Mas como um beijo não mata a fome, mas sim, abre o apetite, nós apenas ficamos ali, durante meia hora...

Estou a olhar para a faca a muito, muito tempo mesmo sabendo que o boneco está ali, para eu lhe acertar. Não conseguia parar de pensar... Ainda sentia os lábios dele contra os meus, ainda sentia as suas mãos na minha anca, ainda via os seus olhos azuis a estudarem-me para ver a minha reacção naquele momento de loucura.

Foi então que alguém me agarrou pelas costas e atirou-me para o chão. Rebolamos durante uns minutos, minutos em que perdi a faca que tinha nas mãos, mas eu tinha sempre uma faca nas minhas sapatilhas. Decidi não tira-la ainda. Paramos de rolar e eu fiquei por baixo de...

–Ai baixinha... Se te atacassem na arena não tinhas hipóteses! Olha o controlo que eu tenho sobre ti! Agora podia matar-te com uma facilidade. Ou então...

Cato baixa a cabeça e beija-me com força e então eu aproveito esse momento de fraqueza. Dobro os joelhos e dou um impulso fazendo com que nós rodasse-mos outra vez, mas desta vez eu acabei por cima. Ele sorri, porque para ele seria muito fácil voltar para cima e ele já está preparado para começar a lutar outra vez, quando, eu saco a minha faca da minha sapatilha e ponho-a no pescoço dele. Ele pára, admirado.

–E então e agora Gigante? Quem é que não tem hipóteses na arena? ah?

Ele olha para mim e sorri. Eu tiro a faca do pescoço dele, rodo-a nas minhas mão e visto que tinha-mos rolado para ainda mais perto do boneco em que eu deveria ter acertado a duas horas atrás, enquanto estava a pensar no nosso beijo, e mando-lhe a minha faca, acertando mesmo no coração e olho para Cato, que ainda está a olhar para o boneco e que olha outra vez para mim. Eu não sorri, nem ele, por isso levanto-me sacudo a minha t-shirt e estendo-lhe a minha mão direita para o ajudar a levantar e ele aceita-a, ponde-se em pé. Depois corvou-se um bocadinho para ficar com os olhos a altura dos meus.Sabia que nos íamos beijar outra vez e sabia também que não devia-mos, porque estava-mos numa sala de treino privada, mas qualquer um podia entrar de repente na sala, como ele próprio tinha feito, mas também sabia que não iria conseguir controlar-me. Estava esfomeada.

Ele pôs a mão na minha anca e outra na minha nuca e puxou-me para ele. Estava-mos outra vez a explorar a boca um do outro, quando atrás de mim, alguém clareou a garganta. Abrimos ambos os olhos e separamo-nos e eu virei-me lentamente. Era o Jasper-o-meu-corpo-é-um-templo (alcunha que eu lhe tinha dado secretamente, visto que se alguém lhe tocava ele fazia um basqueiro e que só comia coisas estranhas e só bebia chá), que estava vermelho que nem um tomate.

–Hum... Bem eu vou só sair, e...-diz ele todo atrapalhado e apressado, o que o fez tropeçar. Estava ansioso para sair daquela sala e ir contar a toda a gente que os mortíferos Cato e Clove estavam enrolados e quando me apercebi disso, peguei na faca que tinha deixado cair quando Cato me atacou, que por sorte estava mesmo no chão pertinho de mim. A seguir quando Jasper-o-meu-corpo-é-um-templo estava quase a chegar a porta eu lancei a faca que passou a milímetros do seu rosto, o que o fez ficar horrorizado. Olhou para mim e eu disse:

–Ouve lá, ó fracote, das um pio a alguém e amanha já não vais estar aqui a tomar outro chá! Entendes-te bem?

Ele acena com a cabeça e sai aos tropeções. Eu sorriu mas quando olho para Cato ele está olhar para mim com um olhar esquisito.