Mistérios Nas Sombras escrita por Beatriz Menezes


Capítulo 3
Capítulo 2 - Enxergar




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/350483/chapter/3

Enxergar

2

  Anny acordou no chão de seu quarto. Eu devo ter caído, pensou ela. Já fazia nove anos que ela não tinha caído da cama. A última vez fora com seis anos. Sua mãe deixou um recado para ela na mesa dela.

Anny, eu fui às compras.

Seu pai deve ter ido trabalhar e você deve estar atrasada para a aula. Certo?

Beijos, mamãe.

  Anny olhou para o relógio, eram nove horas. Que merda, pensou. Também quem é que faz uma festa no domingo?  Ela pegara seu celular. Na tela estava escrito: Duas novas mensagens. As duas eram do Steven. Uma ele perguntara por que ela faltara e a outra era falando sobre um trabalho de biologia.

  Ela coçou a cabeça, foi para frente do seu espelho. Seu cabelo estava embaraçado, tinha nascido uma espinha no seu queixo. Ela foi tomar banho.

  A água estava fria, isso não a incomodou. Ela lavara seus cabelos. Colocou uma toalha enrolando o cabelo e pôs um roupão. Ela colocara um short jeans e uma blusa branca escrita: I Love My shoes. Penteou os cabelos lisos e castanhos, prendeu os cabelos, pôs seu lápis de olho, pegou os livros das aulas que teriam no dia e estudou. Anny nunca gostara de faltar aula. Primeiro que ela estaria atrasada se algum professor desse algum assunto novo. Segundo: Ela odiara faltar às aulas de geografia, que seria sua matéria favorita e terceiro: só na segunda feira tinha aula de artes. Ao dar 10h e 30 min ela sentiu fome. Ela desceu as escadas brancas de mármore, foi na cozinha e fez torradas. Ela voltara para o seu quarto e pegara seu Mp3. Anny colocara os fones nos ouvidos e colocara na música: Lithium de Evanescence. Assim o ronco do meu pai não vai me interromper, pensou ela. A dor de cabeça e a sensação de possuir os sentidos dos outros ainda estava afetando-a, deixando-a zonza, mas ela pensou que seria a famosa: ressaca. Era a primeira vez que ela estava experimentando essa sensação ridícula, mas quando se tem amigos realmente surtados, a vida não tem sanidade. Uma demonstração das loucuras da juventude... Pensou Anny. E aquilo estava só começando. Entretanto, para sua primeira festa ela não deveria ter bebido algo tão forte, afinal ela não era: Clare, a rainha das bebidas e das festas, ou Susan: totalmente anormal, fora da lei (principalmente da lei seca), rainha dos fumantes e drogados. - Drogas, ann não tinha bem certeza, mas quando se tratava de Susan Lodge tudo é possível.

   O seu telefone tocou. Ela tirara os fones dos ouvidos imediatamente.

  - Alô. - Disse Anny.

  - Anny? - A voz soava familiar. Logo ela reconheceu quem era.

  - Oi, Steven.

  - Anny, nós temos um trabalho em grupo eu vou à sua casa depois da aula. Tudo bem pra você?

  - Sim. - Ela viu Susan e Clare na sua frente. Ele falou algo mais Anny não o ouviu. Ela só ouvia o chiado do telefone na outra linha.

  - Ann! Anny?! Você esta ai? - Perguntou Steven. - Pare de me repetir! Anny? - Era como ela estar incorporada no corpo de Steven. Ela ouvia o que ele ouvia, ela estara segurando o orelhão da escola e não o seu celular. Ela fechou os olhos e respirou, na verdade não foi ela, foi Steven.          

  - Ann eu vou desligar. Tchau. - Ela repetiu. Steven desligou.

  - Steven? Steven? - Gritou ela para o telefone. - A ligação deve ter caído. - Disse para si mesma.

  - Anny. - Disse Richard ao acordar-se. - Você não foi para a aula? - Perguntara seu pai.

  - Não.

  - Por que, posso saber?

  - Eu ontem fui para a festa de aniversário da Susan, eu cheguei tarde. - Ela fez uma pausa. - Eu não ouvi o despertador tocar. - Ela olhou para os olhos do pai.

  - E... - Disseram ambos juntos. - Anny? - Continuou seu pai. Ela estara vendo a si mesma sentada na sua cama. - Anny? Você esta ai? - Ele saiu de sua frente.

  - O que? - Disse ela sozinha. - O que esta acontecendo?

