O Mal que o Homem faz - Fic. Interativa escrita por Sateily


Capítulo 28
Capítulo 28 - Efeito Estocástico


Notas iniciais do capítulo

"Aqui vem o Boom..."



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/349667/chapter/28

-- O que é isso Klinger... Calma! – Exclamava Daniel com as mãos estendidas fazendo sinal para que ele se acalmasse.

-- Você abandonou a arte! Você abandonou a arte! – Gritava Klinger repetidas vezes. – Vocês pegaram o meu carro!

Rubão já se preocupava se os gritos de Klinger atrairiam mais zumbis, olhava ao seu redor tentando perceber se algo se aproximava.

-- Você conhece mesmo esse maluco?! – Perguntou Andressa se dirigindo a Daniel.

-- Conheço... Eu não sei o que está acontecendo! – Respondeu ele.

-- Vocês também querem a Karina, não é?! – Disse Klinger em um estado de surto psicótico. – Eu não vou deixar! – Após dizer isso, Klinger partiu pra cima de Daniel com o tridente em posição de ataque. Antes que chegasse até ele, recebeu uma pancada na cabeça de Rubão com a garrafa de vodka, quebrando-a no homem que surtava.

Fora necessário apenas um golpe de Rubão para que Klinger caísse ao chão desacordado. Todos estavam sem ação depois de todo o ocorrido, ninguém imaginaria que uma pessoa aparentemente maluca chegaria do nada ameaçando atacá-los e desferindo frases desconexas.

Daniel se abaixou e foi verificar o estado de Klinger, ele que havia caído com o rosto no solo, fora virado em decúbito dorsal, e Daniel pode ver que o golpe com a garrafa produzira um corte na parte de trás de sua cabeça.

-- Ele tá vivo? – Perguntou Andressa.

-- Está sim... Acho que foi só uma concussão... A Victoria pode dizer bem melhor do que eu! – Disse Daniel olhando primeiro para Andressa e depois para Vic.

-- Talvez a prioridade seja a minha perna, vocês não acham? – Disse Alex com feições de dor e irritação.

-- Vai ver a doidera para depois dessa! – Falou Rubão olhando para Klinger.

Victoria ainda com resquícios do efeito do álcool, levantou-se e foi até Alex, estava um pouco tonta e com dores de cabeça, mas naquele momento era mais importante atender os feridos.

-- And, pega as ataduras na mochila, por favor? – Disse Vic, And se dirigiu até a mochila da clínica geral e atendeu seu pedido.

A fogueira teve seu fogo ampliado para facilitar o atendimento e Alex pode mostrar seu ferimento à médica. Ele abaixou sua calça e uma mordida em sua coxa foi avistada, a mandíbula do cão de Klinger havia pegado em cheio na perna de Alex, e o ferimento mostrou-se profundo.

-- Eu vou ter que limpar e fazer um curativo aqui, nada de mais... – Disse Victoria calmamente.

-- Só isso? – Perguntou Alex.

-- Vamos torcer para que o cachorro não tenha raiva... – O modo como Vic pronunciou a frase deixou Alex apreensivo, sabia que havia riscos do cão estar contaminado e se isso ocorresse ele estaria condenado. – Vamos precisar de alguns medicamentos também, coisa simples. Pegamos em uma cidade que tenha farmácia. – Completou a sorridente médica.

Alex nada falou, deixou que Vic trabalhasse em seu ferimento, e depois de algumas caretas de dor pela lavagem do ferimento e colocação do curativo, Vic voltou a dizer:

-- Tenho que ver o outro agora... – Disse se referindo a Klinger.

-- Por quê?! Deixa o doido aí! Vamos embora antes que ele acorde! – Vociferou Andressa.

-- Ei... Ela vai ver ele sim... Não vamos deixar o cara nesse estado! Eu o conheço desde criança! – Rebateu Daniel.

