Aventura no Iberanime escrita por André Tornado


Capítulo 4
Confronto no palco principal.


Notas iniciais do capítulo

E aqui chega mais um capítulo desta aventura no evento que está quase, quase a abrir portas!
Confiram em www.iberanime.com!!!
Boa leitura...



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Calculava que não seria uma atitude prudente, mas não se detinha, pois não sabia como fazê-lo sem ser brusco e também não queria ser antipático. Reconhecia que estava a congregar muitas atenções, ao aceder a todos os pedidos com a amabilidade que lhe era característica, mas não conseguia descortinar qualquer prejuízo que comprometesse a sua existência ali, ou mesmo a do seu companheiro. Até ver, estava tudo bem para ele. Deviam ter-lhe tirado centenas de fotografias e ele estava a sentir-se como Mr. Satan antes de qualquer edição do Grande Torneio Mundial de Artes Marciais. Só que enquanto o grande campeão adorava a fama, ele desconsiderava-a, por achar que não combinava com o seu feitio. Nunca fizera nada que merecesse ser publicitado.

O mais curioso era que havia tanto admiradoras, como admiradores, aparecendo rapazes ainda mais entusiasmados que as raparigas. Passavam-lhe um braço pelos ombros, exibiam um polegar esticado como que a dizer “tudo bem”, apertavam-lhe a mão, davam-lhe palmadinhas nas costas e houve até um deles que lhe começou a cantar qualquer coisa que tinha o seu nome no refrão. Ele correspondera sempre a todas as solicitações com um sorriso e boa vontade.

Continuava preocupado com Vegeta. Devia ter desistido das explorações das cercanias, pois o ki do príncipe aproximava-se do pavilhão. O que indicava que a sua primeira intuição estaria correta: a passagem para o mundo deles estaria algures, ali dentro, e não faria sentido que fosse diferente.

Despediu-se de um par de namorados que o cumprimentaram com rasgados sorrisos, falando alguma coisa sobre o seu cabelo. Ele passou uma mão pela cabeleira rebelde, espetada para todo o lado menos para o sítio certo. Nunca a conseguira domar, mas, verdade seja dita, não era um problema ao qual dedicara uma especial atenção. Viu uma casinha enfeitada com lindos cartazes de paisagens campestres que lhe fizeram lembrar a paz das montanhas Paozu. Havia ainda bandeiras penduradas, brancas com um enorme círculo vermelho no centro. Acenou com um braço, chamando:

- Namura-san!

O tradutor aproximou-se, esgueirando-se por entre um pequeno ajuntamento de jovens que desfolhavam panfletos turísticos. Fez-lhe uma pequena vénia.

- Son-san. Em que posso ajudá-lo, de momento?

- Ahn?... Se preciso da tua ajuda? – Varreu o olhar pelo recinto que, a pouco e pouco, já não lhe parecia tão confuso, caótico e estranho. Apoiou os punhos na cintura, cotovelos para fora, numa postura descontraída mas imponente. – Tenho conseguido entender-me com eles… Arigato, ojiisan! Só não percebo uma coisa…

- Se me fizer a pergunta, talvez eu consiga elucidá-lo.

- Por que razão querem tirar fotografias comigo? Acho que nunca tinha sido tão fotografado na minha vida!...

Namura-san estava a sorrir e, pela primeira vez, o seu olhar combinou com o rosto inteiro, onde as rugas que se acenderam transmitiram a mais completa bonomia.

- Ojiisan?

- Son-san, não faz a mínima ideia do que está a suceder, pois não?

Goku negou com a cabeça.

- Eu logo vi… Eu expliquei-lhe tudo, mas foi como se lhe estivesse a falar numa língua estranha, apesar de nos compreendermos quando lhe falo e quando me fala. Nem sabe o que é o Japão, pois não?

Goku voltou a negar com a cabeça. Namura-san ficou sério, de repente, numa máscara de severidade que conseguiu apagar a luz profunda do seu olhar meigo.

- Não se deixe envolver demasiado… Tudo isto é estranho, demasiado estranho. Não sei o que faz aqui, mas deverá voltar para o lugar onde pertence, de verdade. Quando os mundos se misturam e as fronteiras são abolidas, é um mau presságio.

- Mas eu também quero voltar para casa.

