O Mal que o Homem faz - Fic. Interativa escrita por Sateily


Capítulo 32
Capítulo 32 - Elemental


Notas iniciais do capítulo

O que escuto... Será real?



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-- Não cara... Claro que não! – Afirmava Rubão tentando negar a si mesmo a verdadeira origem do som que acabara de escutar.

-- Espera... – Disse Daniel para que pudessem reafirmar se aquilo poderia ser mesmo um choro de criança – Eu acho que... – O choro aumenta um pouco a intensidade, agora fica claro que há mesmo um bebê dentro da barraca.

-- Não cara... – Frustra-se Rubão, ele sabe de toda a responsabilidade e peso que carregam nas costas a partir desse momento.

Muito provavelmente, aquela era a única família que a criança tinha, e por conta de ações temerárias dos dois, ela agora estava só no mundo. Daniel passou a se sentir ainda pior por dentro, podre, começou a culpar-se por ter feito aquilo, em sua mente, ele acabara de obter uma dívida com o desconhecido bebê, dívida que provavelmente nunca será paga.

-- Temos que ir lá! – Afirma Daniel.

-- Brother...

-- O quê Rubão? Não podemos deixar o bebê lá dentro!

-- É... Não podemos... – Diz em tom de frustração. Ele sabe que o que Daniel sugeriu é o correto a se fazer, mas sabe também que será uma missão muito difícil a partir de agora manter a todos em segurança, atitudes como essa podem por todos em risco.

Daniel entrou na barraca seguindo o som da lamentação que surgia de dentro dela. Estava muito escuro, não era possível se guiar, ouviu um barulho vindo de suas costas, do barulho seguiu-se uma luz, era Rubão que acabara de obter uma lanterna e passava a iluminar dentro da barraca.

-- Onde conseguiu? – Perguntou Daniel.

-- No meio das tralhas dos caipiras! – Respondeu.

Rubão passou a iluminar todo o lugar, não era muito grande, mas o suficiente para as quatro pessoas que ali viviam. Havia ao lado perto entrada, um amontoado de caixas e panos, com diversos objetos, incluindo utensílios domésticos, e muitas roupas.

No meio do lugar, uma rede estendida atravessava as laterais amarrada nas colunas de madeira que sustentava o local. Ao fundo localizava-se um colchão jogado ao chão, em cima dele situavam-se algumas cobertas, e em frente duas malas com mais objetos e roupas, provavelmente eles estavam começando a se organizar.

Ao lado desse colchão, encontrava-se o que procuravam, um berço de madeira levemente pintado, algo rústico e artesanal. Os dois caminharam lentamente até o local, e ao chegarem lá, iluminaram e avistaram a criança.

Um bebê que Daniel julgou ter mais ou menos quatro meses mexia-se de um lado para o outro enquanto chorava. A criança de aproximadamente 60 cm e 6,300kg, tem um ralo cabelo castanho claro que começa a desenvolver-se, olhos também castanho claro e pele branca, está usando apenas uma fralda.

Meio receoso Daniel toma o bebê nos braços e começa a dar leves tapas em sua costa tentando fazê-lo parar de chorar. A criança o estranha, nunca teve contato com aquela pessoa antes, e provavelmente sentia falta da mãe.

-- Você tem certeza disso? – Perguntou Rubão olhando para Daniel.

-- Você sabe que é o certo a se fazer! – Respondeu Daniel. Rubão balançou a cabeça positivamente e disse em seguida:

-- Vamos precisar disso... – Ele deslocou-se e começou a revirar as coisas dos caipiras, juntou algumas fraldas que lá se encontravam, botou-as na mochila e fez sinal para que saíssem, antes disso ocorrer, Daniel questionou-o:

-- Vamos contar a verdade pra eles?

-- Não sei irmão... Se a gente não contar, vamos dizer o quê?

-- Chegando lá nós resolvemos isso...

-- Vambora então, já tá muito tarde! – Completou Rubão.

Os três saíram da barraca, Daniel ainda tentava consolar a criança, que ainda chorava, mas agora em uma intensidade menor. Rubão terminou a organização das coisas, ele recolhera lanternas, alguns enlatados e outros alimentos, além das armas de fogo e facas dos caipiras. Subiram na moto com Daniel tomando muito cuidado com a criança, e partiram em meio à escuridão.

_____________________ X________________________

-- O que ela tem? – Perguntou Alex a Vic assustado, ele tentou deslocar-se de lugar, mas ainda sentia muita dor na perna, a qualquer movimento, mesmo que de pouca intensidade, sentia o osso partido sair do lugar, o que causava extrema dor.

