Linha Tênue escrita por Anne Laurentino


Capítulo 48
Capítulo 48.


Notas iniciais do capítulo

Dedicado à Adriana Brandão, por tudo. Muito obrigada.



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"Y llegaste tú una bendición, aún recuerdo el momento en que todo cambió" - Sin Bandera.

Nove meses, mais desconforto, mais nervosismo. Como o de costume Vilma estava no apartamento da filha aguardando a chegada do genro. E naquele dia as duas se dedicaram a arrumar as roupinhas já lavadas de volta no armário de Nathan, o quarto do pequeno estava cheio de coisas personalizadas com a inicial do seu nome. Tia Ju fizera questão de desenhar alguns desses mimos.

– Olha mãe, imagina ele aqui dentro. - ela apoiou o pagãozinho na barriga e sorriu.

– Ele vai ficar lindo. Vai ser lindo, filha. - mostrou outro pagão que tinha a escrita “keep calm and little Prince” ambas sorriram.

– Esse eu não tinha visto. - pegou uma camisa preta e vermelha escrito fla-baby. - mereço meu filhote usando isso! - bufou.

– Ah, não fala assim, ele tem essa aqui também ó. - mostrou uma igual, só que do botafogo. A loira sorriu.

– Essa sim, maravilhosa, linda! - mãe e filha gargalharam.

Ficaram até o inicio da noite arrumando tudo, babando em tudo. Conversaram sobre com quem o bebê ia se parecer, a loira disse que o queria branquinho, porém parecido com o pai no sorriso, olhos e boca. Bruno chegou e Vilma se despediu do casal para ir embora, e como tinha feito nas ultimas semanas recomendou.

– Filha, qualquer novidade da parte do meu neto, não hesite em me avisar entendido? A qualquer hora.

– Pode deixar mãe, eu te amo. - beijou e rosto da senhora.

– Eu também te amo, manda um beijo pro Bruno! - pediu e deixou o apartamento da filha.

Fatinha foi se arrastando tamanha preguiça até o quarto, e se deitou para esperar o moreno. Bruno saiu do banho apenas de cueca samba-canção, deu um beijo da barriga completamente redonda da loira e outro nos lábios dela.

– Você já jantou amor? - deitou ao lado dela e a abraçou pela cintura.

– Já sim. E estou morrendo de sono... - riu – novidade né? - ele assentiu.

– Que ótimo, porque eu estou acabado e vou apagar! - beijou-a na testa. - amo vocês. - se aninhou como pôde a ela e dormiu rapidamente.

– Eu que amo vocês, moreno. Eu que amo! - ela apagou em seguida, aninhada a ele.

3 horas da manhã...

Fat levantou lentamente, apesar de estar apertada para fazer xixi, com àquela barriga não conseguia fazer quase nada com rapidez. Com a mesma preguiça dos últimos meses e uma dose de sono fora do comum, ela foi até o banheiro. E ao fazer o seu precioso xixi da madrugada sentiu algo estranho, como se algo houvesse se rompido e quando se deu conta do que era, tomou um baita susto. Mesmo sendo uma excelente médica, acostumada com aquele tipo de coisa, nunca havia tido um filho antes, sua bolsa havia estourado. Ela voltou ao quarto camuflando uma calma, precisava acordar Bruno. E precisava ir para o hospital, na cama ela deu uma sacudida nele e nada, outra e nada. Já estava entrando em desespero.

– Bruno, Bruno acorda pelo amor de Deus! - outro chacoalho – acorda, a bolsa estourou!

– Mmm... Larga as coisas ai no chão, vem dormir, amanha eu arrumo tudo. - pegou a mão dela e virou para outro lado.

– Não acredito que ele não se tocou que é a bolsa do bebê... - murmurou chorosa e voltou a sacudi-lo. - Amor, amor! É o nosso filho que vai nascer, Bruno! - gritou o nome dele, que sentou atordoado.

– Meu.. Meu filho vai nascer! - gritou.

– Isso amor, ele vai nascer! - lhe deu um selinho – vamos fazer assim, eu vou tomar um banho. Mas fica por perto que com a bolsa rompida as dores podem começar a qualquer momento!

– Pra quem eu ligo primeiro? - perguntou já de pé.