Namura-san agitou uma mão, como quem afasta uma mosca e a máscara diluiu-se, como se nunca tivesse existido. Os olhos, contudo, tornaram-se opacos. De seguida, pediu que o seguisse e Goku foi atrás dele, ignorando risadas e gritos de quem apontava para ele no meio da multidão. Namura-san agarrou num livro, de entre muitos outros que se espalhavam na banca de uma das casinhas que vendia aquelas publicações, e mostrou-lho. Goku reconheceu-se na capa, com um Gohan mais jovem, acompanhado de Piccolo. Agarrou no livro boquiaberto.

- Sou eu?

- Hai, Son-san. Parte da sua história está nesse livro. Também existe em filme e, o mais importante…

Goku olhou para Namura-san que colocou uma mão sobre o seu peito, no lugar do coração.

- Também existe aqui dentro. De muitas pessoas, acredite. E certamente em todos aqueles que lhe pediram uma fotografia esta tarde.

- Conhecem-me… por causa disto? – perguntou Goku a segurar no livro com as duas mãos, com medo de o abrir, de o desfolhar, de ver algo familiar e marcante.

- Hai – respondeu Namura-san simplesmente.

Goku devolveu o livro à banca, murmurando:

- Curioso…

Namura-san ouviu-o e agarrou na deixa.

- Curioso, de facto, a sua presença neste lugar.

- Um mau presságio… Já o disse.

- Um sinal dos deuses, também.

Foi a vez de Goku agarrar nessa deixa, relaxando os ombros que tinham ficado tensos.

- Tens razão, ojiisan! Trata-se, se calhar, de uma brincadeira de Dende, ou de Mr. Popo. Afinal eu e Vegeta estávamos a treinar no Palácio Celestial. Acredito que em breve, conseguiremos sair daqui…

Perdeu a alegria num instante, unindo as sobrancelhas na testa crispada. Namura-san indagou, sem qualquer emoção na voz:

- Son-san?

- Hum…

- Algum sinal dos deuses?

Uma gota de suor surgiu-lhe na têmpora esquerda. A música alta calou-se para ser substituída pela voz do animador da festa, que falava desde o palco principal, que se encostava à parede dos fundos. Conseguia ver-se um dos extremos do ponto onde eles estavam, as torres metálicas e as grandes colunas de som negras, uma nesga da grande tela com o logo do certame.

- Vegeta – revelou Goku intrigado. – Está a esconder a sua presença de mim. Por alguma razão, não quer que eu saiba que anda por perto.

- Ele já regressou?

- Antes de lhe perder o rasto, estava a aproximar-se. Até pode já ter entrado aqui.

- Posso procurar por ele. Não vai ser difícil dar com o seu amigo, vocês têm o mesmo aspeto bizarro.

- Bi-zarro? – admirou-se Goku, piscando os olhos. Era a primeira vez que ouvia uma coisa daquelas. Depois coçou o couro cabeludo com um dedo, revirando os olhos. E mesmo que lho tivessem dito antes, ele não teria compreendido por não falar o idioma dos seus fervorosos admiradores.

- Hai – confirmou Namura-san sorridente. – O vosso disfarce é demasiado perfeito. Não há que enganar, vocês não estão fantasiados, são assim mesmo e isso chega a meter medo.

Goku soltou uma risada. Limpou os olhos lacrimejantes e concordou:

- Ojiisan, podes procurar pelo meu amigo. Eu também vou tentar encontrá-lo.

Reparou que as gentes convergiam para o palco principal e apontou para lá.

- O que é que está a acontecer?

- Um concurso. Vão decidir quem lança a melhor Kamehame.

Goku gritou assustado:

- Na-nani, ojiisan? Vão lançar uma Kamehame aqui… dentro?!!

Namura-san deu-lhe uma pancadinha no braço, tranquilizando-o.

- Ninguém conhece a técnica, Son-san. É um concurso e vai ser só a fingir.

A tensão abandonou o corpo de Goku, relaxou todos os músculos, no rosto uma expressão apatetada de espanto.

- Oh…

Olhou para o palco principal e Namura-san conseguiu vislumbrar os pensamentos dele formando-se, uma única ideia descabida, mas suficientemente louca para ser posta em prática, pois até ele gostaria de ver aquilo.

O sorriso de Goku era torto.

- Achas que poderei participar?

- Claro que sim. Vá, que eu procurarei pelo seu companheiro. Mas, Son-san…?

- Hai.

- Vai lançar uma Kamehame? Aqui dentro?

Goku riu-se como um garoto, encolhendo os ombros, braços semidobrados, expressão travessa na cara corada. Deu meia-volta e encaminhou-se para o palco principal.

