Traps Of Destiny escrita por Anne Black


Capítulo 15
Um... Dois... Três.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura



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 - Pode trazer uma mala de roupas?— sinto seu suspiro longo do outro lado da linha.

—Já fiz algumas malas posso levar depois do trabalho. – respondo tentando não parecer grossa, mas nesse último mês estava evitando conversar com alguém fora do meu trabalho.

Só uma— ela fala com receio.

— Ok Leah. – digo tentando encerrar a conversa.

— Ele vai voltar para casa de vocês, sabe com as consultas com a psicóloga está tudo indo bem...

— Leah, tenho muito trabalho agora  – interrompo antes que ela recomece com o discurso repetitivo sobre como Jacob irá lembrar e voltar a me amar de uma hora para outra.

Ok, desculpe por atrapalhar – Sinto tristeza na sua voz, estou sendo agressiva com todos ao meu redor esses últimos dias, mas não me importo.

Dois meses e meio desde que vi Jacob pela ultima vez, depois do acontecido evitei contato total não queria ter mais crises de pânico e pelo estado que ele correu para fora do quarto creio que minha presença possa fazer mal.

Leah está “vivendo” na casa de Sarah com meu marido, se é estranho pensar nisso fica apenas pior quando tenho que explicar para algum vizinho que pergunta por ele, prefiro omitir a parte dele possivelmente está dormindo com outra para evitar minha humilhação publica.

Voltei a focar no trabalho como fiz quando Jake estava internado mas agora sinto que é cada vez pior, não tenho uma vida e não sinto falta disso. Todo dia recebia uma ligação de Quil me convidando para fazer alguma coisa, mas sempre ficava arrumando desculpas ate que fui ficando sem ideia e parei de atendê-las, ele pareceu desistir e agora apenas me manda uma mensagem vez perdida para saber como estou e tento responder da melhor maneira possível, mas sempre acabo por ignorar.

— Renesmee você vem? – ouço Beatrice a professora de Matemática entrando na minha sala e só ai percebo que a escola já está fazia.

— Como? – realmente não faço ideia do que ela queria, não estou apenas afastada de pessoas próximas a Jacob.

— É sexta vamos beber para relaxar, você sabe fingir que não temos muitas provas para corrigir -  Ela diz sorrindo simpática, isso me irrita mas não transpareço afinal não é culpa de ninguém que vivo amarga.

— Não vou poder acompanhar vocês tenho compromisso – Não era totalmente mentira, preciso entregar as coisas de Jake. Observo sua cara de desapontada e completo tentando parecer humorada – Sou uma professora de artes não tenho tanta coisa para corrigir, bebam por mim.

— Sim senhora – ela vem ate mim e me da um beijo no rosto em despedida – Vejo você segunda.

— Ate lá – vejo a porta se fechar e sinto toda a áurea da sala mudar assim como meu sorriso que some imediatamente. Sai pelos corredores apressada tentando escapar de qualquer outra pessoa que me force novamente a vestir a fantasia “social” que estou odiando usar nesses últimos dias.

Por sorte ninguém aparece e o motorista do taxi também permanece calado todo o trajeto me deixando bem mais feliz, dei ate um valor a mais pela corrida quando desci como uma gorjeta que ele provavelmente não entendeu o motivo de ter recebido.

Mudei alguns moveis de lugar, pintei paredes e comprei coisas que não precisava para tentar retirar da casa todas as memórias dele, não ajudou muito então agora apenas passo tempo demais deitada no sofá da sala assistindo TV e acabo por adormecer no mesmo lugar, passar uma noite no quarto me causa arrepios e sinto minha crise do pânico retornando.

Crise do pânico, foi o que descobrir ter depois da ultima vez que desmaiei no hospital segundo a psicóloga amiga de Quil, eu tenho há muito tempo apenas não percebia os sintomas e provavelmente desenvolvi devido a um trauma na infância. Deveria estar tendo consultas para entender melhor o que causou meu problema e tentar descobrir o por que de Jacob ser um gatilho para piorar meu estado, mas não preciso de outro problema na minha vida. Ser taxada como louca ou tomar remédios não está na minha lista no momento.

Entro no quarto sem olhar para nada e puxo a mala de rodinhas pela porta com mais força que o necessário tentando focar meu cérebro apenas naquela ação e evitar de me dar conta de onde estou e o que falta nesse ambiente, ele.

Já desço as escadas discando o numero de Leah e aguardo apenas três toques antes de ouvir sua voz aparentemente cansada do outro lado da linha

—  Tudo certo Nessie?— Algo esta errado com ela, era visível mas eu realmente não queria perguntar

— Estou a caminho – falo e ouço ela suspirar em resposta – Te mando uma mensagem quando estiver perto para você ir ate a porta.

— Eles saíram, pode tocar a campainha — ela fala e sinto meu estomago revirar com a possibilidade de entrar naquela casa que deve estar empestada pelo cheiro dele.

— Estarei bem apenas na calçada – falo seca talvez meio rude

— Por favor... Preciso de você— ela diz rápido como se suplicasse —... Preciso conversar com você.

 - O taxi já chegou Leah – digo sem responder exatamente. Ainda não sei se quero entrar mas não posso negar que pelo tom ela realmente precisa conversar e nem mesmo a amarga pessoa que me tornei conseguiria negar seu pedido.

Ouço um longo suspiro e a ligação é encerrada, ao mesmo tempo em que a buzina me tira dos questionamentos sobre entrar ou não na casa de Sarah.

