Não Chore Esta Noite escrita por AnaMM


Capítulo 26
Liberdade


Notas iniciais do capítulo

ENFIM!!!! Anuncio que não atualizarei nenhuma até domingo. Vou estar envolvida manhã, tarde e noite com um projeto da faculdade. No entanto, também anuncio que o que está por vir valerá a espera, pelo menos nessa fic(espero).

http://www.vagalume.com.br/miley-cyrus/dream-traducao.html
música indicada, pq achei a cara da zoeira na praia lalala



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Não era novidade, no bairro do Botafogo, que Lia Martins e Adriano Costa estivessem de castigo. Tampouco era novidade que nenhum dos dois obedecesse ao castigo. Haviam se passado alguns dias de obediência desde a conversa com o pai, mas a roqueira não aguentava mais ficar em casa trancada, ainda que agora pudesse receber visitas de Ju, que enfim a havia perdoado. Dinho tampouco estava aguentando seu confinamento, apesar das visitas de Tico e de Orelha. Era um garoto acostumado à liberdade, a ter as ruas como seu mundo. Não havia o que explorar entre as paredes de seu quarto. Quando Alice saiu para o mercado, o aventureiro não desperdiçou a oportunidade.

Paulina havia saído para levar Tatá à escola, e Lorenzo estava no hospital. Embora soubesse que estava sendo difícil para seu pai, e que não deveria desobedecê-lo, Lia precisava respirar. No entanto, ao descer de seu apartamento, não conseguiu. Avistou Adriano saindo do prédio verde tão logo pisou na calçada. Por que sempre tinham que se encontrar? Dinho sorriu ao vê-la, o que a deixou ainda mais irritada. A roqueira acelerou o passo, tentando sair da rua o mais rápido possível para se afastar de seu pior pesadelo, mas era inútil. Dinho já a alcançava.

-Marrentinha?

-Não, a professora Isabela. Me deixa ir, Dinho, por favor.

-Você não gosta mesmo de mim, né?

-Não é só por você ser irritante e metido, - Dinho riu da sinceridade de Lia. - é que a Ju pode nos ver e...

-E qual o problema? Você é a melhor amiga da minha namorada, ou ex, sei lá... Que mal tem nisso?

-Precisamente por você ser o namorado – ou ex- da minha melhor amiga. – A roqueira riu, imitando Adriano ao enfatizar sua incerteza quanto ao status com Juliana.

-Você mesma disse que se arrependia de ter ficado comigo e, pelo que eu entendi, é quem mais quer que eu fique com a Ju. Depois da minha mãe, talvez. Lia, você é justamente a última pessoa do mundo que quer nos ver juntos e a Ju, a essa altura, já deve saber disso. – Dinho tentou argumentar.

-Não é tão simples... A Ju pode entender errado de novo. Você sabe como ela é. – A roqueira suspirou derrotada.

-Lia, a única pessoa que está vendo maldade nisso é você. – Dinho respondeu sem rodeios.

Como Adriano podia estar tão despreocupado? A vontade da loira era a de enforcá-lo com suas próprias mãos, ali mesmo, no meio da quadra, mas seus planos foram interrompidos. Alice e Paulina voltavam para suas respectivas casas ao mesmo tempo, para o azar dos dois fugitivos. Dinho percebeu o olhar petrificado de Lia e se virou para ver o que estava às suas costas. Não pensou duas vezes. Alice recolhia os pacotes de compras do carro e Paulina conversava com alguém no Misturama. Antes que qualquer uma percebesse a presença dos adolescentes, Dinho segurou a mão de Lia e a puxou consigo, correndo o quanto podia em direção a lugar nenhum. Passaram em disparada, sem serem notados. Correram como se fossem seguidos. Correram por quadras e mais quadras até chegarem à praia. Não tinha sido um acordo, muito menos uma ideia, apenas chegaram e ficaram por lá.

