Passamos o resto do dia discutindo os detalhes do plano, e T-suki começou nosso treinamento físico. Foi meio estranho quando decidimos ir numa loja de armas bem escondida nos arredores da cidade (sugerida por W, que inventou que o dono conhecia o pai dele), mas mesmo depois de comprarmos facas, zarabatanas com dardos envenenados, walkie talkies, e até mesmo armas de fogo, T-suki e Rangiku continuavam não tendo nenhuma reação negativa, apenas seguiam o plano. Depois eu ainda conversei um pouco com W, que pediu pra eu me preparar muito bem pra conseguir não sair do personagem quando encontrasse com Milly na escola. Usei o resto da noite para treinar todas as minhas falas cuidadosamente pré preparadas, e na manhã seguinte, depois de um café bem forte, eu estava pronta para a batalha.

Fui para a escola com minha ‘‘equipe de investigação’’, e evitamos falar sobre o tema no caminho. Apesar de eu estar muito ansiosa pra começar esse jogo de uma vez, Ichigo, Milly e Rukia chegaram atrasados na aula, e eu tive de aguentar minha mão coçando para espancar Milly até a morte a cada carinho e palavra adocicada que ela dizia pra Ichigo. No intervalo, peguei meu lanche, encontrei o pessoal, e me dirigi para o local que eu sabia onde todos estariam: o telhado. Como previsto, todos conversavam tranquilamente, e nós nos juntamos ao grupo.

W: Iae galera.

Milly: Oi W, garotas.

Orihime (desanimada): Oi...

Milly: Orihime, você saiu correndo ontem, o que aconteceu?

Orihime (faz uma cara de choro e fica em silencio)

W: Ela teve que resolver uns assuntos.

Milly: Ah, espero que não tenha sido nada grave.

Rukia: Isso mesmo, espero que esteja tudo bem amiga.

W: Escuta, desculpa a pergunta direta, mas você e o Ichigo estão namorando Milly?

Milly: Não sei, estamos Ichigo-chan?

Ichigo (fica nervoso e olha discretamente pra Orihime): Acho que sim.

Milly: Formamos um casal muito fofo não é?

(Orihime sai correndo)

W: EI RUIVINHA! ORI! (sai correndo atrás dela)

Milly: O que deu nela?

Corri desesperadamente até chegar numa sala vazia, e logo que confirmei que tudo estava nos conformes, fiquei simplesmente esperando W chegar para saber a opinião dele sobre como eu havia me saído. Logo que entrou ele me olhou com uma cara preocupada e eu já estava angustiada quando ele começou a rir. Acabei me deixando levar pela loucura do momento e ri também.

W: Você é genial garota! Simplesmente genial! Até eu acreditei que você estava triste.

Orihime: Mas eu estou triste.

W: Não da maneira que a Milly pensa.

Orihime: Onde estão Rangiku e T-suki?

W: Ficaram lá, seria muito suspeito todos nós saindo.

Orihime: Mas se o foco da Milly somos nós dois, ela pode desconfiar.

W: Não necessariamente, já que essa seria minha atitude lógica numa situação como essa. Mas essa foi uma boa observação ruivinha, sua esperteza está se afiando.

Orihime: O que você acha da situação no geral?

W: Enfim, a noticia boa é que definitivamente, o Ichigo está sendo manipulado ou chantageado com alguma coisa. Ele não parou de olhar pra você nem por um segundo, e o olhar dele estava tão desesperado que eu achei que ele fosse chorar.

Orihime: E a noticia ruim?

W: Agora eu tenho certeza. Eu não sei o que a Milly fez, mas a Rukia com certeza está ajudando por conta própria. Espero que esteja preparada para isso.

Orihime: Não há nada que eu possa fazer por enquanto além de chegar ao fundo nessa historia.

W: Depois da aula temos treinamento certo?

Orihime: Não me lembro de termos combinado ontem.

W: É porque essa é só para os malucos psicóticos, ou seja, nós dois.

Orihime: Claro.

W: Você parece em disposta ruivinha.

Orihime: E estou. Não vejo a hora de recuperar a vida que a Milly está me tirando.

W: Você sabe que não vai voltar a ser tudo como era antes.

Orihime: Obviamente, mas eu não vou deixar ela me tirar nem o Ichigo nem a Rukia. Mesmo que ela esteja ajudando a Milly por conta própria, a Rukia não é má, e eu não vou permitir que a Milly a faça derramar uma gota de sangue inocente.

W: Esse é o espírito da coisa. Você conseguiu evoluir muito rápido.

Orihime: Só vamos conseguir descobrir isso na hora da ação, afinal de contas, treinamos usando alvos e essas coisas, mas sabe-se lá se eu vou perder o controle quando o sangue começar a jorrar no campo de batalha.

W: Eu sei que você consegue. A propósito, me diz uma coisa, porque você quer ser a pessoa que vai matar a Milly no final de tudo?

Orihime: Por tudo que ela fez obviamente.

W: Deve ter outra coisa alem disso, mas talvez nem mesmo você saiba, então vamos deixar esse assunto de lado por hora.

Orihime: W, o mesmo enigmático de cabelo desbotado de sempre.

W: Tem mais uma coisinha que eu tenho que te contar.

Orihime: O que?

W: Vamos concretizar nossa primeira missão hoje.

Orihime: Qual o objetivo?

W: Digamos que coleta de informações... Aqui não é muito seguro de falar, eu explico tudo mais tarde. Mas esteja preparada para muita ação.

(sinal toca)

Orihime: Já?

W: É, essa é nossa deixa para voltar a subir no palco da nossa pequena peça de teatro.

Orihime: É estranho já que vamos provavelmente matar algumas pessoas e machucar muitas outras, mas na minha opinião, a pior parte disso tudo é ter que fingir pra todos. Eu fico com medo de a qualquer momento cometer um deslize e estragar tudo.

W: E também porque viver fingindo faz com que a gente lembre de como era antes, não é?

Orihime: Meio sinistro como você me conhece melhor do que eu mesma às vezes.

W: Essa é minha função. Mas eu prometo, em breve tudo isso vai ter um fim.

Orihime: É uma promessa?

W: Sim.

Orihime: Então eu acredito. Agora vamos logo antes que eu me atrase.