O Mal que o Homem faz - Fic. Interativa escrita por Sateily


Capítulo 27
Capítulo 27 - Mostre-me o seu melhor Tiro


Notas iniciais do capítulo

"Eu sei que você sabe, te vejo sorrindo para mim"



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-- Você acha que ainda existem... Outras pessoas? – Pergunta Victoria a Alex.

-- Essa é a nossa esperança, não é? Encontrar um lugar seguro e habitado. – Respondeu brevemente Alex.

-- Ultimamente tem sido difícil até encontrar zumbis! – Exclama And que continua – Os vivos nem se falam, o último que encontramos... – Rubão apenas mostrou o dedo do meio e apontou na direção de Andressa, ele seguia jogado no banco, vivendo os efeitos da ressaca da noite anterior. Ela nada respondeu e a viagem seguiu sem problemas.

Passada algumas horas, Caritianas se aproximava e o grupo adentraria em mais uma cidade. O sol era forte, e todos sentiam o calor e aridez daquela região.

-- Esse com certeza é o dia mais quente de todos! – Exclama Alex.

-- O pior é que nossa água está acabando! – Disse Victoria, que em seguida olhou na direção da perna de Rubão e o perguntou – Como tá o ferimento?

-- Tá sussa! Obrigado! – Responde ele. Victoria havia feito um pequeno curativo na perna de Rubão que tinha sido cortada com uma garrafa de álcool.

-- A prioridade é procurar água! – Disse Daniel secamente.

-- Até porque vocês dois acabaram com quase tudo. – Disse Andressa – Essa bebedeira rendeu, hein?

-- Por que não se juntou a nós? Talvez ficasse mais agradável! – Disse Daniel com cara de irritado, And nada respondeu.

-- Estamos chegando! – Sinalizou Victoria.

-- Vamos procurar água e quem sabe conseguir tomar um banho, tá muito calor! – Disse Alex em tom otimista.

O grupo chegava até a cidade, que não era uma cidade em si, era uma comunidade que abrigava em sua maioria descendentes de indígenas Caritianas.

-- Caramba... Aqui é bem pequeno! – Exclamou surpresa And.

-- Será que vamos conseguir alguma coisa aqui? – Perguntou Alex.

-- Vamos procurar... – Disse Victoria.

Após rodarem por uma rua de barro, eles desceram do veículo e começaram a explorar o local a pé. Todos estavam com suas armas a postos, a princípio nada fora visto, mas era preciso cuidado, a qualquer momento algum perigo poderia surgir.

Começaram a andar pela comunidade, tudo era muito simples, casas feitas de madeira de forma bem rústica, perceberam que não iriam conseguir muita coisa por ali. A área onde estavam era em meio a um matagal, havia muitas árvores entre as casas e aparentemente as ações governamentais não tinham chegado àquela localidade.

-- É melhor nos separarmos, vamos ver o que encontramos! – Disse Alex.

-- É perda de tempo, não vamos achar nada aqui! – Respondeu Daniel.

Sem levar em consideração sua opinião, cada um seguiu uma direção na pequena comunidade em busca de algo que lhes valessem. Rubão entrou em um dos casebres, e viu que dentro havia um zumbi amarrado, ele se debatia e tentava se soltar, tinha amarras em suas mãos que o prendiam a uma das colunas de madeira do lugar. Rubão estava com o taco de baseball em mãos e não hesitou em dar um forte golpe na cabeça do monstro, dilacerando-o. Após isso ele só pode exclamar:

-- Malucos...

Victoria seguiu andando pelo lugar, e entre as árvores seguiu explorando o local até ouvir um barulho diferente, que não ouvia há algum tempo. Seguiu o som e caminhou mata adentro, nem se importava em estar se distanciando do grupo, apenas queria confirmar se aquilo que ouvira era realmente o que imaginava. Seguiu esgueirando-se e encontrou para sua surpresa e satisfação, água corrente vinda de um pequeno riacho que se mostrava a ela. Ela correu de volta para contar a todos o que havia encontrado, mas aparentemente ao tomar um caminho diferente do qual havia vindo, encontrou um zumbi, ela parou de súbito, deu um grito e ao tentar correr na direção contrária, acabou se desequilibrando e caindo ao solo, o monstro que estava a sua frente pulou em sua direção, estava faminto e Victoria seria seu alimento. Em um movimento rápido e de puro reflexo, ela conseguiu cravar a faca que segurava na mão direita no meio da testa do monstro, eliminando-o.

