Accidentally escrita por Firefly Anne


Capítulo 2
Capítulo 1




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Accidentally

Capítulo 1

~*~

Desde muito novo Maxton aprendeu que a melhor forma de ignorar os problemas, era adicionando um pouco de adrenalina a seu corpo. Endorfina. A endorfina que o fazia esquecer-se por completo o caos que a sua vida estava nos últimos três anos. A cidade de Barnes, situada a milhas de distância da parte central de São Francisco, Califórnia, não podia imaginar que, àquele horário da madrugada, seis jovens se reuniam em suas motos para uma corrida inebriante.

Ouviu o ronco de um motor e encarou o retrovisor da Yamaha, observando os cabelos negros e esvoaçantes de seu melhor amigo, Caleb Walker, afastar uma das mãos do guidão e lhe mostrar o dedo médio. Maxton aumentou a velocidade da moto, os números no velocímetro mudando de 60 para 80, de 80 para 100, de 100 para 120 até chegar aos 140 km/h. A sensação que tinha ao receber a brisa daquela madrugada de outono ricocheteando a sua face era única. E, sobre a sua moto, não conseguia nem mais se lembrar de seus problemas familiares. Apenas a adrenalina. E aquela nem era a corrida de verdade; apenas ele e seu melhor amigo, Caleb Walker, em cima de suas motos, fazendo uma aposta inocente.

A autoestrada estava deserta a não ser por alguns carros e as várias e diferentes cores e modelos de motocicletas que estavam espalhadas próximas ao acostamento. Maxton desligou a Yamaha, pegou as chaves e colocou o molho dentro do bolso da jaqueta de couro. Faltavam trinta minutos para o início da “corrida oficial”.

Caminhou confiante até uma rodinha formada por homens com os mesmos trajes que o seu: botas, calças jeans rasgada e uma camiseta por baixo de uma jaqueta. No centro daquele círculo estava Asher, o líder das corridas.

— O único que faltava acabou de chegar! — anunciou Peter, um rapaz de Santa Mônica.

— Estão falando de mim? — perguntou Maxton, sem nenhum traço de humor em sua voz.

— Pô, cara, você está atrasado! — brincou Demetri, socando levemente o ombro de Max.

Não estava atrasado. Demetri sabia, Maxton também.

— E desde quando há um horário predeterminado? — replicou, erguendo as sobrancelhas.

— Max...

— Calma aí, pessoal! — interferiu Asher, percebendo a tensão. — Já estão todos aqui, podemos começar, sem nenhum conflito.

Os outros rapazes se animaram com o decreto de Asher. Maxton, todavia, mantinha-se indiferente a respeito de tudo.

— Está preparado para perder, Clarke? — debochou Nico, de Oakland.

Nicolas Law, o Nico, era um homem com a cabeça raspada e dono de um perfil severo e o rival de Maxton desde que começara a participar dos rachas organizados por Asher.

Ignorou a provocação de Nico.

Antes de Maxton ser convidado por Asher para participar de suas corridas ilegais que aconteciam mensalmente em pontos variados da Califórnia, Nico era o atual vencedor. Bom, até Maxton aparecer e a sua popularidade desmoronar e ele entregar, contra a sua vontade, o posto de campeão ao Max.

Os rachas para Maxton Clarke significava apenas uma coisa: adrenalina. Não estava ali por causa do prêmio, e muito dinheiro sempre estava envolvido!

— Relaxa, Max! — disse Peter, aproximando-se. — O Nico adora te provocar, mas nós sabemos quem é o vencedor e o perdedor aqui.

Maxton sorriu enigmaticamente.

— Olha só se não é o Maxton Clarke! — Uma voz esganiçada caminhava em sua direção. Abaixou a cabeça e coçou a nuca, querendo não ser notado, mas falhando miseravelmente. Em menos de dois minutos Jennifer estava à sua frente. — Está fugindo de mim, Max?

— Jennifer.

— Quanto entusiasmo, lindinho. Pensei que ficaria mais animado ao me vir.

