[Música de fundo: Clocks - Coldplay]
   
Os passageiros desceram do avião lentamente. Eu estava com muita ansiedade. Minhas pernas tremiam, vontade de roer minhas unhas até aparecer a carne. Fui uma das últimas a sair do avião. Cheguei no aeroporto de Hamburgo, era tudo muito diferente. Era um aeroporto grande, bonito e bem cuidado. Mas numa hora dessas, eu reparando no aeroporto? Como minha mala era pequena, eu não precisei ir buscar ela, fui direto pegar um táxi.
   
- Hello. – Eu cumprimentei o motorista.
- Hello.
   
n/a: A partir de agora os diálogos serão em inglês, mas eu vou colocar em português logicamente.
   
- Seu destino? – Perguntou o motorista.
- Meu destino? Qualquer lugar.
- Haha, esse lugar não existe.
- Não sei, aonde tem hotéis?
- Você veio para Hamburgo sem saber se localizar?
- Sim.
- Hmm, aonde posso te levar então?
- Quer saber? Não precisa. Eu vou a pé.
- Tem certeza? Hahaha, você vai se perder garota.
- Ah, eu não me importo.
   
Dei uma gorjeta ao taxista, e sai do taxi. Ok. Eu estava numa cidade enorme, em outro país, que eu não conheço, sem saber pra onde ir. Eu sou muito louca mesmo, loucura vir aqui desse jeito, sem mais nem menos. Mas o fato de eu estar muito perto de Bill, já era o suficiente. Principalmente nessa época, em que eles não estão em turnê. Ele deve estar descansando, junto com Tom, em uma de qualquer dessas casas. Eu? Saí andando por aí, quando avistei uma cafeteria, acho que era o centro da cidade. Entrei, tava morrendo de fome, já que não comia direito há quase uma semana. Era uma cafeteria muito bonita, grande. Quando sai, já estava escurecendo, e eu não tinha aonde ficar. Era melhor eu procurar uma dessas pousadinhas qualquer. Não havia quase ninguém na rua, só o barulho que vinham de dentro de bares, boates e algumas casas noturnas e eu, parecendo uma abobada, com uma mala na mão no meio da rua. Já estava desanimada, meu primeiro dia aqui foi terrível, minhas esperanças foram lá embaixo, foi quando caiu minha ficha: Foi a idéia mais absurda eu ter vindo pra cá ou não.. Decidi entrar em um desses bares. Sentei, pedi um copo de vodka, e acendi um cigarro. Foi quando ouvi uma voz misteriosa do meu lado.
   
- Nessa idade fumando? Você vai ficar mal.
- Hã?
   
Eu olhei para o lado, era um garoto, cabelo curto e encaracolado, olhos azuis.
   
- Estrangeira?
- Sim.
- Percebi pelo sotaque.
- Ah.
- Posso ter a honra de saber o que a senhoria está fazendo aqui na Alemanha, tão jovem?
- Não.
   
Ele olhou para mim, eu suspirei.
   
- Vim atrás de meu objetivo maior.
- Hm...
   
Eu sabia que ele não iria desistir, contei toda a história que aconteceu com meu irmão. O garoto ouviu cada detalhe, prestando atenção em mim. Foi a primeira vez que eu desabafei com alguém que não seja meu irmão.
   
- Então... você veio aqui atrás do Bill?
- Isso.
- Parece que você tem sorte.
   
Ele acendeu um cigarro. No mesmo momento eu me virei, agora sim, não entendia mais nada. Ele me deu um papel, com um número de telefone.
   
- Hahahaha. Até parece que vou acreditar em um estranho como você. E se você for um seqüestrador? – Eu perguntei, detestava quando as pessoas tentavam me fazer de boba, mesmo se não fosse essa a intenção.
- Eu? Um seqüestrador? Bom, entenda como quiser.
   
Ele afundou o resto de cigarro no cinzeiro e saiu. Eu continuei sentada ali, meu cérebro parecia que tinha virado um nó só, não entendia nada.