  - Hã? - Voltou o seu pai para o seu quarto. - Como, minha filha?

  - Pai, isso pode ser estranho, mas... - Não olhe para os olhos dele. Disse ela para si mesma. - Mas, quando eu olho para os olhos de outras pessoas eu vejo... Eu não sei.

  - Você esta bem? - Perguntou-lhe.

  - Sim, pai. - Ela expirou. - Quando eu olho em seus olhos eu olho o que você vê.

  - Ah, é como se tivesse um espelho em meus olhos certo?

  - Mais ou menos.

  - Quando eu olho em seus olhos eu também me vejo.

  - Mas, é diferente... - Será que ele não entende? - Pai, é como se eu entrasse em você. Eu escuto o que escuta, vejo e falo...

  - Hmm... É como se você tivesse meus sentidos. A audição, a visão. - Ele passou a mão pelo queixo. - Interessante.

  - Não vai me levar para o laboratório, vai? - Perguntou ela com um pouco de medo.

  - Só se quiser descobrir o que é isso...

  - Não, eu estou esperando o... - Começou Anny.

  - O seu namorado? O Steven é o nome dele, certo? - O interrompeu.

  - Ele não é meu namorado. É o meu melhor amigo. - Explicou ela.

  - Mas, se passa de amigo para namorado. - Disse ele. - Foi assim que aconteceu comigo e sua mãe.

  - Sério?

  - Eu já menti para você?

  - Não. - Ele voltou para o quarto dele.

  Anny olhou para o relógio, eram onze e quarenta e sete. Mas, já? Ela foi para a janela, abriu as cortinas. As suas pupilas diminuíram por causa do contato com a luz do sol. Ela piscara os olhos duas vezes. O Sol estava fazendo grandes sombras ao bater nos prédios a frente da mansão de Anny. A casa dela parecia um prédio de tão grande que era não tinha por que ser tão grande. Ela olhou para frente da sua casa, não havia nenhum movimento em plena segunda feira. O céu estava azul, com alguns nimbos distantes, uns cirrus mais próximos.

  Ela vira o carro da sua mãe e correra para ajudá-la com as compras. Ela pegou três sacolas e levou-as para a cozinha, ela certamente não tinha muita força para carregar as sacolas. Pois aquelas três já estavam bem pesadas. Então ela olhou para a mãe e sentiu o peso que sua mãe carregava em seus braços, ann caiu.

  - Anny? - Sua mãe jogou as sacolas na poltrona e fora ajudar ann. - O que foi? - Seu pai apareceu de jaleco na sala, abotoando dois últimos botões que faltavam. Anny levantou-se em um salto.

  - Você vem comigo, ann? - Perguntou-lhe o seu pai.

  - Não, eu estou esperando o Steve. - Ela suspirou. Sentou-se no sofá.

  - Certo. Vou trabalhar. - Anunciou. Ele passou pela porta e a fechou com força. - Ah, oi Steven. - Disse Richard ao vê-lo.

  - Oi Sr.Black. - Steven levantou a cabeça, pegando o livro de biologia na bolsa.

  Richard abriu a porta da mansão e falou:

  - Anny ele chegou. - Ao ouvir Anny pulou do sofá e foi ver o seu amigo.

  - Oi, Steven. - Disse ela. Os olhos azuis dele encontraram os seus que eram verdes e brilhantes. As pupilas de ann estavam minúsculas. Ela estava com o cabelo preso, deixando apenas duas mechas soltas.

  - Oi, ann. - Ele entrou na casa dela, entregou-a uma folha que falava sobre o trabalho de biologia. Ela a analisou com cuidado.

  O trabalho de biologia era bem simples. Eles apenas deviam pesquisar sobre a vida de um inseto, Steven escolhera a libélula.

  - É só isso? - Ela perguntou para Steven. - O trabalho?

  - É. Para valer apenas três pontos na nota é só isso. - Ela o tomou pela mão e levou-o para o seu quarto no andar de cima.

  - Então vamos terminar esse trabalho rapidinho. - Disse ela. - Por que você escolheu a libélula?

  - Acho que nenhuma dupla vai escolher esse inseto.

  - É, acho que sim. - Ela pegou uma enciclopédia com o nome Insetos. - E acho que tem o que queremos aqui. - Ela procurou sobre a libélula. Eles fizeram o trabalho em pouco tempo. - Pronto, terminamos.

  - Eu trouxe sua lição. E o assunto que a professora de história deu. - Ela olhou nos olhos dele, dessa vez a sua visão não mudou.

