Paradise escrita por Izadora


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Gente,só pra constar,eu fico aqui morrendo de rir dos comentários de vocês xingando a Glimmer,a mãe do Peeta e a Debby.
Sério,vocês são incríveis.
Esse ficou longo,mas era necessário.
Um momento Peetniss,como me pediram,está incluso.
BOA LEITURAA



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POV Peeta

Eu realmente não me responsabilizaria pelos meus atos se minha mãe não soltasse meu braço agora.

Assim que a discussão começou,eu sabia que não ia acabar bem.Katniss tinha seu gênio maravilhosamente irreversível e minha mãe tirara o dia para implicar.E eu a estava odiando por isso.Assim que Kat se levantara,eu me ergui para ir atrás dela,mas minha mãe me segurou fortemente.

-QUE PORRA HÁ DE ERRADO COM VOCÊ?-Berrei,exasperado.Eu estava louco de raiva,e desesperado para ir atrás de Katniss.Eu deveria ter adivinhado.Pelo tom que ela usou no telefone,estava simplesmente me atraído para mais uma armadilha.-Primeiro traz ELA aqui,-Apontei acusatoriamente para Debby.-e depois faz isso?Qual seu problema,mãe?

-Filho,eu...

-Você.-Respondi,magoado.-Tudo sempre se trata de você.Já parou para pensar em como suas decisões me afetam?

-Peeta,precisamos conversar.

-Não,mãe.Me solta.Papai tem razão: agora já chega.-Seu aperto afrouxou e eu me soltei.Peguei o casaco e o ajeitei nos ombros,obrigando aos pensamentos que se aquietassem.Me adiantei até meu pai e o abracei,mas ele não falou nada.Simplesmente me entregou a chave do carro.

Eu me sentia envergonhado pelo que acontecera.E ainda mais por não ter ido atrás dela em um momento oportuno.Saí pela porta da frente,com a garganta seca.
Ouvi o som de um salto alto batendo contra o mármore e me virei,controlando a fúria:

-O que você quer,Debby?

-Peeta,fica aqui.-Ela pediu,manhosa.-Fica comigo.Ela não merece você.

Eu fechei a mão em punho,centralizando a raiva.

-Quando você me teve,só soube me explorar e me sugar até a última gota.Me exibia para suas amigas como se eu fosse alguma espécie de troféu.É um pouco tarde pra me pedir que fique,não acha?

-Peeta...-Sua voz quebrou.-Não fala isso...Eu amo você.

-Não quero esse amor rasgado,pela metade.-Eu disse,brando.-Demorei tanto tempo para encontrar essa paz,acho que mereço uma coisa intensa,forte e indestrutível.E eu encontrei isso nela.Apenas aceite,perdoe e esqueça.

Não esperei uma resposta.Desci as escadas correndo e entrei no carro,saindo feito um doido pela estrada.Estava pensando no quanto eu havia mudado desde que ela entrou de cabeça na minha vida.
Eu nunca havia ficado tão preocupado.Nunca esquentara tanto a cabeça por uma garota.Nunca pedi o carro emprestado ao meu pai,pra deixar o conforto e a comida de casa e sair no frio e garoa da noite para ir atrás de alguém.

E agora aqui estava eu,dentro de um elevador,com os cabelos molhados e o casaco úmido,preocupado e mal.Entrei no apartamento e vi Gale e Madge,sentados á mesa de jantar,tomando um chazinho de camomila.

Eles me olharam e apontaram o quarto com a cabeça.Fui até lá e encontrei um montinho de edredons.

-Katniss?-Sussurrei para o escuro.Ela não respondeu.Olhei no celular e percebi que se aproximava da meia-noite,e que a minha Cinderela estava dormindo na sua carruagem feita de algodão.Sorri para o montinho e fechei a porta.

-Está dormindo.-Anunciei,sentando-me na mesa e me servindo do chá quente.

-Está é fingindo que dorme.-Madge disse.

-O quê?

-Acredite,eu a conheço.-Respondeu.Gale a olhou e soltou uma risadinha.

-O que fazem acordados a essa hora?-Perguntei,sentindo o líquido descer quente pela garganta e rezando para que me acalmasse.

Eles se entreolharam.Madge abriu a boca,mas a fechou imediatamente.Gale tossiu.

-Ah...nós estávamos vendo filme.-Ele respondeu.-Nada interessante.Mas,cara,você precisa falar com ela.Se ela está fingindo dormir,as coisas não estão nada boas.

