Insuportável Dor escrita por Dark Lieutnight


Capítulo 17
Os tempos passam


Notas iniciais do capítulo

Depois de uma triste despedida, como as coisas ficaram?
Enjoy!



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O tempo vem, o tempo vai. Assim seguiu a minha vida, com altos e baixos, obstáculos, alegrias e tristezas como acontece com todo mundo.

Descobri que não passei de ano letivo, apesar de todo meu esforço na escola e todas as ofensas que aguentei. Desanimei, mas não desisti, continuei tentando e finalmente consegui me formar no terceiro ano. Fiz uma formatura linda, à qual dancei com Azin e o pai de Lire.

Passei nos exames do vestibular, decidi fazer faculdade de dança e me dedicar ao meu sonho: ser dançarina profissional, na verdade eu queria ser uma cantora famosa também, mas optei por dança mesmo e fiz alguns cursos técnicos de canto e música.

A cada dia mais eu me tornava mais próxima de meus amigos do café, claro que fiz novos amigos e conheci outras pessoas também, mas não tem como esquecer dos velhos. Lire então, nos tornamos quase irmãs! Seus pais ficaram muito amigos meus, me convidavam para morar alguns dias com eles dizendo que a casa ficava animada, eu passava mais tempo na casa deles do que na minha.

No momento eu me dirigia para o hospital da cidade, iria visitar Lire. Infelizmente sua saúde não ia muito bem, suas arritmias aconteciam quase por qualquer coisa que ela fizesse. Consegui fazê-la parar com sua loucura de ir dançar balé no teatro, até porque ela nem conseguia dar mais um salto. Esses dias ela teve um desmaio enquanto caminhávamos e a levamos ao hospital, desde então, Lire vem fazendo muitos exames para diagnosticar a causa dessas arritmias repentinas, que até agora é desconhecido.

Chegando ao quarto bati na porta.

— Pode entrar!

— E aí irmãzona, como vai nessa vida? — Perguntei.

— Entediante... Não tem nada de legal pra fazer aqui e a comida é horrível! — Ri da sua indignação. — Por favor Amy, me diz que você trouxe bolo!

— Desculpe, mas a única comida que trouxe é a sopa de abóbora da sua mãe! Pode ir comendo!

— Eca! Odeio abóbora! — Falou colocando as mãos na boca.

— Lire, você tem vinte anos, mas age como se tivesse cinco!

— E você Amy? Não te vejo comendo muita comida saudável...

— Mais que você eu como sim. — Aí começamos uma briguinha infantil para ver quem comia mais alimento saudável.

— Ah! — Suspirou ela cansada.

— Tudo bem? — Perguntei preocupada.

— Tudo sim, só queria sair daqui, já estou três dias nessa cama e sem fazer nada! Só exames, um atrás do outro. — A loira desabafou.

— Não fica assim não mana, em breve isso vai acabar, aguenta firme. — A consolei.

...

Estávamos no carro do pai de Lire. Nós quatro saíamos do hospital, Lire recebeu alta. Mas infelizmente os médicos não conseguiram diagnosticar o porquê das arritmias e disseram para os pais dela marcarem uma consulta com um médico mais especializado. E assim fizeram.

— Como é bom voltar pra casa! — Lire se empolgou.

— Já estava com saudades. — Alys apertou a bochecha da filha.

— E como vai na faculdade Amy? — Dessa vez disse Larry.

— Ah está ótima, estamos estudando sobre coreografias.

— Que bom que está gostando. — O homem elogiou-me.

Chegamos na residência Eruel, eu estava passando uns dias na casa deles, principalmente para fazer companhia à Larry e Alys, que se sentiam sozinhos sem Lire.

— Já quero dormir... — Bocejou a loira.

— Não sem esperar a janta! — Sua mãe a puxou pela orelha.

— Ah estou cansada.

— Espere só mais um pouco, está quase pronta.

— Ok. — Assentiu e fomos em rumo ao nosso quarto, dormíamos juntas.

— Se você que ficou deitada está cansada, imagina eu que dancei, estudei e trabalhei. — Eu dizia à loira, me joguei na cama e ela se jogou em cima de mim.

— Eu preferia ter feito essas coisas...

— Ai! Lire você é muito gorda, vai esmagar meus ossos! — Tentei empurrá-la, ela fez mais pressão com seu corpo.

— Eu sou o quê? Diga de novo! — Provocou ela.

— Gorda!

— Duvido falar só mais uma vez. — Ameaçou.

— Gê, ó, erre, dê, a, G.O.R.D.A. — Soletrei, Lire partiu para cima de mim fazendo-me cócegas sem parar até eu ficar cansada. Eu ria descontroladamente até Alys chegar.

— O que as duas estão fazendo? O jantar está pronto! — No segundo em que ouviu a palavra referente à comida, Lire saiu como um jato em direção à cozinha. Eu e Alys apenas demos risadas.

...

O dia da consulta de Lire chegou, apenas Alys e a loira foram, eu tinha faculdade e o trabalho e Larry tinha que cuidar do café. Pode-se dizer que estávamos angustiados.

— Preocupada com o quê rosinha? — Azin me tirou a linha de raciocínio.

— Nada.

— Não me engane, sei que você e o chefe estão escondendo algo.

— É que hoje Lire foi a uma consulta e estamos ansiosos pra saber o resultado, só isso.

— Ah sei, ela não anda nada bem... Mas ficar se preocupando não vai ajudar em nada, então volte ao trabalho e vê se fica bem também.

— Ok, ok chefinho. — Obedeci e voltei ao serviço.

...

— Então? Como foi? — Perguntei à loira.

— Depois de perguntar, analisar os exames e fazer mais outras coisas, ele me encaminhou para uma cirurgia.

— Cirurgia?! — Exclamei.