Ao ouvirem o grito que Victoria dera, todos correram em direção a mata onde ela se encontrava. Quando Rubão viu o monstro por sobre o seu corpo, deu um forte golpe com o taco na cabeça dele, apenas ouviu:

-- Ele já está morto! Eu consegui acabar com ele! – Dizia Victoria. Alex e Daniel puxaram o zumbi de cima da médica e a levantaram.

-- Obrigada! – Disse ela.

-- Nós ouvimos o seu grito... Você foi rápida! – Exclamou Andressa.

-- Era isso ou morrer... – Respondeu Victoria.

-- O que fazia aqui? Por que se afastou de nós? – Perguntou Daniel.

-- Eu ouvi um barulho de água corrente, eu... Tem um riacho mais a frente. – Respondeu.

-- Um riacho, sério? – Perguntou Rubão, Victoria respondeu com um aceno positivo de cabeça e ele deu um largo sorriso.

Todos se dirigiram até o local indicado por Victoria e confirmaram o que ela havia visto. Sentiram uma grande alegria ao verem água corrente de novo, poderiam enfim tomar um banho e se refrescar do forte calor que fazia naquele dia.

Encheram as garrafas de água com a água do próprio riacho, e em seguida pularam na água. Sem pudores tomaram banho juntos e puderam rir um pouco, algo que não ocorria há bastante tempo, o clima estava ameno entre eles, o que acabara de acontecer era uma vitória, e como elas não costumam acontecer com frequência, deveria ser aproveitada ao máximo.

Montaram um pequeno e simples acampamento, e decidiram passar a noite ali à beira do riacho. Partiriam no outro dia bem cedo, e escolheram isso justamente para dar uma folga a si mesmos, esquecer um pouco do caos e relaxar, se é que isso era possível. Rubão e Alex juntaram alguns gravetos e fizeram uma fogueira assim que escureceu, a temperatura havia baixado e fazia até um pouco de frio.

Todos estavam sentados no chão de frente para o rio, a fogo da fogueira estava em seu ápice e em meio a uma conversa que se seguia, Daniel perguntou:

-- E então Rubão... Qual a sua história? Todos nos conhecemos, mas você ainda não disse muito sobre si mesmo...

-- Bom... – Começou a falar enquanto atirava pequenas pedras na água – Não tenho nada de mais a contar brother... Eu sou de Manaus... – Todos ficaram um pouco surpresos, eles chegaram a achar que ele era mesmo de Rondônia – Trampava como vocalista de uma banda, tinha um filho... – Ele é interrompido por Andressa:

-- Um filho?!

-- Que foi? Eu não tenho cara de quem faz o serviço completo? – Respondeu em tom de piada, em seguida continuou – É... Eu tinha um filho sim... Fabrício... 20 anos.

-- Você tem um filho de vinte anos? – Perguntou Andressa com o mesmo ar de surpresa.

-- Eu sou uma caixinha de surpresas gata... Eu estava em Porto Velho com a banda, quando tudo aconteceu... Perdi meu filho e o amor da minha vida pra esse inferno... – Fez uma pequena pausa abaixando a cabeça – Alessandra... – Voltou o olhar para os céus – Eles estavam em Manaus, acho que... Bom, vocês mesmo disseram que a cidade foi tomada... Aqui estou eu...

O clima baixou de repente, a história de Rubão surpreendera a todos, o fato dele ser pai deixou tudo mais trágico. Todos ali tinham tido perdas, mas perder um filho era algo imensurável a todos eles, exceto é claro a Rubão. O vocalista levantou-se e foi até a mochila, trouxe junto consigo uma garrafa de vodka e disse:

-- Não vamos deixar o clima baixar rapaziada! Rodada por minha conta! – Exclamou ele sorrindo.

-- De onde você tira tanto álcool? – Perguntou Daniel também sorrindo.

-- Fiz meu estoque por aí!

Rubão abriu a garrafa e deu o primeiro gole, passou a Victoria que bebeu apenas um pouco, não estava habituada a bebidas fortes. No primeiro momento Alex não aceitaria, mas para não ser o único a não confraternizar, deu um curto gole no álcool, fazendo uma careta após bebê-lo. Andressa e Daniel também beberam e assim a noite se seguiu, de forma amistosa.

Já deveriam ser três ou quatro horas da manhã, apenas Daniel e Rubão permaneciam acordados, o álcool já havia acabado e eles conversavam e riam sempre se preocupando em não acordar os outros. Rubão olhou para Victoria que estava jogada ao chão dormindo. Ela que no começo disse que não beberia muito, acabou sendo uma das que mais bebeu, por falta de experiência, acabou apagando um tempo depois.

-- A Vic chapou legal, não é não? – Perguntou Rubão a Daniel. Ele apenas riu e disse:

-- Ela tomou a garrafa quase toda... – Um silêncio se fez por um instante até Daniel dizer novamente – Sinto muito pelo seu filho e por sua mulher...