Quando a corrida chegasse a seu fim, ia se lembrar de agradecer a Asher pela inconsciente ajuda, pois quando se preparava para tecer uma resposta mal-educada à Jennifer, a voz do amigo saíra de um megafone, anunciando aos motoqueiros que se preparassem, porque a corrida começaria em poucos minutos.

— Vai lá e arrebenta, Max! — O grito esganiçado de Jennifer ao invés de incentivá-lo obteve o resultado inverso.

Maxton tentou ao máximo não atentar à mulher desnuda quase em cima de sua Yamaha, que alisava o seu peito, tentando passar a sua “vibe” positiva para ele ganhar aquela corrida. Era uma boa quantia em jogo, mas não estava ali, aquela noite, visando o prêmio.

— Quando você vencer esta corrida de merda, nós vamos àquele motel que inaugurou semana passada na Avenida Silver, lindinho?

Maxton suspirou. Começava a acreditar que a aparição de Jennifer era algum tipo de armação de Nico para distraí-lo. Ô mulherzinha irritante! Precisou controlar-se para não chutar a bunda de Jenny, se possível, em direção ao Pacífico.

— Não enche, Jennifer. Não vamos a lugar algum — respondeu Maxton, deixando a garota com os olhos arregalados e lacrimejantes enquanto seguia em direção ao amigo, Caleb Walker.

Caleb estava montado em sua Kawasaki discutindo um assunto qualquer com Zane e acenou. Maxton, procurando se afastar de toda aquela tensão pré-corrida, dirigiu-se para a beira da estrada a fim de fumar o seu cigarro em paz, sem correr o risco de ser perturbado por Jennifer e seus cabelos queimados do sol, tipo os de uma surfista.

A estrada que escolheram havia sido interditada há três semanas para a construção de um viaduto. Havia cerca de quinze carros estacionados, algumas com o porta-malas aberto em que a voz de Wiz Khalifa e em seguida Lil Wayne saiam de um alto-falante, e inúmeras motocicletas. Encostados ao capô do carro estavam alguns “casais” se beijando lascivamente. Outros aproveitavam para fumar a cannabis entre outras drogas. Aquela noite Maxton dispensou as bolinhas e optou relaxar por meio da nicotina.

Não percebera que Zane e Caleb caminhavam em sua direção.

— Ei, Max! Sozinho, hein, cara — zombou Zane, socando seu ombro. — E você e a Jennifer... quem diria! Pensei que o famoso deus Clarke não aceitasse produtos de segunda mão, e, principalmente, sem algum “selo de qualidade”.

Jennifer não era uma desconhecida aos rapazes. Era uma verdadeira “Maria Gasolina” e já tinha passado pela cama de todos aqueles homens que ali se encontravam.

Maxton deu uma última tragada em seu cigarro, ignorando o comentário do amigo. Ele e Jennifer não estavam juntos — no sentido romântico, muito menos em outros — nem nunca estiveram. Estivera dormindo com ela nas últimas duas semanas, mas toda a fantasia de estar com uma ex-animadora de torcida já havia chegado ao fim.

Asher encarou o relógio: três horas da manhã. O horário ideal para acontecer às corridas. Cada um dos participantes seguiu para as suas respectivas motos, aquecendo o motor para o início. Maxton montou na Yamaha, sendo logo surpreendido ao ter dedos longos e unhas afiadas o tocando na nuca, puxando-o de encontro a Jennifer e sendo beijado. Os outros rapazes nas motos ao lado, principalmente Zane, assobiaram com a ousadia e o exibicionismo de Jennifer.

Asher estava em pé, no meio de uma linha demarcada como “largada” com óleo. Ao seu lado havia duas mulheres, seminuas, usando apenas shorts e tops. Pareciam que estavam em um ringue e não às vésperas de um racha. A morena do lado esquerdo de Asher abaixou-se e jogou um fósforo aceso em cima do óleo, fazendo com que a linha começasse a pegar fogo. Houve o estampido de um tiro — algo que Asher não abria mão — indicando que a corrida havia começado.

