Não Chore Esta Noite escrita por AnaMM


Capítulo 31
A Identidade do Grafiteiro


Notas iniciais do capítulo

E cá está um capítulo que é nada e muito ao mesmo tempo. Behold, my friends, esse inocente capitulozinho pode levá-los ao que vocês tanto esperam no capítulo 32. Have fun e tentem adivinhar o que acontecerá ;)

Agradeço o apoio de vocês à fic por meio de comentários, de favoritações, de RTs... Sem vocês, não teria pq postar aqui, então obrigada por fazer dessa experiência de escrita algo tão gratificante ^^



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– Dinho! Dinho! – Ju chamou, frustrada.

Não poderia deixar que o garoto se aproximasse de Lia, não do jeito que os garotos narravam seu visual da noite. Conhecia o histórico de ambos, não podia deixar que rolasse uma recaída.

– Parou! – Pilha freou sua subida a meio caminha, desequilibrando Fera e Orelha, que o seguiam. – Cadê a Fatinha?

– Adivinha! A Facinha tá no escurinho com o baterista desde que o maluco estragou a fiação.

Frustrado, continuou em direção ao apartamento, sendo seguido pelos amigos.

–x-

No quarto de Gil, Lia tinha acabado de descobrir a identidade do grafiteiro misterioso.

– Não acredito!- Exclamou.

– Lia, eu já falei que não fui eu, me dá isso aqui!

– Relaxa, Gil, eu não vou te entregar. Aliás, eu sou sua fã!

–x-

Dinho procurava por Lia pela sala, sem sucesso. Estava no quarto com Gil, sem dúvida. Havia chegado tarde.

– Ju, o que você acha de procurar um lugar mais calmo? Um dos quartos, quem sabe? – Perguntou sem pensar.

– Dinho, você quer namorar no quarto da professora?

– Tem outros quartos aqui...

– Tem o do Gil, mas não seria muita invasão?

– Que nada, do jeito que ele é fechado, com essa multidão aqui ele deve ter ido pra casa do pai.

Ao abrirem a porta, se depararam com Gil e Lia sozinhos conversando animadamente. Por parte dela, claro, animadamente não seria um termo apropriado para Gilberto. Um alívio tomou conta de Adriano. Estavam conversando – conversando! E o mais importante: vestidos. Seus amigos tinham razão: Lia estava irresistível.

Lia se surpreendeu ao ver Dinho e Ju. Incomodou-se ao pensar nos motivos que os levariam ao quarto de Gil. Provavelmente procuravam um lugar para namorar, o que não a deixava nem um pouco tranquila. Ju, por sua vez, sorria como uma criança vendo Lia e Gil tão próximos na cama do garoto. Formariam um ótimo casal. Poderiam ir a encontros duplos, conversar sobre os namoros... Acima de tudo, não precisaria se preocupar com o estranho não-relacionamento da roqueira com Adriano.

– Ju? O que vocês tão fazendo aqui? – Lia perguntou confusa.

– Faltou luz no Misturama, a galera veio toda pra cá. – Dinho explicou, encarando Gil.

– E por que vocês tinham que vir logo pro meu quarto? – Gil acusou.

– Porque a gente queria ter um pouco mais de privacidade. – Respondeu seco, olhando fixamente para Lia de forma desafiadora. – Como vocês, pelo visto.

– A gente? – Lia riu.

– A gente veio, mas já tá saindo, amiga! Com licença. – Ju pediu.

– Dinho, espera! – Lia tomou coragem.

Mal podia acreditar que o havia chamado, mas Dinho havia sido tão prejudicado quanto ela na história dos grafites. Adriano tinha o direito de saber a verdade. O aventureiro voltou a encará-la, confuso.

– Eu... A gente precisa conversar. – Vomitou as palavras, afobada.

Entreolharam-se por um momento. Ju conhecia e temia os famosos olhares tensos entre Lia e Dinho. Observou hesitante, enquanto a roqueira parecia medir as palavras. Adriano, por sua vez, tentava entender a loira. Agradeceu silenciosamente por Lia não querer estar sozinha com Gil. Não havia entendido seu pedido, porém o acataria sem pensar. Em alguns segundos já estava ao lado da roqueira.

– Ju, relaxa, o Gil tá aqui. O que você acha que pode acontecer? Um a três, por acaso? – Dinho brincou.

Talvez tivesse mexido com fogo, mas precisava deixar claro para Juliana que seus medos eram infundados. Se Lia estava magnífica? Claro! Se ficaria com Lia sem pestanejar ao mais simples pedido? Com certeza! Nem por isso Juliana precisava ficar tão tensa... Ou precisava?

– Você tem razão. Pode ficar, eu vou buscar alguma coisa pra beber... – Ju respondeu sem jeito.

Sua desconfiança aparentemente havia ido longe demais. Como poderia rolar algo entre Lia e Dinho com Gil no quarto? Lia era sua melhor amiga, tampouco ficaria com seu namorado a alguns metros de seu nariz. Mais calma, retirou-se para a sala, fechando a porta do quarto.