-- Eu sempre saio como vilã das histórias! Eu só penso no grupo, no que é melhor para todos nós! – Falou And em tom de confronto.

-- Você se esforça muito para ser sempre a ranzinza do grupo! Diz que pensa no coletivo, mas só pensa em si mesma! – Respondeu Daniel.

-- Só penso em mim?! Foi você que nos abandonou na estrada para ir atrás de uma garota morta! – Vociferou novamente Andressa. A simples conversa sobre o atendimento ou não a Klinger virara agora um duelo entre os dois. Daniel respondeu:

-- Eu fiz aquilo pela segurança de vocês duas! – Mesmo mancando, Alex se dirigiu até os dois na intenção de que aquela discussão cessasse, Rubão fez o mesmo. Andressa ainda finalizou:

-- Se você não tivesse ido... Belle ainda estaria viva! – Após dizer isso, And saiu de perto do grupo foi andando até sumir na escuridão. Rubão tentou impedi-la, mas ela se desvencilhou dele. Daniel nada disse após aquilo, engoliu a seco as acusações recebidas. Por dentro aquela frase se repetia diversas vezes. Seria ele o responsável pela morte de Isabelle?

O clima seguiu pesado, Vic usou boa parte do pouco suprimento médico que tinham para enfaixar a cabeça de Klinger, o corte havia sido mediano e ele acordaria logo mais. Daniel a ajudou, ainda quieto depois de toda a discussão.

Rubão se sentou ao lado de Daniel, ele acabara de prender o cachorro de Klinger em uma árvore, e em consenso, decidiram amarrar com uma toalha e uma camisa, os braços e pernas de Klinger.

-- E aí brother, tá de boa? – Perguntou Rubão de forma amistosa.

-- É uma pena você não ter conhecido a Belle... Ela era diferente da irmã... Apesar de serem gêmeas, as essências eram muito diferentes... – Disse Daniel.

-- É uma pena mesmo... Sinto muito pela sua garota!

-- Tudo bem...

-- Que parda era aquela que cê falou pro doidão quando ele te reconheceu? – Perguntou Rubão intrigado.

-- Era um mandamento. – Respondeu.

-- Mandamento? Eu não entendo de bíblia, mas nunca ouvi esse mandamento.

-- É um mandamento de outra religião.

-- Ok então... – Disse Rubão, Daniel continuou.

--Nós nos conhecemos desde moleque, ele morava perto da minha casa... Jogávamos videogame, estudávamos na mesma escola... Na adolescência decidimos que iríamos ser pagãos – Dá um breve riso – E entramos de cabeça na Wicca... Conhece?

-- Ouvi falar... – Respondeu Rubão coçando o queixo. Daniel prosseguiu:

-- Ele acabou se mudando, foi fazer faculdade em outro estado... Acabamos perdendo o contato. Nunca imaginei que iria encontrar ele de novo... Ainda mais nesse estado. Foi por isso que eu pronunciei aquele mandamento, para que ele se lembrasse.

-- E o que cê vai fazer?

-- Não sei... Vamos ver quando ele acordar.

 Alex se dirigiu até eles mancando, chegando lá noticiou:

-- Acho melhor irmos atrás da And, temos que nos organizar, o dia já está nascendo.

Já deveriam ser cinco e meia da manhã aproximadamente, o dia já estava parcialmente claro, e era preciso se organizar para cair na estrada. Rubão se levantou após ouvir o recado de Alex e saiu à procura de And, levou consigo o taco de baseball. Daniel levantou-se e foi até Klinger, ele já estava acordando.

Ele foi abrindo os olhos lentamente e seus sentidos foram retornando. Vic se dirigiu até ele para ver como seria sua reação ao acordar e fazer sua avaliação médica. Ao acordar, Klinger piscou os olhos seguidas vezes até ter sua visão restabelecida. Não estava entendendo direito o que ocorria, sentia uma forte dor de cabeça e queria saber o motivo de estar amarrado.