Todas as motos, uma a uma, praticamente voaram. E lá estava ele, Maxton Clarke, curvado para frente em cima da Yamaha e recebendo o vento forte em seu rosto, fazendo com que seus cabelos cor de bronze voassem com o vento. Houve uma curva e seus joelhos quase rasparam o asfalto. Não havia palavras para descrever a sensação magnífica de estar sobre a sua moto, recebendo toda aquela adrenalina misturada ao perigo de estar a 220 km/h. A linha demarcada para a chegada estava ficando cada vez mais perto. Nico estava a alguns metros à sua frente. Maxton aumentou a velocidade e passou por Nico, os pneus da Yamaha tocaram a linha de chegada. Fez um cavalo de pau ousado e desligou a moto.

Seus amigos correram a seu encontro, erguendo-o no ar. Outros começavam a fazer o pagamento de suas apostas. Não importava.

Ele era o vencedor.

[...]

Melanie havia acabado de desligar a chamada; Luna ficaria bem na casa da Sra. Clearwater. Enquanto caminhava até o ponto de ônibus, a jovem estudante de enfermagem tentava acalentar o coração. Assim que acordara na manhã daquele dia, percebera que Luna, sua irmã indefesa de nove anos, estava um pouco febril. Ao deixá-la na casa de Sue Clearwater a senhora lhe garantiu que, caso a febre avançasse para algo mais sério, iria levar a criança ao posto de saúde mais próximo. O ônibus chegou cerca de quinze minutos depois de Melanie chegar ao ponto. Sentou-se nas cadeiras ao fundo e ficou a observar as ruas da cidade — ritual que fazia há dois anos.

A noite estava agradável naquela sexta feira: céu estrelado, calçadas cheias de pessoas circulando por Little Sunset em busca de um restaurante, bar, boate ou qualquer outro estabelecimento que oferecesse distração noturna em São Francisco.

Melanie sempre gostara de observar as pessoas, da janela do ônibus. Por exemplo, naquele momento em que o transporte público estava parado em uma estação, para deixar e buscar passageiros, ela encarava uma mulher falando ao telefone. Ela gesticulava muito, mexendo nervosamente o corpo em todas as direções — como se estivesse à procura de alguém. Mesmo com a janela fechada, Melanie quase podia ouvir os gritos da mulher dirigidos à pessoa do outro lado da linha. Ela podia lançar o palpite de que a observada estava discutindo com alguém; talvez até mesmo não fosse de São Francisco, estivesse na cidade a passeio e a pessoa com quem ela marcou de se encontrar estivesse atrasada. A conclusão de Melanie devia-se ao fato de a mulher ostentar um conjunto de malas de viagens a seus pés e uma frasqueira com estampa de onça, na mão.

Poderia parecer loucura, mas ela gostava de fazê-lo. Melanie às vezes chegava a pensar que devia seguir os frequentes conselhos de sua única amiga e colega de trabalho, Nilley, e mudar o curso de Enfermagem para Psicologia. Não que ela não gostasse do curso, ao contrário; no entanto, Enfermagem não era o número um na lista de “possíveis carreiras para o futuro” que ela fizera antes de concluir o ensino médio. Todavia, os custos para Psicologia eram absurdos em comparação à enfermagem. E, no momento, acrescentar mais dívidas era o que ela menos queria. Já bastava o débito de quase nove mil dólares que precisaria pagar após a formatura.

O ônibus voltou a seguir o seu destino e a mulher ao telefone se afastava cada vez mais. Os olhos dela se fecharam sem a sua permissão, ela se obrigou a abri-los. Ao recostar a cabeça contra o vidro da janela, rapidamente se afastou; ter um encosto se tornava impossível à medida que o ônibus começava a sacolejar. Quando voltou a abrir os olhos, ela reconheceu aquela rua e se preparou para desembarcar.

Desceu em uma parada a cinco minutos de distância da boate Roxy e fez o restante do percurso até lá a pé. A Roxy era localizada na Fortune Street. Como eram 22h00 a rua ainda estava movimentada e havia alguns carros estacionados em frente ao prédio. A fachada da Roxy era bem discreta; com apenas uma placa de letras cursivas e brilhantes com o nome da boate e uma mulher em um pole dance — a peculiaridade da casa que contava com shows de strip tease.

