Acordei, como sempre no chão da sala, com minha mãe me cutucando.
   
- Anne. Seu avião sai daqui uma hora, é melhor você ir para o aeroporto.
   
Minha mãe preocupada comigo? Meu Deus, é um milagre! Abri meus olhos e vi os dela brilhando, parecia que ia chorar.
   
- Eu vou sair pra trabalhar daqui a pouco, é melhor você pegar um taxi se não vai se atrasar.
   
Eu me levantei, me vesti, escovei os dentes, desci minha mala, eram 9:53, meu vôo saia as 10:30. Parei na frente da minha mãe, ela abriu a carteira e tirou três notas de 100 reais dali. Fiquei surpresa. Minha mãe me dando dinheiro? Pode ser pouco, não sei quanto tempo vou ficar na Alemanha, se tudo der certo, talvez para sempre. Só o destino vai decidir. Ficamos um tempo em silêncio, quando ela me abraçou.
   
- Vou sentir saudades.
- Eu também.
   
Minha mãe estava triste, mas não gostava de demonstrar seus sentimentos pelos outros. Eu apenas sorri. Peguei minha mala e fui em direção à porta.
   
- Não vai se despedir de seus amigos? – Perguntou minha mãe, me olhando.
- Não.
   
Eu dei um meio sorriso e saí. Senti meu coração acelerar, parecia loucura o que eu estava fazendo, mas eu precisava ir embora dali, precisava ir atrás da minha única razão por ainda existir. Peguei um taxi e fui ao aeroporto internacional.
   
Logo que cheguei, já havia o primeiro aviso: Vôo para Hamburgo, Alemanha sai dentro de vinte minutos. Pra minha sorte, ainda havia passagens. Comprei a minha, e fui para onde o avião estava. Entrei no avião, sentei em meu lugar e me acomodei. Abri uma pasta onde haviam todas minhas fotos do Bill, e fiquei olhando para elas, foi quando o comandante avisou para apertarmos os cintos e o avião começou a decolar. Fiquei olhando pela janela, sentindo que estava cada vez mais perto, e isso, por um lado me alegrava, por outro não. Depois de um tempo, peguei no sono. Acordei com a aeromoça me oferecendo o almoço, mas eu não comi. Não consegui dormir mais, foi quando o avião pousou.