– Vai trocando de roupa, pega a minha mala e a do nosso filho e deixa perto da porta. - ele só assentiu e foi fazer o que lhe foi resignado.

A loira entrou no chuveiro e como o previsto as dores começaram, mas ela sabia que não podia se descontrolar e continuou com o banho... As dores ainda eram suportáveis, saiu do banho e foi se arrumar e se deparou com Bruno já arrumado olhando pra ela.

– Amor, você esta bem mesmo? - reparou as caretas que a esposa fazia.

– Agora as dores estão aumentando... Mas ainda é suportável, vou me arrumar. - vestiu-se com um vestido larguinho e confortável.

Enquanto se arrumava as dores ficaram mais e mais intensas... E ela pediu ajuda a Bruno, para colocar os sapatos.

– Essa doeu bem mais, me ajuda moreno... Me ajuda com os sapatos... - ele ajudou a mesma colocar as sandálias rasteiras.

– Ligo para os nossos pais? - ele colocava seu par de tênis.

– Liga, fala para encontrar com a gente no hospital...

No caminho para o hospital as dores aumentaram bastante, Fatinha não estava mais achando posição para ficar, que doesse menos. Bruno estacionou o carro de qualquer jeito e ajudou a esposa a sair, alguns enfermeiros vieram com uma cadeira de rodas que a loira recusou. A doutora que já estava esperando Fatinha, foi até eles ajudar. Ela pediu que Bruno preenchesse os formulários cadastrais, que eram necessários, mesmo a médica sendo funcionaria dali. Enquanto ele preenchia os papeis Melissa levou Fatinha até o quarto separado, para examina-la. Bruno terminou os rabiscos e seguiu para o quarto, onde a loira já estava de camisola hospitalar e deitada na cama, Melissa havia acabado de examina-la.

– E ai Mel? - ansiosa.

– Aguenta firme... Pelo tempo você esta até indo rápido, 5 centímetros de dilatação. Já pode tomar a anestesia. - dissera enquanto trocava as luvas.

– Ok, eu vou tentar ficar mais um pouco sem tomar.

– O bebê já esta se encaixando... quando te examinei, já senti de leve a cabecinha dele. Que tal se você der uma andada pelo quarto?

Fatinha olha para a porta e encontra com o olhar perdido de Bruno.

– Como estão a Fat e o meu filho, Mel?

– Os dois estão bem! Agora é com vocês.

– O que que é com a gente? - perguntou nervoso.

– Bru, vamos trabalhar juntos... Isso que a Mel quis dizer, nosso filhote esta se encaixando... E pra isso, preciso andar me ajuda?

– Andar? Andar pra que Maria? Você esta tão bem na cama.

– Me ajuda a descer Bruno, anda!

– Maria, olha só em... - mesmo a contro gosto a ajudou a descer.

Fatinha resolveu andar no corredor e ao sair deram de cara com ambos os pais e Ju.

– Onde vocês pensam que vão? - Juliana foi terminantemente ignorada.

– Ai! Me ajuda amor... - apertou a mão de Bruno que a segurava.

– Apoia em mim... - Fat deixou todo o peso em Bruno que abraçando ela, conseguiu acalma-la até que passasse a dor. Assim que a mesma passou, a loira como se nada tivesse acontecido segui.

– Pronto vamos andar!

– Você não pode estar regulando bem, cunhada. Você esta tendo um bebê.

– Filha, você tem certeza que quer andar?

– Juliana, quando a sua filha estava nascendo você também caminhou, eu a ajudei. Logo não tem nada demais e mãe eu vou, porque não quero ficar deitada feito uma doente, já que posso ajudar o meu filhote a nascer. Vou fazer isso. Vai ser tornar mais fácil pra nós dois.

Eles andaram por duas horas, e Fatinha voltou ao quarto praticamente arrastada.

– Chama a Melissa! Está doendo muito de verdade, moreno... Ai! Esta vindo uma contração atras da outra. - ela pegou na mão do marido e apertou com toda a força. Com a outra ele fez uma pequena massagem nas costas dela.

Da porta até a cama ela teve outra contração... Assustando a todos que estavam no quarto, sogros, pais e cunhada. Ela se apoiou na cama...

– Cadê a Melissa? Essa criança vai nascer antes mesmo de eu chegar na sala de parto... Aiii! Doí muito!

