Assim que entramos no colégio, Damon deixou-me na grande quadra enfeitada para o baile e saiu por breves segundos. Tudo estava escuro, nenhuma iluminação. Por alguns minutos comecei a ficar com medo de que fossemos pegos. Mas me lembrei de que Damon é um vampiro, ele pode fazer tudo o que quiser. E além do mais, sou uma bruxa muito poderosa - como diz meu tio - e não devo temer por ninguém.
De repente uma leve musica suave começou a tocar no ambiente, junto com as luzes que se ascenderam. Sorri sentindo Damon se aproximando de mim. Era estranho eu sorrir para ele. Damon é um vampiro, e por mais que eu não tenha medo, eu tenho ódio de vampiros.
- O que acha? - Damon perguntou com um sorriso de lado logo que ficou a minha frente. Neste momento, eu já não sorria mais. Ao me lembrar de meu ódio por vampiros, minha mágoa gritou mais alto, fazendo-me fechar a cara no mesmo momento.
Porém, Damon não tinha culpa. Eu sei disso. E além do mais, ele está sendo bom comigo. Abri novamente meu sorriso, deixando os olhos de Damon brilharem com certa alegria.
- Acho que você está sendo legal de mais para meu gosto. - falei divertida e ele riu baixo.
- Estou querendo me divertir. - ele disse me estendendo suas mãos - Aceita uma dança, Mia Carter?
Eu nunca gostei que me chamassem de Mia Carter, apenas Mia era o suficente. Mas vindo dos lábios de Damon, me pareceu mais suave.
Aceitei as mãos de Damon, e então, o mesmo rodopiou-me na quadra e, surpresa, logo eu já estava com meu corpo colado ao dele. Damon inclinou levemente de lado sua cabeça e me olhou divertido. Sorri segurando uma de suas mãos, enquanto sua outra me seguravam em minha cintura. Minha mão livre subiu repentinamente para seu ombro e Damon começou a nos movimentar levemente no ritmo da musica.
- Para quem disse que nunca foi a um tipo de evento assim, você tem uma ótima cordenação motora. - ele disse sorrindo brincalhão e revirei meus olhos, divertida.
- Espere até eu pisar em seu pé e você desistirá da dança. - disse dando de ombros e Damon deu uma leve risada, soando como uma música a mais para meus ouvidos.
Ficamos num silencio confortável. Era tão estranho isso para mim. Nunca tive contato com nenhum cara. Sim, teve um primo meu distante. O que não conta muito, pois ele prefiriu ir para o lado negro do que ficar comigo. Não guardo mágoas, as vezes isso acontece nas melhores famílias. E Ícaro teve o que mereceu logo depois.
- Você deve usar algum tipo de bruxaria quando estou perto, não? - Damon quebrou meus pensamentos me olhando com certa incredulidade.
- Ahn? - indaguei assustada. Ele riu baixo, divertido e novamente ele girou-me, para repetira o ato, colocando-me mais colada ao seu corpo rígido e quente.
- Há algum tempo que tudo para mim é complicado. - ele começou a falar com uma expressão suave, mas chateada - Mas, desde quando você se jogou na frente de meu carro, eu, sempre que estou com você, não me sinto tão nervoso e me acalmo. - terminou me olhando confuso - Que tipo de bruxaria é essa?
Dou uma leve risada e suspiro longamente.
- Eu nunca lhe joguei algum tipo de bruxaria, aliás, eu não pratico tal coisa. - expliquei dando de ombros. Damon me olhou agora mais confuso e suspirei.
- Uma bruxa que não pratica bruxaria? - ele falou em deboche e riu baixo.
- Eu lhe disse que sou uma bruxa diferente das que você está acostumado. - falei sem meras delongas e ele ergueu uma sobrancelha, em sinal de confusão - Eu não pratico bruxaria, sim magia. É diferente de tudo que você e seus amigos devem ter visto na vida.
- O que difere magia de bruxaria? - ele perguntou confuso ainda.
- Bruxas, todas, tem seus poderes limitados, não podem praticar além do que seu corpo permite... - soltei novamente um suspiro - Já aquelas que praticam magia, também chamadas como bruxas, não tem seus poderes limitados, e são mais poderosas do que imaginamos. E também... Ao contrário das bruxas comuns, quando praticamos mais magia, mais forte será nossa magia.
- E por que você não pratica? - perguntou incrédulo.
- Por que... - hesitei meio com medo, não queria contar toda a parte para Damon. Eu o conheço tão pouco, não sei o quanto ele pode me ser confiável - Por que quanto mais forte for a magia, mais perigosa posso ser. - dei de ombros meio trêmula - É como vocês, vampiros, quanto mais sangue humano vocês tomarem, mais fortes vocês serão, sim? - ele concordou com a cabeça - E mais pessoas vocês matarão. - sussurrei respirando fundo.
- Essa... magia prejudica aos outros? - ele perguntou confuso.
- Na maioria das vezes. - disse rapidamente e ele assentiu surpreso.
A musica terminou e então uma bem agitada começou. Damon e eu paramos de dançar no mesmo momento, ele ainda parecia surpreso com que eu tinha lhe contado.
