Paradoxo Temporal: A Origem De Ginmaru escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 15
Cidadãos de bem não devem concordar...


Notas iniciais do capítulo

Com golpes de estado.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/349501/chapter/15

Desarmado, Gintoki se via diante de duas lâminas bem afiadas apontadas para seu pescoço. Sabia que, se saísse correndo para dentro, poderia ser encurralado antes que alcançasse a sua espada de madeira. Parecia ser bem mais fácil encarar Otose, Catherine e Tama juntas, pois tinha larga experiência em se safar das três quando estava sem grana alguma para pagar o aluguel.

O ex-samurai então resolveu tentar negociar mais uma vez:

– Podem abaixar as espadas, pessoal... Vejam só, não tenho como dar noventa por cento do que eu ganhei esses dias, porque eu sou apenas um humilde pai solteiro que se esforça muito para cuidar do pobre filhinho em fase de crescimento...!

Não adiantou nada, as lâminas se aproximaram ainda mais do pescoço do albino, que se inclinava ainda mais para trás pra não se cortar com as espadas.

– Sem acordo. – disse o cara de peixe com tom impassível. – O imposto é noventa por cento, nem um centavo a menos!

E mais uma vez as duas lâminas das katanas se aproximaram ainda mais perigosamente dele, que agora parecia um bambu envergado para trás, do tipo que desafiava a gravidade por meio de um equilíbrio extremamente precário... E no qual a gente se pergunta se ele não arrebentaria sua coluna vertebral.

– Opa, opa, opa...! – Gintoki suava frio e engolia seco mais uma vez, não querendo encrenca. – Não vamos nos precipitar, tudo pode ser negociado...! Não é...?

– Tá zoando da nossa cara, é? – o cara de raposa perdia a paciência. – Nada de negociação!

– Eeeeei, pera aí! Você tá muito nervoso, e... OPS!

O precário equilíbrio de Gintoki se desfez e ele caiu com tudo de costas no chão. Imediatamente, os dois alienígenas colocaram as espadas novamente apontando para ele. Uma, para o pescoço, outra para o coração.

Tava numa fria... Não, tava numa grande gelada! Precisava de ajuda! Por que o Ginmaru não acertava uma espada de madeira na cabeça de um daqueles Amantos feiosos?

Podia acontecer isso... De preferência, AGORA!

Suas preces foram parcialmente atendidas por Ginmaru, que acertou intencionalmente a espada na cabeça do cara de peixe e desferiu um golpe bastante potente com a espada de madeira no queixo do cara de raposa. Gintoki conseguiu aproveitar a chance e tomou a espada de madeira do filho. Em seguida, posicionou-se defensivamente, pronto para receber um novo ataque, que não se fez esperar. O Yorozuya sorriu confiante e não pensou duas vezes: contra-atacou com a espada de madeira com um único golpe, no qual usou toda a força, acertando os dois Amantos e mandando-os para fora da casa. Na verdade, para a rua, sem passar pela escada. Em outras palavras, era um voo sem escalas da Yorozuya do Gin-chan direto para a rua.

– ISSO NÃO VAI FICAR ASSIM! – o Amanto cara de peixe bradou.

Gintoki, da varanda, respondeu zombeteiro:

– CLARO QUE NÃO, BABACA! VAI FICAR TUDO ROXO!


*


Em meio à fria noite que acabava de cair, dois vultos subiram sorrateiramente a escada que levava à Yorozuya do Gin-chan. Um deles tocou a campainha e ambos, morrendo de frio, estavam encolhidos aguardando alguém atender.

Ginmaru foi quem atendeu e acabou sendo literalmente atropelado pelos dois indivíduos, que logo se enfiaram embaixo do kotatsu quentinho. O garoto, claro, protestou aos berros:

– QUALÉ, ZURA?? SUA MÃE NÃO TE DEU EDUCAÇÃO NÃO?

Katsura logo respondeu, ao mesmo tempo em que batia os dentes por conta do frio que sentia:

– N-Não é Z-Zura... É-É K-Katsura...!

