Pov Rose

Podia ser qualquer coisa menos ciclope, qualquer monstro, qualquer animal, qualquer um menos ciclope. Por que ciclope? Na hora eu paralisei de medo. Bianca me puxou para trás de uma pedra e eu quase gritei de desespero, mas ela tapou minha boca e falou:

–Quieta! Vamos achar um jeito de derrotá-los.

Pra ser bem sincera eu estava quase chorando de desespero, enquanto Bianca se mostrava corajosa.

O ciclope olhou para onde estávamos.

–Semideuses... Onde estão vocês?... – a voz dele era triste e monótona e quase senti pena dele, só que daí ele tirou uma lança de quase 3 metros de comprimento de trás do corpo.

–É o seguinte... - Bianca começou a falar, mas fomos erguidas por alguém a um metro do chão.

–Aqui estão eles Seifrate... – outra voz falou, e eu deduzi ser outro ciclope.

Comecei a chorar de desespero, e o ciclope me olhou.

–Olha Seifrate, essa daqui está nervosa. Está chorando.

–Um pouco de lágrimas não fazem mal na carne. – ele falou – deixam-na um pouco mais salgada.

–Por favor – falei quase tendo outra crise de choro – me soltem!

–Ah, não, não florzinha. Fomos mandados aqui para, bem, testar a habilidade de vocês. Vocês não estão com nada mesmo.

Bianca rosnou e passou a sua foice pelo ar ameaçadoramente. O ciclope arregalou o olho para ela.

–Seifrate, é a foice dele. É a foice do nosso antigo senhor.

–Como conseguiu essa foice menina?

–É uma réplica – ela gritou – Cronos é meu...

Dei um chute nela e falei:

–Cronos é um conhecido dela. Ouvi muitas histórias sobre ele e a guerra – falei colocando na voz o máximo de calma que eu conseguia – o que não era muito – mas os ciclopes olharam pra mim. – Ah, ouvi que ele guiou vocês para uma causa perdida, era um enganador...

–Não fale mal de Cronos na minha frente! – o ciclope, Seifrate gritou – eu sinto cheiro dele nela... Sinto cheiro!

–Vocês... Ainda seguem Cronos? – Bianca perguntou.

–É claro que sim! Acreditamos que ele irá se recompor e finalmente... Finalmente retomar o poder! – o ciclope riu ao ver a incredulidade no rosto de Rose.

–Estamos trabalhando nisso garotinha... Vamos garantir que ele volte! Procuramos pedaço por pedaço dele!

Pedaço por pedaço... Percy tinha dito que o Tártaro não conseguia curar Cronos, uma vez ele falou isso. Mas isso era... Isso era loucura. Dois ciclopes que acreditavam que Cronos podia ressurgir.

–Mas nós somos em muito... – O ciclope falou – em todo lugar. Monstros. Semideuses. Titãs. Em algum lugar, ajudando, tentando, de todas as formas, tentando fazer o Senhor do Tempo se reerguer e...

Um borrão preto pulou nas costas de Seifrate.

–Nico! Falei, pasma. O ciclope nos largou no chão.

–Tenho uma política sobre machucar garotas, principalmente se eu as amo. Eu não permito! Bianca aproveitou, mas eu ainda estava paralisada. Ela cortou a perna do ciclope e ele gritou então explodiu em pó. Mas aconteceu tão rápido. O outro se desvencilhou de Nico, pelo a lança e me atacou.

Não tive tempo de fazer nada.

A lança atravessou um pouco acima do umbigo, me perfurando, e ouvi o baque surdo da lança acertando o chão abaixo de mim. Senti um dor excruciante e me forcei para não desmaiar , eu estava tão atônita, tão desconcertada com aquilo.

Não. Murmurei para mim mesma. Não vou morrer.

Mas eu sentia meu corpo ficando mais leve.

O ciclope também virou poeira. Mas o estrago já estava feito. Ao tentar tira-la, percebi que era uma lança farpada. Ofeguei dizendo:

–Lança estúpida...

A dor aumentava a cada movimento então fiquei parada, mas a vida se esvaía de mim. Minha visão ficava fora de foco e eu via manchas estranhas dançantes.

–Rose! – Nico gritou

–Nico... – falei não mais alto que um sussurro.

–Não se atreva a morrer! Eu vou te espancar se você se atrever a morrer na minha frente!

Eu sorri com lágrimas se formando no canto dos olhos:

–Nico, eu te amo. Mas... Mas não tem cura. Não tem. A lança é farpada. Tira-la me faria morrer sagrando. Não tente impedir... Você sabe da morte melhor do que eu.

Nico estava chorando – eu pelo menos achava. Ele fez um barulho engasgado e falou:

–Eu te amo demais para vê-la morrer. Por favor, por favor. – ele olhou pra cima – PARCAS! TANATOS! PAI!... – ele vacilou – ACHAM GRAÇA DISSO, É? - a voz dele vacilou novamente.

–Me encontre no Mundo Inferior – falei – nos encontraremos de novo. Eu prometo.

–Não quero que nos encontremos depois! Eu quero que você fique aqui comigo! Você não... Você...

Eu sorri e fechei os olhos.

Descanso. Pensei.

Minha alma se afastou do meu corpo. Vi Nico segurar o choro diante de meu corpo inerte. Bianca parecia abalada com aquilo. Vi Leon sair das sombras e falar algo, e logo estava no barco de Caronte.

–Esposa do chefe – ele falou – olá Rose Robinson, filha de Perséfone.

–Olá. – falei com calma.

Ele me deixou do outro lado do Estige. Peguei a fila para o julgamento. Eu precisava, precisava muito ir para o Elíseos. Poderia renascer... E encontrar Nico, de alguma maneira.

Pov Nico

Eu comecei a chorar. Pela primeira vez não senti vergonha. Então Leon saiu das sombras, e falou algo numa voz totalmente diferente da dele:

–A ruína da flor vem com rapidez, não tardará, a dor vem junto com o amor.

E caiu na parte iluminada da clareira, inconsciente. Bianca o arrastou até lá e gritou:

–Não me diga que você vai morrer também!

Ele abriu os olhos. Olhou confuso entre eu e Bianca. Então viu o corpo perfurado de Rose, se levantando num salto e olhando assustado. Logo alguns campistas chegaram. Eu e Bianca estávamos em lágrimas, e Leon ainda estava chocado demais pra falar algo.

–O que aconteceu? – Quiron perguntou – o que aconteceu?

Vacilante, contei o que tinha acontecido. Bianca contou a sua parte antes de eu ter aparecido. Quiron agitou a causa nervosamente.

–Quero os três na Casa Grande. Agora.