— Sim, como os tratamentos que fiz até agora não estão surtindo mais efeito, ele sugeriu que eu implantasse um Cardio-desfibrilador implantável, CDI pra abreviar.

— E o que é isso?

— É um aparelho que detecta arritmias perigosas e envia um choque elétrico no coração para fazer os batimentos voltarem ao normal. Eles vão implantá-lo dentro de mim, é do tamanho de uma bolacha, com fios que são ligados às veias do órgão. A cirurgia leva de duas a três horas.

— Puxa, mas isso está certo? Você realmente vai fazer a cirurgia?

— Sim, na verdade meus antigos médicos já pensavam nessa possibilidade. E prescreveram recomendações para eu fazê-la.

— Mas já tem data?

— Sim, vai ser daqui à um mês.

— E você não está com medo Lire? — Perguntei preocupada.

— Não, se eu não fazer essa cirurgia vou ficar sofrendo o resto da vida com essas arritmias, isso se uma não me matar.

— Não diga isso! — A ideia de vê-la morrendo me perturbou.

— Eu sei que vai dar certo! — Lire disse com entusiasmo. — Estou doida pra poder andar de bicicleta e fazer um monte de coisas.

...

Eu tinha faltado à aula da faculdade, Larry faltou ao trabalho também e pediu para Azin tomar conta do café. Era o dia da cirurgia de Lire. Ela me pediu para que eu estivesse lá também junto dos pais.

Chegamos ao centro cirúrgico, na parte da manhã. A recepcionista os atendeu. Após um pequeno tempo de espera ela chamou os pais de Lire, indicando-os para irem à ala de cirurgia, eles permitiram que eu fosse com eles. Lire entrou em uma sala, especulei que a preparavam para a cirurgia e foi o que fizeram. A garota saiu de lá deitada em uma cama, com avental azul e mais alguns outros “acessórios”. Os ajudantes a levavam para a sala de cirurgia, acompanhamos a cama até a hora em que o cirurgião fechava a porta.

— Doutor! — Chamou Alys. — Quanto tempo vai durar?

— Cerca de duas ou três horas. — Assim ele fechou a porta.

Foram os momentos de espera mais tensos e longos de todas as nossas vidas. Estávamos angustiados e nervosos, o tempo todo dizia para mim mesmo que tudo ia dar certo, até rezei para que nada acontecesse. E já que Jin disse que seria meu anjo da guarda, pedi para que ele protegesse Lire também.

Já Alys e Larry, nem sequer sentaram. O tempo todo estavam de pé em frente à porta, Larry segurava a mão da esposa que não se acalmava de jeito nenhum, parecia suar e tremer levemente. Levantei-me da cadeira em que estava sentada.

— Eu já volto. — Avisei, Larry apenas assentiu.

Fui à recepção, peguei um copo descartável e perguntei se não havia um pouco de açúcar, a mulher me deu um saquinho pequeno com o conteúdo dentro, peguei uma colherzinha de plástico, coloquei a água e o açúcar no copo, mexi e voltei onde os dois estavam. Cheguei perto de Alys e dei o copo para ela.

— Tome, é água com açúcar, vai ajudar a acalmá-la.

— Obrigada. — Ela aceitou, ofereci também um lencinho para ela enxugar o suor, aos poucos se acalmou.

Passou, uma, duas e ia dar três horas de cirurgia. Até que finalmente, a luz vermelha da sala se apagou, indicando que havia acabado, nós três ficamos de pé aguardando tensos.

As portas se abriram e o cirurgião saiu. Alys e Larry, esperavam ele falar algo.

— A cirurgia ocorreu muito bem! — Um alívio se instalou naquele lugar e consequentemente em nós também. — A filha de vocês está bem, apenas com sono. A levaremos até a sala de repouso e em breve poderão falar com ela. Lire saiu deitada na mesma cama, estava adormecida. O casal se abraçou de felicidade.

E como prometido, fomos falar com a paciente. Deixei os pais dela falarem primeiro, depois fui chamada.

— E aí? Como vai garota? — Perguntei sentando ao seu lado.

— Tô bem... — Respondeu com a maior sonolência.

— Soninho bom, hein?

— Nem me fale. — Bocejou. — Parece que eu dormi por meses. — Ela fez uma pausa. — Então... Eu disse que ia dar certo não?

— É, você tá certa e nem teve medo!

— Por que eu sabia.

— Você foi muito corajosa, se fosse eu eles teriam que me dar uns dez calmantes antes da cirurgia! — Todos rimos.

— Um de vocês vai passar a noite comigo?

— Sim, querida, a sua mãe. Eu e Amy vamos voltar. — Larry respondeu.

— Queria que todos ficassem.

— A Amy tem faculdade amanhã e seu pai tem o café pra cuidar, se lembra? — Alys disse.

— Seu pai deixou o café nas mãos do Azin. — Disse e ela pareceu surpresa.

— Sério pai? — Ele assentiu. — Se parecer que passou um furacão lá, não reclame.

Após a conversa nos despedimos das duas e fomos eu e Larry para a residência Eruel. Alys me pediu para tomar conta do marido dela por esta noite. Então encarreguei-me de fazer a janta, dei uma ajeitada na casa e até levei Larry para sua cama, já que ele adormecera no sofá.

— Não precisa fazer isso Amy... — Ele disse-me.

— Foi um grande dia para todos nós Larry, então você precisa descansar para buscarmos a Lire e a Alys amanhã e dormir no sofá vai fazê-lo torcer o pescoço.

— Obrigado Amy... Você realmente... Está sendo uma filha para nós. — Fiquei completamente surpresa com essas palavras.

— De nada, boa noite.

— Boa noite.

Fui para meu quarto e descansei para encarar o próximo dia.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler até aqui. :)



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