A Chave Do Segredo - Dark Mystery escrita por Cristina Abreu


Capítulo 4
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Hey!!! Mil desculpas por não ter aparecido ontem. Mas eu estava mal. Muuuuuito mal. Tá tudo uma... Droga. Maldita hora em que mudei de colégio, viu??
Ai, mas enfim. Vocês não estão aqui para ouvir minhas reclamações.
Eu revisei o capítulo (até que enfim, Cris!), mas talvez ainda haja algum erro. Sempre tem.
E adivinha quem aparece nesse capítulo? hehe'
Boa leitura!



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Capítulo 3

Londres, Inglaterra.

Dias Atuais.

Lauren.


Depois do grito, todos correram. Havia uma tensão no ar, misturada ao medo. Tinha certeza absoluta que aquilo nunca ocorrera naquele colégio. Realmente, era muito estranho que os geradores não tivessem substituído as luzes no mesmo instante.

Engoli em seco, dizendo a mim mesma que tudo estava bem. Digo... O que poderia ocorrer ali? Um massacre? Não. Lógico que não. Estávamos salvos, porque era apenas uma queda repentina de energia. Não é?

De qualquer modo, comecei a correr junto quando alguém me empurrou para a frente. Tomei cuidado para não tropeçar em mais ninguém e não cair. Ser pisoteada não faria meu dia melhorar em nada.

Enquanto corria, rezei para que Megan estivesse bem, mesmo sabendo que estaria. Minha melhor amiga não era patética como eu. O pesadelo da noite passada ainda estava em minha mente, e eu odiava que ele me afetasse tanto. Como se a escola fosse aquela floresta. Como se eu fosse morrer...

Berrei quando alguém enlaçou minha cintura e me puxou. Uma porta paralela foi aberta e depois fechada. Ótimo. Eu estava dentro de uma sala agora. Sozinha com algum... Gemi e me preparei para gritar, mesmo que minha boca já estivesse seca. Ai, Deus, eu não quero morrer!

— Laury, pelo amor, fique quieta! – uma mão tampou minha boca. Senti que lágrimas escorriam por meu rosto. Se eram ainda de medo ou de alívio, eu não sabia. Quem me puxara fora Cameron. Apenas ele.

Came me soltou quando teve certeza que eu não iria berrar que nem uma louca. Sério, qual era o meu problema? Parecia que estava paranoica! Foi apenas um sonho, Lauren, nada demais. Deixe de ser essa garotinha assustada. Monstros não existem!

Aos poucos fui relaxando, até que por fim meu coração voltou ao seu ritmo normal. Aí veio a raiva.

— O que você fez, seu bastardo?! Fiquei com medo! Pensei... Pensei... Cameron, seu animal! Idiota! – gritei e soltei-me dos seus braços. Ele deu uma risada tensa. Cruzei meus braços e esperei que ele me respondesse. Entre nós apenas o silêncio – mesmo que lá fora os gritos e passos apressados continuassem.

— Bem, eu vi você correndo que nem uma idiota, e sabia que mais cedo ou mais iria cair. Você sabe bem como é desastrada – fiz uma careta -, então eu te peguei e trouxe para cá... Para conversarmos.

— Não tenho nada para falar com você! – disparei, tremendo de raiva. – E odeio ser assustada! Caramba, a escola está sem luz e você me agarra...!

Mais uma vez ele riu. Fechei minhas mãos em punho.

— Eu gostei da última parte. – ah, Deus, por que mesmo no escuro os olhos dele brilhavam com a malícia? Arfei e desviei o olhar. Tudo o que eu menos precisava era ceder a ele.

— Isso é perseguição, sabia? Que droga, Cameron, por que não me deixa em paz?! Não quero mais nada com você, e você também não vai ficar sozinho, não é mesmo? Tem muitas vadias por aí. Escolha uma e se esbanje nela!

— Você sabe que é muito linda com raiva? – ele sorriu. – E com ciúmes também.

— Não sou linda – infelizmente não era mesmo – e não estou com ciúmes. Mas com raiva? Pode apostar, querido!

Hm... Maldita mania inglesa! “Querido”, “amor”... Argh! Mas que diabos... Tudo que eu menos precisava era que ele interpretasse como um tratamento carinhoso. Esperava que tivesse posto a dose correta de ironia e maldade na voz. Bem, que seja.

Cameron se aproximou de mim no escuro. Não pude conter o arrepio que senti quando ele me tocou e se inclinou para mim. O cheiro dele era maravilhoso. Mordi o beiço, mas não fiz nada para escapar da jaula que era seus braços. Parecia que tínhamos um ímã, puxando-nos um para o outro. Maldição...

