POV - 2 ANOS ANTES DO ACIDENTE.

— Que droga! Qual seu problema? – algum vaso foi arremessado no chão com muita força os pelos da minha nuca se arrepiaram denunciando que isso me apavorava – Já falei para você não mexer nas minhas coisas.

— Não mexi em merda alguma – Tento falar calma sem tirar atenção dos papeis sobre a mesa – Você é desorganizado, não me culpe por isso. – conclui sem o mínimo de vontade de prolongar aquilo.

— Renesmee – baixo e próximo demais, ele esta falando no meu ouvido com um braço de cada lado do meu corpo segurando a mesa como se me prendesse ali – Não é nenhum desenho do primário de um dos seus alunos, é a porra da copia de um contrato de 500 mil dólares.

— Sim, eu sumi com seu contrato e planejo roubar o dinheiro para gastar com meu amante. – falo empurrando um de seus braços com força, não ia continuar ali aturando mais um minuto dessas crises sem motivos que Jacob tem. – A propósito você devia sair logo, não vai querer estar aqui quando ele chegar. – falo revirando os olhos.

Nem consigo raciocinar direito quando me levanto e tudo roda rápido demais e em milésimos de segundos estou de frente para um Jacob enfurecido segurando meus pulsos com muita força. Estremeci se não o conhecesse tão bem diria que ele estava a ponto de me jogar do outro lado da sala como fez com o vaso minutos atrás.

— Você não ouse nem cogitar como brincadeira me colocar um chifre, ouviu bem? – Se pudesse descrever Jacob com uma palavra quando não estava calado ou me evitando com certeza seria possessivo. Via raiva nos seus olhos muita raiva.

— Ja-Jacob... Me solta – arfei sentindo o ar entrar pelas minhas narinas como canivete, estava tensa todo meu corpo se enrijeceu alertando perigo. – Por favor.

Ele fechou os olhos por alguns segundos e quando abriu toda aquela raiva tinha sido substituída por um olhar confuso como se ali estivesse outra pessoa sem qualquer noção do que estava fazendo, olhou para meus pulsos que por conta da minha pele alva já estavam vermelhos, ele soltou imediatamente e deu três passos para trás.

— Eu...Eu – ele se calou e respirou fundo – Preciso do contrato, Nessie – sua voz agora era quase um sussurro cauteloso.

— Sua secretaria esta com o original, ela pode tirar outra copia. – falei irritada – Ligue para o escritório, ela serve para essas coisas, sabe, alem de foder com você na mesa de reuniões. – conclui e senti meus olhos se encherem de lagrimas, nunca tinha visto, mas sabia o que comentavam.

— Não fale essas coisas – ele disse e quando finalmente me olhou nos olhos percebendo as lagrimas brotarem pegou seu casaco e inclinou o corpo em direção a porta – Renesmee. – e virou indo embora.

Quando ouvi a porta sendo trancada apenas desabei no chão. Quando vou criar coragem para admitir que meu casamento é apenas uma fraude? Por que não consigo me amar o suficiente para ir embora.

Chorei por tempo demais senti os raios de sol se esvaindo juntei as poucas forças que tinha e subi as escadas com cuidado mal conseguia enxergar por conta dos olhos inchados. Joguei-me na cama abraçando o travesseiro de Jacob sentindo o seu maldito cheiro e depositando ali mais algumas lagrimas ate perder por completo a consciência.

Barulhos... Passos desajeitados no jardim – Não conseguia abrir meus olhos mas o medo de alguém ter  invadido a casa surgiu ao perceber a maçaneta sendo mexida com força suficiente para que eu ouvisse daqui de cima – Droga se Jacob não fechou a porta estou prestes a ser morta. – praguejei me levantando decidida a checar o andar de baixo.

3h45. -  Jacob deve estar com alguma vagabunda enquanto a família Manson vem me matar – dei uma risada amarga com os meus próprios sombrios pensamentos.

Chegando ao primeiro andar vejo um pequeno rastro de sangue indo em direção a cozinha, me encho de coragem seja quem for esta ferido, tenho chance – pensei.

Mas ao chegar à cozinha apenas esta Jacob vasculhando as gavetas com a outra mão no queixo tentando estancar o sangue que escorria do corte que tinha na boca – Droga, Nessie onde você guarda os curativos – estava abrindo a boca para responder ate reparar que ele não estava realmente me perguntando – Vamos não é tão difícil – ele nem se quer tinha notado minha presença. Talvez pelo fato de ter sido muito silenciosa tentando surpreender o “assaltante” ou simplesmente por estar bêbado já que o cheiro de álcool na cozinha denunciava bastante seu estado.