-- Ela tá tendo uma reação, uma ataque! – Exclamou a médica.

-- Como assim? Ela vai ficar bem?

-- Alex... – Disse ela o fitando de forma séria – Talvez ela esteja com um coágulo!

-- Droga! – Exclamou ele – Eu não consigo me mexer com a droga dessa perna! Poderia te ajudar!

-- Tudo bem, só preciso... – Vic deitou And se preocupado em deixar sua cabeça um pouco elevada – Não podemos mais ficar aqui Alex... Estamos condenados!

-- Eu sei Vic... – Fez uma breve pausa, estava muito preocupado – E aqueles dois? O que será que aconteceu?

-- Espero que nada!

Victoria limpava Andressa, que havia vomitado em grande quantidade, ela estava febril e inconsciente, e isso era muito preocupante.

-- Do que precisa para ajudá-la? – Perguntou Alex.

-- De um hospital... – Respondeu frustrada, respirou fundo e continuou – Preciso costurar o ferimento e de alguns medicamentos... Não sei o quanto isso vai fazê-la melhorar... Mas se não fizermos isso... Bom, você sabe...

Alex começou a preocupar-se ainda mais, ele estava ferido, And estava muito mal, e Rubão e Daniel estavam sumidos. Passou a se sentir um fardo para o grupo, na sua cabeça o fator determinante para que eles não seguissem viagem, era sua perna fraturada.

-- Quer dizer que ela pode mesmo morrer se ficarmos aqui? – Perguntou Alex.

-- Não vou mentir... Dentro do que eu imagino que seja o caso dela, é claro que sem exames não posso afirmar nada, mas imagino que sim... Cada hora que passa é pior para ela!

Depois de ter visto a irmã de And ser morta na praça, Alex tinha dentro de si uma dívida com Daniel e Andressa, queria a todo custo mantê-los vivos, já havia perdido muitas vidas durante seu trajeto, não queria que mais uma ocorresse.

-- Temos que dar um jeito! – Começou a exclamar Alex – Assim que Rubão e Daniel voltarem, encontraremos uma maneira de chegarmos até Ji-Paraná! Ela não está tão longe assim...

-- E se eles não voltarem?

-- Eles vão voltar...

Pouco depois de finalizar tal frase, Vic e Alex escutam um barulho motorizado dirigindo em sua direção, assustam-se a primeira vista e Alex dá as ordens:

-- Pega a faca, me dá meu facão!

Victoria o atende, entrega a ele o facão e segura firmemente em mãos uma faca, Alex pede para que ela faça silêncio, em uma tentativa de que no meio da escuridão, eles não sejam percebidos pelos desconhecidos que se aproximam.

O som chega cada vez mais próximo, e agora já é identificável como o som de uma motocicleta. Eles seguem em silêncio, ouvem o barulho se aproximar e percebem que a moto parou, assim que isso acontece eles escutam:

-- Somos nós! – Exclama Rubão. Sua característica voz e jeito de falar são inconfundíveis, logo os dois percebem que não há perigo vindo daquela direção.

-- Rubão! – Exclama Victoria – Como conseguiram essa moto?

-- Uma longa história! – Responde ele.

-- Trouxeram as talas para perna do Alex? – Perguntou novamente Vic.

-- Sim... Claro! – Rubão abriu a mochila e tirou os dois pedaços de madeira que havia recolhido antes do ‘sequestro’ de Daniel.

-- Acho que temos um problema maior Vic! – Exclamou Alex.

-- Eu sei... – Passou a mão no rosto – Foi um milagre vocês aparecerem com essa moto! Precisamos ir à cidade o quanto antes!

-- O quê... O que foi que aconteceu? – Perguntou Rubão.

-- A Andressa... Ela tá mal, preciso de algumas coisas e alguns medicamentos...

-- É grave? – Perguntou ele novamente.

-- Parece que sim... O importante é irmos agora lá!

-- Espera aí... – Disse Alex – Cadê o Daniel? – Daniel seguia perto da moto, ainda na escuridão, estava receoso em revelar o que ocorrera e o que trouxera.

-- Estou aqui! – Disse ele saindo da penumbra e se revelando com a criança nos braços.

-- O que é isso? Isso é...

-- É sim... – Completou Daniel. Nesse momento a criança não chorava mais, parecia que a viagem de moto havia a acalmado.

-- Como assim?! De onde saiu esse bebê?! – Perguntou Alex em tom de indignação.

-- É outra longa história...

