–Ane, tem certeza que já arrumou tudo? – minha mãe perguntou pela terceira vez seguida.

–Tenho mãe, já arrumei tudo, então relaxa por favor.

–Mas, e se você esquecer alguma coisa? Não vai ter como buscar, só estou avisando.

Dei risada e fui até ela para logo lhe abraçar

–Mãe, você tá preocupada com o fato deu esquecer algo, ou com eu está viajando sem a senhora? –perguntei sorrindo

–Ah, Anne, você nunca viajou sem mi, e a gora tá ai, arrumando as malas pra viajar pra longe, sem mim, e me deixando sozinha aqui.

–Mas a senhora não tá sozinha, o Charlie vai vim pra cá passar uns dias, tem a Alicia, o Alex, e o Isaric.

O Isaric era o anjinho da casa, Ali adorava, Alex amava, eu sou completamente apaixonada, e minha mãe e Charlie tão vivendo a experiência de ver um bebê crescer, juntos.

–Ok, estou ficando bem acompanhada, mas e você? – ela falou botando mais uma jaqueta na minha mala.

–Também vou estar bem acompanhada, esqueceu? – falei sorrindo e indo buscar meu gorro.

–Mas nenhuma companhia é tão boa quanto a da mãe. –falou, e logo completou –Hm, vou ir botar o café dos pequenos, e deixo você arrumando ai mais a vontade.

–Vai me abandonar aqui sozinha? Tudo bem, depois reclama que vai sentir minha falta– falei fazendo biquinho.

Dona Viviam deu risada, e saiu me mandando beijo.

Peguei me celular, liguei numa playlist e fui tomar banho.

Fiquei pensando em tudo que ocorreu nos últimos dois meses, desde o ano novo, até agora.

Nada de extraordinário, pra se falar a verdade, Isaric já se adaptou a todos, Ali e Alex cada vez mais espertos, Charlie e minha mãe todo apaixonados, eu e Tyler...bom, estamos cada vez melhores.

Sai do banheiro enrolada na toalha, e cantando a música.

Deixei a toalha cair no chão e fui vestir minha roupa intima, andei até o armário para pegar minha roupa. E logo estava pronta para viajar.

A porta foi aberta de supetão, e quando virei pra ver quem estava entrando dei de cara com um Tyler com cara de sapeca.

–Que cara é essa? – perguntei enquanto ajeitava meu gorro.

–Droga. –xingou sentando-se na minha cama– O pestinha conseguiu me empatar mesmo.

–Quem fez o quê?

–O Alex, eu ia entrar aqui, mas ele não deixou dizendo que você estava tomando banho, e ai ficou me empatando.

Dei risada, e fui até ele na cama, abaixando-me pra lhe dar um selinho.

–Meu irmão é esperto, baby. – falei piscando

–É um chato, na verdade. – falou levantando– E ai, já tá com tudo arrumado?

–Já sim, traz as malas? – disse fazendo bico

Ele deu um sorriso de lado e caminhou até mim, me abraçando e puxando-me contra si.

–Só por causa do bico, eu levo sim– disse mordendo meus lábios e os puxando pra si, iniciando um beijo que quando iria ser aprofundado ouvimos um pigarreio.

–Anne, mamãe mandou avisar que você vai se atrasar– Alex falou emburrado, parado na porta do quarto.

–Claro, já estou descendo– falei me afastando do Ty, e indo até ele.

–Esse seu namoladinho é chato viu, fica só ai te apertando, vai acabar te machucando– disse emburrado.

Quando ia abaixar pra pega-lo, só vi Tyler passar por mim correndo e levantando ele no alto, indo em direção as escadas.

Fiquei ouvindo as risadas do Alex com as pirraças do Tyler, e acabei resolvendo levar minhas malas por conta própria mesmo.

Chegando lá embaixo, me despedi de todos, Charlie, mamãe, Alex, Alicia e do Isaric, que estava chorando.

–Ô meu amor, eu volto rapidinho, não chora não– falei o abraçando

Ele resmungou algo e minha mãe o pegou no colo.

–Vocês já estão atrasados, vão logo.

Saímos de casa direto pro aeroporto, onde pegaríamos um avião até a casa do pai do Tyler.

Todo ano o Tyler passava uma semana na casa do Sr Jason, pai do Tyler, pois era a única exigência dele, que Tyler fizesse essa visita anualmente.

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O voo era longo, já que o pai do Tyler morava muito distante de onde eu e Tyler morávamos, mais precisamente a quatro horas de voo.

Tyler dormiu com apenas trinta minutos de voo, e eu por estar um pouco ansiosa, ainda estava vidrada, observando tudo ao meu redor.