— Jake – falei depois de observar atentamente o que acontecia na cozinha já que meu cérebro ainda dormia um pouco levei tempo.

Ele se vira com as costas de uma das mãos no rosto tentando inutilmente esconder os machucados no rosto. – Desculpe se te acordei.

— O que aconteceu com você – perguntei abrindo a geladeira para pegar a bolsa de gelo, ele com certeza iria ficar com o olho roxo.

— Cai na garagem – afastei sua mão e coloquei a bolsa de gelo no seu rosto – Aii Ness- parecia uma criança que tinha acabado de ralar o joelho choramingando para a mãe.

— Você se meteu em uma briga – falei observando as marcas de soco e a blusa rasgada – Vou pegar o kit de primeiros socorros para cuidar desse corte, esta sagrando muito. -constatei

Ele não disse uma palavra enquanto limpava seu corte apenas alguns gemidos em protesto, mas como professora posso dizer que ele precisaria bem mais que isso para me fazer parar.

— Prontinho novo em folha – falei e percebi que seus olhos pareciam três vezes maiores agora que ele me olhava sem expressão. – Vou preparar um chá ou amanhã você vai acordar com a maior ressaca.

— Obrigado – ele falou baixo correndo a cozinha com o olhar apenas sorri em resposta sem me certificar se ele tinha visto.

Preparei o chá em silencio e servi uma xícara cheia para ele, parecia já esta passando do efeito do álcool. Quando me direcionei para oferecer uns biscoitos ele olhou diretamente para meus pulsos que eu nem se quer tinha percebido, mas estavam meio roxos com alguns hematomas.

Flashs da nossa briga mais cedo tomaram minha mente por alguns instantes, ele tinha passado o dia todo bebendo e brigando por conta disso? Ou apenas estava se divertindo rindo da cara da esposa medíocre que ele deixou em casa – meus pensamentos me torturam por breves segundos.

— Me desculpe – ele tirou o pote da minha mão e passou os dedos com delicadeza pelos machucados – Não quis te machucar – fechou os olhos e balançou a cabeça – Nunca quis te machucar.

— Estou bem – falei tentando puxar meu braço.

— Você não esta bem comigo, nunca – ele já tinha parado de alisar meus machucados e agora brincava com a colher do açúcar – Não sei por que faço isso, você sempre foi... não sei quando me transformei nisso.

— Temos problemas coisas de casais – não queria ter aquela conversa, comecei a recolher minha xícara e levar ate a pia.

—Olha para mim, por favor – ele me empresou contra a pia, mas sem violência ele estava calmo parecia apenas querer manter o contato dos nossos corpos – Nunca transei com minha secretaria – olhei sem entender – Não consigo, você esta sempre aqui – ele falou apontando para própria cabeça – Por que diabos você sempre vem na minha cabeça Renesmee?

— Po-por que sou sua esposa – falo baixo, ele apenas nega com a cabeça.

— Sempre... Desde que você entrou na minha vida – fala com a voz mais intensa – Você tinha 10 anos e aquele merda do Quil te olhou de um jeito que não gostei, soquei meu melhor amigo por sua causa. – falou fechando os olhos como se pensasse em cada palavra que saia de sua boca com cuidado – hoje me meti numa briga para tentar tirar você da minha cabeça.

— Se você odeia tanto por que se casou comigo? – falei – Quando Billy desapareceu... eu iria embora você nunca mais ia me ver. – completei sentindo um bolo na garganta.

— Tenho certeza que iria – ele aproximou nossos lábios – Leah sempre disse que você era meu inferno particular – ele tirou uma mecha do meu cabelo do rosto – Que se foda, eu gosto de viver me queimando. Só não quero que você saia ferida. – Não estava entendendo o propósito de tudo aquilo e demonstrei isso na minha feição – Nunca duvide que faço meu melhor por você sei que morreria para te salvar, sou um monte de erros tentando fazer algo certo por você. Não me abandone quando perceber que não consigo.

—Jake, você bebeu muito, por favor, vamos dormir – tentei empurrá-lo, mas fracassei -  Não esta falando coisa com coisa.

 Ele concordou e consegui ir empurrando ele ate o quarto. Tirei sua camisa e os sapatos enquanto ele caia na cama de todo jeito poderia tentar dar um banho nele, mas acho que nesse estado ele apenas iria dormir no Box.

Todas as palavras ainda ecoavam na minha cabeça, que droga de vida é essa? Por que sinto que tudo na minha vida esta desmoronando.

— Não vou conseguir dormir sem te abraçar – ele falou me puxando para perto – Estou tentando, prometo que estou tentando. – falou já meio confuso por estar caindo na inconsciência – prometo fazer diferente de Billy.