O Guedes apanhou Namura-san quando este começou a sua busca pelo príncipe dos saiya-jin. Cumprimentou-o numa deferência tosca e perguntou, afogueado:

- Namura-san, viu… o nosso convidado especial? – Moveu as mãos junto à cabeça, os dedos em forma de pinça a imitar uma cabeleira específica. – Aquele que tem o cabelo assim, o nosso Son Goku?

- Hai, Guedes-san. Vi.

- Precisamos dele para ser o júri do concurso das Kamehame. Onde é que o viu?

- Ele foi participar no concurso.

O Guedes estremeceu.

- O que é que… me está a dizer?

- Acho que será muito apropriado ele participar nesse concurso, levando em consideração a sua identidade que, até à data, não foi desmascarada categoricamente por ninguém. Aliás, tem sido muito acarinhado por todos os fãs que o encontram. O que me leva a concluir, Guedes-san, que ele também vai lançar a sua Kamehame.

- Aqui dentro?!

E Namura-san sorriu, misterioso.

***

Como fizera a sua inscrição totalmente fora de prazo, mas que não tinha sido negada sendo ele quem era suposto ser, seria o último participante no concurso das Kamehame. Por isso, aguardava pacientemente a sua vez de entrar no palco principal, juntamente com os outros concorrentes, onze ao todo, contando com ele. Todos rapazes. De várias idades e ele era, sem dúvida, o mais velho, mas como sucedia a todos os saiya-jin, envelhecia devagar, para prolongar os anos no ativo enquanto guerreiro e ninguém lhe daria a idade que tinha. Não que ele se preocupasse com esse tipo de detalhes…

Os primeiros concorrentes apresentaram a sua Kamehame dentro daquilo que tinham pensado fazer. Subiram ao palco quando o apresentador os chamara pelo nome, tinham-se aproximado do microfone e lançado o grito, acompanhando o desempenho com os gestos corretos ou com uma mímica destinada a ser cómica. A sua energia nunca passara dos mínimos e nunca houvera o perigo de convocarem a dose certa que os faria disparar aquele ataque poderoso. Mas os concorrentes seguintes melindraram-se com a presença dele, ficaram nervosos e dois chegaram a desistir. Goku não percebera muito bem a razão. Aquilo não passava de uma brincadeira, nenhum deles conseguira mostrar um leve indício da luz azulada que caracterizava uma verdadeira Kamehame e o nível estava, mais ou menos, equiparado entre eles. Então, começou a pensar que iria fazer a diferença, só pela satisfação de os surpreender – como se ainda não estivessem suficientemente surpreendidos.

O concorrente número nove chegou-se ao microfone, agarrou neste. Pigarreou, tentou arrancar a atuação só que engasgou-se. Abanou a cabeça, apontou para os concorrentes que aguardavam junto às escadas de acesso ao palco e disse resignado:

- Peço desculpa, mas eu não consigo fazer isto… com ele ali a ver-me! É demasiado humilhante.

Despediu-se com um sorriso e ao passar por Goku, piscou-lhe o olho. O concorrente número dez ouviu chamarem por ele, encarou-o com um certo grau de dureza no rosto fechado e disse-lhe:

- Aquele desistiu, mas eu não! Vou até ao fim, ouviste-me?

Foi até ao palco, lançou uma Kamehame esganiçada, arrancada das entranhas, a cara vermelha de raiva, quase a chegar ao nível requerido para que se visse uma centelha de poder. Regressou orgulhoso, passou por ele olhando-o de esguelha. Goku não tinha percebido nada, mas gostou da atitude daquele rapaz, que continuava a desafiá-lo, apesar de estar tão nervoso quanto os outros.

Ouviu chamarem por ele, o seu nome a ecoar pelo sistema de som amplificado.

- Son… Gokuuuuuu!

Esfregou as mãos, dizendo jovial:

- Agora, sou eu.

Como se fosse a primeira vez que fosse pisar um palco e fazer uma demonstração das suas capacidades.

Bem, pelo menos, naqueles moldes, seria a primeira vez.

Foi recebido por uma ovação entusiasta. Postando-se de pernas afastadas, punhos na cintura, divertido e sorridente, enfrentou o mar de gente. Havia uma mesa colocada diante do palco, onde três jurados avaliavam os concorrentes, auxiliados pela mulher roedora de unhas, que se sentava à parte.

Respirou fundo, contendo-se para não soltar uma risada, pois sentia-se como um menino prestes a fazer uma enorme travessura. Iria mostrar a todos a verdadeira essência do ataque mais emblemático do grande mestre Mutenroshi.