  - Obrigada. - Ela ficou alguns segundos encarando ele.

  - Você esta me encarando, por quê? - Perguntou ele cortando o silêncio. Ela olhou para as folhas que Steven copiou para ela e o olhou para ele novamente. Dessa vez ela notou que os cabelos ruivos do amigo estavam grudados na testa.

  - Por nada. - Ela sentou-se na sua cama. - Você esta suado.

  - O ar-condicionado quebrou.

  - Nossa! Você deve ter ficado uma fera.

  - Principalmente porque era aula de matemática. - Ele sorriu para ela, Anny retribuiu o sorriso. - Vou para casa tomar banho.

  - Certo. - Ele levantou-se da cadeira que estava e saiu do quarto de Anny, ela o seguiu. Anny abrira a porta para ele. Depois os dois trocaram os tchaus.

...

  Julye ficara um pouco perturbada com seu marido, ele não tinha comido nada antes de sair para trabalhar. Ela terminara de fazer o almoço e chamara sua filha para comer com ela.

  Julye tinha feito risoto. Depois de almoçar ela ligara para Richard.

  - Merda. - Reclamou ela para o celular. Tinha caído na caixa postal. Ela tentara novamente. - Alô, Richard?

  - Julye! - A voz soava familiar, mas, não era do seu marido.

  - Thomas? - Ela ficou surpresa de ouvir aquela voz grossa e firme novamente. - Acho que liguei errado, eu queria falar com o...

  - O Richard? Ele esta aqui.

  - Posso falar com ele? - Perguntou ela com uma curiosidade. Nunca mais ela falara com Thomas, nem Richard depois da última briga que os três tiveram.

  - Não. - Thomas riu.

  - Por quê? - Ela preocupou-se. - O que você fez?

  - Nada, ainda. - Ele riu novamente. - Seu marido esta trabalhando em paz.

  - Thomas, não faça nada com ele.

  - Por que não? Vocês fizeram aquilo comigo.

  - Foi um erro. Por favor.

  - Se quiser que ele sobreviva, mande-o encontrar-se comigo na Itália.

  - Na Itália? - O que esse menino quer agora? Pensou Julye.

  - Sim.

  - E se eu não quiser? Seu tapado. - Ela o xingou.

  - Sua filha vai pagar. - Ele sentou-se no chão.

  - Não a inclua nisso!

  - E se eu não quiser? - Repetiu-a. - Sua tapada.

  - Não fale assim comigo! - Gritou ela. Anny assustou-se e olhou para a mãe na cozinha gritando e xingando.

  - Eu falo da forma que eu quiser. - Disse ele com a voz mais firme e mais grossa. - Você não manda mais em mim. Que eu saiba hoje eu faço vinte e quatro anos.

  - Idai? - Julye recolheu os pratos da mesa e colocou sobre a pia.

  - Não vai me dar: parabéns? - Ele sorriu sozinho na escuridão.

  - Não mude de assunto, Thomas Athawand. - Anny nunca tinha visto sua mãe falar com alguém com tanta firmeza.

  - Então. Mande Richard Black vir aqui e eu não os matarei todos.

  - Você vai matá-lo? - Julye encostou-se na parede assustada.

  - Você prefere a todos? - Ele sorriu novamente. - Que escolha sabia.

  - É claro que não. - Ela respirou duas vezes. - O que você planeja?

  - Eu só vou ter uma conversa de homem para homem. - Ele levantou-se. - Você sabe como é...

  - Se você...

  - O que você vai fazer? Chamar a CIA? - Ele riu. - Você só pode estar brincando.

  - Eu não ia dizer CIA.

  - O que então a policia? Você acha que eu tenho medo de ser preso?

  - Eu não vou deixá-lo ir.

  - Eu não preciso mais de você. - Thomas desligou.

  - O que? - Gritou ela. - Thomas? Porra! - Xingou. Ela olhou para a filha com olhos arregalados e a sobrancelha direita levantada. - Tenho que falar com seu pai.

  Anny escutara toda a conversa. Desde que adquiriu aquele dom especial.

  Anny pegou seu celular e ligou para Steven. Ele atendeu.

  - Steven, me encontra no parque daqui a cinco minutos e leve o skate. - Disse ela com presa. - Tchau.

  - Tchau. - Quando ele disse, ela já havia desligado.

  Anny correu ao seu quarto, puxou o skate embaixo da sua cama e correu ao descer as escadas.

  - Mãe, eu vou sair com o Steven. - Gritou. A porta bateu.

