Abri meus olhos querendo me adaptar com a forte luz em meu rosto. Resmunguei algo que nem eu mesma entendi e fechei meus olhos incomodada. Meu corpo estava deitado em algo maciço e macio. De fato era uma cama. Virei-me confortavelmente e abri meus olhos.

– Bom dia, bela adormecida.

Meu coração disparou naquele mesmo momento. Quase saltei de lá, ou quase explodi a cabeça de Damon.

– O que houve? - perguntei encarando Damon assustada. Isso estava estranho. Nós dois deitados numa cama. Não... Isso é muito estranho. Sentei-me sob o olhar receoso de Damon e olhei em volta.

Era um quarto grande e acomodado. Bem amplo, com uma grande cama de casal (na qual estava Damon e eu), um guarda roupas, próximo ao banheiro e duas comodas antigas. A janela da varanda estava aberta, trazendo a forte iluminação do dia. O quarto era melhor até que o meu na casa de tio Jackson. Tio Jackson! Oh, céus! Preciso avisar para ele que estou bem!

– O que aconteceu? - Damon perguntou com certo receio.

Não sei se a pergunta se referia a minha expressão ao me lembrar de meu tio, ou se referia ao que tinha ocorrido na noite anterior.

– Do que se refere? - perguntei o encarando séria.

– Eu te encontrei na floresta completamente desatordoada, estava muito mal. - ele disse me fitando desconfiado - Sem contar que você praticamente fugiu de mim, não? - me olhou se fingindo de chateado, irônicamente.

Bufei de leve e rolei meus olhos lentamente.

– Eu tive um colapso. - falei dando de ombros. Ele ergueu sua sobrancelha, me olhando como se eu fosse um ET.

– Você...?

– É uma longa história. - suspirei cansada e deitei-me novamente, encarando o teto sobre nós. senti o olhar de Damon ainda sobre mim, sabia que aquele olhar significava que ele queria respostas e agora - Eu não lhe devo respostas, se é isso que está pensando. - falei incrédula e escutei sua risada abafada enquanto ele virava-se na cama, também para encarar o teto.

– Lembrando que é a segunda vez que lhe encontro daquele jeito e praticamente lhe salvo. - ele diz com irônia - Então acho sim que deve-me respostas. - completou sem meras importâncias.

Fiquei calada com um pequeno sorriso formando-se. Ele era tão idiota.

– Você tinha razão. Eu não sou uma vampira, nem uma humana. - falei encarando o teto ainda. Hesitei respirando fundo - Eu sou uma bruxa. - minhas palavras sairam rápidas, mas claramente para ele ouvir. Damon não disse nada, então virei meu rosto para encará-lo, no mesmo momento ele fez o mesmo. Nos encaramos, ele com um olhar desconfiado e confuso.

– Conheço bruxas. Nunca vi elas terem colapsos estranhos como os seus. - ele disse com a voz confusa. Encarei o teto novamente. O que eu diria?

– Eu sou uma bruxa diferente. - falei fazendo pouco caso daquilo. Damon mexeu-se novamente, pude sentir seu olhar sobre mim. Virei meus corpo para ele, vendo que ele também estava virado para mim.

– Que tipo de bruxa? - ele murmurou com uma sobrancelha erguida e um sorriso malicioso.

– Uma bruxa bem perigosa. - sussurrei fazendo um olhar sombrio, o que fez com que Damon soltasse uma risada.

– Você não me parece perigosa. - ele disse passando sua mão esquerda em meu rosto.

Senti todo meu corpo levar um choque fraco com o toque de Damon em mim. Tinha sido uma sensação diferente de todas que eu já tinha sentido. Suspirei de leve querendo sorrir e... antes de alguém dizer mais algumas coisa, escutamos um barulho de porta se abrindo e alguém entrando chamando por Damon.

– Damon, precisamos conversar sobre a explosão que hou... - sentei-me de imediato me assustando com quem entrava alí - Mia? - Elena também assustou-se.

– Elena? - minha voz saiu surpresa, ao contrário do susto que ela teve.

– Droga, Elena, não sabe bater antes de entrar, não? - Damon disse irritado e virando-se na cama para encarar o teto novamente, sua expressão estava irritada.

– Mia, o que faz aqui? - Elena perguntou com certo medo.

– Eu... Eu... - comecei a tentar dizer algo.

– Eu a trouxe para cá noite esta noite. - Damon falou sem mais delongas. Elena olhou-me espantada, e eu tinha quase certeza da conclusão que ela tirara.

– Vocês passaram a noite juntos? - ela perguntou o que eu tinha certeza que iria perguntar.

– Não! - saltei da cama negando descrente de tal pergunta. Damon também ficou de pé e olhou irritado para Elena.

– O que lhe importa, Elena? - ele perguntou irritado - Stefan não está lhe satisfazendo e você tem que cuidar de minha vida?

Ao contrário de Elena que olhou irritada para Damon, eu o olhei assustada.

– Eu preciso ir embora. - falei quebrando o clima que ficou pesado com tal comentário de Damon - Preciso ir para o colégio. - falei lembrando-me de que eu tinha aula!

