Não Chore Esta Noite escrita por AnaMM


Capítulo 30
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Notas iniciais do capítulo

Opa! Um capítulo mais comprido pra chegar logo ao ponto. Capítulo que vem tem algo que muitos estão esperando já há um bom tempo ;) Antes disso, nesse capítulo, temos Lia e Bruno concordando em pegar Dinho de jeito (UUUUI), o desconforto de Lia com o namoro, A aula de educação física, aquela que amo, com um certo agarra-agarra, e, enfim, chegamos ao evento que culminará no acontecimento que todos esperavam! Relaxem e leiam, que capítulo que vem... ah, o capítulo que vem... Surpresas!



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O destino, por um tempo, resolveu dar uma trégua a Lia Martins, uma oportunidade de descontar a raiva. Saiu da sala de aula assim que o sinal tocou, tentando fugir da situação constrangedora que o poema de Isabela havia gerado. Foi a primeira a chegar à quadra, com pressa de começar qualquer exercício que a pudesse livrar da lembrança da aula de literatura.

A chance que esperava surgiu: futebol. Fatinha e Lia escolheriam os times, o que gerou certa rivalidade nas escolhas. Como já esperava, Lia ficou no time oposto ao de Dinho. Ali, sim, podia descontar toda a sua raiva no garoto sem que levantasse mais suspeitas. Foi o que fez. Perseguia Adriano pela quadra, e ele retribuía. Roubou a bola de seus pés, driblando e quase marcando. Lia gritou por falta, mas o jogo seguiu. Claro, com o melhor amigo de Dinho na arbitragem... Assim que viu Adriano com a bola, alguns minutos depois, agarrou-o como pôde. Segurou-o por trás, empurrando as costas do garoto contra seu peito, tentando derrubá-lo. Ignorou a forma como seus corpos se encaixaram e a sensação gerada pelo encontro físico de ambos. Levou-o ao chão, seguindo com a bola pela quadra. Viraram protagonistas do jogo, ainda que o único gol tivesse sido de Rita. Lia e Dinho se atacavam cada vez que um dos dois tinha a posse da bola. Agarravam-se um contra o outro, em tentativas nada espontâneas de desarmes. Foram ao chão mais de uma vez, levantando suspeitas de toda a quadra e gerando certos momentos que não deveriam haver surgido em frente a Juliana. Marcela observava cada movimento.

Nos demais dias, apesar do constrangimento de Ju com o comportamento de Lia e de Dinho no jogo de futebol, o namoro com Dinho fluiu. Talvez não como seus amigos gostariam. No intervalo após a aula de educação física, deu-se o primeiro incômodo. Dinho recusou a pelada de lei do recreio por Juliana. Nos dias que se seguiram, recusou uma ida ao cinema, um campeonato de videogame, mais um jogo de futebol, uma ida à pista para andar de skate, uma ida à praia. Tudo que poderia prejudicar seu namoro era rejeitado, ainda que fosse meramente uma tarde sem Juliana. Nem Bruno aguentava mais.

– Oi, Bruno! Ju tá aí? – Lia perguntou à porta do apartamento dos Menezes.

– Claro que não, né, Lia. A Ju tá na casa do Dinho, pra variar.

Lia suspirou, decepcionada.

– Caraca, eu mandei um bando de mensagens pra ela, e ela não me respondeu.

– Opa, bate aqui, ó! - Bateram as mãos no ar assim que Bruno fechou a porta. – Estamos empatados! – Bruno riu. – A Ju não responde mais as minhas mensagens, não, Lia. Agora ela só quer saber daquele mané, mesmo.

– Você avisa que eu passei aqui? – Lia pediu incomodada.

– Claro que aviso.

– Valeu.

Voltou-se para a porta assim que agradeceu, mas foi interrompida pelo irmão da amiga.

– Ô, Lia, vem cá, eu sei que você é a melhor amiga dela, mas eu vou te confessar uma coisa: não vou com a cara desse cara, não, sabia? – Bruno admitiu.

– É, Bruno, desculpa, mas quem tem que ir com a cara dele é a Ju, né. – Lia respondeu.

Sabia muito bem como funcionava. Era completamente contra Juliana namorar um pegador moleque como Adriano, porém não podia decidir pela amiga quem Ju devia ou não namorar. Tinha que torcer pela felicidade da it-girl, por mais que doesse vê-la com Dinho. Se Bruno soubesse o quanto ela era contra o namoro, ou o quanto ela tinha contra Adriano...