Começou, ignorando o microfone.

- Ka…

Nem precisava de microfone, a sua voz estava bem colocada, no timbre correto, reverberando pelo pavilhão. Postura irrepreensível, braços para diante, mãos em concha unidas pelos pulsos.

- Me…

A assistência emudeceu. Ele conseguia sentir a tensão que se gerara. Levou os braços atrás, controlando a energia.

- Ha…

Teria mesmo de a controlar, não desejava magoar ninguém com aquela pequena e deliciosa travessura. Estava a adorar a reação pressentida e visualizada, ao mesmo tempo que uma espécie de véu de vaidade cobria-o devagar. Um pecado minúsculo para quem gostava de cultivar a discrição, o sangue guerreiro a latejar impaciente, a impeli-lo para uma exibição feroz da sua superioridade natural. Algo instintivo, animalesco.

- Me…

Dentro das suas mãos surgiu uma esfera azul irradiando brilho em grossas faixas da mesma cor. O coração batia-lhe no peito, inflamando-o por dentro. Estava excitado, selvagem, mas continuava controlado.

A assistência moveu-se de forma impercetível, um leve recuo, a proteção involuntária da sua integridade física. Ele sorriu, o olhar tornou-se implacável. O odor do medo daquelas pessoas alimentava o monstro adormecido na sua alma imaculada, algo que ele não desejava controlar, mais esquivo que o seu ki, menos dado a ser domesticado. A esfera azul palpitava sob as mãos em concha, querendo soltar-se e ele retinha com ganas a força destruidora que criara, ao mesmo tempo que adorava a impressão arrasadora que causava à multidão muda e em suspenso.

- Kakaroto!

A pronúncia do nome dele foi como um relâmpago caindo do céu, a fender a terra. Haveria de ser capaz de reconhecer aquele chamamento, aquele tom de voz imperioso, até nos infernos, no meio de uma tempestade, entre as dobras de um sonho. Vegeta estava de pé sobre a armação cimeira de uma das casinhas, por cima do nome designado ao espaço em letras prateadas, mantendo um equilíbrio perfeito sobre uma trave tão estreita. Cruzava os braços sobre o peito, espetava o queixo, cara fechada num semblante ameaçador, os cabelos negros ainda mais eriçados.

- O que pensas que estás a fazer?

Continuava a exigir respostas, obediência, humildade, numa voz rouca, projetada, que preencheu os cantos do pavilhão e encheu a cena. As pessoas giravam a cabeça entre os dois saiya-jin, cada vez mais amedrontadas e tolhidas pelo inesperado. Mas Goku era intrépido, adorava quebrar regras, provocar Vegeta. Sorriu-lhe, inchando a esfera azul de energia, redobrando o brilho dos feixes luminosos que se escapavam das suas mãos. Respondeu:

- A divertir-me…

E então Vegeta sorriu-lhe de volta.

- Sem mim? Nem te atrevas.

Fletiu os joelhos e impulsionou-se, subindo no ar, colando-se ao teto do pavilhão. A assistência gemeu de assombro. Goku levantou a cabeça, seguindo os movimentos do oponente. Analisou o cenário e as possibilidades, mas a travessura ainda não tinha terminado e com a aparição do príncipe prometia desenvolvimentos inesperados, mas demasiado tentadoras para que os descartasse. E entregou-se à transgressão sem qualquer dúvida.

Vegeta transformou-se em super saiya-jin. Mesmo no alto, a onda energética invisível que gerou alcançou a pequena aldeia da fantasia, a multidão boquiaberta e definitivamente silenciosa, agitando cabelos, roupa, as revistas nas bancas e as bandeiras penduradas na casinha de Namura-san.

- Ha!!!

Goku disparou o ataque. Uma vaga azulada, faminta, faiscante, longa e grossa viajou até Vegeta super saiya-jin. Houve gritos e agitação, o medo a crescer imparável, numa onda gigantesca de pânico. Goku espreitou a assistência inquieta, enquanto enviava a Kamehame, dentes cerrados. Só mais um pouco e a brincadeira chegava ao fim… Não desejava ser o causador de estragos irreparáveis, pois mesmo que não parecesse, estava tudo controlado. Eram apenas dois saiya-jin a brincar um com o outro, que se conheciam demasiado bem, que sabiam como se comportar dentro de portas fechadas, exibindo uma energia capaz de desfazer um planeta.

