Eu e Você escrita por Hanna Martins


Capítulo 24
Capítulo XXIV - Pipoca doce


Notas iniciais do capítulo

Vejo que vocês acertaram quando a uma das pessoas da foto! Quanto a outra pessoa vocês irão descobrir logo, logo de quem se trata



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– Katniss, aqui está o número do telefone do colecionador de bebidas – fala Peeta, entrando na biblioteca, com sua voz em um tom animado – Katniss, o que você está olhando?

– Estas fotos que encontrei na gaveta – digo, mostrando as fotos.

Peeta se aproxima e pega as fotos. Ele as olha. Vejo em seus olhos, por um breve instante, uma expressão de tristeza e dor.

– Não sei o que estas fotos estão fazendo aqui – diz, voltando ao seu estado normal.

– Quem é a mulher e a garotinha? – me atrevo a perguntar, mesmo sabendo que Peeta poderia não gostar da pergunta.

– A mulher é minha mãe e a garotinha era uma amiga de infância – Peeta responde, enquanto guarda as fotos em um armário que fica em um canto da biblioteca.

A maneira como Peeta responde a pergunta, é semelhante a de alguém que não quer falar sobre algum assunto, por isso tenta evita-lo, respondendo da maneira mais rápida e objetiva possível.

– Sua mãe, Peeta? – falo, mesmo sabendo que Peeta parece não querer conversar sobre isso.

– Sim, minha mãe – responde simplesmente.

– Como ela se chamava? – sei que deveria parar com as perguntas, contudo, não consigo.

– Lunna.

– E quando ela morreu? – maldição, por que não consigo calar minha boca? Eu não deveria estar perguntando isso a Peeta.

– Quando eu tinha sete anos – Peeta não dá tempo para que eu fale mais nada e já começa outro assunto – Encontrei o número do colecionador de bebidas, vou ligar para ele.

Sem me dar tempo para que eu fale mais nada, Peeta liga de seu celular para o homem. Os dois conversam por alguns minutos. Ele desliga o telefone e me olha.

– Então? – pergunto, ansiosa pela resposta.

– Ele disse que talvez possa nos ajudar, parece que há alguém interessado em vender o mesmo vinho que queremos comprar.

– Jura! – quase grito de felicidade.

– Isso mesmo, Katniss. Acho que nos livramos deste problema – diz sorrindo – Ele disse que irá ligar para alguém, e depois retorna a minha ligação.

Sento-me na poltrona aliviada ou nem tanto. Agora começa a espera pela ligação, que parece nunca chegar. Não consigo ficar sentada na poltrona. Me levanto e começo a andar pela biblioteca, impaciente, folheio alguns livros, arrumo alguns livros nas prateleiras...

Peeta está sentado em uma das poltronas, me observando.

– Katniss, se acalme.

– Não consigo! Esta espera está me matando!

– Relaxa, Katniss. Não adianta nada, você ficar assim. Senta aqui – fala, apontando uma poltrona que fica ao seu lado.

Sento-me na poltrona que Peeta havia me indicado. Tento pensar em outra coisa... A única coisa que consigo pensar, além de nosso problema, é na mãe de Peeta, Lunna. Nunca havia ouvido falar deste nome, nesta casa, nem mesmo Prim, havia mencionado qualquer coisa sobre ela. Ela me instiga.

– Peeta – digo, tomando coragem para reiniciar nossa conversa que foi interrompida pelo próprio Peeta – Sua mãe...

Peeta me olha, seus olhos me dizem que devo parar imediatamente com as perguntas. Entretanto, não consigo me deter.

– Ela era uma mulher muito linda... – não sei direito como perguntar isto a ele – Por que você nunca fala sobre ela?

– Katniss, eu era uma criança quando ela morreu... – diz, depois de um instante de silêncio.

O assunto de sua mãe parece ser muito doloroso para Peeta. Sinto uma sensação estranha ao vê-lo assim, quero fazer alguma coisa para aliviar sua dor.

– Meu pai morreu quando eu tinha seis anos... – falar de meu pai também é doloroso, porém, minha dor parece ter algo de diferente em relação a dor de Peeta – Ele era um homem maravilhoso. Lembro que todos os dias ele me trazia, quando chegava depois do trabalho, pipoca doce. Eu nunca gostei muito de pipoca doce, mas nunca disse isto para meu pai – sorrio – Eu sempre comia a pipoca em seu colo. Todos os dias, esperava ansiosamente o momento que ele chegava para comer pipoca doce, enquanto conversava com ele sobre meu dia... Quando ele morreu, passei a odiar a pipoca doce. Não podia ver um saco de pipoca doce em minha frente, pois me lembrava de meu pai. Mas, um dia, eu comi novamente pipoca doce. E percebi que não deveria odiar a pipoca doce, ela me lembrava de meu pai. Por isso, eu deveria ama-la, pois ela me trazia lembranças felizes. E meu pai, tenho certeza, gostaria que eu lembra-se dele com felicidade e não com tristeza. Hoje, eu amo pipoca doce...

Termino minha breve história sorrindo. Olho para Peeta, que me lança novamente aquele sorriso doce, puro e inocente, igual ao garotinho da foto. O sorriso mais belo que eu já vi. Ficamos em silêncio por um curto momento, já que o toque do celular de Peeta interrompe o silêncio.

Peeta atende ao celular e fica alguns minutos conversando. Observo-o andando pela biblioteca, enquanto fala ao telefone. Ele desliga, para em minha frente, olha para mim. Não consigo decifrar se a notícia, que ele me dará, é feliz ou não, por isso o olho, interrogativa.

– Ele disse que é só mandarmos o dinheiro que o vinho é nosso – fala, animado.

– O quê? – digo quase gritando – O vinho é nosso!

Me levanto da poltrona. Não consigo acreditar que este problema enfim foi resolvido! Estou tão feliz! Tão feliz, que sem saber o que estou fazendo, me atiro nos braços, que Peeta me estende. Ele passa seus braços por cima do meu ombro, me apertando contra seu corpo. Ficamos assim, por um momento. Estou eufórica demais... Sinto o cheiro de sua colônia... Sinto seu calor... Sinto o toque de seus braços e mãos em mim... Sinto... e eu sei lá mais o que sinto...

No entanto, minha euforia vai, aos poucos, passando. Na medida em que ela passa, vou percebendo onde estou. O que estou fazendo? Me afasto de Peeta, ele retira seus braços de mim. Nos olhamos, um pouco constrangidos. O silêncio paira sobre nossas cabeças. Só falta o barulho dos grilos para a cena ficar completa.

– Acho que é melhor eu ir dormir – diz Peeta, quebrando o silêncio constrangedor que caiu sobre nós – Amanhã temos aula – Peeta sai da biblioteca.

Só agora percebo que está foi a primeira fez que nos abraçarmos sem que um de nós esteja bêbado, amedrontado ou dormindo. É a primeira vez que nós nos tocamos por livre e espontânea vontade. Sempre que nos tocávamos antes, ou era porque Peeta me atacava, ou era eu que atacava Peeta. Contudo, agora foi diferente, nos tocamos conscientemente e mutuamente. Tenho que parar de pensar nisto. O melhor é ir dormir o mais rápido possível.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? Gostaram do abraço que a Katniss e o Peeta deram? Começa assim, abraços, depois...