– Sakata Gintoki – disse o Amanto com cara de peixe. – você está preso por associação ao terrorismo e por desacato! Largue sua espada e se entregue!

– De onde você tirou isso? – Gintoki fez cara de desentendido, sua especialidade.

– Não se faça de besta! Você sabe muito bem do que estou falando!

– Desacato é só porque não pude pagar impostos?

Nisso, as lâminas de espadas se aproximaram mais de Gintoki, que engoliu seco. E o cara de peixe começava a perder a paciência:

– Você sabe muito bem o que fez com a gente, idiota!

– Ora, eu só estava conduzindo vocês à saída de meu humilde lar! – o albino exibia a sua melhor cara de pau.

E as espadas se aproximaram ainda mais dele, que mesmo assim sabia o que queria.

– Ei, ei – disse com ar de inocente. – E de onde vocês tiraram a acusação de associação ao terrorismo? Sou apenas um pacato faz-tudo!

– O que me diz de ter feito parte da Facção Joui no passado? Você é altamente perigoso, junto com Katsura Kotarou, Sakamoto Tatsuma e Takasugi Shinsuke! Sabemos tudo a seu respeito, lendário Shiroyasha! E vamos cortar o mal pela raiz a partir de agora!

Gintoki sorriu com ironia. Nem o Shinsengumi era capaz de prendê-lo, como aquele bando o prenderia? E esqueciam que Gintoki não estava sozinho. Aliás, nem notaram Shinpachi ali, para variar.

Às vezes, não ser notado tinha suas vantagens. O Shimura partiu para o ataque, derrubando meia dúzia de soldados ali, instaurando o caos. Gintoki aproveitou a chance e também reagiu, derrubando todos os adversários, mesmo estes oferecendo resistência durante o combate. Após derrotarem todos, a dupla Yorozuya saiu correndo de lá, parando só no local onde deveriam trabalhar.

Deveriam, mas não trabalharam. Chegaram tão atrasados, que o gelo que deveria ser removido já tinha sido tirado por outra pessoa, que já recebia o pagamento que eles deveriam receber.

A neve voltava a cair, enquanto a dupla, completamente desolada, pegava o caminho de volta para a casa dos Shimura.

*

As portas imponentes da grande sala principal do palácio se abriram, mostrando o espaço ricamente adornado e impecável, digno do governante que o ocupava. O humanoide de pele azul e cabelos alaranjados envergava um uniforme militar branco, como o de um general de um exército – o que não deixava de ser verdade, pois era de fato o general que comandava as tropas de sua raça, a raça enjiliana.

Pelas grandes portas entraram os mesmos Amantos que foram derrotados por Gintoki e Shinpachi na emboscada que eles haviam armado. Estavam todos devidamente surrados, estropiados, machucados, espancados e humilhados. Chegaram cambaleantes e se ajoelharam diante do governante, que os encarava com desprezo.

– Não precisam me falar nada. – o enjiliano disse. – A julgar pela aparência de vocês, fracassaram de novo, certo?

– Infelizmente, sim, Lorde Kasler. – o alienígena com cara de raposa respondeu com pesar. – O Shiroyasha é muito forte, além de insolente.

– Ele conseguiu escapar de duas emboscadas hoje no mesmo lugar. – o cara de peixe acrescentou. – E além dele, Katsura também conseguiu escapar, parece que ele atualmente é um mestre da fuga!

Kasler desembainhou sua espada e a brandiu de forma ameaçadora, apontando a lâmina para o grupo recém-chegado:

– Bando de incompetentes! Já não basta eu ter que aturar um bando de caipiras rebeldes me dando dor de cabeça, e vocês são incapazes de pegar dois homens estúpidos? Um nem sabe se disfarçar direito e o outro é apenas um retardado de cabelo ruim! Nem de longe lembram a descrição feita pelo líder do Kiheitai, mas têm que ser detidos a qualquer custo!

– Mas, Lorde... – choramingou o alien com cara de raposa. – Aquele homem chamado Sakata Gintoki não pode ser subestimado. Ele tem cara de estúpido, mas é um veterano de guerra! Katsura Kotarou também parece um completo pateta, mas está na mesma situação do Shiroyasha!

– Mesmo assim vocês não passam de um bando de incompetentes! Eu mesmo vou cuidar desse tal Shiroyasha e ver se ele é realmente tão surpreendente como vocês dizem.

Com seu porte imponente, Kasler dirigiu-se à porta, passando por seus soldados inúteis. Com ar ameaçador, ordenou:

– Retirem-se daqui... E JÁ! Se não saírem daqui agora – começou a desembainhar sua katana. – eu mudo de ideia e corto as cabeças de todos vocês!

Não foi preciso dar outra ordem, os soldados que fracassaram em sua missão saíram correndo como podiam, pois ainda tinham amor à vida.

– Já vi que a questão com os caipiras do Shinsengumi terá que esperar. – o Lorde enjiliano murmurou. – Parece que o tal do Shiroyasha deve ser bem interessante. Já que um bando de patetas inúteis não consegue nem ao menos botar um homem estúpido na linha, terei que fazer isso eu mesmo. Quem sabe, a partir disso, os outros pensarão dez vezes antes de se virarem contra meu governo.

*

– Cara... Eu tô acabado! A sorte é que pelo menos deu pra ganhar alguma grana hoje. Até que o dono da outra casa que eu e o Shinpachi-kun tiramos a neve foi bem generoso!

– Vai ser bom, porque vamos ter comida pra uma semana por causa da sua cara de congelado, pai! – Ginmaru disse sorridente.

– Eu estava congelado, Ginmaru. Um babaca deixou cair um balde de água bem na minha cabeça!

– Que seja! Mas valeu a pena!

– É, e amanhã vamos às compras. – Gintoki respondeu. – E aí não precisamos serrar comida de ninguém por um tempo, e...

Nisso, Gintoki foi atacado por trás e, por ter sido pego de surpresa, caiu de bruços no chão recoberto de neve. Ginmaru, evidentemente, ficou apavorado, mas foi acudi-lo:

– Pai, o que aconteceu? Você tá bem?

– Eu tenho cara de estar bem? – Gintoki respondeu. – Alguém conseguiu fazer um corte nas minhas costas, como é que vou estar bem?

– Não foi isso que eu ouvi falar do lendário Shiroyasha. – uma voz ecoou logo atrás dos dois albinos. – Está me decepcionando, Sakata Gintoki. Eu esperava mais de você.