POV JACOB BLACK.

Os olhos dela eram profundos e belos como doces chocolates, não me contenho com o pensamento bobo e tento focar em outras coisas, mas logo passo a observa-la novamente.

O jeito que suas emoções transparecem tão fácil como quando me encara e logo desvia o olhar igual uma criança pega fazendo bobagem, como retorce os lábios, mexe no cabelo e parece não saber o que fazer com as mãos. Aparenta ser a mais jovem da sala independente de idade, que é desconhecida por mim assim como tudo nela, sua presença vem trazendo consigo uma luz que o quarto precisava.

Não sei se são efeitos do remédio, mas sinto que meus pensamentos estão diferentes do que me lembro. Segundo Quil nada do que sei sobre mim é concreto afinal esqueci uma parte importante da minha vida, que ainda não sei o que foi, mas sinto que estou diferente do que era seja o que for a parte que esqueci talvez tenha sido melhor assim.

O dia do acidente é claro para mim, tomei café sozinho e sai com pressa para chegar logo a empresa tinha que fiscalizar a produção, lembro de acelerar, me distrair com alguns pensamentos e ate de ter me perguntando o que aconteceu com Leah quando em um momento avistei o caminhão no cruzamento e a luz forte apaga tudo a partir dali.  Como lembrar tudo isso e simplesmente esquecer algo importante, não fazia sentido.

Seja o que for minha mãe parecia não se importar muito, ela contou tudo que perdi nesses meses e estava animada demais para que eu perguntasse algo a respeito. Lele era diferente sempre me fazendo perguntas sobre momentos e coisas especificas demais, como quem ela queria que tivesse sido nossa madrinha de casamento ou coisas absurdas como quem estava com ela quando foi pegar os presentes de natal na primeira noite em minha casa.

Seja o que for sei que a dona dos misteriosos olhos de chocolate esta envolvida, Renesmee, guardei seu nome e fiquei com com ele preso na minha cabeça por longos quatro dias.Senti necessidade de vê-la entrando por aquela porta novamente era tolice mas percebi que tentaram mante-la longe de mim, agora ela esta aqui calada observando Quil dar os últimas checadas em mim e avisos a minha mãe para me dar alta.

— Você sabe que precisa vir aqui a cada dois dias e a psicóloga ira acompanhá-lo todos os dias, sua alta só esta sendo possível por sermos próximos, cumpra o combinado ok? – Quil falava serio o que quase me tirou uma bufada frustrada por vê-lo são profissional.

— Entendi perfeitamente – falo, observo Renesmee ajudar Leah com algumas bolsas enquanto minha mãe checa todo o quarto antes de ir.

— Renesmee, fique perto da porta vou precisar de você aqui logo – Quil fala, ele olha terno para essa e isso de alguma maneira fez minha cabeça pesar em certo desconforto. – Preciso conversar com Jacob, vou precisar de você daqui a pouco.

—  Ok, espero aqui fora – fala com a voz rouca como se tivesse chorado a noite toda e pela tonalidade avermelhada dos seus olhos inchados tornava obvio que isso realmente aconteceu.

Estávamos sozinhos e mesmo assim Quil permanecia calado tentando falar e sempre tornando a fechar a boca novamente, estava ficando irritado.

— Fala logo – disse querendo por um fim naquilo – Alguem morreu?

— Preciso que você responda algo importante – ele diz serio – Nesse momento você quer seu amigo ou seu medico?

— Sou grato por você ter salvado minha vida – falo e ele balança a cabeça como se agradecesse – Mas seja o que for, e aparenta ser serio, quero meu amigo... meu irmão.

Falei com toda sinceridade, faz uns 3 anos que não vejo Quil e mesmo sendo nessas circunstâncias reencontrá-lo é uma das melhores coisas que podia me acontecer.

Depois de ouvir minha resposta ele retira o jaleco e sorri para mim vindo me abraçar como nos velhos tempos de amizade, deve estar sendo uma cena ridícula para alguém ver, mas estamos sozinho nesse quarto existe apenas dois amigos que sentem falta um do outro, agora somos marmanjos com lagrimas nos olhos.

— Todas as vezes que te zoei por estudar demais, desculpa - falo rindo – Ainda bem que você se tornou o melhor medico possível.