Assim como na sala especial do Palácio Celestial.

A visão de Goku desfocou-se. Algo tremera, mudara…

Apenas uma impressão passageira. Sentiu a vaga azul desprender-se do seu corpo.

Vegeta soltou um brado que abanou o pavilhão nos seus alicerces, sacudindo o chão. Lançou os braços para diante, abrindo uma forma ovalada. Tornou-se rijo, aumentou o volume dos seus músculos. Recebeu a Kamehame naquele abraço, o embate foi estrondoso, engolindo-o numa explosão que causou uma nuvem compacta de fumo branco.

Houve mais gritos, mais agitação.

Goku endireitou as costas, a observar o teto do pavilhão, a granada bojuda de fumo onde se escondia Vegeta. Caiu um silêncio denso, sufocante, o medo a galgar o bom senso, a tisnar todos os vestígios de calma. Elas agarravam-se tenazmente aos namorados, eles procuravam aguentar-se firmes. O júri estava esmagado pela exibição estranha, o apresentador tinha-se convertido num monumento estático ao assombro em estado puro.

A nuvem abriu-se em alvos braços e surgiu Vegeta brilhando como um sol, loiro, poderoso, um super saiya-jin orgulhoso, os braços na mesma posição antes da explosão. Tinha conseguido suster o ataque, tinha conseguido sobreviver ao fogo, tinha conseguido proteger o que o rodeava.

Mesmo que merecesse toda a admiração do mundo, não se ouviu um aplauso ou uma aclamação. O choque de terem presenciado algo completamente irreal tinha entorpecido toda a gente, mas o medo dissipava-se, como se dissipara a nuvem branca, restaurando normalidade aos fôlegos e batimentos cardíacos.

Vegeta pousou no palco e assim que as botas pisaram o estrado, abandonou o estado de super saiya-jin. Cruzou os braços, zangado, voltando costas.

- A brincadeira podia ter-te saído cara, Kakaroto.

- Eh… Sabia que podia contar contigo.

- Continuas o mesmo idiota de sempre. Não tinhas a certeza se eu iria colaborar.

- Tu nunca me desiludiste.

- Hum… Sabes que preciso de ti para voltarmos para casa. Assim que regressarmos ao Palácio Celestial, dou-te um murro nos queixos por me fazeres passar por esta humilhação.

- Ah, Vegeta… Eles gostaram muito de nos ver em ação.

- Honto? – indagou irónico, levantando uma sobrancelha. – Pelas caras que vejo, está tudo mais assustado que satisfeito.

- Dá-lhes tempo.

- Tempo para quê? – Vegeta encarou-o confuso.

Goku respondeu, rindo-se:

- Para perceberem que ainda estão inteiros!

Só ao fim de quarenta segundos é que as pessoas que assistiam ao concurso começaram a falar, em murmúrios gaguejados, e a reagir, arrastando os corpos que era como se tivessem ficado demasiado pesados para serem movimentados normalmente.

Reuniram-se os onze concorrentes no palco, mesmo aqueles que tinham desistido. Vegeta assistia do lado de fora, enfastiado com aquela charada incompreensível. Namura-san, discretamente, tinha-se posicionado perto dele, esperando simplesmente. Não se impôs ao príncipe, nem se fez anunciar, pois antevia a sua natural antipatia.

Sem aguardar pela contabilização dos votos dos jurados e como era esperado por todos, o vencedor do concurso, em todas as categorias, foi…

- Son… Gokuuuuu!! – anunciou o apresentador, recuperando a boa disposição e o ânimo.

O vencedor agradeceu cheio de sorrisos, mas declinou os vários prémios. Fez uma vénia, agradeceu à maravilhosa assistência que se mostrara tão corajosa, acrescentou que nunca tinha tido uma assistência tão especial, tudo no mais perfeito japonês, ninguém o entendeu, mas devolveram o cumprimento e as palavras com um aplauso sonoro, de pé, unânime na homenagem, depois de passado o enorme susto.

Goku juntou-se a Vegeta. Descobriu Namura-san e pediu-lhe:

- Agora, ojiisan, indica-nos a saída.


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Notas finais do capítulo

O concurso aqui relatado é uma das maiores atrações do Iberanime e conta anualmente com participantes muito entusiasmados. São lançadas Kamehame muito originais... mas nenhuma com tanta luz e poder quanto a do Son Goku.

Próximo e ÚLTIMO capítulo:
Lembranças agradáveis, mas efémeras.



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