– Eu sei, Lia, mas o cara traz a minha irmã de cueca!

“Típico Dinho...” pensou. Divertiu-se com a imagem que fez em sua cabeça.

– E na social aqui em casa ele mandou muito mal com ela, você lembra disso?

– Eu lembro, eu lembro. – Confirmou.

Se alguém lhe perguntasse por quê a cena entre Dinho e Fatinha a incomodara tanto, juraria até a morte que fora por Ju, e não pelo ciúme que a própria Lia sentira ao vê-los juntos e jamais admitiria.

– Mas agora eles tão namorando, né, é diferente.

– Eu sei que se esse cara pisar na bola de novo, eu pego ele de jeito.

– Aí eu te ajudo! – A roqueira riu.

Por um momento, Lia desejou que Bruno tivesse testemunhado a briga no jogo de futebol. Pelo visto, ganhava um novo aliado. Dois braços a mais para agredir Dinho era sempre uma boa ajuda. Principalmente considerando o quanto Bruno era mais alto e mais forte que Lia. Se a loira tinha uma especialidade, era implicar com Dinho. Bruno não os conhecia, em dupla, tão bem quanto quem estudava com ambos para saber. Mal podia imaginar o quanto Lia queria ajudá-lo a pegar Adriano de jeito. Ou talvez sequer soubesse que a roqueira já havia “pego de jeito” o pegador em outro sentido. Em um sentido que, se algum estranho telepata questionasse Lia, a roqueira negaria até a morte que houvesse sequer cogitado ao responder que ajudaria a “pegá-lo de jeito”. Havia sido uma resposta puramente livre de desejos e de amores, ou melhor, de paixonites adolescentes. Pelo menos era o que Lia Martins dizia a si mesma.

– Lia... O que rola entre você e o Dinho? – O irmão de Ju perguntou sem jeito.

– Como assim? O Dinho é namorado da minha melhor amiga, é só isso que “rola” entre eu e ele. – Lia respondeu hesitante.

– Você me desculpa, Lia, é que eu vi vocês aquele dia e não pude deixar de notar...

– Ele tava me ajudando, só isso. No resto do tempo, a gente se odeia, posso garantir.

– Será mesmo? Eu espero que você saiba o que está fazendo. Se alguma coisa acontecer com a Ju, vocês dois vão ter que se ver comigo. – Bruno alertou.

– Relaxa, Bruno, não está rolando e nem vai rolar nada entre a gente, eu prometo. – A roqueira o acalmou, ainda que a voz trêmula quase a entregasse.

–x-

A noite de Lia havia sido desconfortável, agitada. As palavras de Bruno ecoavam em sua mente, e a face de Dinho a atormentava a todo instante. Só pode se acalmar ao encontrar mais um grafite na rua: uma casa sendo levada por um balão. Se pelo menos pudesse estar na casa voadora e fugir de seus problemas...

– Gente, de novo? – Ju perguntou, chegando com Dinho.

– É, de novo. – A roqueira respondeu, voltando-se para a amiga.

Ao vê-la de mãos dadas com Adriano, no entanto, sua voz ficou mais grave. Não estava preparada àquela hora da manhã para vê-los juntos.

– Será que o Mathias vai querer apagar o grafite daqui, também? – Ju indagou, sem reparar em como sua melhor amiga encarava seu namorado e vice-versa.

– Não! – Lia e Dinho responderam ao mesmo tempo.

Fez-se silêncio. Adriano e a roqueira se encaravam sem jeito, sendo observados por Juliana, que parecia finalmente perceber o clima diferente entre os dois. Olhou de Lia para Dinho, buscando resquícios do que pensara haver visto.

– É que eu achei maneiro o grafite. – Dinho gaguejou.

– É... Tá muito lindo, cara. – Lia concordou, voltando-se para o grafite. Ju se tranquilizou.

O dia seguiu normalmente com Lia tentando falar com outros amigos, evitando encontrar o casal. Quanto menos os visse, menos preocuparia Juliana, e menos vontade teria de arrancar a cabeça de Dinho por estar afastando a roqueira de sua melhor amiga. Estava falando com meninas com quem quase nunca tinha contato quando Marcela a chamou. Estava convidando a aluna e seu pai para um jantar em sua casa. Com toda a confusão em torno de sua amizade com Ju e do namoro da amiga com Dinho, Lia tinha até se esquecido do que andava bolando para animar o pai: juntá-lo com Marcela. Seria a desculpa perfeita para não pensar na it-girl ou em Dinho. E como precisava esquecer Adriano... Estava enlouquecendo. Passava a manhã inteira tentando evitá-lo e o resto do dia torcendo para que Ju tivesse tempo para ela, entre tantos encontros com o namorado.