-- Daniel? – Foi a primeira coisa que pronunciou.

-- Que bom que se lembrou de mim... Olha, mantém a calma, ok?

Ele começou a se debater, estava imobilizado. Daniel o segurou e seguiu falando:

-- Isso é para nossa segurança... Você não estava falando coisa com coisa... Tivemos que fazer isso!

Klinger seguiu se debatendo até parar de súbito e voltar a falar:

-- Eu me lembro de você... Daniel!

-- Sim... Eu sou o Daniel... – Daniel percebera que se tratava de algum problema na mente do amigo, ficou triste ao imaginar tudo que ele provavelmente passara para se encontrar naquele estado. Klinger seguiu falando com um sorriso no rosto:

-- Você se lembra das reuniões do coven? O Lauro, o Bruno... A Amanda, lembra dela?

-- Claro...

-- Porque nosso coven se separou? – Perguntou Klinger.

-- Não sei... Cada um seguiu um caminho diferente...

-- Cadê a Karina?

-- Karina?

-- A minha cadela... Onde ela está? – Klinger pronunciava cada frase com uma calma assustadora, parecia esquecer o fato de estar preso, ou de tudo que ocorrera anteriormente.

-- Ela... Nós amarramos naquela árvore.

-- Bom... Nós temos que ir agora, foi bom te visitar... Ainda estou procurando meu carro... – Fez uma pausa e disse sussurrando – Alguém roubou o meu carro!

-- Você... Você não quer seguir viagem com a gente? Nós temos um carro... – Tentou argumentar Daniel, Vic apenas observava tudo, Alex que estava arrumando a mochila também parou para assistir a cena.

-- Não cara... Não... Eu tenho que achar o meu carro... Só eu e Karina...

Daniel olhou para Alex e ele sinalizou positivamente com a cabeça, ele então começou a desamarrar Klinger. O amigo de Daniel levantou-se e passou as mãos na roupa para se limpar, foi até onde a cadela Karina estava e a desprendeu da árvore. Todos os seus movimentos eram observados de perto por Alex e seu facão, Daniel também estava com o martelo preparado para qualquer temeridade.

Klinger parecia bem calmo, pegou sua mochila do chão e disse chegando perto de Daniel:

-- O seu coven parece ser formado por boas pessoas! – Daniel nada disse. Klinger então pegou seu tridente e voltou a falar – Tenho que ir... Que a Deusa esteja com vocês! Ah... Não sigam o som... Não sigam o som! – Essa frase fora dita com mais força por Klinger, e é claro que soou como mais um dizer sem sentido daquele homem perturbado.

Depois de dizer aquilo, ele apenas saiu caminhando, adentrando mais ainda a mata do local.

-- O que foi isso? – Perguntou Vic surpresa.

-- Você era amigo mesmo do cara? – Perguntou Alex.

-- Sou sim... Coitado do cara! Imagina o que ele não passou...

-- Isso é um distúrbio sério! – Exclamou Vic.

-- O que acham que vai acontecer com ele? – Perguntou Alex.

-- Ele vai seguir sobrevivendo... Assim como nós... – Respondeu Daniel.

O dia já estava claro, o sol se posicionara sobre suas cabeças, era hora de partir. Naquele mesmo instante Rubão chega dizendo:

-- A encrenqueira tá no carro! Vambora!

Todos pegaram suas coisas e começaram a caminhar até o veículo, a estadia na beira do riacho havia sido agradável até certo ponto, agora era necessário seguir o plano, e continuar a viagem rumo ao Nordeste. Alex havia olhado para o mapa e visto que a próxima parada deveria ser feita em Ouro Preto D’Oeste, ou se o combustível aguentasse, em Ji-Paraná.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aqui foi mais um capítulo... Espero que tenham gostado, comentem e opinem!

Podem enviar sugestões de personagens.








Säteily



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Mal que o Homem faz - Fic. Interativa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.