Não Chore Esta Noite escrita por AnaMM


Capítulo 25
Questionamentos


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas pelo atraso!!!!!!!! Finalmente recuperei meu PC!!!

Enfim, o capítulo é dedicado à angelalicew, que fez a recomendação maravilha ♥ super amei!!! Agradeço demais os elogios, mesmo mesmo!

Claro, também agradeço desde os que comentaram e favoritaram, passando pelos que estavam implorando pra que continuasse, até os que apenas leem e eu nem fico sabendo. Agradeço cada um e espero que gostem.



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Adriano deixou Tico na casa do pai e aproveitou os segundos de liberdade para fugir até a casa de Orelha. Precisava dar força ao amigo, também injustiçado. Chegando lá, foi logo atacado por inúmeras perguntas de um Álvaro Gabriel mais agitado que o normal.

–Você e a Lia trancados na sala de robótica... Ainda por cima abraçadinhos?! Ah, como eu queria ter visto essa cena! – Sonhava Orelha.

–Ô Orelha, não pira! Mó barra, a Lia tava sangrando sem parar... Foi desesperador! – Dinho se defendeu.

–Aham, sei... E você não gostou nem um pouquinho de brincar de médico? Ela pode ser chata, mas que ela tá muito linda, ela tá, meu irmão. E você ainda teve a chance de ficar agarradinho nela a noite toda... Passar a mão naquela barriguinha, que deve ser uma deli-

–Orelha! Olha o respeito! Eu troquei a maior ideia com a mina e ela é responsa.

–Responsa... Responsa! – Orelha argumentou, levando as mãos ao peito, gesticulando para representar o formato dos seios de Lia.

–Cala a boca, Orelha... – Dinho desistiu.

–Cala a boca o que, cara? Te conheço, moleque! Cê pegou a revoltadinha, ficou só no abracinho...

–Orelha, cê tá viajando. Eu tava com a Ju, cara, nada a ver!

–Estava? – Orelha perguntou desconfiado.

–Tô, estava... Nem sei mais. Ela tá boladíssima com essa história. Eu tenho que dar um jeito de mostrar pra ela que não rolou nada... – Dinho respondeu, pensando no que Lia lhe havia implorado.

–Se é que não rolou nada, né, cara, eu tava pensando aqui: cê pode falar pro Orelha, né? Cê sabe disso, pode confiar em mim.

–É claro que não rolou nada! – Dinho respondeu. – Eu gosto é da Lia!

–Da Ju, cê quis dizer.

Adriano parou onde estava.

–Eu falei Lia? – O coração acelerou, com medo da resposta do melhor amigo. – Orelha, cê entendeu!

E esperava realmente que o amigo tivesse “entendido”. Talvez nem Adriano entendesse mais nada... Pensava em Lia o tempo todo! Tinha que lutar contra seus sentimentos (sentimentos?) como pudesse, nem que fosse só pela... Lia. Lia. Lia. Por que tudo sempre acabava em Lia? Não aguentava mais! Como assim “sentimentos”? Não sentia nada por ela! Quer dizer, tinha aquelas vezes em que Adriano sentia o corpo petrificar e o coração disparar ao vê-la. Tinha aquela... Bom... Aquela reação quando sonhava com ela e... Deus, sonhava com ela! Por que sonhava com ela? Não devia, não podia! Lembrou-se, enfim, que estava de castigo... Por ela. E, bom, precisava sair correndo antes que Orelha notasse alguma coisa.

–Aí, irmão, eu tenho que voltar pra casa logo, que eu tô de castigo, mas depois a gente se fala, ok? – Dinho falou saindo do quarto, acompanhado pelo amigo.

–Ok... Eu vou cobrar, hein? Você não me convenceu! E você sabe, né, cara, já que eu não posso pegar a Lia, tenho que viver dos seus relatos.

Dinho riu, tentando ignorar. Despediu-se do amigo e partiu para sua casa. Correndo, porque precisava esfriar a cabeça.

–x-

Era noite e Tatá já havia voltado da escola. No quarto, ela questionava a irmã.

–Ô Lia, o que tá rolando entre você e o Dinho?

–Como assim entre eu e o Dinho, Tatá? Não tá rolando nada, não.

–Aham, sei... Primeiro, vocês passam a noite juntos no colégio. Depois, rola o maior climão entre vocês na entrada da minha escola e-

–Tatá! Não está rolando nada, ele é namorado da minha melhor amiga e eu nunca faria isso com ela!

–E se ele não fosse namorado da Ju?

Lia se desconsertou com a pergunta. Juliana era uma desculpa tão boa para não se entregar e ser enganada de novo pelo pegador... Era tão mais fácil fugir quando pensava na amiga, que a simples hipótese de não haver melhor amiga envolvida a deixava tensa.

–S-se ele não fosse namorado da Ju, ainda assim não rolaria nada, porque ele é um idiota. – Lia concluiu.