–Hm, oi – ouvi alguém falar do meu lado.

Vire-me e dei de cara com um rapaz novo, me olhando.

–É comigo? – perguntei estranhando

–É sim, desculpa se estou te incomodando, é que queria te fazer uma pergunta– falou se remexendo mais em minha direção.

–Hm, que pergunta?

–Então, você e esse rapaz ai, namoram a quanto tempo?

–Ãn ?

–Seu namorado, vocês estão juntos a muito tempo? – perguntou meio acanhado.

–Hm, sim. Porque?

–Percebi, vocês tem uma sintonia bem legal. – disse sorrindo, e logo voltou a falar– É que eu queria tirar uma dúvida com você.

–Qual?

–Então, eu tenho uma namorada, estamos juntos a cerca de oito meses, mas eu queria dar uma passo a mais na relação, sabe? Eu quero poder ter ela do meu lado todos os dias, quero me casar com ela, mas ela é do tipo durona, marrenta, indecisa, mandona, encrenqueira, chata, bem criança, e mais de 80% de mim, tem certeza que ela vai me dizer não, mas eu realmente quero que ela aceite, e sei que dependendo da forma que eu vou pedir, acho que ela aceita. – ele respirou fundo, e voltou a falar–Ai eu queria pedir a sua opinião, você acha que eu deveria fazer como, esse pedido?

Fiquei o olhando por algum tempo, e depois de processar o que ele tinha falado foi que resolvi me pronunciar

–Deixa eu ver, você tem certeza que ela não vai aceitar porquê?

–Porque ela gosta de se fazer de difícil, ela gosta de ser “a diferente” entende? Ela não gosta do tradicional.

–Ok, então faça um pedido diferente, faça com que ela não diga não, na verdade, não dê a opção “não” a ela, e se por acaso ela diga não, faça o pedido até ela se cansar, ela não gosta de ser a diferente? Dê a chance dela ser a diferente, mas uma hora ela cansa, e vai acabar dizendo sim. Então você pode fazer o pedido a cada uma hora, ou a cada um dia, uma hora ela vai aceitar, entendeu?

Ele sorriu acenando freneticamente com a cabeça, e logo engatamos numa conversa sobre cada um de nós, sobre sua futura noiva, meu namorado, tudo.

Conversamos tanto, que só quando a aeromoça anunciou que íamos pousar é que percebi que tinha se passado as 4 horas de voo.

Chamei o Tyler, e logo após o pouso, pegamos nossas coisas e nos encaminhamos a saída.

Na fila pra sair do avião, o Ethan virou-se pra trás para se despedir de mim, e cumprimentar o Tyler.

–Obrigado por tudo, Anne, foi um prazer te conhecer. E é um prazer te conhecer também, Tyler– falou sorrindo, trocando um aperto de mãos com o Tyler, e logo saindo apressado.

–Quem é ele? – Ty perguntou me encarando

–Ethan, ele veio conversando comigo durante a viagem. Ele também não conseguia dormir, ai me pediu um conselho, enfim, ele é bem legal, você gostaria de conhecer ele.

–Hm, ér gostaria– falou pegando as bagagens e saindo.

–Tyler, vai vim alguém aqui te buscar? – perguntei

–Não, já tenho idade o suficiente pra ter decorado o caminho da minha casa. – falou acenando para um taxi.

Fiquei olhando-o entrando no taxi, e sem entender o porquê da grosseria.

Entrei logo em seguida, no banco de trás, sozinha, já que Tyler entrou no banco do passageiro.

Fiquei olhando pela janela, chateada sem entender o que tinha acontecido pra ele tá daquele jeito.

O caminho não foi muito longo, e quando menos dei por mim já estávamos parando de frente a uma casa grande, melhor, mansão grande.

Era uma das maiores casas de toda a rua, senão a maior.

Com um lindo jardim na frente.

O taxi parou, Tyler pegou as malas, pagou o taxista e saiu andando na minha frente sem ao menos me esperar.

–Tenha paciência, garota. – o taxista falou

–Como? – perguntei sem intender

–Tenha paciência com o garoto, pergunta o que foi pra ele. Deu pra perceber a confusão entre vocês de longe.

–Obrigado– disse me afastando

Caminhei em direção a casa, entrando logo atrás do Tyler.

O interior da casa era tão elegante quanto o exterior, com uma sala ampla, e bem decorada.

Uma senhora de uns 60 anos apareceu na sala, sorrindo e veio abraçar o Tyler.

–Menino, como você tá grande meu amor– disse sorrindo, e logo veio até mim, me abraçando também– E você deve ser a linda Ane.

