-Finnick, que fazes aqui? - pergunta Peeta olhando atentamente para o homem ao seu lado.

Estava mais magro desde da última vez que o virá, as olheiras dominavam os olhos verdes que este sempre tivera, o seu cabelo parecia que não via um pente á meses. Peeta nunca tinha visto o seu velho amigo naquele estado e apostava a sua vida que a culpa do estado do amigo era devido a Annie Cresta.

-A Annie quer falar contigo. - declarou simplesmente Finnick revelando a rouquidão da sua voz.

-O quê?! Porque? - pergunta Peeta confuso.

A última vez que virá Annie esta tentara-se matar por este ter terminado com ela, foi a última vez que a tinha visto e Peeta rezava todos os dias para que Annie estivesse a recuperar.

-A Annie esta a fazer um último tratamento e depois poderá sair da ala psiquiatra e voltar á sua vida normal, mas ela diz que para ela voltar a ser a mesma que precisa de falar contigo, que precisa de resolver os problemas que tem contigo. Eu tentei faze-la mudar de ideias, sei que isso não é uma boa ideia, mas ela não me ouve e o médico diz que é uma boa ideia fazer isso. - explicou Finnick enquanto olhava para as próprias mãos, tentava manter-se estável mas isso parecia tornar-se cada vez mais difícil.

-Finnick, estás bem? - pergunta Peeta ao perceber que este suava, algo não estava bem e Peeta queria compreender o que.

-Eu lembro-me muito bem do dia em que chegas-te a minha casa e disses-te que a Annie estava internada, não me consigo esquecer desse dia, das reações dos meus pais ao ouvirem isso, de como estava o Will nesse dia, o pavor que tinhas nos olhos quando me disses-te isso. Sempre que fecho os olhos lembro-me disso por isso decidi a não voltar a dormir. - falava Finnick calmamente como se falasse sobre a chuva que caia naquele momento lá fora, Peeta começava a perceber aquilo que acontecia com Finnick.

Finnick estaria sempre a reviver aquele momento, estaria sempre a lembrar-se daquele momento e nada nem ninguém poderia mudar isso.

Peeta olhou em volta, a sala de espera encontrava-se praticamente vazia, a presença deles os dois e de uma jovem mulher que deveria ter pelo menos uns 30 anos era a única coisa que se encontrava ali. O silencio inundava a sala e a única coisa que se ouvia era a respiração que os três jovens tinham.

-Como ela está? - pergunta Peeta tentando um outro argumento.

Finnick levanta a cabeça e olha diretamente para Peeta, os olhos transmitem um sentimento que Peeta não consegue perceber qual é, os olhos dão lhe uma resposta diferente aquela que a boca de Finnick liberta.

-Os olhos dela estão sempre cheios de lágrimas, os seus lábios rosados sempre com um pequeno sorriso tímido como se tivesse medo que estivesse a fazer algo mau, o seu cabelo castanho esta sempre preso num rabo de cavalo, mas ela diz que queria que estivesse solto mas todos os dias o prende. As suas mãos estão sempre em ferida por culpa de uma corda velha e gasta onde ela farta-se de fazer nós, o médico diz que aquilo que ela faz com as cordas é um mistério mas sempre que faz ela parece estar com alguma sanidade fazendo com que ela possa conversar com alguém. Normalmente fala sempre comigo, coisa banais como a praia e quantas saudades tem de ir á praia, ela diz que quando sair do hospital que a primeira coisa que quer fazer é ir á praia. - falou Finnick sustendo o olhar de Peeta.

Peeta foi o primeiro a desviar os olhos olhando para as mãos de Finnick que estava entrelaçadas, o loiro conseguia ver alguns ferimentos ali, a maior parte era perto dos dedos.

-Como soubeste que eu estava cá? - pergunta Peeta depois de se a perceber que aquele não era o mesmo hospital onde Annie se encontrava internada.

-Cruzei-me com o Cato um dia destes, tivemos a falar e ele comentou comigo que tu tinhas uma mulher a viver contigo em casa, uma amiga que estava com problemas de saúde. - respondeu Finnick como se isso explicasse como encontrara Peeta.

-Ainda não me respondes-te á minha pergunta. - fala Peeta quando vê que Finnick iria ficar em silencio.

-Eu segui-te desde que sais-te de casa esta manhã. - respondeu finalmente Finnick como se aquela resposta fosse aceitável.