  - Adolescentes. - Disse sua mãe e sorriu, como se ela fosse uma adulta.

 Anny chegara ao parque, ela não encontrara Steven. Ela pegara seu celular para ligar para ele.

  - Oi, ann. - Diz Steven. Ela derruba o celular, assustada, ela abaixa-se para pegar e virá para Steven que estara atrás dela. - Desculpe. Eu não queria assustá-la.

  - Tudo bem. - Ela coloca o skate no chão. - Vamos? - Ele balança a cabeça dizendo sim.

  Constitution Gardens era um ótimo lugar para andar de skate. Ao norte de Anny ela via a enorme pirâmide, pelo menos o topo era uma pirâmide. Os raios do sol refletiam sobre ela. As árvores tinham suas longas folhas direcionadas ao lado e a grama era fresca. Antes não era possível andar de skate naquele local, apenas bicicleta, pois a grama se apoderava dele; agora, com as pequenas partes de cimento - totalmente deslizável - passar o dia no parque com alguém que você gostava era algo agradável.

  - Steven, eu posso contar-lhe uma coisa? - Perguntou-lhe Anny.

  - Pode. - Os seus olhos brilhavam e enchiam a sua visão. Parecia o seu noturno estrelado.

  - Eu sei que isso pode parecer estranho, mas, eu acho que tenho poderes... - Disse ela.

  - O que? - Ele assustou-se. - Você está brincando? - Ele sorriu. Desta vez ela não sorriu para ele. Ela deve estar falando sério, Steven pensou.

  - É sério. - Ela expirou. - Quando eu olho para qualquer pessoa aqui no parque e concentro-me nela... É como eu obtivesse os sentidos dela. - Steven a olhou com uma cara de idiota e riu.

  - Anny, você é louca às vezes? - Disse ele. Ela vez uma cara séria, que pareceu uma careta. - Ou tenta-me fazer rir? - Ela não respondeu nada. - Isso é sério?

  - Eu estou com cara de quem esta brincando? - Ela olhou nos olhos dele. Azuis e profundos. Não, ela não tinha cara de quem estava brincando. Os olhos tinham perdido o brilho, a pele estava pálida apenas por falar, a boca ressecada e seus braços cruzados à altura do seio faziam-na parecer mais velha, de modo fofo aos olhos de Steven. Ela parecia uma criança brigando com os pais.

  - Não. - Ele sentou-se do lado dela. Os dois permaneceram calados, até que Steven cortou o silêncio: - Eu não acredito em você. Ter poderes é totalmente impossível. - Uma mulher baixinha, com sardas e cabelo castanho, virou-se para Steven. Ele tentou desviar o olhar, mas, ela insistia.

...

  Thomas Athawand fora no trabalho de Richard logo depois de falar com Julye.

  Thomas entrara no laboratório de Richard. Thomas não sabia se realmente aquilo era um laboratório, o local de trabalho de Richard parecia uma clinica medica, e também era muito parecido com um hospital em miniatura.

  O laboratório que Richard trabalhava era um prédio de dois andares. Richard trabalhava no segundo andar, onde ficara a maioria dos laboratórios.

  Thomas entrara na recepção.

  - Quero falar com Richard Black. - Falou ele para a recepcionista.

  - Desculpe-me, mas, o Sr.Black esta em reunião. - Disse a mulher de cabelos pretos brilhantes. - Quem gostaria de falar com ele?

  - Thomas. - Disse ele.

  - O senhor quer deixar algum recado? - Ela pegara uma folha pequena de papel e uma caneta.

  - De que horas acaba essa reunião? - Disse Thomas impaciente.

  - De duas horas. - Ela segurou sua mão uma na outra. Thomas olhara o relógio: 12 h 50 min. - Quer deixar um recado?

  - Não, poderia me dar o telefone dele? - Ele passou a mão por uma das sobrancelhas.

  - Claro. - Ela abriu uma gaveta e anotou o número de Richard.

  - Obrigado. - Disse ele olhando com atenção para os algarismos.

  - Não a de que. - Ele deu de ombros. - Qual seu nome?

  - Sou Thomas. Thomas Athawand. - Então Thomas virou-se, ignorando totalmente a presença da mulher e foi-se, impaciente.

...

   Uma mulher continuava olhando para Steven de forma irritante. Ele não se sentia confortável, ela estava os seguindo desde a casa de Anny.

  Ele aproximou-se de Anny, até o seu ouvido.

  - Essa mulher não vai parar de olhar para mim? - Sussurrou ele em seu ouvido.