– Pensei que você se controlaria melhor por ser médica! - Ju comentou.

– Agora sou tão paciente como você... E ai! Chamem a Melissa! - gritou.

– Calma loira, ela deve estar atendendo algum paciente, ela já vem!

– A Melissa tinha que estar comigo! - falou com jeito de que a qualquer momento fosse perder o controle.

– Vira pra frente, deixa eu te fazer outra massagem!

– Isso dói Bruno, dói muito! - falou chorando. - Me ajuda! - Vilma foi abraçar a filha e a médica por fim apareceu.

– Como esta a minha paciente preferida?

– Por que você demorou? A dor esta vindo uma seguida da outra, esta ficando insuportável. Tem algo enorme pressionando lá embaixo! - vociferou irritada ainda derramando umas lagrimas.

– Esse algo enorme é o seu filhote, cara doutora. Ele deve estar a ponto de nascer... Bruno ajuda a mamãe a subir na cama, para eu examina-la.

– Vou sair, vamos Marta. - Olavo chamou a esposa e se dirigiu a porta.

– Fica aí com a nossa filha, estou lá fora também. - Adolfo avisou.

– Desculpa eu ter que fazer isso, mas é a única maneira de medir a dilatação... Papai dê a mão para a sua esposa. - Bruno deu a mão para a loira e a doutora a tocou.

– Outra... Outra! Faz isso parar Melissa! Parece que estão me esfaqueando mil vezes ao mesmo tempo. - falou em um tom mais alto.

– Papai e mamãe, já podemos ir para a sala de parto. A dilatação esta completa! E o Nathan já esta querendo vir ao mundo. - a médica sorriu para a amiga.

– Como é que é? Meu filho já esta nascendo? Ai meu Deus! Amor segura, não deixa ele sair dai agora. - as mulheres presentes riram da cara dele.

– Não da mais pra segurar... A vontade de empurrar tá ficando maior que eu... - fez uma cara de dor.

– Acho que não... Acho que não estou preparado, eu quero e ao mesmo tempo estou com medo.

– Bruno, para de ficar nervosinho e me ajuda, porra! Puta que pariu, olha só o que fez comigo? Nosso filho esta me rasgando! - gritou e ele assustado parou até de respirar quase.

– Não faça força agora! Vocês dois se controlem, cadê a respiração?

– E eu lá quero saber de respiração? EU QUERO ANESTESIA! - gritou novamente. Melissa foi conversando com ela, enquanto dois enfermeiros a levavam para a sala de parto, quando a acomodaram outro grito. - Eu já disse que quero anestesia, pelo amor de Deus!

– Sinto muito amiga, mas chegou em um ponto que a anestesia não faz mais efeito.

– Como não? Por favor, Mel! - rogou chorosa.

– O seu filhote esta quase aqui... Vai ser rápido. - Fatinha olhou para Bruno e ele agora se controlou e se mostrou forte... Por ela.

– Maria, eu estou aqui com você, não vou sair de perto um minuto. - lhe deu a mão.

– Já estamos prontos esperando uma nova contração... Quando vier respira fundo e manda o máximo de força que puder. Enquanto tiver contração, respira e faz força, entendeu? - Melissa e sua equipe se colocaram a postos.

– Vai acabar logo mesmo? - perguntou enquanto respirava fundo.

– Vai depender de você e do seu esforço! - a médica colocou a mão na barriga da loira e sentiu que estava endurecendo. - esta vindo Fatinha, esta sentindo?

– Claro que estou...

– Quando chegar no auge faça o que falei...

– Ai, ai...

– Vai amor... Agora! - Fatinha respirou fundo e fez toda a força possível.

– Isso! Isso mesmo! - Melissa a incentivava.

– tá esticando...

– O seu príncipe Fat, é ele que esta chegando!

– Vai Maria, força! - ela fez mais duas forças.

– Ele é cabeludinho amiga... agora relaxa, respira enquanto não bem outra contração.

– Eu não vou conseguir... - voltou a chorar.

– Você vai sim! Pelo nosso filho, por você! Vamos!

– Esta vindo outra... Ai!

– Respira fundo e empurra! - ela fez e sentiu como se estivesse queimando.