Quando os lábios dele estavam quase encostando aos meus, a luz se acendeu e a magia acabou. Pelo menos, diminuiu. Sorri e o empurrei. Minha fachada fria já estava de volta a minha cara e não se derreteu quando o olhar quente dele encontrou o meu.

— Não vai acontecer, entendeu, Cameron? – agarrei a maçaneta e abri a porta. – Desculpe, mas não vai. Nunca mais.

— Nada é para sempre, Laury. – sua voz me alcançou antes que eu desse o fora dali.

Balancei minha cabeça contrariada e fui embora. Só não pude deixar de sentir um mau pressentimento, ao qual não consegui ignorar por dias. E ao qual nunca deixei de sentir.

***

Londres, Inglaterra.

Dias atuais.


Ela sorriu com prazer, apreciando o andamento dos fatos. Tudo até presente momento estava ocorrendo bem, como o planejado. Logo tudo, de fato, entraria nos eixos e o destino não poderia mais ser mudado.



Ou era o que ela imaginava, só que estava tremendamente errada. E isso poderia lhe custar à vida.


Quer dizer, a morte.

***

Roterdã, Holanda.

Seis meses atrás.

Derek.


Ele estava de pé em uma das docas vendo os navios cargueiros se afastando de um dos portos mais importantes da Europa, o de Roterdã, na Holanda. O semblante obscuro fazia a todos com que se afastassem do garoto. Sua tez franziu-se devido aos pensamentos.

Apenas mais alguns meses e depois tudo ocorreria, rápido como uma arma nuclear, devastador. O futuro quase era presente. Dezessete anos se passaram tão rápido! Ele mal teve tempo de fazer qualquer outra coisa, de viver sua vida – ou a vida deles! -, antes que tivesse que matá-la.

Odiava sua mãe por isso. Repudiava-a desde pequeno quando o sentenciou àquela sina. Se não amasse tanto a si próprio, porque nenhum outro o fazia, morreria por ela e morreria com prazer. Mas isso não aconteceria.

Seu corpo retesou-se e Derek se afastou do porto. Devia retornar a Amsterdã, que ficava somente a alguns poucos quilômetros de distância, para arrumar suas coisas. À noite viajaria para Londres, onde observaria por algum tempo a pessoa que supostamente nasceu para amar, a garota que torturaria (e se divertiria com isso!) até a morte.

Suspirou e se encaminhou para seu carro.

A caminhada era feita lentamente, enquanto o rio Reno ficava cada vez mais distante. Pensava em quando a vira pela primeira vez, quando estava com quatorze anos, enquanto ela ainda tinha apenas doze.

Era perfeita e sorridente. Sem maldade alguma, uma princesa que corria pela neve, cheia de casacos no inverno do Canadá, com os cabelos lisos úmidos, devido às bolas de neve que recebia.

Derek, mesmo escondido – desde pequeno já sabia que não podia falar com a pessoa que estava destinado a amar -, alegrara-se, sentira vontade de correr e jogar com ela, de ficar com ela para sempre, abraçados, somente os dois, enfim unidos para todo o sempre. Infelizmente, a vida era uma droga, e eles nunca ficariam daquele jeito. Não ficaram no passado e nem poderiam agora no presente. Ou será que havia um jeito? Um jeito de se amarem, ao menos por alguns segundos?

Mal podia esperar pelo que viria em breve. Não para matá-la, mas para vê-la cara a cara. Finalmente.

E isso mudaria tudo dentro de si. Ou quase tudo.

Engatou a ré e dirigiu pelas ruas movimentadas dos Países Baixos em que se encontrava, rumo a sua capital. Rumo ao futuro.

***

Londres, Inglaterra.

Dias atuais.

Lauren.


Respirei fundo e balancei a cabeça negativamente. De jeito nenhum. Já tivera estresse demais por hoje. (Mas graças a Deus a luz havia voltado rapidamente – ok, não tão rápido -, e não fora nada de grave ou sobrenatural. Ao que parecia, a escola precisava de uma reforma urgente. Ou era nisso que eu tentava acreditar por dois motivos: era mais plausível e não me deixaria doida)

Megan bufou e revirou os olhos castanho-escuros.

— Quem é que recusa uma festa em uma sexta-feira? Ah, vamos lá! Você tem que se habituar em Londres e nada melhor do que uma festa para isso, Laury! – ela disse.


Passara-se uma semana desde que Cameron e eu terminamos. Uma semana de olhares enviesados e expressões de puro ódio, essas últimas lançadas por mim.