  - Eu não sei. - Suas bochechas se bateram, isso fizera a franja de Steven cair sobre os olhos, Anny piscou e desviou apenas os olhos em uma fração de segundo, olhar tão direto em seus olhos tinha feito uma tremedeira prazerosa em toda a sua espinha dorsal.

  Ele voltou a sua antiga posição, tentando disfarçar que não percebera a mulher. A mulher tinha parado de olhar, finalmente, pensou Steven. Ele voltou a olhar para Anny. Os seus rostos estavam próximos, mas não o suficiente, Anny estava prestes a murmurar algo sem muita vontade. O rosto de Steven chegou mais perto do de Anny, sem ela perceber pelo desvio do olhar: seus lábios se tocaram. - Não foram apenas os lábios, o celular de Anny também. - E o beijo ficou só no selinho.

  Anny desviou o rosto do de Steven. Olhou para a tela do telefone, tinha um número novo, qual ela nunca tinha visto. Então, ann atendeu. 

   - Alô? - Disse ela.

  - Richard? - Anny ouvira uma voz grossa e firme, e estranha.

  - Quem é? - Perguntou Anny.

  - Quem é? - Perguntou Steven, Anny tapou sua boca com a ponta dos dedos.

  - Sou Thomas Athawand, eu quero falar com Richard Black. Com quem falo?

  - Com a filha dele. - Steven repetiu a pergunta “Quem é?”. Fazendo Anny irritar-se, mas o respondeu: - Um tal de Thomas Athawand. - Disse ela para Steven.

  - Posso falar com seu pai, Anny? - Perguntou ele.

  - Como você sabe meu nome? - Ela olhou para Steven com cara de idiota. Steven sentou-a na grama com um puxão e sentou-se ao seu lado na intenção de Anny relaxar.

  - Posso falar com seu pai? - Disse ele com mais firmeza.

  - Desculpe-me, Thomas. - Ela coçou o olho esquerdo. - Meu pai esta no trabalho, ele me emprestou o celular, o meu quebrou.

  - Obrigado. - Ele desligou. - Merda! Merda! - Gritou ele em sua casa.

  - Quem é Thomas Athawand? - Perguntou Steven.

  - Não sei. - Ela virou os olhos do celular para Steven. - Ele queria falar com meu pai. - Ela olhou para os olhos azuis escuros de Steven e mudou sua visão.

  - Anny? - Disseram os dois ao mesmo tempo. Steven fechou os olhos e Anny voltara ao normal.

  - O que? - Ela quase caiu para trás.

  - Temos que dominar esses poderes. - Disse ele. Ele recebera uma mensagem da mãe. - Vou ter que sair com minha mãe. - Ele continuara olhando para o celular.

  - Sua mãe esta mandando mensagem? - Perguntou ela, Steven olhou para ela.

  - Ela me pediu para ensinar.

  - Ah. - Os dois colocaram os skates no chão. - Tchau, Steven. - Disse ela.

  - Tchau, ann. - Disse ele virando para a direita. - Até mais tarde.

...

  Anny virou para a esquerda.

  Quando Anny chegara em casa ela ouvira o telefone tocar, sua mãe estara no banho. Ela pegou a chave no bolso do seu short jeans, abriu à porta, ela pegara o telefone sem cuidado e deixara cair à mesa onde ficara o telefone. Por sorte a mesa era feita de madeira.

  - Residência dos Black, Anny Black falando. - Ela ouviu respirações fortes. - Quem é?

  - Anny! - Falou baixo. Ela ouvira uma voz que soava familiar, era Carlyne, uma das suas amigas. Só ao escutar sua voz ela parecia estar cansada.

  - O que aconteceu? Carly, você parece estar exausta.

  - Eu não tenho muito tempo para falar, ann.

  - Fale mais alto para eu te entender. - Anny ficou preocupada.

  - Não posso. Se não ele me encontrará. - Carlyne prendeu a respiração.

  - Quem vai te encontrar? O que esta acontecendo?

  - Anny, ele levou gabi. Ele esta procurando a todos. Não venha aqui. Ele poderá matar-lhe.

  - Carly!

  - Tenho que desligar. - Ela desligou. Anny sentiu um arrepio na espinha. Anny ligou para policia.

  - Alô. - Disse ela desesperada. - Policia, tem um assassino na casa dos Lifflyn. - Depois ela os deu o endereço.

  - Certo. Já estamos indo.