–Eu ainda acho que tem coisa aí. – Tatá argumentou.

–Ai, fala sério, óbvio que não, Tatá! – Lia respondeu irritada.

Meninas, o jantar está servido! – Ouviram a voz de dona Paulina.

–x-

Após o jantar, Lorenzo encontrou a filha no quarto das meninas. Felizmente, estava apenas a mais velha. Sentou-se na cama, ao lado da garota.

–Lia, o que está acontecendo com você?

–Nada, pai. – Lia respondeu de costas, tocando sua guitarra.

–Larga essa guitarra, olha pra mim e me responde direito. – Lorenzo falou em tom severo, porém preocupado.

Lia largou a guitarra irritada e encarou o pai.

–Eu sei que você saiu à noite e também sei que voltou bêbada, de novo. Eu pensei que isso tivesse parado, minha filha, por que você insiste nisso? Eu sei que você não é viciada, que a escolha do primeiro gole é sua. Por que, Lia? É a bebida, a invasão ao colégio, as fugas do castigo...

Lia sabia que não podia escapar dos questionamentos.

–Não sei, pai, não sei... – Respondeu com pesar. – Pergunta difícil.

–Eu nunca fiz papel de pai de adolescente. – Lorenzo respondeu com calma. – Eu me enrolo, eu me atrapalho, você tem que me ajudar. – O médico riu sem jeito. – Era tão mais fácil quando você tinha a idade da Tatá!

Foi a vez de Lia rir, de forma quase seca.

–Pois é, era tão mais fácil... Até a Raquel ir embora.

–Que bom que você tocou nesse assunto. Você quase nunca fala sobre isso. Sabe o que eu penso? Que no fundo, bem no fundo, aqui, do seu coração, ó... – Lorenzo aponta. – Você sente, sim, muita saudade da sua mãe.

–Que saudade da Raquel?! – Lia respondeu indignada. – Fala sério, né, ela não dá a mínima pra mim. Quer dizer, nem pra mim, nem pra ninguém, né? Não quero falar sobre esse assunto, não.

Lorenzo tentou conter uma lágrima que caía e escondeu seu rosto por um momento. Não sabia como encarar a filha.

–Você veio... – Lia tentou mudar de assunto. – Você veio até aqui conversar comigo porque eu acabei fugindo do castigo sem a sua permissão, né?

–Eu vim tentar me entender com você.

–Pai, olha, eu tinha que me entender com a Ju. A gente brigou e eu fui conversar com ela, ela tava super chateada comigo, e enfim...

–Vocês se entenderam?

–É... Eu acho que vai ficar tudo bem. – Lia respondeu não muito confiante.

–E então você saiu pra encher a cara porque...?

–Porque a gente só se entendeu um pouco melhor hoje. Quer dizer, eu não quero botar a culpa disso na Ju, entende? Era todo o contexto...

–E o Dinho, por acaso, estaria envolvido nesse contexto? – Lorenzo perguntou com cuidado.

–Claro que não! Quer dizer... – Lia titubeou e Lorenzo prestou ainda mais atenção. Desde que soube dos dois na sala, se questionava sobre o que realmente havia entre sua filha e o garoto. – Ele estava comigo na confusão da sala de robótica, e isso fez a Ju e você brigarem comigo e eu ser expulsa do colégio, se foi essa a pergunta.

Lorenzo riu.

–Se você entendeu diferente, é porque não é só isso.

–Só que é. – Lia respondeu prontamente.

–Sei... – Lorenzo resolveu encerrar o assunto, sabia que não arrancaria muito mais de sua filha, teimosa como a mãe. – Eu também não sei o que sentir sobre ele. Não sei se gosto por ter te salvado, ou se não gosto por ter participado da encrenca.

Lorenzo respondeu enigmático e saiu do quarto antes que Lia pudesse protestar contra a insinuação do pai. O médico, no entanto, tinha a resposta que queria.

Lorenzo sorriu e voltou ao quarto de Lia. Caminhou até a cama da filha e beijou seu ombro.

–Agora sem brincadeira, filha. Eu quero que você saiba que pode contar comigo pra tudo que você precisar. – Os olhos do médico estavam marejados. – Eu gosto muito de você, viu? – Beijou novamente o ombro de Lia, abraçando-a, e, novamente, saiu do quarto, deixando para trás uma Lia quieta, perdida em pensamentos e em questionamentos que misturavam a mágoa da mãe, a tristeza pela briga com Juliana e a agonia do que sentia por Adriano. A segurança pelas últimas palavras do pai, no entanto, predominava. Sentindo-se querida pelo que restava de sua família e sabendo ter o apoio de Lorenzo, apesar do que fazia, pôde dormir tranquila, ainda que não exatamente feliz.


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Notas finais do capítulo

Um capítulo de mais diálogos e menos ação, o que eu também acho essencial. Próximo capítulo, mais acontecimentos e menos diálogos. Talvez dê um bom balanço. Aguardem.