O caminho que com certeza leva menos de 20 minutos pareceu uma eternidade já que esse motorista ao contrario do ultimo parece amar falar sobre seus filhos, netos e enteados finjo ouvir concordando com a cabeça dando respostas vazias, fico aliviada quando vejo o carro fazendo a curva na rua do meu destino e me apresso ao sair para por um fim em todo o falatório. Esse com certeza não ganhou nem um centavo a mais.

Conto ate três repetidas vezes antes de tocar a campainha. Um... Dois... Três, estou pronta para correr dali quando Leah abre a porta com um sorriso murcho.

— Pode entrar – Olho para dentro por um tempo tentando me certificar e ela percebe – Eles saíram, acredite.

— Boa noite – Digo passando por ela e trazendo a mala comigo. – Onde deixo isso?

— Pode ser por aqui mesmo, algum empregado pega depois – Ela fala sem dar muita importância.

Observei pela primeira vez todo seu estado físico, visivelmente havia perdido peso seus cabelos cresceram um pouco e seu rosto estava muito diferente no lugar dos olhos brilhosos apenas pretos opacos acompanhados de olheiras.

Fomos em silencio ate o andar de cima, estou pedindo com todas as minhas forças que ela não me leve ate o quarto que está dividindo com Jacob, essa possibilidade era como um soco na boca do meu estomago.

— Desculpa a bagunça é que não consigo manter nada arrumado por muito tempo – observei o quarto rapidamente e parecia ser utilizado apenas por ela, foi um alivio. Mas não posso ser boba isso não queria dizer nada o que não falta nessa casa são quartos para eles dividirem, estou novamente à beira de um ataque. – Preciso saber se você pode me ouvir sem julgar.

 - Eu estou aqui, creio que sim – Não entendo bem qual a intenção mas falo com sinceridade – O que a de errado? -  Ela parece buscar forças para começar a falar e senta-se na beira da cama e olhando para os próprios pés parece criar coragem.

— Não posso mais – Diz ainda sem me encarar. – Não posso continuar vivendo assim,  por favor não me entenda mal mas eu não quero isso – ela fala e me olha por pouco tempo, ainda não entendi seu ponto, mas me esforço e espero que ela continue – Achei por um momento que voltaria a ser como antes, passei tantos anos sentindo falta dele. Tudo que eu queria era estar no seu lugar, mesmo te vendo mal depois de tudo parte de mim pensava como meu sonho impossível estava se tornando real, eu e ele em um mundo sem você – Tento processar suas palavras para responder, mas não existe uma resposta, continuo calada – Eu pensava que meu problema era você, mas não é, nunca foi. – Apenas me encosto na escrivaninha ao lado da cama procurando um apoio. -  Jacob e eu nunca funcionaríamos com ou sem você.

— Leah... o que você está tentando dizer – pergunto meio atordoada.

— Jake tem sido fantástico comigo quase me esqueci de quem me tornei longe dele, estava prestes a cair na ilusão novamente, mas mesmo sem lembrar-se de você sinto que está sempre na mente dele. Sem nem sequer perceber ele cantarola sua musica preferida, assiste filmes que vocês adoravam e chegou a comprar seu antigo perfume de presente para mim.  – Ela sorri e me encara firme pela primeira vez – Sempre odiei isso quando estávamos juntos, fiz de tudo para ele te esquecer e agora que consegui... Não posso fingir que gosto. Não quero o amor dele desse jeito, não quero um amor que nunca foi meu.  – Tento falar, mas sou interrompida por ela – Eu sei como ele te tratou todos esses anos, tenho culpa disso também, fiz por muito tempo Jacob pensar que sentia por você era apenas pena e culpa. Sinto muito.

— Não sei o que posso fazer, nem falar – digo com sinceridade.

— Não posso te contar tudo, mas posso te dar um conselho – ela levanta e segura minhas mãos – Talvez a perca de memória dele seja uma chance que a vida deu a vocês de se conhecerem novamente e apagarem o passado.

— Mas ele te ama, está claro nos olhos dele. – falo e ela nega com a cabeça

— Resquícios dos medos dele continuam ali e isso foi o que sempre o fez achar que me ama – ela disse – Confie em mim Renesmee, esquecer foi o melhor para Jacob apenas ajude-o na jornada para o futuro que será junto com você.

— Isso significa então... – Falo sem coragem de terminar

— Eu vou embora – Fala e sorri verdadeiramente desde que cheguei ali -  Chega de passado na vida dele, e é la que pertenço.

— Jacob não consegue nem se quer me olhar – falo em desespero – Você é quem ele conhece e se sente confortável.

— Apresente-se de novo, seja você. – fala – Vocês receberam uma chance, o universo quer que esse amor viva. Lute por ele.

— Como farei isso? – Pergunto sincera.

—Esqueça o passado, esse Jacob é outra pessoa – ela diz – Quem ele era morreu junto com algumas memórias, deixe-o ir e tudo se resolvera.

Observo Leah pegando uma mala e arrastando para fora do quarto enquanto recolhe alguns pertences colocando em uma bolsa grande. Ela faz tudo em silencio ate terminar e me olhar.

— Deixei uma carta para Jacob explicando algumas coisas e seu número junto informando quem ele deveria procurar. – ela suspira e abre a porta do quarto – Quando ele ligar amanhã lembre-se que será o primeiro passo para o recomeço.


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Notas finais do capítulo

Agora quero muito saber a opinião de vocês ein.

Descobri que recebi uma recomendação obg viu linda ♥



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