  Olhos de Anny reviraram-se para cima. - Era para os olhos ficarem brancos, mas ficaram negros. - O chão pareceu virar, seus ossos pareciam água, ela não conseguia respirar. O telefone bateu no chão, o estouro fez Julye assustar-se.

  A mãe de Anny saiu do banheiro, vestiu um vestido com estampas de folhas. Ela descera as escadas de mármore e encontrara a filha paralisada na sala segurando o telefone branco.

  - Anny. - Julye correu. - Minha filha você esta bem? - Anny revirou os olhos para a mãe e desmaiou.

...

  Carlyne logo escutou o barulho da policia chegando. Ela se escondera na despensa da cozinha. O serial killer escutara o barulho da policia. Carly aproximou se da porta. Ela vira o serial killer bater com as costas na porta da despensa e esmagar os dedos de Carlyne, ela fechara a boca e gritou para dentro, o que fez Anny gritar.

  Julye ligara para o marido e para o hospital. Richard chegara em casa às pressas. Sua filha estava com os olhos pretos sem íris nem pupila. Ele levara sua filha para o seu laboratório, ele fora com alguns paramédicos. Anny estava pálida, nunca havia estado tão branca. Agora ela era uma parte de Carly.

  Carly tentou mexer os dedos, mas, os seus ossos haviam sido quebrados. Ela pegou uma faixa e enrolou em sua mão.

  O criminoso fugiu pela porta dos fundos da casa de Carly, ele levara Gabriela Lifflyn com ele.

  Os policias vasculharam a casa. Não encontraram ninguém nos quartos ou na sala. Robert, o irmão de Carly escondera-se no porão com seu pai. Um policial abriu a porta da despensa e vira Carlyne chorando.

  - Onde estão seus pais? - Perguntou o policial loiro de olhos cinzentos. Carly não conseguio falar. Ela levantou-se segurando sua mão e andou em direção ao porão. Esticou o dedo para a porta do porão.

   Logo Robert, o irmão de Carlyne e Taylor, seu pai, saíram do esconderijo no porão. O psicopata não fez questão de entrar no porão quando estara na casa. Foi estranho para Carly vê-lo tentando desviar das escadas que levavam para o porão.

  O mesmo policial que falara com Carlyne, fora falar com Taylor. Ele parecia completamente louco, Gabriela Lifflyn - Sua suposta filha, sequestrada. -, não estara mais em casa. Mesmo sem conseguir muito bem pensar, Carlyne ligou para Anny novamente para avisar que agora estava tudo bem. - Anny foi deixada em casa, e Richard partira novamente para o trabalho, dentro de algum tempo sua filha estaria bem, e, Julye velaria o corpo da filha até lá. - Como só dava ocupado pelo telefone, Carly ligou para o novo número de Anny. - Que seria o do celular do seu pai. - O telefone virou no bolso de ann, isso fez a despertar. Julye estava falando, gritando, com Richard pelo celular.

  - Ela acordou. - Julye desligou e foi para perto da sua filha. - Anny, você está bem?

  O celular de Anny vibrou novamente, ele começara a tocar a música - The dogs days are over. - Anny olhou para a sua mãe, ela ainda não enxergava nada, até que seus olhos caíram em cor dourada. Ela levantou-se, pegou o celular e atendeu.

  - Oi, Carly. - Os olhos de Anny voltaram ao normal.

  - Ann, que bom que você atendeu. - Carlyne parecia mais feliz agora. - A policia está aqui, mas, ele levou a gabi.

  - O que?

  - Os policias estão falando com meu pai e... - A ligação foi interrompida.

  - Carly? CALRY! - Anny começou a gritar com o celular.

  - Senhorita Black? - Eu disse que a ligação foi interrompida, - Desculpe-me, por atrapalhar sua conversa. - não foi terminada. - Sou Oliver Lindsay, agente da CIA. - O que? Estou falando com a CIA? Anny perguntou para si mesma. - Anny Black? Você está ai?

  - Sim, estou. - Anny sentou-se na poltrona da sala, ela estava sem ar. Julye sentou no sofá e ligou a televisão.

  - Ótimo, estamos interessados nos seus poderes. Posso falar com seus tutores? - Perguntou Oliver.

  - Como vocês ficaram sabendo? - Perguntou Anny.

  - Uma agente nossa foi mandada para a capital, Washington, D.C, a procura de um fugitivo. - Oliver começou a explicar. - Ela estava no parque Constitution Gardens e há viu com um garoto ruivo, vocês estavam falando sobre seus poderes. - Então aquela mulher era uma agente da CIA, pensou Anny.

  - E?

