguiria encará-los mais tarde. E se ficassem de casalzinho? Por um momento, pensou em Lia convivendo com ele e Juliana juntos diariamente. Talvez fosse seu karma. Para ser seu karma, no entanto, Lia precisava gostar do aventureiro, e Dinho tinha certeza de que a roqueira não poderia se importar menos.

– Formou, formou, o clima esquentou! - Pilha cantou para Lia e Gil que ainda se beijavam.

– Valeu! Foi sinistro! - Orelha agradeceu por trás da câmera de seu celular.

– E você é um mala! Gente, vocês podiam dar licença, por favor? - Lia pediu, sugerindo, para terror de Dinho, que queria ficar sozinha com o novo ficante.

– Ué, por que vocês não vão lá embaixo no escurinho? - Fera perguntou.

– Porque aqui é o meu quarto, brother.

– É, também é maneiro pra namorar.

– Então, gente, por favor. - Lia apontou para a saída. - A gente quer ficar um pouco sozinho, tá?

– Claro, claro, vamos! - Ju encorajou o resto. - Vamos, né, gente? Já tá tarde... - Acrescentou puxando Dinho, ainda boquiaberto.

– Peraí, Ju. - Dinho protestou, levantando-se.

Adriano olhou para trás umas três vezes, sem coragem de deixar Lia sozinha com o grafiteiro. E se fizessem mais do que ele havia feito com Lia? E se começassem a namorar? Lia era dele, pelo menos em seu mundinho. Era o único do Quadrante a ter ficado mais de uma vez com a roqueira, até onde sabia. Tinha prioridade, era especial para ela, não era? Fora puxado de vez pela namorada, tendo sua divagação interrompida. Seguiu com a garota direto para seu telhado, onde esperava estar finalmente livre da imagem de Lia e Gil juntos. Ledo engano. Ju, empolgada, comentou o quanto estava feliz por Lia, como ela e o aluno novo combinavam, como formavam um bom casal. Ciumento, Dinho negou. Como alguém poderia gostar que Lia estivesse com Gil? Não combinavam em nada, argumentou. Lia era muito para o grafiteiro, pensou em segredo.

– E quem combinaria com ela? Você? - Juliana temia a resposta.

Tinha certeza de que sim, porém desconversou. Ju tinha razão em ter ciúme do namorado com Lia, ainda que sequer desconfiasse do quão certa estava em se incomodar, porém Dinho já estava cansado das cobranças de Juliana. Havia aturado as cobranças da namorada o dia inteiro, não aguentava mais. Talvez tivesse sido uma péssima ideia namorar. Lia havia seguido em frente, se é que havia sentido o mesmo em algum momento, mas não seria justo para Juliana ter um namorado mexido pelo rolo da ex-ficante com um aluno novo qualquer. Precisava ser sincero e encerrar o relacionamento, por mais que tivesse que encarar Lia com Gil. Desperto, percebeu que, após o showzinho da roqueira, a amizade não se abalaria se a it-girl não soubesse o motivo real da irritação de Dinho. Lia estando com Gil garantiria, para a it-girl, que não rolaria nada entre seu ex e a garota. Era a hora ideal para terminarem sem mágoas.

– Quer saber? Cansei.

– Hein?

– Você é muito legal, Ju, e eu adorei namorar com você, é sério, só que eu não quero ser injusto. Eu não gosto de cobranças e não aguento mais me sentir pressionado. Não é você, eu juro, é o status. Eu não estou preparado pra isso. Eu prefiro terminar agora a ferir você posteriormente.

– Dinho, me perdoa, por favor? Eu vou mudar, eu juro! - Juliana implorou.

– Não dá, Ju. Olha, você é uma menina linda, merece um príncipe. Eu não sou esse príncipe. Eu digo coisas como o que eu falei na casa da Marcela sem perceber que você pode não gostar. Eu gosto de sair com os amigos, de curtir sem compromisso, entende? Eu não me vejo mais encarando com sinceridade a nossa relação.

Sentiu-se culpado ao perceber as lágrimas da it-girl, mas era o certo a ser feito. Não podia enganá-la. Havia ficado muito mexido ao ver a ex-ficante com Gil e mal podia fingir interesse em Juliana. Agora, com Gil e Lia provavelmente voltando a ficar no colégio, não poderia garantir que não faria shows de ciúmes pela quadra, ou que não beijaria Juliana unicamente para irritar a roqueira. Não seria justo com nenhum dos três. Que usasse outras para provocar a ex. Não usaria uma garota tão legal como Ju, muito menos para provocar a melhor amiga. Seria desumano.

– Vem, eu te levo até lá embaixo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, comentários são sempre bem-vindos :)


http://gshow.globo.com/novelas/malhacao/2012/videos/t/cenas/v/dinho-briga-com-ju-e-e-se-diz-cansado/2145548/ cena de Ju e Dinho sobre Lia e Gil que eu não vi necessidade em contar fala por fala.