Paradoxo Temporal: A Origem De Ginmaru escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 16
Emboscada




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– Shiroyasha?! – Ginmaru perguntou surpreso. – Pai, você era o tal do Shiroyasha que falam nos livros de História?!

Gintoki não respondeu, apesar da admiração do garoto frente ao que Katsura dissera. Ele não contara ao filho sobre essa parte do passado. Nem queria contar, não era algo que lhe dava tanto orgulho pelo o que ocorreu na guerra da qual participara. Isso imediatamente se refletiu em seu olhar, que se recusava a olhar nos olhos quase idênticos aos seus.

Ginmaru não entendeu. Se seu pai era o poderoso e destemido Shiroyasha de outrora, por que ele nunca lhe falara sobre isso?

Como bom amigo, Katsura disse:

– Seu pai conseguia derrotar muitos inimigos sem dó naquela guerra. Ele era o mais poderoso e temido de todos nós. Mas você sabe, pelos livros de História, que perdemos essa guerra. E cada um de nós trilhou nosso próprio caminho com muito sofrimento.

Isso fez com que o garoto fosse trazido de volta à realidade.

– Eu aprendi que o lendário Shiroyasha, no fim da guerra, acabou desaparecendo... Sem deixar rastros.

– O lendário Shiroyasha, Ginmaru – Gintoki resolveu dizer. – Se tornou mendigo e viveu nessa vida por um bom tempo, comendo dangos deixados em um túmulo por uma velha dona de um bar. Depois disso, ela o acolheu e, tempos depois, ele se tornaria um faz-tudo.

O que poderia causar vergonha acabou causando mais admiração no menino. Agora ele sabia que seu pai não tinha aquela aura de preguiça desde que nascera. Era como se ele quisesse esconder o que realmente fora antes... Ou realmente esquecer o passado.


*


Um novo dia amanhecia e, ao mesmo tempo, a neve começava a cair em Edo. O despertador em forma de justaway começou a tocar e Gintoki, totalmente sonolento, tateou com a mão até encontrar o objeto para desligar seu alarme.

Era hora de acordar e começar mais uma batalha contra o futon quentinho. Mas desta vez tinha que se levantar pra fazer um serviço nesse frio danado. Os olhos preguiçosos e pregados de sono se abriram a muito custo, após o Yorozuya dar um longo bocejo e uma senhora espreguiçada.

Por fim, levantou-se e coçou os olhos, em seguida dirigiu-se ao armário no qual Ginmaru dormia. Abriu-o, o que fez o garoto se encolher de frio.

– Vamos lá, Ginmaru – disse, tentando acordar o garoto com a voz ainda pastosa de sono. – Acorda logo, eu preciso ir fazer um serviço.

– Ah, pai... – o menino respondeu com a voz igualmente sonolenta. – Só mais cinco minutos...

– Não tem essa de cinco minutos, moleque! – puxou o filho pela gola da camisa do pijama e o tirou de seu conforto. – E não vou te deixar sozinho aqui, vou te levar até a casa do Shinpachi!

– Ah, pai... Tá muito frio pra gente sair...!

– Sem reclamar! Vamos lavar a cara e escovar os dentes!

Gintoki arrastou o garoto ao banheiro, onde os dois lavaram a cara, escovaram os dentes e deram uma arrumada no cabelo – ambos ainda com cara de sono. Trocaram de roupa e, além dos trajes habituais, vestiram casacos, cachecóis e luvas para encarar o frio. Assim que abriram a porta, uma lufada de vento gelado atingiu pai e filho, ao mesmo tempo em que Sadaharu se enfiava embaixo do kotatsu.

Ginmaru, batendo os dentes de frio, encarou o pai, que fazia o mesmo:

– P-Pai... T-Tem certeza de que e-esse serviço é re-realmente n-necessário...?

Gintoki respondeu:

– A-Absoluta...! N-Não v-viu que a g-gente não tem n-nem o c-café da m-manhã...? V-Vamos ter que s-serrar o café d-do S-Shinpachi-kun...!