– Caralho. Nunca mais transo com você Bruno! O bebê esta me rasgando, eu vou te matar... Ai! - ela não sabia se gritava, se chorava, então estava fazendo os dois.

– Para de falar e faz força. Ele esta com a testinha de fora... Não para de empurrar!

– Vai amor, falta pouco! - ela dessa vez empurrou bem mais forte e deu um grito.

– AAAAAAAAAI!

– Viu? A cabecinha dele saiu, relaxa um pouco que eu vou retirar um pouco do liquido do nariz e boquinha dele. - a médica fez o que disse.

– Esta acabando, minha loira! - ele lhe beijou a têmpora.

– Não quero mais ter filhos na minha vida! - gritou exausta.

– Não fala besteira, quando ele estiver nos seus braços você nem vai lembrar! E ai pronta? - Melissa voltou a incentiva-la.

– Me ajuda! - rogou quase com um grito.

– Enquanto você faz força eu vou ajudar puxando o seu garotão...

Bruno foi para perto da loira e a ajudou nas duas forças finais e em pouco tempo a única coisa que eles escutavam era um choro bem forte na sala.. Melissa colocou ele todo sujo em cima da Fatinha... E ali mesmo enquanto os pais choravam juntos com ele, o pediatra fazia a limpeza das vias respiratórias do Nathan.

– Oi meu lindo... Seja muito bem-vindo, meu amor. - disse entre lagrimas.

– Filho, você é mais do que eu esperava. O amor por você é muito maior do que tudo q eu pudesse imaginar.. Seja bem vindo filhote... - fez um carinho do rostinho amassado do filho.

Nathan parou de chorar ao ouvir a voz dos pais... E ficou olhando para a mãe. E agarrou o dedo do Bruno.

– Papai, você quer cortar o cordão umbilical? Os médicos já recolheram o sangue do cordão para armazenar... - Melissa perguntou.

– Não vou machuca-lo? - replicou receoso.

– Não amor, isso não machuca! - Fatinha lhe respondeu, sorrindo e fazendo carinho no rostinho do filho.

A médica passou a tesoura cirúrgica para o Bruno e indicou onde cortar.. Ele o fez... Depois o bebê foi receber os outros cuidados, Fatinha recebeu os pontos, que terminariam a cirurgia e Bruno foi avisar aos familiares que estava tudo bem com a mamãe e o bebê.

Uma semana depois a família já estava em casa, graças a profissão e certa experiencia, Fatinha não teve problemas em aprender a dar de mama para o filho. Bruno também estava de licença e a estava apoiando em tudo, revesavam quem levantava na madrugada, na troca de fraldas e até nas manhas. Nathan era uma bela mistura dos dois, moreninho com os cabelos castanhos feito o do pai, olhos e boca da mãe. Era lindo.

– Amor, muito obrigada por ter me dado esse presente, olha como ele é lindo. Tão calminho, muito obrigada. Eu amo vocês, mais do que tudo! - Bruno vociferou quando estava no quarto do filho, acompanhando a loira na ultima mamada da noite.

– Eu que te agradeço Bruno, nunca durante todos esses anos de convivência e amizade eu nunca imaginei estar aqui com esse pacotinho lindo no meu colo. - sorriu ao ver que o filho ressonava ainda em seu seio, e quando tentou tira-lo de lá o menino voltou a sugar o seio da mãe. - eu amo tanto vocês, estou amando tanto ele, é a melhor prova de que a gente se ama, amor. É o nosso presente. - Bruno acariciou o cabelo da loira e a beijou o topo da cabeça. E voltou a mirar o filho que por fim largou do seio da mãe.

Fatinha passou o filho para Bruno, ele que o colocava para arrotar, e voltou para o seu quarto, sem antes dar um beijo na cabecinha de seu pequeno. A loira mal se deitou já pegou no sono... Ah, o sono ele tinha um valor tão importante, mas estava sendo tão pouco aproveitado naquela casa. E era só o começo...

Nathan dos Prazeres Menezes.


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Notas finais do capítulo

Minhas queridas leitoras... Eu gostaria de desejar a vocês um ótimo natal e uma virada de ano maravilhosa. Que Deus abençoe todas vocês em 2014. Muito obrigada por estarem comigo durante boa parte desse ano. Espero que gostem desse capítulo. O próximo só na primeira semana de Janeiro! Beijos :DD



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