Assim que Melanie chegou em frente à entrada, ela observou várias pessoas em uma fila tentando conseguir a entrada. As sextas sempre eram lotadas; os homens compareciam ao Roxy para apreciar o show de strip tease de Alicia, a stripper mais famosa da casa. Melanie não seguiu para aquela fila, ao contrário, seguiu em direção a uma portinha aos fundos da boate — a entrada dos funcionários.

Ao chegar ao vestiário, ela encontrou Kitty, que também trabalhava na boate, mas como bartenderKitty não era o seu nome verdadeiro. A mexicana de vinte e cinco anos, pele bronzeada e olhos e cabelos pretos se chamava Guadalupe.

Melanie trocou a calça jeans e o suéter de caxemira por um shortinho de tecido e uma camiseta que deixava a barriga à mostra. Em comparação às outras garotas, estava vestida demais. Nilley poderia confirmar isso, aliás...

— Onde está Nilley? — perguntou Melanie a Kitty, que estava passando uma camada de gloss cor de cereja nos lábios carnudos.

Nilley tem sido a única e melhor amiga de Melanie há dois anos. Conhecera-a quando precisara tirar cópias de uma apostila da universidade, e Nilley trabalhava na copiadora. Encontravam-se no horário do almoço e iam ao Burger King ali próximo. E devia a Nilley seu atual emprego! Melanie precisava encontrar a amiga, do contrário, não conseguiria aguentar trabalhar até às três horas da manhã, sem as milagrosas bolinhas que lhe tiravam o sono.

— Nilley está doente — respondeu Kitty, tirando o excesso do gloss no canto dos lábios. — Você não sabia?

— Hum... não, eu não sabia.

— Nina lhe deu o dia de folga, mas... — Melanie a interrompeu abruptamente.

— Você sabe o que ela tem? Nilley está bem?

— Não sei. Me desculpe, Mel.

Kitty concluiu a sua maquiagem e saiu do vestiário deixando Melanie sozinha. Nilley era a sua única amiga no Roxy e a única em quem ela podia confiar. Preocupada com a saúde da companheira de trabalho, Melanie pegou o celular dentro da bolsa para discar uma rápida mensagem para a amiga. Esperou por alguns minutos que uma resposta chegasse, mas não havia nada. A gerente, Nina, surgiu no vestiário naquele instante para arrastá-la para fora do banheiro alegando que:

— O salão está cheio e você aqui, brincando de enviar torpedos? Vá trabalhar, Melanie!

Imediatamente Melanie fez o que Nina lhe mandou: ir trabalhar. Mas, primeiramente, ela guardou a bolsa dentro do armário e colocou a chave dentro do bolso. Ao sair do banheiro, ela finalmente entendeu por que Nina estava tão agitada mandando-a ir exercer as funções presentes em seu contrato de trabalho: a boate não estava apenas cheia, mas lotada. Acreditava que, nos dois anos que trabalhava ali, era a primeira vez que estava tão apinhada.

A boate Roxy era grande, uma das maiores de São Francisco. E era realmente uma sorte ela ter conseguido um emprego ali, como garçonete, às vezes atendente no bar. A sua função variava de acordo ao humor de Nina e, se a patroa estivesse em um péssimo dia — como quando o dono, Carson, lhe repreendia — mandava Melanie ir limpar os banheiros.

A música que tocava era comandada por um DJ, um imigrante espanhol muito bonito, mas casado e com três filhas, e o espaço dele era no primeiro andar — próximo à área vip. No térreo era onde ficavam os banheiros ao lado da saída de emergência. Logo aos fundos havia um palco onde as meninas faziam o show de striptease e no centro era lotado de mesas altas com quatro cadeiras.

Nas primeiras duas horas, Melanie estava servindo as mesas no salão — geralmente quem atendia aos clientes da área vip era Nilley.

— Um Dry Martini, por favor, boneca — pediu um cliente no balcão.