Ouviu-se um som de descarga vindo do banheiro e, logo após, Gintoki saia de lá limpando o ouvido com o dedo mindinho.

– Que escândalo é esse, Ginmaru? – perguntou, passando direto pelo kotatsu no qual estavam Katsura e Elizabeth.

O garoto não acreditou na distração do pai e fez um facepalm:

– Eu não acredito que você não viu o Zura e essa coisa no nosso kotatsu...! Pai, eles me atropelaram!!

– Pra que esquentar a cabeça com isso, Ginmaru...? – o Sakata mais velho questionou com displicência. – Todo inverno ele faz isso.

Pior é que era verdade. Todo santo inverno era assim, com Katsura e Elizabeth serrando um calorzinho ali, pelo menos até serem chutados pelo Yorozuya. Os dois albinos se sentaram ali também, e os quatro se encararam longamente.

Havia algo estranho nas feições de Katsura. Até agora, ele se limitara a apenas tremer de frio e gaguejar seu típico bordão para corrigir seu nome. Ele estava sério demais, longe do tom exageradamente conspiratório e do tom imensamente melodramático. Exibia uma seriedade que ele só mostrava em momentos realmente sérios, longe de qualquer absurdo.

Por ser amigo de longa data, Gintoki logo percebeu que havia algo bastante sério a ser dito pelo líder da facção Joui, e não era algo de um terrorista de araque. E Elizabeth não havia exibido nenhuma placa desde que chegara ali.

– Zura – o Yorozuya quebrou o incômodo silêncio que pairava no ambiente. – Você não veio apenas pra se esquentar aqui, não é?

– Não é Zura, é Katsura.

– Que seja.

– Bem, Gintoki, eu vim me esconder aqui.

– Ei, ei, não diga que você andou invertendo os rolos de papel higiênico do Shinsengumi de novo!

– Não. Não é o Shinsengumi que está à minha procura.

– Hã? Então, o que você aprontou?

– Eu não aprontei nada desta vez. Estou sendo procurado por ser potencial “agitador” aqui em Edo. O novo governo está começando a “limpar” Edo dos potenciais agitadores que possam atrapalhar o tal do Kasler. Qualquer um que faça ou tenha feito parte do Kiheitai e do Joui tem esse risco.

– Mas o Kiheitai não estava do lado deles? – Gintoki limpava o salão com o dedo mindinho.

– O Kiheitai foi usado apenas para derrubar o shogun. Assim que assumiram o poder, os enjilianos, liderados pelo Lorde Kasler, prenderam todos os membros do Kiheitai, para depois executá-los.

– Quer dizer que ele foi apunhalado pelas costas?

– Exatamente. E por isso foi determinado que todos que são membros tanto do Kiheitai, como do Joui, devem ser capturados imediatamente.

– Espera um pouco aí... – Gintoki tentava raciocinar direito. – Você disse que os comandados pelo Comandante Gorila e pelo Vice-Comandante Mayora não estão nesse auê todo?

– Não. São os soldados enjilianos que estão encarregados disso. O Shinsengumi não reconhece o novo governo, logo não é subordinado a eles.

– Eles são leais ao Shogun até o fim.

– Sim. E até aqueles que eram leais ao Shogun estão enquadrados na mesma punição, se não reconhecerem o novo governo. E também estão incluídos como procurados até os que de alguma forma integraram facções como o Joui ou o Kiheitai.

Um breve instante de silêncio se fez na sala. Elizabeth e Ginmaru apenas viam e ouviam tudo com muita atenção. Aquela conversa era séria demais para ser entremeada por qualquer tipo de besteira. Por fim, Katsura voltou a se pronunciar:

– Gintoki, você também está em risco. Como ex-integrante do Joui, você corre o mesmo risco que eu. Ainda mais se o Takasugi entregar a gente, revelando até mesmo que você era o lendário Shiroyasha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Paradoxo Temporal: A Origem De Ginmaru" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.