Capítulo 5

POV Demi Gilbert

-Bem-vindo de volta a Chicago, Stefan – disse Klaus.

Saímos do carro e Stefan indagou logo:

-O que estamos a fazer aqui?

-Eu sei o quanto gostavas daqui. Traz de volta memórias dos dias de Estripador.

Klaus abriu a porta do vagão.

-Bloqueei a maioria.

Espreitei pelo ombro de Stefan  para vislumbrar as luzes da cidade. Nunca tinha aqui estado, mas sempre quis visitar a cidade do vento.

-Muito sangue, muitas festas. Os detalhes são um borrão.

-Bem, isso é uma pena – disse Klaus. – Os detalhes são o que fazem a lenda. Dizia-se que o estripador de Monterrey se tinha sentido sozinho e por isso tinha escapado para a cidade. Tudo era proibido, estava tudo fora dos limites e isso tornava tudo… divertido. Chicago era mágica

-Pois, vou acreditar na tua palavra – falou Stefan. – Como disse, não me lembro de maior parte.

-Voltemos para os negócios, então – disse Klaus e fechou a porta.

-Porque ainda estou aqui? Já nos divertimos, os teus híbridos falharam. Não queres seguir em frente?

-Viemos ver a minha bruxa favorita – respondeu Klaus. – Se alguém pode resolver um problema, esse alguém é ela. Vamos lá amanhã de manhã. Descansa.

Entrei no carro e Klaus mandou o nosso mordomo ir até um hotel que eu não memorizei o nome.

-Pareces cansada – observou Stefan.

-Não tenho dormido muito – falei, observando os edifícios e algumas pessoas que passavam nas ruas. Encostei a cabeça no vidro, começando a ser embalada pelo movimento do carro.

***

O sol bateu no meu corpo, fazendo-me acordar. Estava numa cama, que tinha um teto pintado de branco com vários elementos nas bordas, tornando-o algo imperial. Sentei-me e notei que estava apenas de roupa interior. Klaus estava a dormir ao meu lado, com o peito nu.

Arregalei os olhos e saltei para o chão, tropeçando na minha própria roupa.

-Auch! – exclamei, caindo de joelhos no chão.

-Bom dia – disse ele e levantei o olhar, observando o seu corpo musculado.

-B-Bom dia – levantei-me e cruzei os braços sobre o peito. – O que aconteceu ontem? Porque estou assim vestida?

Ele riu misterioso.

-Bem, querida, tu estavas a dormir tão bem que eu e Stefan decidimos não te acordar. Só isso. Agora vamos. Temos muito trabalho a fazer hoje.

POV Klaus Mikaelson        

Entrámos no bar da Gloria.

-Parece familiar, não é? – indaguei para Stefan.

-Nem acredito que este lugar ainda existe – murmurou ele.

-Devem de estar a brincar comigo.

Olhei para Gloria e sorri.

-Um híbrido entra num bar e pede para o empregado do bar…

-Para! – pediu ela e olhei-a espantado, com um misto de curiosidade e brincadeira. – Podes ser invencível, mas isso não faz de ti engraçado.

Stefan olhou para Gloria.

-Eu lembro-me de ti – disse ela, sem rodeios.

-Sim – concordou Stef. – Tu és a Gloria. Não deverias estar…

-Velha e morta? – ela completou. – Se eu morrer, quem é que vai cuidar deste lugar?

Demi olhou para ela, semicerrando os olhos.

-Gloria é uma bruxa muito poderosa – falei para Demi e sorri para Gloria, que retribuiu.

-Consigo abrandar o envelhecimento com algumas ervas e feitiços, mas não te preocupes, acabará por chegar a mim algum dia.

-Stefan, porque não vais ao bar preparar-nos alguma coisa? – pedi em jeito de pergunta.

-Sim, claro – falou Stefan, a contragosto, mas lá foi para o bar.

-Por falar nisso, estás linda – elogiei, mas Gloria acabou logo com a conversa.

-Escusas de fazer isso – disse ela e sentou-se numa mesa. Eu e Demi acompanhámos o gesto. – Eu sei porque estás aqui. Um híbrido que quer fazer mais híbridos? Essa notícia espalha-se depressa.

-Então o que estou a fazer de errado? Quebrei a maldição – afirmei.

-É óbvio que fizeste alguma coisa de errado – inclinei a cabeça para o lado. - Toda a magia tem uma falha, mas uma maldição tão antiga… teríamos que falar com a bruxa que o criou.

