O Mal que o Homem faz - Fic. Interativa escrita por Sateily


Capítulo 33
Capítulo 33 - Poeira, Ossos e o Cone Circular


Notas iniciais do capítulo

"Todos nós vamos morrer..."



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Alguns minutos haviam transcorrido desde a saída de Rubão e Vic na acelerada motocicleta tomada de seus antigos donos no acampamento em meio ao matagal. Os dois seguiam acelerados seguindo a risca o caminho traçado pelos mesmos baseando-se pelo mapa para chegarem urgentemente à cidade de Ji-Paraná.

Após seguir bastante tempo em linha reta, Rubão fez a curva necessária para entrarem no domínio da cidade. Rodou mais um pouco, até situar-se bem dentro da mesma, e em seguida estacionou a beira de um meio fio, perto do centro comercial.

-- Acha que vamos conseguir? Tá muito escuro... Podem aparecer zumbis! – Perguntou Victoria bastante receosa.

-- Vamos fazer o que tivermos que fazer e depois vazar! – Respondeu ele.

-- Por onde começamos?

-- Eu já mandei um som nessa cidade, sei que aqui perto tem uma farmácia.

-- Ok então, vamos lá!

Os dois subiram na motocicleta, e Rubão os levou para uma rua paralela a que estavam. Tudo estava muito escuro, era notável que esta era a maior cidade que haviam visitado nos últimos dias, por isso era preciso um cuidado redobrado.

-- Rubão... A farmácia vai ajudar, mas vou precisar de utensílios médicos, não vou conseguir encontrar tudo aqui... – Disse Vic assim que os dois posicionaram-se em frente à farmácia.

-- Você quer dizer que...

-- Precisamos de um hospital!

-- Não é uma boa ideia... Esses lugares são os primeiros a ficar cheio de zumbis...

-- Ela realmente precisa Rubão...

-- Espera... Eu conheço esse lugar, tem uma Unidade de Pronto Atendimento aqui perto, acho que cê vai ter tudo que precisa lá!

-- Temos que ir para lá então!

-- Mas eu ainda preciso pegar algumas coisas na farmácia... – Disse Rubão.

-- O quê?

-- Foi um pedido do Daniel, baby... Pro bebê! – Respondeu ele.

-- Nossa... Eu já havia me esquecido da criança que vocês trouxeram! – Exclamou Victoria que depois de uma breve pausa seguiu – Você tem que ser rápido!

Rubão correu até a entrada da farmácia e rapidamente adentrou-a. Manuseando rapidamente a lanterna que portava, abriu a mochila e começou a por dentro dela diversos produtos da linha infantil, ele não ligava muito bem para o que era, jogava tudo que parecia servir para bebês dentro da mochila, afinal ele precisava ser rápido.

Ao encontrar as fórmulas para recém-nascidos, foi mais criterioso, observou bem se aqueles eram os produtos corretos, e jogo-os para dentro de sua bolsa. Tão rápido quanto entrou ele saiu, dirigiu-se até Victoria, os dois subiram na motocicleta e partiram em direção a Unidade de Urgência que Rubão afirmou conhecer.

Mais algumas ruas foram deixadas para trás, a Unidade descrita por Rubão agora era vista com nitidez. Os dois desceram da moto, e olhando para todos os lados se dirigiram na direção do local.

-- Pode ser perigoso aqui! – Afirmou Vic.

-- Cola em mim neném! – Exclamou Rubão com um sorriso no rosto.

Victoria riu e os dois lentamente foram adentrando o local. Nem tiveram tempo de respirar lá dentro, um zumbi que já estava no local pulou em cima deles vorazmente. Rubão que portava a espingarda e o taco de baseball em mãos, utilizou-se do taco para estourar a cabeça do monstro.

-- Foi por pouco! – Disse ele ofegante.

