Alice e Jasper caminhavam – pela primeira vez em velocidade humana – por uma estrada de terra mal iluminada, rodeada de araucárias. Eram três e meia da manhã. A lua estava encoberta pelas nuvens, mais apesar delas , algumas estrelas despontavam no céu.

–Alice? - Jasper fitou-a

–Sim?

– Acha que sou uma má pessoa?

Alice riu – Jasper , quais foram as minhas respostas quando você perguntou-me coisas do gênero como: O que eu fiz no passado foi muito ruim? Você tem medo de mim? - Alice tentou imitar a voz de Jasper arrancando-lhe inúmeras risadas.

–Então quer dizer que eu falo assim¿- disse Jasper ainda rindo

–Na verdade não sou muito boa com imitações . - disse Alice dando de ombros

–Não é certo responder as perguntas que as pessoas lhe fazem com outras perguntas...

–Tudo bem Jasper... Não , você não é uma má pessoa, satisfeito? - Jasper sorriu. Sua prioridade ainda era não magoar Alice e achava que seu passado poderia faze-lo. – Acho que você já fez perguntas de mais, agora é minha vez de perguntar – disse Alice sorrindo decidida

– Pergunte o que quiser.

– Er... o seu passado , o exército de recém-criados...como, hã , funcionava, eu sei que é delicado para você – acrescentou Alice ao ver a expressão de Jasper – mas eu não sei nada sobre vampiros, e acho que me faria bem saber.

Jasper hesitou um poucou mais decidiu conta-la – Maria, Nettie e Lucy, minhas criadoras , costumavam escolher seus soldados de acordo com seus critérios : Lucy valorizava os mais espertos , Nettie os mais rápidos e Maria os mais fortes. – A expressão de êxtase de alegria por estar ao lado de Alice transformou-se em medo , e agora Jasper estava cabisbaixo . Seu medo de perde-la pelo seu passado assustador ainda o atormentava a cada segundo. – Eu era do exército e estava fazendo uma missão , e vi três jovens conversando e apontando para mim o tempo todo , parecia alteradas e pensei que estavam brigando, então decidi ir até lá. Maria aproximou-se de mim e mordeu-me. A dor excruciante invadiu-me e implorei para ser morto. Comecei a lutar no exercito no dia seguinte, nos colocavam contra os adversários e os prêmios eram humanos, de sangue bem doce . Costumavam manter-nos vivos até o primeiro ano de vida, mais Maria gostou de mim e de meu poder de manipular as emoções , e persuadiu Nettie e Lucy a manter-me vivo. Maria dizia que gostava de mim e me queria como mais que um soldado – Jasper observou as emoções de Alice , percebendo que ela estava com ciúmes. Jasper segurou-se para não rir – e depois designou-me a missão de matar os recém-criados com mais de um ano. – A expressão de medo de Jasper virou uma expressão de remorso e Alice entristeceu-se, pois vê-lo sofrer a fazia sofrer também. – Eu e Maria ganhamos muitas batalhas. Até que conheci Peter. Ele era um bom amigo. Quando ele fez um ano , não queria mata-lo, então alterei o humor de Maria e implorei para que ele vivesse. Eu consegui. E um tempo depois ele conheceu Charlote. Na verdade eu os apresentei. Ele estava muito só, não tínhamos mais tanto tempo para conversar, e quando Charlote chegou ela parecia muito assustada, e achei que dariam bons amigos , mas deram muito mais do que isso. Peter lutava tão bem quanto eu , e logo passou a exterminar recém-criados comigo, até que Charlote completou um ano. Ele se desesperou , disse que jamais a mataria, mesmo que tivesse que morrer por isso – Jasper que nunca entendera a atitude do amigo, agora o entendia. Ele sentia o mesmo por Alice – Eu não queria que meus dois melhores amigos fossem mortos, então os ajudei a fugir. Nettie e Lucy viraram-se contra mim e Maria e traíram a nossa confiança. Travamos uma batalha, mais especificamente uma carnificina e eu e Maria as matamos. Anos depois Maria viajou então Peter e Charlote vieram visitar-me. Já não suportava esse estilo de vida, então fugi com eles. Essa é minha história de vida, e acho que vai te ajudar a saber mais sobre vampiros, e te convencer de que sou mau e lhe ofereço perigo .

–Jasper! Você . Não .É .Mau!

–Parece que nunca vou lhe convencer... – Agora Jasper e Alice estavam em uma praia de uns 2km, cheia de conchas -  o que Alice achava simplesmente encantador  - . O mar estava muito calmo, e porto, que de dia deveria ficar lotado, na madrugada estava vazio.

–Que bom que entendeu isso. – Alice exibia um sorriso irônico – Jasper, uma vez você não falou algo sobre uns Voltu alguma coisa?

Jasper riu – Sim, os Voluri. O que tem eles?

– Quem eles são?

–São uma espécie de....realeza dos vampiros, eles cuidam para que todos nós cumpram as regras.

–E que regras seriam essas?

–Não nos expor aos humanos. Só faz isso quem realmente quer morrer. Eu pretendia fazer isso antes de conhece-la.

–Jasper Whitlock! Eu. Não . Acredito . Que . Você. Ia. Se . Matar! – Para Alice, imaginar um mundo sem Jasper era quase impossível. Pensar que se seu destino não fosse tão certo, poderia te-lo perdido, era a coisa que mais poderia a magoar, e aquilo concretiza também o maior pesadelo de Jasper - magoa - la - , por mais que ele não soubesse.

–Alice, eu era um monstro, MERECIA morrer!

–Nunca mais diga isso! Você não é um monstro!

–Sou sim! Alice, você é muito inocente para perceber isso! – inocente: o único adjetivo para Alice, além de baixinha que a deixava extremamente irritada

–O cego aqui é VOCÊ , que não consegue enxergar que não é um monstro! – Falou Alice irritada, porém com a expressão calma - Até parece que eu sou uma santa! Eu digo que acordei sozinha em um sanatório e você diz que é um monstro perigoso, ai que meda! – Jasper pensou consigo mesmo que não era a coisa mais fácil do mundo convencer Alice de algo, e avaliou os prós e os contras de ficar com Alice. Sentou em uma pedra.

–Tudo bem, eu desisto. Nunca vou conseguir te convencer que realmente sou um monstro, e por mais que isso me faça pior ainda, alego desistência. – Alice sentou-se ao lado de Jasper, e observou o amanhecer que os fazia brilhar levemente.