-- Valeu! Nós não estávamos mais juntos... Eu e Alessandra... Eu tive muitos problemas, me distanciei um pouco deles... Acho que to pagando pelas minhas burradas! – Disse Rubão.

-- Mais uma vez... Sinto muito! – Falou novamente Daniel.

-- Esquenta não... Tá sussa! – Exclamou ele.

O clima ameno fora cortado por um barulho que vinha do meio da mata, algo se movimentava por ali. Daniel pegou o martelo e Rubão levantou com a garrafa de vodka empunhada. O barulho de seguiu até um latido ser ouvido.

-- O que foi isso? – Perguntou Daniel. Alex se levantou com o alvoroço e mais um latido pudera ser escutado.

-- Isso é um... – Alex fora interrompido por algo que golpeou sua perna, ele apenas caiu no chão em meio a um grito de dor. Estava escuro, a fogueira estava quase apagada e não era possível ver o que estava acontecendo.

-- Alex! – Exclamou Rubão, nesse momento Andressa e Victoria também levantaram, Vic é claro, com dificuldades.

Em meio às sombras, fora possível avistar um homem saindo da penumbra, ele segurava em uma mão um tridente que costuma ser usado em fazendas, tinha uma mochila nas costas e na outra mão segurava a corrente que prendia um pequeno cão, preto de orelhas compridas e caídas, não era possível identificar sua raça naquela distância.

-- Quem é você? – Perguntou Andressa.

O homem caminhou para próximo do grupo e revelou suas características. Era alto e um pouco magro, cabelos escuros curto e enrolado, olhos castanhos e grossas sobrancelhas negras, caminhava lentamente até o grupo.

-- Quem é você? – Perguntou Alex tentando se levantar, sua perna sangrava.

-- Cadê o meu carro?! – Perguntava o homem.

-- O que?! – Questionou Rubão intrigado.

-- Cadê o meu carro?! – Perguntou novamente o rapaz que aparentava ter em torno de vinte e quatro anos. Dessa vez após perguntar ele partiu para cima do grupo com o tridente em mãos, fora impedido por Rubão que ameaçou bater em sua cabeça com a garrafa.

-- Que história é essa! Quem é você? – Exclamou Alex novamente.

O homem passou a olhar fixamente para Daniel, o mesmo retornou o olhar. Desde o primeiro instante, Daniel viu algo de familiar no rapaz, pela primeira vez então, ele se manifestou:

-- Kli... Klinger? – Perguntou brevemente. O homem o olhou e respondeu:

-- Como sabe o meu nome?!

-- Nós... Nós nos conhecemos... Não está lembrado?

-- Eu não sei quem você é! Cadê o meu carro?! – Exclamou ele. Daniel deu um passo à frente e continuou falando:

-- Você não lembra? “Para me servires abra teu coração à alegria, pois vê: todo ato de...” – Daniel fora interrompido pelo homem que continuou o que ele começara.

-- “... Busca e anseio será um ritual para mim!” – O homem mostrou-se surpreso e em seguida disse – Doreen Valiente... Daniel?

-- É isso aí Klinger... Sabia que iria se lembrar! – Daniel caminhou até ele e o cumprimentou.

Ninguém ali estava entendendo o que acabara de acontecer, um desconhecido chegara atacando Alex, e agora se mostrava amigo de Daniel. Alex com a mão na coxa ferida, disse em tom de irritação:

-- Que porra é essa que tá acontecendo?! – Daniel virou-se para ele e disse:

-- Esse aqui é o Klinger! Somos amigos de longa data... Não nos víamos há muito tempo! – Klinger também sorria, mas de repente o sorriso sumiu de seu rosto e ele disse apontado o tridente a Daniel:

-- Cadê o meu carro?!

-- Que isso cara?! – Perguntou Daniel surpreso.

-- Eu não sei quem você é! Vocês roubaram o meu carro! Cadê o meu carro?!

Todos se surpreenderam, inclusive Daniel, o homem mudara de humor de súbito, e agora ameaçava a todos com o tridente, seu cão seguia latindo e ninguém ali sabia o que fazer, em meio a tudo Rubão exclamou:

-- O cara tá loucaço mermão!


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Notas finais do capítulo

Aqui foi mais um capítulo, espero que tenham gostado. Comentem e opinem!

Desculpem a demora, fiquei doente (ainda estou), e por isso a dificuldade para postar esse capítulo, tentarei ser mais frequente!

Podem enviar sugestões de personagens, ainda há vagas abertas para esse segundo ato (não muitas, mas ainda há).










Säteily