Dinho não conseguia imaginar o que Lia e Gil teriam para falar. Mal conhecia o garoto. E se...? Não. Nem em seus sonhos mais loucos Lia iria lhe pedir um a três com Gil. Ainda se fosse com uma outra mulher, talvez aceitasse... Pensando melhor, era a marrentinha, e estava irresistível. Com aquele visual matador, toparia um a três até com Nando, só para ter a roqueira em seus braços. Tremeu de nojo com a visão de Nando em sua mente e de prazer imaginando ir para a cama com a loira. Lia era a garota de seus sonhos até em pesadelos, por mais que não quisesse admitir. Culparia o álcool. Talvez algum amigo maluco de Nando tivesse batizado os sucos para que pensasse tão abertamente sobre Lia. Ou não. Era um adolescente de dezesseis anos, talvez pudesse se permitir ser conduzido pelos hormônios pelo menos naquela noite, em que a roupa da roqueira estava tão reveladora. E que coxas!

– E então? O que você queria falar comigo? – Era a hora da verdade.

– É ele, Dinho. O Gil é o grafiteiro misterioso. – Lia falou sem rodeios.

– Que? – Perguntou incrédulo. – Cara, você tem noção do que você fez? Nós fomos suspensos por sua culpa, seu covarde! – Adriano acusou.

– Dinho! Para, por favor, vamos conversar! – Lia implorou.

– Conversar? Lia, ele fez o Orelha ser acusado injustamente! Ele nos fez ser suspensos! Ele... Você correu risco de vida por causa desse imbecil!

– Fala mais alto, Dinho, acho que o resto da rua não ouviu. – O grafiteiro desafiou.

Adriano teria pulado em cima do garoto se não fosse por Lia o agarrando pela camisa. Tenso, por um momento, pela proximidade de Lia, Adriano se acalmou. Segurou-a pela cintura para acalmá-la. Gil conhecia os boatos, mas era a primeira vez que os via daquele jeito, tão juntos. E então, finalmente, entendeu os boatos acerca da roqueira com o namorado de sua melhor amiga. Sentia-se um intruso em seu próprio quarto.

– Olha, cara, foi mal. Os seus desenhos são incríveis, eu me amarrei de verdade neles, mas é o meu melhor amigo. Foi a imagem dele que você botou em jogo.

– Dinho, você acha que eu gostei de ser acusada? Mas, cara, já passou. Ferrar o Gil não vai nos trazer aquela semana de volta.

– Ainda bem... – Pensou em voz alta. Guardava com carinho as lembranças das tardes com Lia.

– O que você disse?

A roqueira havia escutado, mas não era todo dia que Adriano Costa se deixava levar pelos pensamentos. Não devia, mas sorriu. Um sorriso de canto de boca, discreto, incontrolável. Queria poder concordar com o garoto. Não queria esquecer as tardes que passaram juntos, ainda que precisasse.

– Lia, você prometeu que não ia contar pra ninguém. Agora esse idiota vai me entregar. – Gil reclamou.

– Ele não vai te entregar, Gil. Nem que eu tenha que dar a alma pra esse diabo!

– A alma não precisa, mas se quiser dar outras coisas... – Dinho sugeriu maliciosamente.

– Você não presta, mesmo!

– Você sabe que não. – Dinho zombou.

– Eu não sei como a Ju pode namorar um idiota como você!

– E eu não sei como ela conseguiu aguentar essa sua agressividade por tantos anos!

– Chega! Vocês dois! Você vai ou não vai me entregar, Adriano? – Gil questionou.

Dinho ponderou. Já havia sido acusado pelo crime, e adorava os grafites de Gilberto. Poderia tirar proveito. Pelo menos renderia ação para a noite. Adriano precisava de ação. O namoro com Ju o sufocava. E poderia passar mais tempo com Lia, se fizesse do jeito certo.

– É o seguinte: se você nos levar pra grafitar essa noite, eu não conto nada.

– Nós três? – Gil questionou.

– Sim, nós três. Um com o spray, um com o molde e um na retaguarda. Só por essa noite, fora dos muros do colégio. É mais seguro pra você, e uma história pra gente. Aquela noite que a gente invadiu o colégio foi adrenalina pura! Eu preciso daquilo de novo! E você também, Lia, pra deixar de ser tão estressada.

– Eu? Vai cuidar da sua avó, garoto! A ideia não deixa de ser boa, no entanto, mesmo vindo de você. E aí, Gil? Topa?

– Se vocês prometerem se comportar. – Riu. Seria uma oportunidade de se aproximar de Lia. Havia gostado bastante da garota pelo que conversaram. Não queria grafitar com Adriano, não confiava no garoto, mas o aguentaria por uma força maior. Não teria outra oportunidade de estar com a roqueira de mechas azuis tão cedo. – Mais tarde, ainda hoje, a gente vai. Agora tá cheio de gente por aqui, a gente corre o risco de ser pego.

– Certo. Então assim que os nossos pais dormirem, a gente se encontra aqui em baixo. – Lia combinou.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Sei que vcs não perdem por esperar o 32 ;) Vem coisa boa! Algo que vcs estão me pedindo a um bom tempo ;)