-Essa seria a Bruxa Original – falei. – Ela está bem morta.

-Eu sei – disse Gloria. – E para a contactar, precisarei de ajuda. Traz-me a Rebekah.

-Rebekah? – sorri, olhando para o teto. – Rebekah… está muito ocupada.

-Ela tem o que eu preciso. Trá-la até mim – falou Gloria.

-O que é isto? – perguntou Stefan e nós virámo-nos para ele. Havia uma foto antiga nas mãos dele, que eu reconheci de imediato

-Eu disse-te, Stefan – avisei e levantei-me. – Chicago é um lugar mágico.

-Mas este sou eu… contigo – falou Stefan, chocado.

POV Elena Gilbert

-Stefan podia ter escolhido qualquer lugar em Chicago e escolheu isto? – perguntei enquanto entrávamos no último piso.

-Havia uma escola só de meninas na esquina mas fechou por falta de presenças. Que estranho – disse Damon, irónico como sempre.

-Se estás a tentar assustar-me e fazer-me desistir e voltar para trás, não está a resultar.

-Shh – disse ele colocando o dedo indicador em cima dos lábios e rodando a maçaneta com a sua super força. – E aqui estamos: a segunda casa de Stefan.

-Parece que ele não vem aqui há um tempo – observei, enquanto passava os meus olhos pelo local.

-A tour ainda não acabou – Damon andou até uma prateleira e colocou os seus dedos atrás dela. A estante deu um clique e abriu-se para fora, e ele entrou. Acendeu a luzinha que havia no teto. Espantei-me por ainda estar a funcionar.

Aproximei-me e tudo o que vi foram garrafas de bebidas alcoólicas.

-Stefan escondia o álcool. Que monstro – brinquei.

-Olha mais atentamente – disse ele, inclinando a cabeça para o lado e eu entrei no pequeno compartimento. Havia uma parede só com nomes.

-É uma lista de nomes.

-Hum-hum – concordou ele.

-Estas são todas as suas vítimas? – perguntei, identificando alguns nomes que Stefan já me tinha falado.

-Ainda estás a aguentar? – Damon saiu do compartimento.

-E o que estavas a fazer nesta época? A lutar pela emancipação das mulheres?

-Eu andava por aqui; Chicago é uma cidade grande. Stefan era um estripador convencido e metido, mas consegui evitá-lo e ter algumas Daisy Buchans para mim.

Fiz um trejeito de nojo e ele abriu a porta do apartamento.

-Onde é que vais?

-Aonde ele ia.

-Eu vou contigo.

-Não – determinou ele. – Tu ficas aqui a pensar num plano a sério.

POV Demi Gilbert

-Isto não faz qualquer sentido! Por que não me lembro de ti?

Entrámos no vagão onde Klaus tinha tudo o que o camião que nos acompanhava trazia. Nunca tinha entrado no camião e Klaus mantinha o maior secretismo em relação ao seu conteúdo.

-Tu mesmo disseste que tinhas muitos buracos negros sobre aquela época – falou Klaus.

-Mas se me conhecias, porque não me disseste nada? – Stefan insistiu.

-Estou um pouco ocupado agora, essa história vai ter que esperar.

Stefan puxou o braço de Klaus e ele parou abruptamente. Parei logo se seguida, assustada com o comportamento deles.

-O que raio se está a passar? Responde-me! – mandou Stefan.

Klaus tirou a mão dele do braço e falou:

-Vamos dizer que não começámos da melhor maneira. Para ser honesto, eu odiava-te. A minha irmã tinha engraçado contigo e tu eras um pouco arrogante naquela altura.

-Irmã? – interrompi. – Tu tens uma irmã?

-Então, já conheci outros Originais – afirmou Stefan.

-Se não aguentas, não perguntes – disse Klaus e continuou a andar. – Sim, Demi, eu tenho uma família bastante extensa.

Deu mais alguns passos e parou junto de um caixão. Abriu-o e eu espreitei. Uma mulher dissecada encontrava-se lá dentro, com a sua pele acinzentada e uma adaga de carvalho branco no seu peito.

-Não a reconheço – murmurou Stefan, colocando-se ao meu lado.

-Não digas isso a ela. O temperamento dela é pior do que o meu – falou Klaus e tirou a adaga do peito dela. – Hora de acordar, irmãzinha.

©AnaTheresaC