Melanie se preparava para fazer o pedido do rapaz, um homem alto, magro e de cabelos e olhos castanhos, quando Nina interceptou o seu caminho.

— O que você está fazendo? — perguntou Nina.

— O cliente está pedindo um...

— Esqueça — disse Nina, interrompendo-a. — Chegaram quatro rapazes na área vip, eles eram sempre atendidos por Nilley, mas aquela vadiazinha adoeceu justamente hoje! Eles são exigentes, Melanie, e você é a única que está... — Nina parou abruptamente, percebendo que estava falando demais. Uma das coisas que ela aprendera naquele ramo era nunca elogiar um funcionário mais que o necessário. — Vá logo, atenda aqueles garotos e garanta uma boa gorjeta!

Melanie respirou fundo, tentando organizar os pensamentos.

— Agora! — Nina gritou.

Ela estava completamente nervosa; Nilley era quem atendia os clientes mais exigentes da área vip. O temor de Melanie era que o seu atendimento, aos olhos dos rapazes, não fosse satisfatório e, no final, não receber nem mesmo cinco por cento de gorjeta. Melanie caminhou até a área vip e, a cada passo, seu coração batia mais acelerado. No entanto, quando os quatro garotos sentados a uma mesa aos fundos — na área dos fumantes — entraram em seu campo de visão, ela precisou conter um suspiro de alívio.

Os clientes eram Maxton Clarke, Gabe e Liam (ela não sabia o sobrenome deles) e Caleb Walker. Ela seguiu até a mesa deles sem demora.

— Boa noite, meninos! — disse Melanie, com o seu melhor sorriso, que se alargou ainda mais ao ver o garoto que estudara no ensino médio e mantinha contato até os dias atuais, sendo sua tutora de Economia. — Caleb. Oi!

Caleb era um rapaz de vinte e dois anos, cabelos e olhos pretos que brilharam ao reconhecê-la.

— Não posso acreditar! Melanie? — disse ele, com surpresa. — O que você está fazendo aqui?

Ele franziu a testa, enquanto a admirava de cima a baixo, estranhando a pouca roupa de Melanie. Na universidade ela não costumava ir com nada menos que uma camiseta ou um suéter e calça jeans, dependendo da estação.

— Eu trabalho aqui — respondeu.

Caleb virou-se a tempo de vislumbrar uma pole dancer no palco, se esfregando sensualmente na barra.

— Não esse tipo de trabalho — explicou, percebendo a confusão de Caleb.

Percebendo a interação entre o amigo e a moça, Gabe perguntou:

— Você a conhece?

Caleb virou-se para o amigo e em seguida os apresentou.

— Gabe, esta é Melanie Dorchester, nós estudamos juntos, no ensino médio. E é ela quem me dá tutoria de Economia — disse para Alec. — Mel, este bundão aqui é o Gabe Dudley. É um imprestável, e está me devendo 50 dólares!

Gabe se levantou para apertar a mão de Melanie, e disseram quase ao mesmo tempo:

— Prazer!

— É um prazer conhecê-lo, Gabe.

Os três ficaram em silêncio após as apresentações, até que o outro garoto, Liam, sentindo-se excluído, deu um soco no ombro de Caleb.

— Ah, sim, e o idiota ali é o Liam. E aquele outro, com cara de bunda, é o Maxton Clarke.

Ao contrário de Maxton, Liam se levantou para cumprimentar educadamente Melanie. Ela tentou não demonstrar a sua decepção com a indiferença do outro garoto, Maxton.

Os quatro garotos não eram totalmente desconhecidos. Conhecia-os da universidade, e, principalmente, a fama de Gabe e Maxton. O primeiro era conhecido pelas “brigas de ruas” e por ser um imã para confusão, que certa feita resultou a passar duas noites na cadeia, no entanto, por causa da influência de seu pai — um famoso empresário na Califórnia — e por ser réu primário, fora liberado sob a pena de fazer trabalhos comunitários aos sábados durante três meses.