— Nem tanto – falou parando de ri- A conversa que está por vim poderia ser bem mais leve se tivesse o poder de curar tudo.  – ele sorri amargo

— Pode, por favor, me contar o que tem de errado comigo? – falei, fisicamente me sentia bem apesar de algumas dores que conseguia suportar ou tentava fingir bem, nada estava errado.

— Sua memória – ele disse e só agora percebi que antes desse momento ate seu tom de voz era diferente, eu realmente não estava falando com o medico – Não faço ideia de como te dizer isso, na verdade isso nunca foi algo que eu consegui entender e agora é pior.

— Mas que porra Quil fala logo. – ele hesita e olha pensando como dizer, talvez.

— Cara, você é casado – ele diz e aponta para minha mão esquerda, não havia anel ali, mas a marca permanecia dando a entender que por muito tempo usei.

Casado?  Vasculhei minhas memórias como um louco tantas vezes nessa fração de segundos que sentia minha cabeça doer mais que todos os machucados do meu corpo.

— Para de brincadeira, Quil – mas ele não riu nem pareceu brincar, estava do mesmo jeito – Como não me lembro disso?

— Também queria saber – fala sem pensar muito

— Minha amnésia me fez esquecer o casamento com a Leah? – falo – Mas lembro de termos terminado e sei que ela fugiu depois disso.

— Jake – fala em um tom serio como quando eu fazia merda na faculdade

— Me casei com a Leah, não é? – silencio em resposta – Eu estava pensando nela antes do acidente, é obvio que me casei com ela.- Digo mais para mim, tento me convencer disso.

—Você não esqueceu uma data nem um casamento – ele fala meio agitado – Você esqueceu uma pessoa

— Como assim? – pergunto e sinto todos os átomos do meu corpo borbulhar.

—Você esqueceu sua esposa – Meu coração acelera em um ritmo frenético a palavra esposa não me causa nada de maneira consciente entretanto meu corpo parece sentir a importância dessa simples palavra.

Eu não tinha me casado com Leah, afinal me lembro de tudo sobre ela lembro inclusive do meu amor que está vivo e em chamas. Como posso sentir isso e se estou casado, minha cabeça só martela em meio à culpa e surpresa.

Não quero estar casado apenas quero correr e reconquistar meu amor da faculdade torna-la minha mulher, minha única. Não posso perder Leah por conta de um casamento irreal nas minhas memórias.

—Não, não – falei e reparei que meus olhos ardiam pelas lagrimas que queriam sair, passo as mãos de forma apressada pelo meu cabelo para me livrar do nervosismo. – Eu amo Leah, por que faria isso ?

— Jake sinceramente não posso responder isso, não sei de seus sentimentos talvez sua esposa saiba- Quil fala calmo talvez calmo demais.

— Me casei com uma qualquer Quil? – falo e reparo que suas pupilas dilatam como se tivesse se ofendido com minhas palavras – Casei com uma qualquer para esquecer Lele?

—É uma das pessoas mais doces que já conheci cada parte de sua personalidade é uma caixinha de descobertas fantásticas. É impossível parar de se surpreender quando começa à conhece-la ou simplesmente conversar, mesmo por horas seguidas sempre é possível observar algo novo que faz você querer passar mais horas ouvindo sua voz, vendo como as suas bochechas ficam vermelhas quando sente vergonha ou se anima demais. Os olhos chocolates que cabem o mundo inteiro dentro, um sorriso singelo que molda com perfeição a delicadeza de seu rosto que apesar de ter passado por muitas coisas parece congelado na expressão angelical infantil. –Ele falava de um jeito aéreo como se estivesse montando cada parte dela na sua mente, seu tom de voz, suas palavras e sua face demonstravam algo que me incomodava me fazia querer soca-lo com toda força.

—  Quil apenas me diga, o nome – Eu sabia qual seria o nome, toda sua descrição casava perfeitamente com meus últimos pensamentos ou melhor com a ultima pessoa que pairava sobre minha mente.

— Nessie, entra – Meu corpo estremeceu não sei ao certo pela expectativa de ver os olhos chocolates como minha esposa ou o fato de Quil chama-la de uma forma tão intima por um apelido que vindo da boca dele me faz odiar ao extremo.