Dar Um Nome!- Parte 2 escrita por Ana Mandaloufas


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Sammy regressa à narração da história.

=Ana



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  A coisa branca que eu lembrava de ter visto era o teto do hospital.

  Eu passei quase três semanas em cativeiro, ainda bem que a policia e o Zê conseguiram me resgatar.

Vocês já viram que minha primeira parada foi no hospital, mas ainda não sabem que eu fiquei uma semana inteira tomando soro; justo eu, que detesto agulhas.

  Quando eu cheguei em casa tinha uma festa de recepção pra mim; eu achei uma graça, mas eu estava tão cansada que só pensava em ir pra minha cama. Eu passei tantos dias quase desacordada e ainda queria descansar! Eu sei, parece absurdo; mas a verdade é que ficar forçadamente desacordada não faz com que você descanse de verdade, e no hospital não dá pra dormir com aqueles aparelhos fazendo barulhinho.

  Eu dormi até uma da tarde, é tão bom saber as horas novamente. Quando eu acordei fui direto tomar um banho e vi meu reflexo no espelho. Confesso que levei o maior susto da minha vida,era a primeira vez que me olhava no espelho depois do seqüestro; meu corpo estava totalmente diferente, eu havia me transformado em um esqueleto vivo. 

  Quando vi aquilo lembrei de todas as coisas que aconteceram comigo enquanto estava em cativeiro. Acho que nunca mais vou comer pão na minha vida! Eu tinha ficado tão fraca que só fiquei esparramada no quarto que havia sido destinado para mim.

  Eu não dei muito trabalho para o Edu (ops, Romião.) e nem pro Jaques, só chorei nos primeiros dias depois preferi me poupar pra não morrer. A cada novo dia só conseguia pensar em agradecer por eles só quererem o dinheiro como vingança; imagina se tivessem tentado me machucar de algum modo. Eu só queria que tudo acabasse logo.

  Pensando bem, eu tive muita sorte. Lógico que eu estava parecendo um esqueleto, mas eu conseguiria reverter isso; eu estava disposta a voltar a viver minha vida de antes. Eu tenho uma família maravilhosa e amigos incríveis; sei que eles estarão comigo sempre, é por eles que eu arranjo força pra tentar voltar.

  Foi aí que eu desci as escadas, estava com sede; nunca mais digo pra minha mãe que prefiro refrigerante à água.Eu perdi o equilíbrio em alguns degraus, mas me segurei firme no corrimão; na cozinha eu reparei em algo que nunca tinha percebido: nossa janela dava direto pro jardim da frente; nunca tinha reparado quão bonito era o nosso jardim, tinha até passarinhos.

  Resolvi que queria sair descalça no jardim, e fui mesmo. A grama fazia cócegas nos meus pés e o vento emoldurava meus cabelos; eu até pude ouvir o som mais lindo do mundo: era o canto do sabiá, e eu podia ver o sabiá em cima do muro e do outro lado meu amigo Jack sorrindo pra mim. Eu sorri de volta, e percebi que esse era meu primeiro sorriso depois de tanto tempo.

  _Enfim seu sorriso, estava com saudades de vê-lo.

  _Oi, Jack.

  _Como você está hoje?

  _Bem melhor.

  _Que bom, sua mãe vai ficar aliviada quando chegar em casa.

  _Não sei, não. Ela não está mal por minha causa, acho que é mais pelo casamento que ela IA ter.

  _ Você está errada, é por sua causa.

  _E como você sabe?

  _Eu poderia dizer adivinha, mas não é o caso. Acho que sua mãe esqueceu o Edu.

  _Ah é?!

  _Quando ela ficou sabendo do seqüestro ficou meio frustrada, sim; mas depois o Zê deu o maior apoio pra ela e agora ela já superou.A coisa mais preciosa na vida dela não era o futuro casamento e nem o Edu, era você.

  _Nossa, como eu sou uma péssima filha!

  Eu comecei a chorar, e o Jack me abraçou; mas eu estava muito magoada comigo mesma pra reparar.

  _Ela tem me dado tanto apoio e eu nem disse obrigada; eu só dou trabalho pra ela!

  _Sammy...

  _Não diz nada, por favor; eu sei que eu só vou me sentir pior.

  _Tudo bem; então vamos ficar aqui, assim; você chorando e eu te dando um ombro amigo.

  _Obrigada.

  Quando minha mãe chegou em casa e me viu em pé lavando a louça, ela largou a bolsa de qualquer jeito no chão e me abraçou bem forte.

  _Mãe! Assim você vai me atrapalhar.