O primeiro lugar que adentraram naquela Unidade, foi a recepção. O local estava bem deteriorado, provavelmente houve uma confusão ali dentro por conta dos infectados. A frente de onde estavam era possível ver o balcão da recepção, tudo estava revirado e não havia nenhum sinal de vida, porém a preocupação real era com os mortos.

Seguiram as placas e chegaram até um corredor, o objetivo deles era chegar até a enfermaria. Neste mesmo corredor encontraram mais dois zumbis, Rubão pôs-se a frente de Victoria e com dois tiros de espingarda, eliminou os infectados que se aproximavam.

Encontraram a enfermaria e passaram a verificar se lá era seguro. Depois de algumas checagens, puderam determinar isso. Os dois se prostraram no local, local esse que se mostrava bem sujo, havia sangue pelo chão e alguns materiais jogados a esmo, mas o importante para Vic era que o local tinha o equipamento que ela julgava necessário.

-- Rubão pode me deixar aqui, você tem que ir buscar a And! – Exclamou Victoria.

-- Como assim? Não posso te deixar sozinha aqui, podem aparecer mais zumbis! – Refutou Rubão.

-- Eu preciso organizar os materiais, não se preocupe, eu vou trancar essa porta, só abro para vocês! – Disse ela, que já havia visto previamente que a porta poderia ser trancada.

-- Vic...

-- Tudo bem Rubão, vai! Vai ficar tudo bem! A And é o mais importante agora! – Finalizou Victoria.

-- Tudo bem... – Disse Rubão.

Após isso, ele deslocou-se com muita rapidez para o lado de fora da Unidade. Não queria deixar Vic sozinha, mas acreditou em suas palavras, o estado de Andressa era realmente grave, e era necessário cuidar dela o mais rápido possível.

Logo após a saída de Rubão, Victoria tratou de trancar a entrada da enfermaria como prometido, estava com medo, medo por estar só naquele lugar hipoteticamente perigoso, e por imaginar o que precisaria fazer em Andressa. Ela ainda não havia contado a ninguém, mas tinha uma ideia do que estaria acontecendo à irmã de Belle, e justamente por ter esse pensamento, sabia que teria que tomar uma decisão muito complicada. Passou a organizar os materiais e a pensar no que fazer.

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-- Argh! – Exclamou Daniel enquanto trocava a fralda do bebê que se juntara a eles. – Ainda bem que o Rubão pegou essas fraldas...

-- E então é menino ou menina? – Perguntou Alex.

--Menina... – Respondeu Daniel enquanto finalizava a limpeza na criança.

-- Precisamos de um nome... – A frase que Alex dizia fora interrompida por um repentino tremor que tomava conta de And, ela passou a se debater como em uma convulsão.

-- And! – Exclamou Daniel. Ele entregou rapidamente a criança a Alex e dirigiu-se em direção a Andressa, que seguia tendo o ataque, nesse mesmo momento o bebê passou a chorar.

-- O que está acontecendo?! – Vociferou sem entender Alex enquanto balança a criança tentando acalmá-la.

-- Ela tá tendo uma convulsão! – Exclamou Daniel segurando And, para amenizar qualquer problema maior devido ao ataque.

Gradativamente o mal súbito fora passando, Andressa parou de tremer o corpo e seguiu inconsciente. Daniel deitou-a em seu colo, estava muito preocupado. Começou a perceber que realmente os efeitos do acidente haviam sido devastadores nela. Apesar dos momentos de consciência que a mesma apresentou momentos depois do ocorrido, Daniel tinha conhecimento que lesões internas, mostram-se mais graves com o decorrer do tempo.

-- O que foi isso? – Perguntou Alex ainda espantado.

-- Ela não tá bem Alex... Ela não está nada bem! – Disse tristemente Daniel.

-- Quer dizer que... – Alex fez uma pausa, e após olhar para a criança nada mais disse.

Passado algum tempo do evento decorrido com Andressa, é ouvido o som de um carro em alta velocidade se dirigindo até eles. Mas uma vez em um movimento de autodefesa, Daniel e Alex esconderam-se, pois não sabiam quem poderia ser. Porém, para alívio dos dois, era Rubão dirigindo um utilitário.