- Mais uma dança? - ele perguntou então abrindo um lindo sorriso. Ri concordando e ele me girou novamente para começarmos com passos rápidos.

A fraca luz solar penetrava entre as cortinas de meu quarto. Bocejei ficando sentada em minha cama. O dia deveria estar lindo lá fora, mas hoje não era um dia muito lindo para Mystic Falls. Caminhei pelo meu quarto e fui direto para o banheiro., Após um longo banho, procurei por algo para vestir. Opitei apenas por uma saia preta, uma camisa branca e uma blusa vermelha por cima. Calcei minhas botas pretas e fiz uma trança em meus cabelos. Assim que sai de meu quarto, pude ouvir meu tio tocando piano na sala de star. Sorri descendo as escadas, meu tio adorava tocar piano, porém quando minha mãe faleceu, ele se fechou muito e se recusava a fazer isso. Mas, quando passei a morar com ele, Jack voltou ao seu hooby favorito.
- Hey, já está de saída? - meu tio parou de tocar quando me viu descendo as escadas.
- Estou indo ao memorial. - falei suspirando levemente e sorri de lado.
- Por quê? - indagou confuso.
- Eu fiquei com pena daqueles que perderam seus amigos, ou família... - disse dando de ombros - Apenas darei uma passadinha rápida. - completei e ele respirou fundo.
Seu olhar gélido voltou para o piano e uma linda canção começou. Caminhei para fora de lá, mas antes pegando as chaves do carro.
Assim que cheguei próxima a igreja de Mystic Falls, pude ter a visão de algumas pessoas vestindo negro entrando na igreja. Fiquei triste por eles. Eu sei muito bem como é a dor da perca, e não desejo a ninguém.
Me assustei ao ouvir batidas na janela de meu carro. A loira do lado de fora, me olhava confusa, porém amigável. Desci de meu carro, vendo Caroline ao lado de seu namorado, no qual nem lembro o nome.
- Não imaginei que você viria. - Caroline comentou dando-me um leve abraço. Retribui meio indecisa e depois nos soltamos - Este é meu namorado, Tyler Lockwood. - apresentou-me.
- Você é a Mia que tanto falam. - Tyler disse com um pequeno sorriso gentil.
- Tyler. - Caroline o repreendeu revirando seus olhos incrédula.
- Sem problemas, Caroline. - falei sorrindo de leve - Sei que todos estão comentando sobre mim. - dei de ombros e ela sorriu amigável novamente.
- Bom... Você vai entrar? - Caroline perguntou receosa. Respirei fundo percebendo que Tyler me trazia uma imensa sensação confusa.
- Eu não sei. - sussurrei receosa. Ela assentiu segurando a mão de seu nammorado.
- Estaremos lá dentro. - ela disse se virando com seu namorado.
Assenti com a cabeça enquanto ambos já iam em direção a igreja. Encostei-me em meu carro e fitei as pessoas que entravam. Ouvi um carro parando ao meu lado e olhei para o homem que descia. Não me surpreendi ou nem fiquei envergonhad com aquele sorrisinho malicioso junto com aquele olhos azuis gélidos sobre mim.
- Mia? Isso sim é uma surpresa. - Damon disse ficando ao meu lado e sorri gentil à ele.
- Só vim dar uma passadinha, já estou de saída. - expliquei sem meras delongas e ele assentiu respirando fundo - Isso é muito triste, não? - falei olhando para Damon. O mesmo me olhou sem entender e apontei para as pessoas tristes pela perca. Damon assentiu meio entediado.
- Pessoas morrem, Mia. - ele disse frio e revirei meus olhos incrédula.
- Você nunca perdeu alguém? Essa é uma dor terrível. - falei chateada.
- Sim, eu já tive algumas percas sim. Mas já aprendi a viver com isso. - deu de ombros sem se importar.
Vimos ao mesmo tempo Elena chegando junto com Stefan Salvatore, irmão de Damon. Stefan apenas nos olhou por breves segundos e logo entrou com a namorada.
- Preciso entrar. Você vem? - Damon me perguntou erguendo uma sobrancelha. Neguei com a cabeça e ele assentiu - Nos vemos depois, Mia. - disse dando-me uma rápida piscadela.
Damon então partiu para dentro da Igreja, deixando-me sozinha ao lado de meu carro. Decidi dar um fora dalí. Estava tudo muito depressivo para mim, não aguentaria mais isso. Minhas depressões já bastam. Enquanto abria a porta de meu carro, senti uma dor enorme em minha cabeça.
Oh, droga, agora não! Segurei-me na porta do carro, sentindo tudo a minha volta girar e girar. Fechei meus olhos abaixando a cabeça e respirei fundo inumeras vezes. Alguém passou por mim em rápidos passos. E quando se distanciou o suficiente de mim, minha dor e tontura cessou repentinamente. Abri meus olhos assustada e virei-me para trás, naquele momento tinha um homem se aproximando da igreja. Ele era alto e loiro. Tinha seus olhos verdes e uma expressão fria. Eu não sabia de onde ele era, não sabia quem ele era. Apenas sabia que tinha de me afastar dele agora.
Quando entrei em meu carro e acelerei, aquele homem olhou em minha direção, com um olhar indiferente e frio. Engoli em seco e parti para longe dalí.