–O linda não sei, mas a Ane sou eu mesma– disse sorrindo

Ela deu risada e logo pegou na minha mão e saiu me puxando.

–Vem comigo, já deixei o quarto de vocês pronto, do jeito que você pediu Tyler. – falou piscando pra ele.

Subimos até o segundo andar da casa, onde tinha um extenso corredor com várias portas, e quase no final do corredor tinha uma em especial toda pintada de preta.

–Acho que já sei qual é o quarto– falei dando risada

–É, o garoto consegue ser previsível– ela disse dando risada

O quarto do Tyler aqui não tinha muitas coisas diferentes do que ele tinha na casa do Jorge, a única diferença visível é que tinha poucas fotos da mãe dele, previ pelas características físicas que ela tinha com o Tyler.

Tinha uma cama grande de casal, uma TV, computador, e vários jogos.

–Pronto, um quarto só, como você pediu. Deixei um espaço no armário, pra garota botar as coisas dela– a senhorinha falou.

–Obrigada, mas como é seu nome mesmo? – perguntei envergonhada por ela saber meu nome e eu não saber o dela.

–É Suzy, meu amor– falou sorrindo– Vou deixar vocês a sós, e Tyler desfaça essa cara emburrada, e você já deve saber que o resto do pessoal só chega à noite.

–Claro, já imaginava isso– Tyler falou se jogando na cama.

Suzy saiu, e eu peguei minhas coisa para botar no armário, todo o tempo enquanto eu arrumava meu espaço, o quarto passou em completo silencio.

Quando terminei, estava com fome, então resolvi ver se Tyler já estava com um humor melhor.

–Hm, eu estou com fome, você não quer descer com... – fui interrompida

–A cozinha é lá embaixo, vou dormir um pouco– falou e logo se virou para o outro lado do quarto, ficando de costas pra mim.

Ok, se ele acha que vou ficar me preocupando tá muito enganado.

Desci até onde achei ser a cozinha, e quando cheguei lá dei de cara com a cópia perfeita do Tyler, só que menor um pouco.

–Você deve ser a Ane, presumo– a cópia do Tyler falou com um sorriso aberto, me fazendo sorrir junto com ele

–E você algum irmão do Tyler, presumo– falei

–O mais novo dos três irmãos, pra ser mais preciso, e mais gostoso, é claro– falou sorrindo e caminhando até mim.

Quando chegou perto é que reparei nas roupas que usava, algo bem “informal” pra ser mais precisa, um short, camiseta e havaianas nos pés.

–Prazer, Mileyr– falou estendendo a mão pra mim

Dei risada e o cumprimentei.

–Mileyr, tipo Miley Cyrus ? – perguntei sorrindo

–É, só acrescenta um R no final– falou bufando– Minha mãe é uma dondoca, tem transtorno de achar ser uma adolescente até hoje, e na época era apaixonada pela cantora, tá explicado o nome ?

–Tá sim– dei risada

–Então, cadê o filho rebelde? – perguntou se recostando no balcão do meu lado

–Dormindo, tá cansado da viagem– falei suspirando

–Ishhi, deixa eu adivinhar... ele tá emburrado, não é mesmo? Só isso explicaria te deixar sozinha na cova dos leões – falou fazendo bico, tentando imitar o Ty, me fazendo rir da péssima imitação.

–Isso mesmo, só não sei o problema– respondi a pergunta sobre estar emburrado.

–Relaxe, eu conheço ele a 18 anos, tenho certeza que é só birra mesmo– falou dando de ombros.

–Pode ser– disse dando de ombros.

–Mas, e ai, você estava vindo comer é? – perguntou apontando ao redor

–Uhum, tem algo ai? – perguntei

–Ter, até tem, mas nada bem legal pra superar essa sua cara de desanimo ai, então aconselho você a ir comer um bom X-tudo que só a lanchonete do terceiro piso do shopping central tem– falou piscando.

–Então acho que vou ficar com fome mesmo, o Tyler não vai querer me levar– falei

–Relaxe, eu te levo– disse balançando chaves de algum automóvel nas mãos.

–Acho melhor não, ele já tá todo emburrado comigo, se acordar e ver que eu sai com um dos irmãos dele, que ele não fala muito bem, não vá gostar muito– falei

–Olha, o Tyler não gosta de nada que venha do Jason, e eu infelizmente vim do Jason, então relaxa, ele já não tá irritado à toa? Agora aproveita, e no caminho você pode me contar o que aconteceu, ai vai ver eu até consigo ajudar vocês.

Pensei um pouco, e como estava sozinha aqui, com Tyler me ignorando, resolvi seguir os conselhos do Mileyr e comer um X-tudo, com a sua companhia.