Sem fôlego, Lia se sentou na areia, deitando-se em seguida. Adriano, cuja presença ela ignorava, sentou-se ao seu lado. Nenhum dos dois comentou o rubor que tomava conta da face de ambos, muito menos o vazio que sentiram ao separar suas mãos na chegada à praia. Jamais confessariam o quanto suas mãos se encaixavam e como tinham sincronia para correr. Já era a segunda vez que corriam juntos e de mãos dadas sem grandes problemas, sem sequer tropeçarem. O silêncio foi quebrado pelo celular de Dinho, que passou a mão pelos cachos.

-Tinha até me esquecido.

-Do que? – Lia perguntou sem interesse.

-Eu combinei de encontrar o Orelha aqui. – Dinho comentou.

Lia revirou os olhos. Não só teria que aguentar Adriano, como também Orelha. Era castigo demais para um só dia.

-Seria tão ruim assim passar a tarde com a gente? – Dinho questionou, vendo que Lia se levantava para ir embora. – Qual é, Lia?! Olha esse sol, esse mar... Você vai mesmo trocar tudo isso pelo retorno ao confinamento só por implicância? A gente não morde, não! Fica, você vai se divertir, eu garanto. Melhor que ficar trancada no seu quarto ouvindo sermão da família.

A roqueira grunhiu. Talvez Adriano tivesse razão, de novo, e odiava isso. Que mal teria em passar a tarde com eles? Podiam não ser amigos, mas se conheciam há tantos anos... Talvez fosse a oportunidade de se conhecerem melhor e, talvez, virarem amigos. Até porque, se ele seria namorado de sua melhor amiga, era bom que Lia se adaptasse à convivência. Contudo, como poderia confiar em Adriano? Ou aguentar o quão metido e idiota era Dinho? Isso sem falar em Orelha...

-Vejo que os pombinhos já estão discutindo. – Álvaro Gabriel debochou, largando sua mochila na areia.

-Ela não resiste... – Dinho sorriu, já esperando pela reação agressiva que sua marrentinha teria em seguida.

-Você não se enxerga, né, garoto? – Lia zombou.

-Aí, estressadinha, essa reação agressiva a tudo que o Dinho fala tem nome, hein...

- Chama-se irritação. – Lia respondeu como se fosse óbvio.

-Se você diz... Sabe o que eu acho?

-Nunca me interessou saber. – A roqueira reclamou.

-Mas eu vou dizer mesmo assim. Eu acho que o que está faltando pra sua cabecinha esquentadinha é... – Orelha olhou para Dinho, que logo entendeu os gestos do amigo. – ÁGUA!

Álvaro e Adriano seguraram Lia, um de cada lado, e a carregaram correndo até o mar, sob protestos da loira.

-Me soltem! – A roqueira esperneava.

-Ih, Dinho, ela quer que a gente solte! – O aventureiro riu da ironia do melhor amigo e ambos largaram Lia, que caiu no mar.

Furiosa, a roqueira logo se levantou, jogando água contra Adriano.

-Ei! Ei! Foi ideia do Orelha! – O garoto protestou.

-Tô falando, cara, ela tem fixação por você! – Orelha zombou.

-Eu não tenho fixação por ninguém, orelhudo! – Enquanto Lia protestava, Dinho a derrubou por trás.

-Ei! Dinho! Foi golpe baixo! – Lia reclamou, empurrando Adriano de volta, que ria animado.

Orelha apenas observava ambos se agarrando, puxando-se os cabelos e se jogando água. Como podiam não perceber o que estava acontecendo? Era tão óbvio o que um sentia pelo outro... Depois ele, Orelha, era o insensível. Pois até o mais insensível e sem noção do colégio Quadrante se dava conta da química e da sintonia entre Lia e Dinho. Fez questão de não acusar sua presença a poucos metros dos dois, que se abraçavam na tentativa de se derrubar. Pele com pele, braços enlaçando corpo, pernas enlaçando cintura... Movimento por movimento, estavam cada vez mais envolvidos em uma dança que bem seria confundida com outra coisa por qualquer desconhecido que passasse.


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Notas finais do capítulo

"Me faça um favor
E me diga o que você pensa de mim
Me conte o que você quer que isso seja
Vá para um limbo e apenas sonhe

[...]

Woho!
Seus pensamentos estão vindo me pegar
Você sabe
É bom sentir tanto"