Marcela estava empolgada. Lia parecia ser um pouco encrenqueira, pelo modo como se vestia e pela maneira como se comportara com Dinho no futebol, ou até mesmo por ter invadido o colégio, mas de adolescente problemático a professora entendia. Lorenzo parecia ser o cara certo no momento certo.

A tarde passou sem novidades, com Ju estando ocupada demais namorando para dar atenção à amiga. Confiava cegamente na noite que viria. Seria um escape perfeito. Poderia até fazer amizade com Gil, o aluno novo e filho da professora.

–x-

Fera, Pilha e Orelha estavam reunidos em frente ao Misturama. Dinho havia acabado de chegar com a namorada.

– Aí, Ju, a Lia tá ali em cima! – Leonel avisou.

– A Lia? O que ela tá fazendo? – Ju perguntou confusa.

– Ué, Ju, eu pensei que vocês contassem tudo uma pra outra... – Fera estranhou.

– A gente... Anda meio afastada, sei lá... – Ju respondeu sem jeito. Culpava-se por não dar a devida atenção à melhor amiga, e, ao mesmo tempo, sentia-se vingada pelos tempos de incerteza proporcionados por Lia desde a invasão ao colégio.

Orelha se aproximou de Dinho ao perceber a distração da it-girl.

– Aí, moleque, na moral, a Lia tá muito gostosa! Ela veio vestida pra matar, irmão, acredita em mim! É só uma pena aquela delicinha estar na casa do Gil e com a gente. – Orelha falou baixo o suficiente para que Juliana não escutasse.

Dinho se desconcertou. Talvez por medo de que Ju ouvisse, talvez pela descrição de como Lia estava vestida. Sentiu uma pontada de ciúme ao ouvir o nome do aluno novo. Por uma semana tivera Lia em suas mãos e a deixara passar. Agora, a roqueira estava no quarto do filho da professora de educação física, vestida como uma femme fatale pronta para iniciar o novato. Precisava impedir que qualquer coisa ocorresse no andar de cima. Pelo bem da melhor amiga de Ju, claro. Moças não deveriam se vestir daquela forma ao visitarem um garoto.

Algumas reclamações de Juliana depois (falta de atenção, como sempre), talvez por um sinal divino, Dinho ganhou dos céus, ou melhor, de um maluco bêbado, a chance perfeita de salvar a pureza de Lia Martins. A inauguração do Misturama acabava de ser interrompida pela falta de luz. Não podia esquecer de deixar parte de sua herança para o anônimo Raul Seixas. Santo Raul! Os presentes na lanchonete, sem outra saída, dirigiram-se ao apartamento de Marcela. A oportunidade que queria.

– Gostei da idéia... Me aguarde, Marcela! – Orelha exclamou.

– Pode esquecer, Orelha, se eu entendi essa história direito, quando a gente chegar lá, a Lia já vai ter dado um jeito de juntar a Marcela com o pai dela.

– Aí, Ju, a Lia tá solteira, né? – Fera perguntou. Precisava aproveitar a oportunidade.

A pergunta de Fera pareceu despertar algo em Juliana. Estava orgulhosa pela amiga que, pelos elogios, finalmente resolvera caprichar na produção. Talvez devesse deixar Lia fazer a pré-night sozinha mais vezes... Por outro, se Lia deixara os meninos babando, Dinho não seria indiferente. Melhor evitar.

– Formou! Ô, Dinho, não vai subir com a gente, não? – Pilha cobrou.

– Dinho, acho melhor a gente ir pra casa, vamos. – Ju sugeriu.

– Ih, rapaz... Agora que ele não sobe! – Orelha zombou.

– Vamos! – Adriano respondeu sem pestanejar, subindo as escadas.


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Notas finais do capítulo

Estão preparados? Afivelem os cintos! LiDinho a mil no capítulo que vem! Dinho subindo pro apartamento e Lia e Gil no quarto... Essa história vocês já conhecem, mas não do jeito que será contada ;) Não, não é só pelo ponto de vista. Nada será como passou na TV ;) Preparem-se!