  _Desculpa, é que eu...gostei de ter te visto de pé.

  Sim, ela estava chorando.

  _Mãe, desculpa te dar tanto trabalho; prometo que de hoje em diante eu vou te ajudar a cuidar de mim.

  Ela sorriu pra mim e disse:

  _Você não me dá trabalho, só me dá alegrias.

  _Você diz isso agora, quero ver quando eu deixar minha cama bagunçada.

  _Eu vou ter de puxar sua orelha, mas mesmo assim sentirei mais alegria que tristeza tendo você ao meu lado. Eu quase te perdi, e não pretendo deixar que isso aconteça outra vez.

  _O que você vai fazer? Deixar de namorar?

  _Não.

  _Então vai procurar a ficha criminal de cada um de seus pretendentes?

  _Não.

  _Não me diga que vai contratar um guarda costas pra mim.

  _Isso.

  _Ah, mãe!

  _Não venha com “ah, mãe”. A partir de hoje você não sai de casa sem a companhia do Jack ou da sua irmã.

  Tá que ter guarda costas é um mico, mas desse jeito eu posso até me acostumar.

  _Acho que eu convivo com isso.

  Minha mãe sorriu, eu adoro quando ela faz isso.

  _E então, tá saindo com quem?

  _O que?!?

  _Mãe, você estava fora até agora; não levou material de trabalho e nem foi de carro. Com quem você estava?

  _Ah, eu estava com o Zenien; nós íamos dar depoimento hoje quase no mesmo horário, aí ele me deu uma carona.

  _Sei...mãe, sabe, o Zê é gente fina; se por um acaso você estiver pensando em aproveitar os arranjos pro casamento com o Edu pra casar com ele, por mim tudo bem.

  _Você não perde uma, né?

  _Eu sou sua filha; se você como mãe pode, por que eu não poderia?

  _ Nós estamos nos conhecendo._disse ela sorrindo.

  _Nos conhecendo...sei.

  _Você não estava lavando a louça?

  _Eu consigo falar e lavar a louça ao mesmo tempo.

  _Nem vem com graça.

  _É você que tá com graça D. Ângela.

  _Eu já falei que não gosto quando você me chama assim.

  Ela tentou fazer cara de brava pra mim, mas eu ri dela dizendo:

  _Eu sei. Mãe, vai logo dizer ao Zê que ele pode entrar pra ver como eu estou; porque ele ainda está lá fora te esperando.

  _Você por um acaso tem algum dom de mesma natureza que ele?

  _Não. Deve ser a convivência.

  _Vou chamá-lo.

  Ela voltou com o Zê em sua cola.

  _E aí garota?

  _Oi, Zê.

  _Como está indo com a recuperação?

  _Bem, eu acho. Tá um pouco lenta, mas o médico disse que seria assim.

  _ Você é uma garota de fibra, hem.

  _Nem venha com bajulações. Quais são suas reais intenções com minha mãe?

  _Sammy!!

  Essa foi minha mãe; ela estava com o rosto vermelho, mas eu não consegui saber se era de vergonha ou raiva.

  _Minhas reais intenções...

  _Não vale ler minha mente, nem a dela.

  _Eu esperava que você dissesse isso. Bom, eu gosto da sua mãe desde a primeira vez que eu entrei na mente dela.

  Caraca, ele gostou do que viu lá?!?

  _Sua mãe tem esse jeito juvenil de ser ( criança!), mas ela sabe bem ser uma pessoa responsável e preocupada para com as pessoas que ama ( eu que o diga!); ela me encantou nesse primeiro encontro, mas foi quando eu a vi na delegacia preocupadíssima com você que eu descobri que a amava. Eu sempre quis ter uma filha, assim como você.Você é como uma filha pra mim,de verdade, e quando o Jack me disse que tinham te raptado eu quase enfartei; quando eu vi sua mãe desamparada por causa disso eu entendi que deveria acudi-la. Foi assim que nós realmente começamos a nos conhecer, foi nesse momento que eu percebi que queria me casar com sua mãe.

  _Oh, Zenien.

  A cena que eu acabei presenciando foi no mínimo nojenta, mas ao mesmo tempo bonita; sei lá, minha mãe e o Zê formavam um casal bonitinho, mas eu não conseguia me acostumar a ver minha mãe beijando alguém na minha frente.Mas isso foi bom, aparentemente os dois estão noivos.Não acredito, minha mãe e o Zê! Acho que eu posso me acostumar com essa maré de sorte. Também, depois de ser sequestrada, acho que tudo que acontecer não vai parecer tão mal.


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