Eu suspirei fundo.Caminhei até a geladeira,e vi que a empregada havia feito compras.Pesquei uma Nutella,sorvete,um resto de pizza,uma garrafa de Coca Cola e salgadinhos do armário.Despejei tudo sobre a mesinha de centro e me virei para os outros dois,esperando-os ir.

-Madge,bora.-Disse  Gale.

-Ué,por quê?-Ela perguntou,sorrindo.-Vai ser legal.

-Anda logo.-Gale revirou os olhos e a guiou para fora da sala,puxando a manga de seu moletom.Eu suspirei mais uma vez.Não seria uma conversa fácil ou agradável para nenhum dos dois.
Mas minha mãe realmente havia sido o cúmulo da ignorância,e eu estava do lado de Katniss agora.Por outro lado,mesmo errada,ela era minha mãe.

Eu bati na porta do quarto.Ela nem respondeu,então entrei de devagar e acendi a luz.Me sentei no pé da cama,e encarei o montinho de edredons.

-Eu sei que você ta acordada.-Eu disse.Ela se remexeu.

-Talvez eu esteja.-Respondeu,com a voz abafada.Eu ri baixo,e puxei o edredon.Em algum momento ela havia enfiado o moletom que estava grande o suficiente para tapar metade da suas coxas,o coque frouxo e a maquiagem ligeiramente borrada.

-Bu.-Ela disse,tentando puxar de novo o edredon,mas eu o segurei.

-Vem cá,moça.Vem ver um filme comigo.-Disse eu,forçando ao máximo para manter meu olhar acima do seu pescoço.

-Não to com clima pra filme.-Ela disse e se deitou de novo,de bruços.Assim não dá,Everdeen.

-Ah,vem comigo,vem?Eu tenho ali alguma comédia romântica,com um bocado de choradeira...Temos pizza,e você pode lambuzar o meu controle de Nutella,principalmente aquela tecla que libera a dublagem de Marley e Eu,ou Amizade Colorida.A gente conversa um pouco e melhora o seu humor.Não vou deixar você transformar seu quarto novo num cativeiro,ou se entupir de chá de erva cidreira só por causa de uma bobagem que a minha mãe disse.

Ela se levantou e me olhou.Seus olhos estavam brilhantes,mas de uma maneira triste.Fiquei com medo de que ela começasse a chorar,porque eu normalmente me desespero nessas situações.
Ela se jogou ao redor do meu pescoço,e beijou a minha testa,naquele ponto que eu gostava e só ela conhecia,bem entre as sobrancelhas.

-Que filme vamos ver?-Perguntou.

-Pode escolher.

 -500 Dias com Ela e The Graduate.Você tem?-Perguntou e eu assenti.

-Então quer ver um filme sobre término de namoro e um sobre o verdadeiro amor?-Perguntei eu,erguendo a sobrancelha.Ela fez que sim,e uma cara de cachorrinho.
Pus os braços em volta de suas costas,e o outro sobre suas coxas,a erguendo.Dessa vez ela soltou uma gargalhada limpa e sincera.Isso me valeu a noite inteira.

-Olha a mão boba.-Advertiu enquanto eu me virava para atravessar a porta.

-Faz parte...-Eu ri e a apertei contra meu peito.Katniss me deu um tapa no ombro.E são nesses momentos que a gente percebe quem são as melhores pessoas.Nossa relação não se reduzia simplesmente ao amor,ou a “convivência de namorados”.
Desenvolvemos uma espécie de amizade,um carinho amigo muito grande um pelo outro.E isso sempre valeria a pena.Tinha vez que eu queria ficar perto dela,deixar que ela se deitasse sobre o meu peito e me beijasse o quanto quisesse,assim como havia os momentos nos quais eu queria simplesmente brincar com ela,rir um pouco e descontrair.
E também havia momentos em que a gente não se dava tão bem assim,e isso sempre acabava em briga e comigo não querendo nem mesmo olhar na cara dela.Essas brigas geralmente terminavam com nós dois,dez minutos depois de discutir,nos estranhando e depois cedendo á um abraço mudo,como se nunca tivéssemos quase nos esganado.
Quantas vezes isso aconteceu?Umas 2...5...17 vezes.Só no Hawaii.

Eu ameacei despejá-la com tudo sobre o sofá,mas ela segurou minha blusa com as unhas e eu gritei,me jogando junto com ela sobre os cobertores que estavam antes sendo usados por Gale e Madge.

Ela subiu sobre mim e prendeu meus pulsos.

-Ei,não deveria ser ao contrário?-Protestei.