O carro era branco e grande, com bastantes lugares. Rubão abriu a porta do mesmo e saiu dizendo rapidamente:

-- Vambora cambada! Temos que ir até a doutora!

-- A Vic ficou? – Perguntou Alex preocupado.

-- Ela está bem! Disse para eu buscar vocês, ela quer fazer o que tem que fazer lá na cidade... Disse que a Andressa não pode esperar! Vambora! – Exclamou Rubão novamente.

Os dois não pensaram duas vezes, começaram a recolher as coisas e a colocar dentro do carro, com todo o espaço interno, era possível levar todas as suas coisas em apenas um veículo. Ao final de tudo isso, Daniel e Rubão carregaram And e colocaram-na deitada em um dos bancos, seu estado ainda era o mesmo, crítico.

Alex também adentrou com muito cuidado ao carro, sua perna também inspirava cuidados, e ele ainda não tinha a firmeza para andar novamente. Ele e Rubão sentaram-se na frente, com o vocalista ao volante. Daniel e o bebê ficaram logo atrás, assim como Andressa que ocupava um assento inteiro.

-- Como conseguiu o carro? – Perguntou Alex tentando achar uma posição um pouco confortável dentro do veículo.

-- Dei sorte... Encontrei ele assim que sai da Unidade onde a Vic tá!

-- Tem certeza que lá é seguro? – Voltou a perguntar Alex.

-- Não se preocupa irmão... Tua mina tá bem! – Disse Rubão.

Alex surpreendeu-se um pouco com a frase de Rubão, não conseguiu captar qual seria seu real sentido. Preferiu então preocupar-se com os problemas do momento, olhando para And a toda hora.

-- Eu sei que esse não é o memento... – Daniel fora interrompido por Rubão.

-- As coisas do teu filho tão na mochila! – Disse ele repentinamente.

Daniel foi outro a não captar o real sentido dos dizeres de Rubão, não conseguiu identificar ares de sarcasmo nele, tentava ler o vocalista, mas não conseguia. As repentinas mudanças de humor que Rubão passara a sofrer ultimamente confundiam a todos.

-- É uma menina... A criança é menina... – Disse Daniel brevemente, não houve resposta.

A tensão que o momento resguardava seguiu-se até a chegada deles a Ji-Paraná, depois de mais alguns minuto rodando com o carro. Não houve paradas, Rubão seguiu o trajeto até chegar à entrada da Unidade de Urgência, freou repentinamente o carro, cantando pneu. Todos saíram do veículo, e Rubão mais a frente exclamou:

-- Espera, tem uma maca aqui dentro, vou buscar!

Ele correu até a entrada do local, passou por dois corredores e trouxe rapidamente a maca que já havia visto em sua passagem anterior, quando deixara Victoria lá dentro.

-- Vamos, vamos!

Andressa fora carregada, posta sobre a maca e rapidamente empurrada até as dependências da Unidade. Na rapidez das ações, Alex acabou ficando dentro do carro, ainda não tinha condições de andar sozinho, sua tala havia sido colocada há pouco tempo, e ele tinha medo de tentar algum movimento e acabar piorando a situação. Ele então preferiu ficar no carro com o bebê.

Daniel e Rubão conduziam com rapidez a maca pelos corredores do lugar, não se preocuparam muito em verificar se o perímetro era seguro, apenas queriam chegar logo à enfermaria para ver o que Victoria poderia fazer por Andressa.

O barulho das rodinhas da maca ecoava por aquele vazio local, ainda havia luzes, já que o local tinha eletricidade gerada a partir de geradores, muito provavelmente. Se passado mais algumas curvas, chegaram enfim a entrada da enfermaria, que Vic além de trancado, havia bloqueado pelo lado de dentro.

-- Estamos aqui Vic! A And tá aqui! – Gritaram os dois.

Victoria rapidamente destravou e destrancou a porta, para que os três pudessem entrar.