-- Gente... Acho que podemos discutir isso depois! – Disse Vic olhando para os dois bastante agitada – Você pode me levar até lá?

-- Claro! – Respondeu Rubão que rapidamente começou a tirar a mochila e as coisas que recolheu com os caipiras e colocar no solo. Antes que pudesse ir embora, Daniel foi até Rubão e disse algo para ele que os demais não puderam identificar. Ele fez sinal de positivo com a cabeça e subiu na moto com Vic, acelerando e se deslocando para seu objetivo logo em seguida.

Tudo aquilo que acabara de ver ecoava como uma grande loucura na mente de Alex. Os dois haviam demorado mais que o normal para encontrar simples talas, e ainda por cima retornaram com armas, uma motocicleta e um bebê. Ainda tentando compreender o que ocorrera, voltou a perguntar a Daniel:

-- O que aconteceu lá?

-- Muitas coisas cara...

-- Não me dê respostas vazias... Você voltou com uma criança!

-- Preciso ver sua perna... – Disse Daniel tentando fugir do assunto.

Antes de ir até Alex, ele amontoou algumas cobertas no chão e deitou a criança em cima, deixando-a minimamente confortável. Após isso, pegou as talas e foi até a perna de Alex, que já havia retirado a anteriormente posta.

Depois de localizar a fratura, colocou uma de cada lado, e verificando bem a posição, ‘travou’ ali a fissura que se encontrava em seu membro, amarrando em seguida de forma firme, mas não totalmente desconfortável. Tal movimento gerou bastante dor em Alex, mas ao mesmo tempo ele sentira que a perna agora se posicionava da maneira correta.

-- Como está a And, o que aconteceu? – Perguntou Daniel como se nada de mais houvesse ocorrido.

-- O que aconteceu Daniel?! Porque trouxeram esse bebê?! – Perguntou em um tom alto e irritado, o que acabou assustando a criança.

-- Nós estávamos procurando sua tala... – Daniel começou a contar a história enquanto olhava a criança deitada sobre as cobertas – Eu e o Rubão nos separamos e eu... Bom, surgiu um velho... Ele tinha uma arma, apontou pra mim, ele era maluco! Me levou até um mini acampamento... Ficou me ameaçando e... O Rubão apareceu e me ajudou... Nós não tínhamos escolhas, foi preciso...

-- O que foi preciso?

-- Nós matamos todos lá!

-- Todos? Quantos tinham? – Perguntou Alex surpreso.

-- Três...

-- Bom... Imagino que tenha sido necessário mesmo, eles iriam te matar, não é?

-- Sim... – Daniel ainda sentia-se muito mal, ao olhar para a criança, via a imagem de sua provável mãe, a mulher que saiu da barraca e levou um tiro seu praticamente por nada. Talvez ele se sinta culpado pelo resto da vida.

-- E a criança?

-- Bom... Depois que isso ocorreu... Encontramos a criança nesse mesmo local, dentro de uma barraca...

-- Nossa... – Alex passou a sentir o peso de tudo que acontecera com eles, e visualizou o que Daniel pudera estar sentindo ao passar por tal situação. – A And passou muito mal... Vic disse que pode ser algo grave...

-- Espero que ela fique bem!

-- Como vamos cuidar dessa criança? – Perguntou Alex.

-- Não sei... Vim me perguntando durante todo o trajeto de moto... Não podia deixá-la naquele lugar!

-- Claro... Talvez isso venha a ser algo bom... Talvez renove nossas esperanças! – Disse Alex tentando manter um tom um pouco mais animador.

-- Temos que sair desse lugar... Com a moto vai ficar mais fácil!

-- Você sabe se é menino ou menina?

-- Não... Ainda não...

-- Bom, isso é bem importante, não acha?

-- É sim... – Respondeu Daniel com um breve sorriso. Olhou para Andressa e perguntou – Você acha que ela vai ficar bem?

-- Ela é durona... Você sabe bem disso! Ela não se entregaria assim... Temos que ter esperança...

-- Esperança... – Daniel olhou para o bebê que adormecia.

Muita coisa havia ocorrido naquele dia, coisas importantes, decisões importantes. O tempo não estava a favor deles e seja por And, seja por Alex, ou pelo bebê, era preciso ser rápido e ágil na tomada de atitudes e realização de atos.


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Notas finais do capítulo

Aqui foi mais um capítulo, espero que tenham gostado!

Queria agradecer a Maaast77 por favoritar a fic!

Seus personagens serão encaixados logo mais, continuem acompanhando!


Opinem e comentem!








Säteily



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