Maxton, em contrapartida, mesmo sendo “durão” a sua fama não era a de socar a cara das pessoas; ele e outros rapazes de cidades próximas a São Francisco costumavam, três vezes ao mês, participar de corridas ilegais de moto em áreas isoladas da cidade.

Melanie estava tão absorta em seus pensamentos que quase pulara de susto ao ouvir a voz dura e sensual de Maxton lhe questionar:

— Onde está Nilley?

Ela se virou para ele, os olhares se encontrando por uma fração de segundo, e respondeu:

— Nilley não pôde vir hoje. Eu serei a atendente de vocês, se não se importarem.

— Claro que não! — disse Caleb.

Tão gentil... Uma pena que essa qualidade não aplicasse a Maxton Clarke.

— Certo — respondeu Melanie. — O que vocês vão beber hoje?

Os rapazes fizeram os pedidos, com exceção de Maxton. Com a recusa dele, ela já tinha certeza de que não receberia uma boa gorjeta ao final. Caleb tentou puxar assunto, mas Melanie precisava partir.

— É melhor eu ir buscar logo as bebidas, antes que Nina venha me questionar a razão de eu estar demorando tanto.

E com aquela justificativa, ela se afastou indo em direção ao balcão para preparar as bebidas, mesmo com as mãos trêmulas. Enquanto fazia o caminho até o bar, pensava em Maxton Clarke. Todo o campus da universidade de São Francisco conhecia a fama de Clarke e, mesmo não fazendo parte do fã clube das meninas que o adoravam como se ele fosse o próprio Colton Haynes, o ator que fora eleito o homem mais sexy do mundo pela revista Glamour. Maxton fazia muito sucesso com as mulheres, mas também era seletivo com as garotas as quais ele levava para a cama — ou garupa da moto ou o banco de trás do carro.

Naquele momento tudo o que Melanie mais gostaria era de buscar a mochila no almoxarifado e ir para casa. Mas, ao encarar o relógio dentro da adega quando fora buscar as bebidas, constatou que faltavam exatamente quatro horas para o expediente terminar. Todas as sextas, sábados e domingos ela trabalhava em uma casa noturna no centro de São Francisco. Não era o seu emprego dos sonhos, mas recebia o suficiente para conseguir sustentar um pai alcoólatra e uma irmã de nove anos.

Os homens fedendo a cerveja barata e maconha a deixavam constantemente enjoada, sempre que esbarrava em algum deles. E quando acontecia, Melanie prendia a respiração para não sentir o odor insuportável da mistura entre droga e álcool.

— Olá, gatinha — disse o Bêbado Número Um que cruzou o seu caminho.

— Com licença — pediu Melanie, educadamente, prendendo a respiração. Ao tentar afastá-lo, o bêbado a segurou pelo antebraço, forçando Melanie a voltar e colidir seu corpo com o dele.

Mesmo trabalhando há dois anos naquela casa noturna, tendo que lidar com homens bêbados e excitados, ela já deveria estar acostumada àquela tensão sexual que permeava o ar. No entanto, Melanie não estava acostumada e nem gostaria de estar. Nunca.

— Não torne isso mais difícil, gatinha. — Ele voltou a dizer, segurando-a fortemente na cintura e fazendo-a sentir seu membro em sua barriga. Melanie sentiu vontade de vomitar todo o almoço naquele instante.

Estava preparada para pisar em seu pé ou acertar o joelho contra o membro dele, mas nada disso foi preciso. Em um momento ela estava presa entre os braços do Bêbado Número Um, e no outro, ele estava caído ao chão e com o nariz sangrando. Ela se afastou dele o máximo que pôde e, só então, percebeu que a música não estava tocando mais; estavam todos em silêncio e chocados com a cena do Bêbado Número Um gemendo e tentando limpar o sangue do nariz, enquanto Maxton Clarke chutava a cara do bêbado e se afastava, como se nada tivesse acontecido.

Ele não perguntou se Melanie estava bem; apenas se afastou.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Se você leu até aqui, por favor, deixe-me saber se gostou ou não. O seu feedback é muito importante para mim! Até!



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