-- Ela segue do mesmo jeito? – Perguntou a médica.

-- Ela teve um ataque! Uma convulsão! – Exclamou Daniel.

-- Droga! – Disse Vic bem desapontada.

-- O que você acha que pode ser? – Perguntou Daniel.

-- Se for o que estou pensando... Eu preciso vê-la! – Completou ela.

A maca foi colocada mai próximo de Victoria, que passou a fazer diversas observações. Primeiro tirou a bandagem que cobria seu ferimento na cabeça, em seguida virou-a um pouco de lado e depois passou a verificar as pupilas e a olhar minuciosamente seu rosto e toda a dimensão da cabeça.

-- Onde está o Alex? – Perguntou Victoria séria.

-- Ficou no carro com o bebê! – Respondeu Rubão.

-- Traga ele aqui, por favor! – Pediu Vic.

-- Tudo bem... – Após dizer isso, Rubão preparou-se para sair. Antes de ir, deixou as armas de fogo com Daniel, e saiu da sala portando seu taco de baseball.

-- Tranquem as portas! – Exclamou ele.

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Rubão saiu caminhando lentamente pelos corredores, olhando para todos os lados. Sua feição agora demonstra seriedade, ele está preocupado com a segurança do lugar. Ao passar em frente a uma porta, ouve um barulho vindo de dentro do mesmo, um barulho repetitivo, como se algo estivesse derrubando objetos. Hesita um pouco, pensa em passar direto sem nada fazer, mas resolve verificar, sempre com o taco de prontidão.

Ele olha para cima e vê escrito na porta desta sala “SEÇÃO DE DOENÇAS INFECCIOSAS”, seu coração dispara, ele não sabe o que o espera ali dentro, mas sente que deve adentrar tal local.

Com um chute na porta ele a abre, de dentro do lugar três zumbis partem em sua direção, estão famintos. O primeiro é atingido em cheio na cabeça, o segundo consegue derrubá-lo, mas ao colocar o taco a sua frente como proteção, Rubão consegue empurrá-lo para o lado. Antes que o terceiro pudesse aproveitar de seu momento no chão, ele levanta já desferindo um golpe no monstro. Rubão então acerta o zumbi restante várias vezes, respingando sangue por toda a parte e por sua roupa.

Após recuperar o fôlego depois da ação decorrida, ele observa que os zumbis portavam trajes de pacientes, com as típicas batas utilizadas por quem fica internado. Rubão então imagina que estes que acabara de matar, estavam internados por conta da mordida, logo no início do apocalipse, quando nada se sabia sobre o famigerado vírus. Depois de ver os corpos sem vida no solo, seguiu andando na direção do lado de fora para buscar Alex.

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Victoria seguia verificando sinais vitais em Andressa. Usando um aparelho próprio, mediu a pressão e batimentos cardíacos dela, além de verificar o estado de sua respiração.

-- Vic... Victoria! – Exclamou Daniel conseguindo chamar sua atenção.

-- O que foi?

-- Eu que pergunto... Você sabe o que ela tem?

-- Um aneurisma. – Respondeu fria e repentinamente.

-- Um aneurisma? – Surpreendeu-se Daniel.

-- Sim!

-- Como pode ter certeza? – Perguntou Daniel ainda perplexo.

-- Bom... Eu não tenho um tomógrafo, mas posso afirmar... Eu sou médica, já verifiquei todos os sintomas dela...

-- Mas você não pode ter certeza...

-- Bom, podemos deixá-la morrer então e descobrir depois o que ela tinha! – Vociferou Victoria.

-- O que pretende fazer? – Perguntou enquanto passava a mão na cabeça preocupado.

-- Eu pretendo operá-la!


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Notas finais do capítulo

Aqui foi mais um capítulo, espero que tenham gostado!

Queria agradecer a NyahTWD e a Narutobaka por favoritarem a fic, valeu!

Comentem, opinem e continuem acompanhando!







Säteily



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