Prólogo

Melanie estava ali por causa de Caleb Walker. Ele fora quem a convidara para assistir aquela corrida de motocicleta — o racha — que teria entre Maxton e outros garotos vindos de cidades como Berkeley e Fremont. No começo, toda a adrenalina chamara a atenção da estudante de Enfermagem; deixara-a compenetrada, ainda que não entendesse nada das corridas.

A rodovia, completamente, deserta servia como o cenário. Os carros estacionados e as motocicletas complementavam o círculo de personagens. De onde Melanie estava ela podia avistar Maxton. Ele usava uma jaqueta de couro além de uma calça jeans e as botas.

Melanie roía as unhas, nervosa, após saber que nenhum dos participantes era permitido a usar capacetes, ou qualquer outro equipamento de segurança. Eles estariam pilotando uma motocicleta a mais de cento e cinquenta quilômetros por hora, completamente a mercê de acidentes; dos simples aos fatais.

— Você está se preocupando à toa — disse Caleb, tentando acalmá-la.

A vontade de Melanie era de desmenti-lo; não estava preocupada com Maxton. Talvez um pouco. Ela ainda não o havia perdoado por ter tentado beijá-la quando foram apresentados e pela audácia dele em estar em quase todos os lugares em que ela estava; seja na boate, na universidade ou como seu principal fornecedor de bolinhas depois que Nilley ficou impossibilitada de se drogar.

— Max já está acostumado com isso, Mel — continuou Caleb.

— E quem disse que estou preocupada com o seu amigo? — Ergueu as sobrancelhas, desafiando-o.

— Seus olhos estão me dizendo isso. Fique calma.

Naquele momento eles ouviram o som ensurdecedor de um tiro vir de onde os garotos estavam, cada um montado em sua moto. Melanie virou-se rapidamente, tentando associar aquele som às sirenes da Polícia; mas não havia nada.

Molly estava abraçada a Maxton, beijando-o, e Melanie sentiu o ímpeto de avançar e arrancar a mulata dos braços dele; era ela quem deveria estar ali.

— Já vai começar — avisou Caleb, arrancando Melanie dos seus pensamentos absurdos.

Era realmente verdade. Os motoqueiros se organizaram. Maxton subiu em sua Yamaha — não sem antes puxar Molly para beijá-la mais uma vez. Mesmo com a distância que havia entre eles, com os lábios dos dois se mexendo com o beijo, ela percebeu que ele abrira seus olhos para fitá-la. Melanie não conseguiu resistir; mostrou-lhe o seu dedo médio.

Provocador filho de uma mãe!

E então começou. As motocicletas praticamente voaram, e mais uma vez Melanie sentiu aquele aperto no peito. Em todo o momento, Caleb estava ao seu lado, segurando a diminuta mão de Melanie. Os minutos se passaram, e nada aconteceu.

Por dentro, Melanie sabia que acontecia algo que não estava planejado. Poderia parecer loucura, mas ela sentia.

Os garotos de Berkeley começaram a voltar, um a um, mas nada de Maxton. Pelo que soubera antes de aceitar assistir aquela corrida, Maxton sempre era o primeiro a chegar; há alguns anos ele era o vencedor. Sempre.

Caleb também pareceu estranhar a ausência de Maxton, pois largou a mão de Melanie. Ela o seguiu para tentar entender o que estava acontecendo, até que o celular de Caleb começou a tocar. Ele o atendeu, e Melanie permaneceu ao seu lado, tentando entender o que eles estavam conversando.

Os olhos de Caleb se alargaram e Melanie começou a pensar no pior.

Ele desligou o telefone.

— Maxton sofreu um acidente. Yael não me disse muito bem o que aconteceu, mas... — ele levou as mãos ao cabelo, nervoso. — Maxton está ferido, Melanie. Ele precisa de você.