O garoto fez bico. Serrar o café da manhã dos outros de novo? Não gostava muito disso, ainda mais sendo da casa de Shinpachi, onde poderia ter a sorte de comer algo feito por seu sensei, ou ter a infelicidade de dar de cara com algo feito por sua irmã Tae. De toda forma, na véspera eles já tinham serrado café da manhã no bar de Otose, que sempre contrariada e após muita discussão – com Gintoki usando Ginmaru como desculpa – cedia alguma coisa a eles.

Pelo menos eles poderiam ir de scooter, certo?

Errado! Gintoki passou deliberadamente direto pela scooter. E, claro, o filho o questionou:

– Eeeeeei! Nós vamos a pé?!

– Aham. – Gintoki respondeu com ar displicente.

– Mas por quê? A gente chega mais rápido assim!

– Porque estamos com pouca gasolina e o pouco que tem tá congelado.

– Não brinca...! – o garoto expressou desolação. – Vamos ter que ir a pé mesmo?

– Bom que a gente aquece as nossas articulações enquanto anda.

– Isso tá parecendo discurso de velho, pai. E você ainda nem tem quarenta anos!

E mais uma vez Ginmaru fez bico contrariado. Às vezes se perguntava se merecia o pai que tinha. Não lhe restava outra alternativa a não ser ir junto com Gintoki até a casa dos Shimura... Ambos com os estômagos roncando alto.


*


Ao chegarem ao dojo dos Shimura, pai e filho foram atendidos pelo jovem de óculos, que já sacou logo de cara o que os dois faziam ali:

– Ah, bom dia, Gin-san, Ginmaru. Podem entrar, eu já imaginava que vocês iriam vir, então reforcei o café da manhã.

A dupla não se fez de rogada e literalmente atropelou o anfitrião, que não perdeu tempo e protestou:

– PELO MENOS NÃO AJAM COMO MORTOS DE FOME!

Não adiantou muita coisa, porque os dois Sakatas já estavam devorando o café da manhã sem nenhuma cerimônia. Ao Shimura, apenas restou observá-los comer tudo com voracidade e, em seguida, ir vestir algum agasalho para acompanhar seu “chefe” até o local do serviço que haviam combinado. A missão da dupla Yorozuya era basicamente retirar a neve das garagens de algumas casas. Ginmaru ficaria com Tae, Gintoki não queria encrenca com gente que achasse que ele estaria explorando mão de obra infantil.

Após isso, os dois saíram a pé, rumo ao local onde começariam o trabalho do dia. Em determinado trecho do caminho que percorriam, o instinto de samurai de Gintoki dizia que estavam sendo seguidos. O albino sentia isso até então.

– Gin-san – Shinpachi já havia notado. – alguma coisa errada?

– Não sei quanto a você, mas tenho a sensação de que não estamos andando sozinhos por aqui.

– Pensei que só eu estava tendo essa sensação.

– E eu, pensando que tava ficando paranoico pelo o que Zura andou dizendo...

– O que o Katsura-san te disse?

– Que o Governo Central começou uma caça aos membros e ex-membros do Kiheitai e do Joui.

– Então você corre esse risco, certo, Gin-san?

– Não acho que eu corra tanto assim... – Gintoki respondeu com algum desdém. – Já faz muitos anos que eu deixei o Joui.

– Mesmo assim, Gin-san, é bom ficar de olho, porque...

Um sibilo se fez ouvir logo atrás da dupla. Fora causado por um ataque de espada que, por pouco, não acertou Shinpachi. Não fosse pelo reflexo rápido de Gintoki defender o amigo, usando sua bokutou para bloquear o ataque, o Shimura poderia ter perdido sua cabeça.

Shinpachi recuou alguns passos e também empunhou uma bokutou que trazia consigo – um dos hábitos que havia adquirido com a convivência com o Yorozuya e por conta das aulas que dava no dojo.

Quem era capaz de atacá-los ali daquela maneira?

Vários Amantos, com trajes militares, começaram a cercar o jovem de óculos e o albino, a quem direcionavam seus olhares. Dois deles eram “velhos conhecidos” do Sakata: o cara de raposa e o cara de peixe, que disse:

– Sakata Gintoki, você está preso por associação ao terrorismo e por desacato! Largue sua espada e se entregue!


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