POV Elena

– Katherine Petrova Gilbert, você não fez isso com ele! – Perguntei rindo histericamente.

– Claro que eu fiz. Quem ele pensa que é para me tratar como uma criança imbecil? Derramei todo o suco dele e faria de novo se pudesse. – Kath contava a história rindo.

– Mas ele não era o amor da sua vida, o deus de olhos azuis e bochechas rosadas com pele de porcelana, cabelo de seda preta e nome italiano?

– Ah, cale a boca Elena. Você vai vir me buscar ou não? Eu vim de carro com ele e esqueci-me desse fato quando resolvi deixar ele molhado.

– Eu não sei, tenho que perguntar para mamãe se ela me empresta o carro e ela não está em casa agora, nem o papai.

– Urgh. – Minha irmã suspirou. – Será que eles vão demorar?

– Uh, espere na linha. Parece que eles chegaram. Vou perguntar para eles.

Tirei o celular do ouvido e corri em direção a garagem, onde meus pais estavam estacionando o carro.

– Hey mamãe, papai. – Disse enquanto beijava-os no rosto. – Kath está na linha e do outro lado da cidade, e pediu para eu buscar ela de carro. Tudo bem?

– HEY SENHORITA PETROVA, POR QUE NÃO PEGA UM ÔNIBUS?!

Meu pai gritava para que Katherine escutasse no celular. Consegui ouvir a resposta baixinha dela do outro lado: “Porque eu tenho um pai lindo que pode vir me buscar de carro!”. Ambos caímos da risada e minha mãe pegou o celular da minha mão.

– Estamos indo te buscar, querida. Onde você está?

***

POV Stefan

Damon chegou ao Plano Superior com cara de poucos amigos.

– Hey irmão, o que houve com você? – Perguntei preocupado.

– Nada de mais, Stefan. Deixe-me!

– Fale logo ou eu não vou te deixar em paz. – Murmurei.

– Katherine, ok? Estou assim por causa da Katherine. – Damon respondeu afinal.

– E o que ela fez para você ficar com esse bico todo e com essa camisa molhada? – Disse reparando a mancha clara que encharcava a camisa dele.

– Ela me derrubou suco e brigou comigo. Aquela louca! Isso tudo só porque eu disse a ela...

– Hey vocês dois! – Caroline entrou na sala interrompendo Damon. – Uh, troque essa camisa Salvatore! – Ela disse quando viu o estado de meu irmão. – Vim avisar que um de vocês dois estão encrencado. Há boatos vindos do Conselho Superior dizendo que um dos Salvatore vai ser punido e vim saber quem é.

Damon e eu trocamos um olhar cumplice. Provavelmente alguém contou ao Conselho Superior sobre a ida frequente dele a terra para visitar Katherine na forma humana. Mas quem poderia ter sido? Aparentemente, Damon não tinha inimigos no céu. Aparentemente.

– Uh, Car! Aqui está você! – Klaus se materializou do nada no meio da sala. – Salvatore’s! – Ele deu uma piscadinha em nossa direção. – Car, estão chamando a gente no Conselho Superior, há algo de errado acontecendo de errado com um dos Protetores. – Klaus olhou de forma questionadora de mim para Damon. – Enfim, parece que levaremos um puxão de orelha hoje, amor.

Ele se sentou ao lado de Caroline e beijou as costas de sua mão.

Cavalheiro e educado como sempre.

– Então, Salvatore’s? Quem de vocês dois que eu vou depenar as asas depois? – Caroline nos lançou um olhar bravo.

No momento em que eu ia responder, Damon caiu de joelhos ao meu lado com uma expressão de pavor. Seus olhos estavam fixos em uma coisa que nenhum de nós via e sua boca estava escancarada em um grito surdo.

– DAMON!?

Klaus e eu voamos para o lado de meu irmão que cerrava os punhos de forma violenta. Depois de um nano segundo, finalmente ele reagiu e de uma forma assustadora.