— Não. Cameron estará lá e não acho que eu suporte...

— Óbvio que ele vai estar lá. Todos vão, mas por isso que você deve ir. Mostre a ele que o esqueceu. – Meg me cortou.

Suspirei e sentei-me desajeitadamente em minha cama. Estávamos em meu quarto fazendo as lições quando ela me convidou para a tal festa. Tyler, um menino de sua aula de Cálculos, a chamou e disse para levar quem mais quisesse.

Diferente de mim, Megan era boa em se enturmar, mesmo com pessoas muito fáceis de odiar. Ela tinha uma aura vibrante, um espírito animado, que chamava a todos para perto dela, que os animava para conhecê-la. Muito diferente de mim, que era abatida e que não fazia questão nenhuma de me socializar.

— Tudo bem, eu vou. Só não espere a melhor das companhias. – suspirei derrotada.

Meg deu um amplo sorriso e dirigiu-se ao meu armário, vasculhando minhas roupas, até que tirou um vestido vermelho curto e um par de saltos meia pata pretos. Arqueei minha sobrancelha e ela deu de ombros.

— Fica bem em você. – disse e pegou sua mochila. – Bem, eu já vou indo. Passa lá em casa mais tarde?

— Estarei lá às oito. – falei.

— Até. – ela sorriu. – Não desmarque.

— Não vou desmarcar, Megan. – disse em tom cansado. A última coisa que eu queria era uma festa.

Megan bufou e saiu, acenando. Respirei fundo e voltei a fazer meus deveres. Mal podia me preparar para o que aconteceria essa noite.

— Ai. – gemi.


Estava me trocando para ir a tal festa e já estava atrasada. Megan com certeza me mataria, além de que não estava gostando nada daquele visual. Não era eu, estava sexy demais para ser eu.

— Você está linda. – disse minha mãe.


Assustei-me e olhei para ela pelo espelho.

— Mesmo? – perguntei, mordendo o lábio inferior.

— Sim, mesmo. De quem é essa festa? – questionou-me, franzindo a testa.

— Não sei. Só vou porque Megan insistiu. – ajeitei o busto e calcei os sapatos. – Não tem problema, tem?

— Não. Só me conte depois como foi, e não marque nada para amanhã. – avisou.

— Por quê? – minha vez de ficar confusa.

— Vamos viajar. E acho que você vai adorar o lugar para onde estamos indo. – minha mãe sorriu. – Mas só vai saber quando chegarmos lá.

— Nenhuma dica? – eu odiava ficar curiosa.

— Nenhuma dica, mas se quer chegar à casa de Megan no horário combinado, aconselho você a sair daqui agora. – deu-me um beijo na testa e penteou com os dedos meus cabelos lisos, nos quais eu fizera babyliss para encaracolá-los. – Está perfeita.

— Obrigada. – agradeci enquanto nós duas deixávamos meu quarto. Segui para meu carro, jogando minha bolsa no banco de trás e dirigindo para a casa de Megan. Quando cheguei, ela já estava na porta me esperando, vestindo um vestido meia estação cinza com calça legging por baixo e saltos 10 cm pretos.

Olhei para mim mesma e senti-me ridícula.

— Por que eu estou vestida desse jeito, e você desse? – acusei-a enquanto entrava no carro.

— Porque não sou eu quem quer provocar o ex. – ela riu e ajeitou-se, olhando se o contorno de sua sombra preta estava como desejado.

— Mas eu não quero provocar ninguém! – quase gritei.

— Quer sim. Precisa. – ela sorriu e ligou o rádio. – Vamos agora?

Murmurei algo ininteligível e liguei o carro. O motor rosnou, potente, e comecei a dirigir pelas ruas escuras seguindo a direção que Megan me falava.

Quando parei abaixo de um poste iluminado, esse se apagou. Revirei os olhos. Se isso queria dizer que a noite seria uma droga, não precisava. Eu tinha a certeza disso.


Um copo cheio estava em minha mão. Eu não sabia o que era aquilo, mas não conseguira parar de beber desde que cheguei. Embora eu não soubesse qual era a bebida, sabia que continha álcool nela. E muito.

Megan e eu estávamos na pista de dança. Ela não bebera o mesmo que eu, na verdade, ela se restringiu a Coca-Cola.


A festa estava lotada. Todos do meu colégio e mais algumas pessoas que eu nunca vira estavam aqui.