  - Ela nos informou sobre seus poderes, nós queremos que seja uma das nossas agentes, treinaremos você. Se você quiser e se seus tutores deixarem. Posso falar com eles? - Anny respirou fundo e passou para a sua mãe.

 Julye pegou o telefone da mão da filha.

  - Sra.Black? - Perguntou Oliver com incerteza de que estara falando com a pessoa certa. - É a senhora?

  Com certeza não seria minha avó! Julye tinha pensado em dar uma resposta mal criada, não adiantaria nada. Principalmente porque ela não sabia com quem estava falando. Então, ela apenas respondeu:

  - Sim, sou eu. - Julye olhou para sua filha. A expressão dela era calma, como sempre. Anny sempre pensara que a mãe vivia com incensos, ninguém conseguia ser tão controlado quanto Julye. - Com que estou falando?

  - Sou Oliver Lindsay... - Começou Oliver, mas, Julye a interrompeu.

  - Desculpe, nós nos conhecemos? - Julye afundou um pouco no sofá macio.

  - Não, senhora. Eu sou uma agente da CIA e... - Ela interrompeu novamente.

  - O que a CIA quer comigo? O que aconteceu, agora? - Julye continuava com a expressão de “incenso”.

  - Se a senhora deixar-me explicar! - Oliver ficou um pouco impaciente. Ela ainda estava tentando deixar sua voz relaxada.

  - Certo, prossiga. - Julye colocou uma almofada no colo.

  - Uma das nossas agentes foi para o parque que sua filha fora mais cedo. Ouvimo-la e um amigo falando sobre seus poderes e... - Oliver explicou a Julye como elas teriam descoberto a anomalia de Anny.

  - A minha filha não tem poderes, vocês estão tirando sarro da minha cara? - Julye reclamou. Anny encolheu-se na poltrona.

  - Você sinceramente acha que a CIA ligaria para passar um trote? - O tom da voz de Lindsay era firme. Julye não respondeu nada, então Oliver continuou: - Caso não acredite em mim pergunte para sua filha. Ligarei novamente daqui a 2 h. Obrigada. - E desligou.

  Julye olhou firme para ann. Elas ficaram caladas, não sei por quanto tempo dizer. Digamos que mais ou menos três minutos. Anny falou:

  - Resolveram?

  Julye respirou fundo.

  - É verdade que você tem poderes? - Ela perguntou. Anny não falou nada. Julye tornou a repetir a pergunta de uma forma diferente. - Você tem poderes, ann? - Anny assentiu. - Começou de novo. - Julye sussurrou para si mesma. - Como são seus poderes? - O que ann mais desejava agora era que sua mãe ficasse calada, mas, Julye não o fez.

  Anny respirou fundo.

  - Eu não sei como defini-los, descrevê-los. - Foi tudo o que falou. Sua mãe não falou nada. - Eu falei com papai sobre os poderes...

  - O que ele disse a respeito?

  - Ele apenas perguntou se eu queria ir para seu laboratório. - Richard se achava a coisa mais importante que já aconteceu no mundo. Graças ao desempenho tinham criado as novas mini-câmeras. - Há um tempo passado, Richard Black teria criado umas câmeras que cabiam dentro da narina e que podia ser disfarçadas até em um botão minúsculo e agora ela estava sendo usada por muitos policiais e agências secretas em todo o mundo. E o melhor dessa câmera era a sua mudança de cor. Como um camaleão. Também, seria bem fácil perder a pequena câmera sem fio. - Julye soltou os cabelos ruivos e os prendeu novamente.

  - Sim, o que você disse para ele? - Perguntou Julye.

  - Que não. - Anny achou que não tivesse sido clara. - Quero dizer, que não queria ir.

  - Entendo. - Julye na verdade quis reclamar com ela. Se ela fosse poderiam descobrir que anomalia é essa. Por outro lado, Richard faria sua própria filha de cobaia.

  Em alguma Rua de Washington D.C, Steven andava de skate. Ele não estara mais indo para casa. Steven tinha recebido uma mensagem de Clare. Na mensagem dizia que era para ele encontrá-la na casa de Susan, que era urgente e que ele não poderia contar para ninguém. Normalmente, um segredo para Clare, deveria ter uma máxima importância. Um exemplo de um de um segredo para Clare seria: Você ser procurado por todo o mundo e precisar da ajuda dela para se esconder. E o resto que você contar a ela, é o resto mesmo.