– NÃO! KATHERINE, NÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!

Ele gritou de forma violenta e no mesmo instante meu coração se apertou.

Elena, havia algo de grave acontecendo com Elena também.

Algo aconteceu com Klaus também, pois seus olhos se desfocaram e ficaram completamente brancos, enquanto Caroline segurava seu braço o sacudindo de leve. Klaus fitava a janela e logo depois seus olhos voltaram ao normal.

– DAMON, O QUE VOCÊ FEZ?

Klaus gritava freneticamente com meu irmão o segurando pelos ombros. O que estava acontecendo? Era óbvio que Katherine e Elena estavam em perigo, mas o que causou isso e porque Klaus estava furioso com Damon? Meu irmão se levantou rapidamente do chão, parecendo voltar à realidade e agarrando as mãos de Klaus.

– Eu preciso da sua ajuda. – Ele disse ao outro anjo. Não era exatamente um pedido, mas sim uma súplica.

Klaus não disse nada, apenas assentiu e em um piscar de olhos os dois sumiram.

– CAROLINE, O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? CADÊ KLAUS E O DAMON? O QUE ESTÁ HAVENDO COM A ELENA? – Gritava desnorteado para a anja que estava extremamente pálida na minha frente.

– EU NÃO SEI STEFAN! – Ela gritou de volta. – A ÚNICA COISA QUE EU SEI AGORA, É QUE ELENA ESTÁ SERIAMENTE EM PERIGO. VOCÊ PRECISA AJUDÁ-LA!

Não era preciso dizer mais nada. Concentrei o máximo que podia em minha protegida e logo a avistei em um lugar estranho. Tinha muita água e ela estava com dificuldade em respirar. O ar em seus pulmões já era escasso e eu podia sentir aquilo. Mas onde ela estava? Que lugar era aquele?

Caroline segurou minha mão e me ajudou a concentrar em descobrir onde Elena estava. Depois de mais alguns segundos, ela falou:

– Eu sei onde ela está!

No instante posterior, estávamos na velha ponte da cidade, onde um rio de aguas escuras passava por baixo e era evidente que havia acontecido um acidente ali.

– ELENA!

Gritei me atirando nas águas turvas e frias. Encontrei o carro e ela estava lá dentro já desacordada, junto com seus pais. Retirei-a dali e a levei para a superfície rezando silenciosamente, pedindo ao Senhor que não a deixasse morrer. Caroline sentou no chão perto de nós e segurou minha mão e uma das mãos de Elena. Depois de um breve momento, ela falou:

– Ela está bem. Ela vai sobreviver, Stefan! Você chegou na hora exata.

Soltei um suspiro de alivio e felicidade, deixando finalmente as lágrimas fluírem, e pelo canto do olho reparei um movimento do lado oposto da ponte.

– DAMON? – Gritei para que ele me ouvisse.

Ele se virou e então eu a vi.

Katherine estava em seus braços toda molhada. Seu peito não mexia e seus olhos estavam fechados. Ela parecia imóvel de mais. Pálida de mais. Olhei para Damon novamente e vi em seu rosto toda a dor e sofrimento que eu pensei que iria sentir se Elena morresse, só que em dobro. Meu irmão estava desolado e seus olhos traziam uma tristeza profunda, acompanhada de lágrimas.

– Eu vou trazê-la de volta, irmão. Custe o que custar.

Ele sibilou e virou-se novamente para a outra direção, onde Klaus esperava por ele.

– Klaus? – Caroline sussurrou.

E a única resposta foi um sussurro baixinho de “eu te amo” vindo da boca de Klaus enquanto lágrimas saiam de seus olhos.

– NÃO, KLAUS!

– DAMON!

Caroline e eu gritamos desesperados, mas Klaus fez o selo de transporte no ar, aonde entrou junto com Damon e uma Katherine já morta em seus braços, indo para um lugar onde provavelmente ninguém jamais os achariam.