-Hum...Não.Eu prefiro assim.-Ela disse e eu sorri de canto.

-Posso sair agora?-Pedi.Ela pareceu pensar um pouco e me roubou um beijo rápido,logo depois saindo de cima de mim e se enrolando nos cobertores.

Eu ri baixinho.

-Você parece uma criança,sabia?-Disse,enquanto pegava o filme.

-O que quer dizer?-Perguntou,abrindo a Nutella.

Pensei um pouco.

-Que é uma pessoa boa,de bem com a vida,engraçada e amável.Mas frágil.Que precisa de um pouco de cuidado ás vezes.

-E isso é bom?

-Definitivamente sim.Todo mundo precisa de um cuidado ás vezes.Um bom band-aid no coração,uma caneca de chocolate quente e alguém para dizer “quando você casar,sara”.-Disse eu,me sentando ao seu lado e abrindo um pacote de Doritos.Ela me olhou com ternura.

-É,só que a sua mãe me odeia.-Disse,desviando os olhos.

-Ela não...-Mas me calei.Minha mãe decididamente não gostava dela,e o jantar havia sido a prova disso.De que adiantaria mentir?- O meu pai gostou muito de você.

-Isso é bom.

-É sim.-Assegurei.-Eu dou mais valor para a opinião dele do que para a dela.

-É uma boa pessoa.-Ela disse,dando o play.

-Obrigado.-Sorri.

-Eu estava falando do seu pai.-Riu,e depois ficou séria de novo.-O problema é que eu já lidei com esse tipo de pessoa antes,Peeta.Se ela realmente me odeia,o que é óbvio para qualquer um,ela não vai medir esforços pra te tirar de mim.-Ela baixou a voz para pouco menos que um sussurro.-E eu tenho medo dela conseguir.

 Eu fiquei calado,com a boca seca.Sua voz estava tão fraca,tão quebrada,que eu percebi que o que a minha mãe havia dito a fez desmoronar.
E agora eu entendia.Aquela com aquela baboseira sobre universidade,minha mãe havia simplesmente generalizado que Katniss não era boa o suficiente para mim como um todo.E pior: que Debby era.Eu senti náuseas.

Eu umedeci os lábios e olhei nos seus olhos tristes e infantis.Ela esperava alguma reação minha.O filme estava passando,mas eu não estava nem prestando atenção.

-Fala alguma coisa.-Ela pediu.Sua voz estava tão diferente do tom forte e briguento que eu conhecia.Ela estava precisando de mim.

-Eu posso te contar um segredo,baixinho?-Eu disse,me virando para ela.-Eu ainda me lembro do primeiro dia em que eu vi você.Foi na primeira série.Você entrou na sala,e usava óculos.Tinha um nariz empinado e parecia de um orgulho inquebrável.E eu pensei “Nossa,que menina metida.”-As sobrancelhas dela se ergueram.-E eu tinha os meus amigos,e você tinha os seus.A gente não se falava,mas muitas vezes me peguei olhando pra você e seu jeitinho inteligente e desastrado.E sério,eu não gostava nem um pouco.E a gente foi crescendo,na mesma escola,na mesma sala e sem quase nunca se falar.Você ficou linda,e eu sempre fui lindo.-Ela me bateu,mas eu apenas ri.-Até que eu realizei,que de todas as meninas da escola,você era a única que eu nunca tinha sequer abraçado,quem dirá ficado.Até mesmo a Madge eu já tinha certa amizade.Então eu fui resolver isso,mas você só foi me dando um toco atrás do outro.E eu ainda te achava irritante.Até a nossa bendita viagem ao Hawaii.Eu sempre procurei,entre todas as meninas que eu fiquei,e olha que foram muitas...

-Está pretendendo chegar onde com isso?-Ela interrompeu,as sobrancelhas franzidas e uma colher de sorvete a meio caminho da boca.

-Estou tentando subir sua auto estima,ué.

-Falando a quantidade de meninas com quem ficou?-Ela ergue uma sobrancelha.

-Posso terminar?-Pedi.

-Pode.Mas economiza os números.-Ela disse.

-Então,eu estava procurando algo novo.Uma sensação,daquelas que a gente vê nos filmes e eu nunca entendi bem.Aí,quando tudo isso aconteceu,eu pude ter certeza: não tem ninguém como você.Você conseguiu calar todos os meus traumas e medos.Todo meu passado agora,é uma lembrança embaçada.Você,que tratou de ocupar de uma maneira ou outra,todos os espaços que estavam faltando na minha vida,que me fez querer ser uma pessoa melhor.Você com esse maldito jeito mandão de fazer as coisas.Acha que eu abriria mão disso?