Quem fez o planejamento foi bem competente. No centro estava a pista de dança, onde várias pessoas sóbrias e embriagadas - como eu - dançavam. Mais afastado tinham alguns sofás e uma mesa cheia de petiscos e mais bebidas. E, mais ao longe, era a floresta.

Confesso que não gostei nada daquela floresta ali. Quando chegara, senti um arrepio, e que algo que me chamava para ela. Felizmente, aquelas sensações foram entorpecidas pelo álcool que corria solto em minhas veias.

Levei o copo à boca e tomei um bom gole. A bebida passou queimando em minha garganta, mas não me importei. Virei o copo inteiro.

Megan me olhou com desaprovação, mas a ignorei, mesmo sabendo que se eu continuasse a beber provavelmente ela me pegaria e me arrastaria para fora dali.

A música comandava meu corpo, eu me divertia como nunca! Talvez fosse o álcool. Talvez fosse somente eu. A verdadeira e embriagada eu.

Meu copo vazio fez com que eu tivesse que sair da pista para enchê-lo novamente.

— Lauren! Chega de beber, sua idiota! Daqui a pouco não vai mais nem se aguentar em pé! - gritou Megan, para ser ouvida. Bem, ela iria gritar de qualquer jeito mesmo, com ou sem a música alta.

Revirei os olhos para ela e continuei andando em direção à mesa. Meu equilíbrio estava sendo afetado, mas eu duvidava que não saísse dali andando.

Quando estava novamente enchendo meu copo, uma mão me puxou para longe. Eu esperava ser Megan, mas a pegada fora mais forte e brusca.

— O que você está fazendo?! - gritou.

Ah!

— Estou tentando encher meu copo. Com licença! - falei com a língua enrolada, tentando passar por ele.

— Chega de beber! - gritou Cameron.

— Você não é meu pai. Não manda em mim, e eu vou beber o quanto quiser! - gritei também.

— Posso não ser seu pai, mas como acha que ele vai reagir quando vir a filhinha dele bêbada?!

— Não estou bêbada. - disse eu mais por impulso, porque sim, eu estava bêbada.

— Por que está fazendo isso, Laury? Bebendo tanto... Essa não é você. - Cameron falou com a voz afetada.

— Sou eu! Ou está imaginando outra?! Talvez a Alicia. - retruquei.

— Chega! Pare com isso. Você sabe que eu te amo.

— Prove. - desafiei.

E ele provou. Do modo dele, quero dizer.

Cameron me pegou pela cintura e me beijou. O beijo não foi delicado, foi brusco, como se ele estivesse com raiva, que de fato, estava. Pega de surpresa, correspondi ao beijo, nossas línguas explorando a boca um do outro.

Não sei o quanto durou o beijo. Eu não queria parar. Estar assim, de novo, perto dele, era algo mágico, afinal, eu ainda o amava...

Mas, não o perdoara. Algo dentro de mim acendeu-se, e eu parei o beijo, empurrando Came para trás. Olhei em volta, percebendo que ninguém assistira a ceninha que se passou há poucos segundos. Todos estavam ocupados demais, dançando e se pegando também.

— O que pensa que está fazendo, idiota?! - gritei e limpei a boca.

— O que você pensa?! Beijando-lhe. - gritou ele também confuso.

— Essa é a prova? - eu dei um risinho. - Desculpe, mas não me fez acreditar em suas palavras.

— Você retribuiu.

— Você beija bem. - dei de ombros e passei por ele, largando o copo - ainda vazio - em cima da mesa.

Não sabia para onde iria, simplesmente, deixava meus pés me guiarem. E estes, me fizeram ir para dentro da floresta escura. Apenas a lua iluminava meu caminho, mas já era o suficiente. Andei até ter certeza que me afastara o suficiente.

Um tronco caído cruzou meu caminho, e eu o aproveitei, sentando-me nele e suspirando. Ah, por que eu tinha que ser tão fraca?! Por que correspondera ao beijo de Cameron?

Com o ar frio minha mente se esclareceu, mesmo ainda estando sob os efeitos do álcool. Eu realmente não deveria ter bebido tanto, aliás, não deveria ter bebido nada além de água. Meu sentimento agora? Vergonha.

Gemi e me recostei mais no tronco, abraçando-me. Agora, um vento frio passava por mim, junto com uma neblina que subia. Olhei para o céu, a lua sumia aos poucos de minha vista, deixando-me quase na mais repleta escuridão.

— Está com frio? - perguntou-me uma voz leve e divertida.

Era um homem.

— Quem... - pigarreei. - Quem é?

Minha voz não saiu tão alta quanto deveria, mostrando meu sentimento: medo. Lógico, eu estava sendo boba, afinal deveria ser alguém da festa que me seguira até aqui.