  Julye e Anny ainda estavam conversando em relação aos poderes. Tendo apenas duas horas para se decidir, sua mãe não parava de falar. Julye sempre fora uma mulher de poucas palavras, pensara ann, mas, agora, ann soube que, quando um assunto realmente interessava sua mãe ela não parava de falar.

  - Certo. - Julye parou um pouco para respirar. Ela não parou de falar para respirar por muito tempo. - E você acha que eu deveria deixar você ir?

  Anny arfou no seu longo suspiro.

  - Não sei. - Anny colocou um dos pés descalços em cima da poltrona. - Pensei que você saberia o que fazer.

  - Mas, eu... - As palavras se perderam na boca de Julye. - eu não sei. Vou ligar para seu pai.

  Ótimo. Depois eu sou a adolescente complicada e que não sabe o que fazer. Pensou Anny. Quer saber eu vou ler.

  Fazia um tempo que Anny não tocava em seus livros. Ela tinha ganhado o último livro no seu aniversário, ano passado e não tinha começado a ler ainda. Mesmo ela estando bastante ansiosa para ler. E agora seria o momento perfeito. - Talvez nem tanto.

  Anny entrou na biblioteca. Ela andou diretamente para a estante que estava seus livros. Analisando cada prateleira da estante, ela achou o livro desejado. Ao visualizar seu livro, ela se perguntou por que não tinha lido. Então ela se lembrou.

  “No seu aniversário de quinze anos. Ela estava prestes a viajar para Lisboa. Sua família e ela iam passar o natal com os seus avôs. Antes de viajar Steven deu o livro a ela, sem embrulho ou nada. E a única coisa que Steven recebeu em troca foi um sorriso.”

  Dando seu sorriso simpático novamente, desta vez sozinha. Ela alisou a capa do seu livro intocado. - Não era de costume Anny fazer isso. Geralmente, quando ela ganhava um livro ela ficava empolgada e não comia, dormia ou respirava até acabar, ou até depois disso. Os livros eram mais importantes do que qualquer coisa sobre a face da terra, ela não se sentia só ao adentrar no mundo das personagens. Eu sei que isso pode parecer solitário, mas o prazer que a leitura oferece é excepcional! Cheirar um livro pode ser um dos melhores vícios que alguém pode contrair.

  Steven chegara à casa de Susan. Ele pegou o skate, abriu o portão de madeira, subiu as escadas do terraço. Antes de bater na porta Clare abriu. Ela poderia ter caído em cima dele se Steven não tivesse se afastado. Os olhos brilhantes e dourados de Clare pareceram apagar. Sua boca abriu e fechou novamente.

  - Er... - Clare não sabia o que dizer. Ela parecia confusa e perturbada. Para a surpresa de Steven, essa era a primeira vez que via Clare sem os seus brincos, sem maquiagem e com o cabelo bagunçado e as mechas pareciam tinta viva azul. Sem a grossa camada de corretivo em seus olhos, ele pode ver as olheiras que ela tinha e notou que seu rosto não era verdadeiramente de um anjo. - Você estava este tempo todo escutando?

  - Não. - Steven analisou o seu rosto. Era estranho vê-la daquele jeito. A sua maquiagem mudava totalmente seu rosto. Não parecia mais Clare, talvez ela virasse Claire. - Não, eu cheguei agora.

  - Ah. - Clare pareceu aliviada. - Desculpe estar assim...

  - Assim como?

  - Desarrumada. - Steven notou que Clare estava segurando um copo de café na mão. Ela vestia um pijama rosa-bebê, usava pantufas e um casaco por cima do pijama rosa-bebê. Seria por isso que ela não estava maquiada, pensou Steven. Uma vez Anny perguntou a ele se Clare dormia com a maquiagem embaixo do travesseiro, acho que a resposta apartir de agora seria não, porém no dia Steven disse Talvez. - Eu acordei agora, me desculpe. - Clare procurava as palavras certas. Ela estava totalmente cansada. Talvez ela não tivesse dormido bem e depois da aula foi dormir na casa de Susan. - Acho que deveria ter ligado para você depois que... Que eu tomasse um banho... Não sabia que você já estava na esquina e... - Steven a interrompeu:

  - Clare, não precisa me dar explicações. - Steven parecia calmo. Em compensação, Clare, mesmo tendo acordado há pouco tempo parecia eufórica. - O que você tem para me contar?

  - Acho que aqui não é o lugar certo para contar. - Os olhos de Clare reacenderam. - Oh, que educação minha, quer entrar? A casa não é minha, mas... Entre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mistérios Nas Sombras" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.