-Você pode ser fofo quando quer.-Ela disse,com um sorriso indecifrável.Acho que cumpri minha missão de fazê-la se sentir melhor.
No fim de tudo,era só isso que eu queria.Mas eu entendia mesmo o medo dela.Minha mãe me assustava,e eu tinha certeza que nossa “conversa” como ela dissera não iria demorar para acontecer.Além disso,tinha a despedida de solteiro do Finnick na sexta,e eu jurei a mim mesmo que não beberia demais.

Voltei minha atenção para o filme.Esse não tinha exatamente um bom final.

Mas foda-se.Eu tinha aquela crença bonita de que tudo no fim dá certo.E não era só no filme.

Madge POV

-O que acha que eles estão falando?-Perguntei pela décima terceira vez – e eu estava contando – a Gale.
Primeiro,eu acordava deitada sobre seu peito e agora,ele simplesmente agarrou meu braço e me prendera no quarto com ele,pois segundo ele eu era “bisbilhoteira e tinha uma boca de caçapa que não guardava nada.”.Que audácia...

-De novo,Madge,eu não sei.-Ele respondeu,exasperado.-Não é da nossa conta.

-Não precisa ser grosso.-Respondi.

-Não precisa ser enxerida.

-Vem cá,pra que esses coices todos?Você não era assim antes comigo.Desde aquele dia no hotel.Por favor,você ainda guarda rancor de mim?-Eu disse,revoltada.

-É óbvio que eu estou um pouco ressentido.Você fica jogando um monte de coisa na minha cara,sem nem saber ao certo o que fala.-Ele respondeu,sem me olhar nos olhos.

-É que ás vezes...Argh.-Bufei,irritada.Ele ergueu os olhos.

-Ás vezes o quê?Vai,fala.-Pediu.Eu passei a mão pelos cabelos,andando de um lado pro outro.

-Ás vezes eu tenho uma vontade louca de te perguntar: você não gosta nem um pouquinho de mim?Nem um tiquinho?Eu sempre me apaixonei por você.Todas as vezes que eu te vi.Quero dizer,eu nunca te pedi para mudar.Se você tivesse que mudar,seria por você mesmo.Eu sei que essa é a merda do teu jeito,mas isso me irrita demais.Quando se gosta de alguém,quer estar perto,proteger e ficar com ela,mas esse não foi o nosso caso.Eu aqui,feito boba,e você aí no seu mundinho.Francamente,qual é o nosso problema?

-Eu estou trancado demais no meu escudo.Eu minto tentando fingir que sinto só metade do que realmente sinto,e você tenta ignorar.Só não acho que ficar com outros caras seja a resposta pra isso.A gente nunca daria certo Madge.Nunca.

Foi como se ele tivesse me esbofeteado.Mas eu não tive a menor reação.
Gale era um puta de um babaca.E era cruel que eu gostasse tanto dele.
Ele abriu a porta e saiu,entrando na porta que estava de frente para a minha e me deixando sozinha ali no quarto,com um monte de mala pra desfazer.

As acho que a vida é isso mesmo.Um dia é bom,e o outro é uma porcaria.Não dá pra ser feliz o tempo todo,e eu sou a prova viva disso.

Peeta POV

Katniss estava quase adormecendo quando meu celular tocou.No visor,o nome do meu pai brilhava.

-Alô?-Atendi.

-Alô,Peeta?Escute,o que sua mãe disse é muito sério.Precisamos conversar.Como está a sua namorada?-Ele disse,com a voz rouca e profunda.

-Bem,depois de minha mãe ter acabado com ela,eu consegui recuperá-la um pouco.Está quase dormindo.

-Sei que é tarde,mas poderia voltar aqui?

-Pai,pode ser amanhã?Estou morto.

-É acho que pode.Venha tomar o café da manhã conosco,mas,por favor,venha sozinho.

-Duvido mesmo que ela queira voltar aí,de qualquer forma.Boa noite,pai.

-Boa noite,meu filho.

Eu desliguei o telefone,intrigado.O que seria esse assunto tão sério que eles queriam falar comigo?


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Notas finais do capítulo

Ficou uma bosta né?É.
Desculpa mesmo,mas é que eu precisava disso,pro próximo cap. e eu peço que não me matem pelo próximo.Sério.Vocês vão ficar bem de cara com ele.
Mas e então,o que acharam?Um fofo esse garoto do pão,né?
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