A voz riu.

— Tudo no seu tempo, meu docinho.

Estremeci. Quem era?

— Saia das sombras para eu poder te ver. - pedi apertando a vista, mas meus esforços eram inúteis, tudo estava escuro.

— E por que quer me ver, doce Lauren?

— Porque você pode ser um psicopata qualquer, que quer minha morte. - falei séria, mas mais parecia um tom irônico. - Aliás, como sabe o meu nome?

— Sei tudo sobre você.

E novamente a leve risada preencheu a escuridão. O som era agradável, me fazia querer sorrir.

— Quanto a enxergar meu belo rosto: você irá me ver, Lauren. Tenho quase certeza que sim, tenho quase certeza que não vou ser sortudo. - uma pontada de seriedade cruzou a voz.

— Não vou vê-lo se você não vir até mim.

Começava a ficar irritada.

— Ah, tenho certeza que você não quer minha proximidade, meu amor. - novamente a voz era séria.

— Não temos nenhuma intimidade, então pare com essas denominações carinhosas. - disse eu, minha voz era ríspida.

— Temos mais intimidade do que imagina, pequena.

— Por que não aparece? - gritei.

— Porque não é a hora certa ainda. E, talvez, se eu tiver sorte, nunca será.

— O que quer dizer com isso? Não gosto desses joguinhos, então pare.

— Sabe, não sei se será sorte ou azar, pois nossa relação tem as duas partes... Hum... - continuou ele ignorando-me por completo.

— Não temos relação nenhuma. - fechei minhas mãos em punhos.

— Ah, temos sim. Uma complicada relação.

— Qual é o seu nome? - perguntei.

— Isso eu já respondi: saberá na hora certa, se essa existir.

Mordi o lábio, até sentir o gosto do sangue.

— Droga. - sussurrei.

Ele riu.

— Cuidado, meu amor. - falou ainda rindo.

A voz dele me irritava cada vez mais. E além de irritação, fazia despertar algum sentimento...

Balancei a cabeça.

— O que quer comigo? - minha voz soou suplicante.

— Amá-la. Fazê-la feliz. - respondeu. - E essa é a parte complicada.

Amar-me? Fazer-me feliz?

— Parece que quem está bêbado é você. Não diz nada com nada. - disse eu mais confusa que antes.

— Ah, sim! A bebida! - ele riu. - Você devia tomar mais cuidado com o que bebe.

A risada parou.

— E com quem beija.

Meu rosto esquentou, de raiva e de vergonha. Ele vira, então... Era alguém da festa.

— Não tenho que lhe dar satisfações. Beijo quem eu quiser. – contra-ataquei.

— Por enquanto. Porque ainda será minha, Lauren. Não importa o que acontecer, você ainda será minha.

Tremi novamente. De frio e de medo.

— Minha querida, você não devia sair assim, com roupas tão curtas, embora eu aprecie a vista.

Corei.

— Então você consegue me ver? - era óbvio que sim.

— Sempre posso ver você, meu amor. Quando eu quiser.

As palavras eram gentis.

— E por que eu não? Não é justo...

— A vida não é justa. Você deveria saber deste fato.

— É?! - gritei novamente irritada. - Por isso que eu tenho raiva da vida...

Ele me cortou.

— Deveria ter da morte. Ela é a ameaça. Ela que nos separa.

— Chega, vou embora. - levantei-me.

— Já? - a voz continuava leve. - Tudo bem, nos vemos amanhã.

— Hein?

— Correção: eu a vejo amanhã.

E então, com uma risada, a voz e o dono, partiram. Novamente, eu estava sozinha. Decidida, me levantei e saí a sua procura, curiosa. Queria ver com que estava falando.

Entrei por entre as árvores e vasculhei, tropeçando algumas vezes. Nada. De certo, o garoto já teria ido. Suspirei.

Encaminhei-me de volta para a festa, querendo sair de lá o quanto antes, junto com Megan.

Percebi depois – quando estava em minha cama -, que era a mesma voz que estava em minha cabeça alguns dias atrás. A voz que me levaria para a morte certa.

A conversa que tivéramos? Guardaria para mim mesma. Para meus sonhos e pesadelos.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?! Espero que tenham gostado!
Mas então... Vocês precisam comentar. Sério. Ficar sem reviews também me deixa desaminada, viram? E não, isso não é drama. É sério mesmo.
Então estarei aguardando os comentários de vocês, ok?!
Bem, é só isso, Apple Pies! Beijinhos :*