Peeta não sabia se acreditava ou se fartava de rir por aquilo tudo parecer uma piada de mau gosto que Finnick normalmente fazia quando a vida ainda era estável, Peeta olhou profundamente para Finnick e soube que aquilo não era uma brincadeira e sim a mais pura verdade.

-Ainda não sei se vais ver a Annie como ela pediu. - declarou Finnick depois de um momento em silencio, parecia que pensava em alguma coisa e que de repente se lembrou daquilo que vinha fazer ali.

-Eu…

-Senhor Mellark, poderei falar consigo? - pergunta o médico responsável por Katniss entrando na sala de espera sem medo de interromper a conversa que os dois jovens estavam a ter.

Peeta olhou desorientado para o médico, este estava sério, e Peeta sabia que algo não estava bem. Levantando-se lentamente, Peeta afastou-se de Finnick sem dizer nada e acompanhou o médico para o corredor principal.

-Aconteceu alguma coisa? - pergunta Peeta assim que o doutor parou num canto onde poderiam ter alguma privacidade.

-Nada com que tenha que se preocupar, a Katniss esta acabar de se vestir e já vem ter consigo. Queria apenas fazer algumas perguntas. - respondeu o médico enquanto olhava ao seu redor como se estivesse á procura de algo.

-E quais são? - pergunta Peeta depois de estar a espera alguns segundos das questões que o médico queria colocar.

-Como ela tem estado em casa? Tem tido algumas convulsões? Tem-se dado bem com todos? - pergunta o médico todas as perguntas que ele achava que precisavam de ter resposta.

-Ela tem se dado bem com todos, o meu filho adora a Katniss, dá se muito bem com ela, os meus amigos também gostam dela, duas das minhas melhores amigas já a levaram para o shopping. Em casa eu tento manter conversa com ela para ela começar a confiar em mim e a abrir-se comigo, ela tem alguns pesadelos e normalmente acorda aos gritos, não sei se isso poderá ser normal ou se me deverei preocupar. - responde Peeta enquanto pensa naquilo que não vale a pena esconder.

-Isso é muito normal no estado dela, a Katniss esta a viver vários episódios que aconteceu com ela, muitas das vezes esta desorientada porque não sabe o que é realidade ou imaginação. O que ela sofre é algo chamado Stress pós-traumático, acho que o Peeta já deve ter ouvido falar disso. - esclarece o doutor sabendo que o Peeta teria que estar dentro do assunto o mais possível.

-Sim já ouvi falar disso, sei mais ou menos o que sei. Mas isso pode-se tratar, certo? -pergunta Peeta com medo que Katniss pudesse ter que ser internada como acontecera com a Annie.

-Tem tratamento, esteja descansado. Quero que continuou o que esta a fazer, a falar com ela, a sair com ela, faça a sua vida normal mas claro dando atenção especial á Katniss, quando for necessário quer que lhe dê estes medicamentos, só em caso de desespero. - explicou o médico estendendo uma caixa de comprimidos para Peeta que logo de seguida guardo no bolso das suas calças, já qu a caixa era pequena.

O médico ia dizer mais alguma coisa, mas não teve a oportunidade pois Katniss caminhava naquele corredor um pouco desorientada, confusa a olhar em redor como se tivesse á procura de algo e Peeta sabia que estava a sua procura.

-Katniss. - chamou Peeta chamando assim atenção de Katniss.

Ao olhar para ele um sorriso assombrou os lábios de Katniss, feliz por este ter cumprido a sua promessa.

-Olá. - fala simplesmente Katniss assim que chega perto de Peeta vendo de seguida que este ainda estava acompanhado pelo o médico.

-Correu tudo bem? - pergunta Peeta já sabendo a resposta.

-Sim. - responde simplesmente Katniss abrindo um pequeno sorriso na direção do médico que logo se despediu do casal por ter mais pacientes para assistir.

Peeta agarrou delicadamente na mão de Katniss, entrelaçando os dedos nos dela e quando estava pronto para sair do hospital lembrou-se do Finnick continuar na sala de espera e sabendo que teria que dar uma resposta ao seu velho amigo, Peeta puxou delicadamente Katniss para a sala de espera encontrando Finnick já em pé. Peeta estava pronto para responder ao Finnick quando este olhou para Katniss e com a boca num perfeito “o” falou:
-Katniss és mesmo tu?