7 Horas Da Tarde escrita por Alceu Pantaleone


Capítulo 4
Capítulo 4




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/350605/chapter/4

A loira bronzeada soltou um gritinho de hamster esmagado.

Maria, Maria la del Barrio no, no llores más

Maria, Maria la del Barrio por tu amor él regressará

O nanico parceiro da loira colocou a mão sobre a boca, surpreso com Summer e Richard bailando, imaginando quanto tempo eles passaram ensaiando para fazerem aquilo no palco…

Maria, Maria la del barrio no te culpes más

Maria, maria la del barrio Dios te perdonará

Summer não esperava por isso. Nunca duvidou de suas próprias habilidades e talentos como dançarina. Sabia do poder que tinha em um palco. Sabia que poderia lidar com muitas situações inesperadas sobre aquele espaço, onde o olhar dos expectadores converge com sede, principalmente sede de deslizes.

Eres piel morena

Canto de pasión y arena

Eres piel morena

Noche bajo las estrellas

Estava absolutamente preparada para “salvar a pátria”, colaborar com a possível falta de habilidade de seus parceiros de dança e “tapar buracos”. Educou-se durante toda sua infância e adolescência para saber aceitar os limites dos outros, por mais que trabalhasse com pessoas talentosas o tempo todo. Estava pronta para ser solidária em momentos de caos.

Eres piel morena

Playa, sol y palmeras

Eres piel morena

Sueño de mi primavera

Quase ria da carinha de vergonha que Richard escondia com a palma da mão, antes da música começar. Coitadinho dele. Dançar seria seu handicap como ator? Provavelmente. Talvez fosse um daqueles atores machões vestidos sempre de preto, bebedores de vodca, com pistolas de festim em mãos ou obrigados a usar pelúcias em filmes de fantasia medieval, urrando que nem um urso contra os orcs…

Es el fuego de tu hoguera que me tiene prisionera

Ay caramba!

A jovem escondeu o susto ao perceber o jeito nada noob de Richard dançar. Ele sabia o que estava fazendo. Mal ouviu o início do pot-pourri (de uma cantora mexicana desprovida de duas costelas), pôs-se a dançar.

Ele era profissional.

Confiante, Richard sorria. Nada de nervosismos, exceto por algumas caretas que fazia para o vestido feioso de sua parceira de dança, soprando e torcendo o narigão quando algum babado do busto voava sobre seu rosto.

Summer estava encantada com esse homem e conseguiu esconder bem isso. De certa forma, estava envergonhada pela surpresa e preconceito que nutriu até então: Ela achava que estaria no controle da situação. Que era a dona da bola e que o tiozão era um perna de pau.

Só que a moça não ia se deixar intimidar. Ele poderia ter ficado absurdamente sexy³ dançando músicas latinas daquele jeito descontraído e com as sobrancelhas arqueadas de vilão, erguidas como um sintoma de profundo relaxamento, mas ela ainda era a mentora do plano. Em nenhum momento se descontrolou e dançou como a diva que sentia que era. Summer não gostava de ser guiada em danças e deixou claro que era dona de si. Mas Richard quebrou o protocolo…

A primeira música escolhida por Summer encerrou. O casal finalizou a dança e o público aplaudiu alegremente, para a raiva da loira figurante e seu anãozinho de jardim simbiótico.

Summer e Richard se olharam, ainda unidos em posição de dança. O momento era lindo, sensual, romântico e com coraçõezinhos flutuando sobre a cabeça da coreana… Bem, seria. Se seu parceiro não sussurrasse:

- Gotcha! – Fazendo a cara de Sir Guy of Gisbourne.

“Hey, Gotcha eh minha exclamação interior por direito!”

Atuar e trabalhar durantes anos em musicais deu XP suficiente para Richard. Sua percepção era aguçada na hora de identificar um artista com o ego ferido. E sua parceira estava visivelmente irritada com suas habilidades como dançarino. Por um lado, era até divertido sentir novamente o que era dançar para um público, mesmo que tão pequeno. Por outro, sua parceira estava lhe mostrando a língua e virando os olhos como uma menina de 12 anos.

Rapidamente, enquanto os dois se encaravam e o público pedia bis, a loira maligna, em um ato de pura inveja, trocou secretamente a segunda música escolhida por Summer. Como a inglesa feiosa fez isso, não se sabe, pois as maquinações dos deuses vão além de toda vã filosofia, esbarrando na preguiça de quem escreve esta estória…

E a música começou a tocar.

- Eles trocaram sua música? – Richard sussurrou.

- Mas que… – Summer inflou as bochechas.

Os dois identificaram a melodia como um tango remixado com alguma música eletrônica.

E os dois trocaram largos sorrisos, afirmando sem palavras a justa que iam começar ali.

³º3º³


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "7 Horas Da Tarde" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.