– Já é tarde, acabou a aula. - Elena comentou tirando seus olhos de Damon e trazendo-os em minha direção. Eu a encarei horrorizada, como eu posso ter dormido tanto? - Hoje todos fomos liberados mais cedo por causa dos preparativos do baile. - ela explicou aliviando-me do susto.

– Eu levo você embora, Mia. - Damon disse colocando uma jaqueta preta e olhou-me sorrindo de leve.

– Eu posso ir sozinha. - disse olhando em volta. Encontrei minha bolsa sobre uma cadeira e a peguei - Foi bom te ver, Elena. Te vejo hoje a noite, no baile. - falei me encaminhando em direção a porta de onde ela viera. Elena deu-me um sorriso gentil de despedida e senti Damon vindo atras de mim.

– Eu te levo, além do mais, preciso sair daqui. - Damon disse enquanto saíamos de seu quarto. Encontrei uma extensa escada e desci pela mesma, talvez ela pode me levar à saída.

Descemos em silêncio e logo já estávamos numa sala familiar. A sala onde acordei pela quando tive meu primeiro colapso em Mysti Falls. Eu senti que alguém - um vampiro - se aproximava. Parei de andar e olhei em volta. Sabia que Elena ainda nem tinha descido. Provavelmente alguém mais estava aqui.

– Não sabia que estudava com Elena. - Damon disse surpreso. Eu o olhei sob meus ombros, seu sorriso era de criança que estava aprontando algo - E nem sabia que iria ao baile.

– Sim, eu vou. - falei e virei meu rosto para a porta da frente.

– Você tem compania? - Damon perguntou malicioso. Virei-me para ele e ele deu um passo até a mim.

– Não, eu não tenho. - falei com um olhar desconfiado..

– Ótimo, te pego as oito. - ele disse voltando a andar em direção a porta da frente. Acabei encarando o nada confusa. Como assim?

– Eu não disse que... - comecei a dizer virando-me para Damon.

Foi na metade de minha frase quando a porta se abriu, trazendo uma loira preocupada, que logo se assustou quando me viu. Ótimo. Mais uma para pensar que passei a noite com Damon.

– Mia?

– Olá, Caroline. - disse sem nenhuma alegria em vê-la.

– Ei? O que faz aqui? - Damon lhe chamou atenção. Ela virou-se para ele e depois olhou-me.

– Oh, por favor, eu não passei a noite com ele. - falei tirando tais pensamentos de sua cabeça. Ela olhou-me surpresa e depois voltou a olhar Damon.

– Preciso falar com vocês. É sobre o que ocorreu esta noite. - ela disse a Damon e fiquei curiosa.

– Elena está lá em cima, depois eu entro na conversa. - ele disse sem se importar - Mia? - chamou-me.

– Sim. - andei em sua direção - Foi bom te ver, Caroline. Até mais.

– Ok. Tchau. - ela respondeu-me confusa enquanto eu já saia porta a fora com Damon.

Damon e eu seguimos em direção onde se carro estava. Hoje estava quente, melhor que o dia anterior. E eu me sentia melhor quando fazia calor. Parei a frente do carro de Damon quando senti que estava sendo vigiada. Olhei em volta, nada vendo. Então olhei para a mansão atras de mim, e numa das janelas eu vi Elena olhando-me séria, sem nenhuma expressão. Franzi o cenho disfarçando meu olhar para o céu e depois para Damon.

– Sério, não precisa me levar. - falei encarando a Damon.

– É bom que eu descubro onde você mora, para mais tarde eu te buscar para irmos ao baile. - sorriu entrando em seu carro.

Entrei também e então Damon deu a partida no carro. Em seguida, ele colocou uma musica para distrair o momento. Durante o caminho, eu apenas explicava para onde ele deveria ir. Cheguei a desconfiar se ele realmente não sabia onde eu morava. Afinal, Mystic Falls é uma ciade pequena, todos sabem de todos.

– Pare aqui. - pedi quando chegamos próximos ao grande portão negro antigo.

Damon parou o carro e olhou em volta com uma expressão confusa.

– Ok. Você mora no meio da floresta, isso é muito comum. - ele disse surpreso e ri de leve.

– E você é um vampiro, isso também é muito comum.

Ele deu uma leve risada e então descemos do carro. Fechei a porta catelosamente enquanto tentava ver atraves daqueles portões antigos. Fiquei até com medo do que esperar atras deles. Soltei um grande suspiro e olhei para Damon, que também olhava por tras dos portões.

– É melhor você ir. - falei com uma sensação não muito boa - Meu tio não gosta muito... de vampiros. - ele me olhou sorrindo e revirei meus olhos.

– Há quanto tempo seu tio mora aqui? E quem é ele? - perguntou encostando-se em seu carro e me encarando.

– Eu não sei há quanto tempo ele mora aqui. E sei que... ele nunca sai. - falei meio confusa. Ele também me olhou confuso - As oito, Damon. - avisei caminhando em direção aos portões, ele riu baixo - Caso o contrário, não me importarei de explodir sua cabeça.

– Até as oito, Mia Carter.

Sorri abrindo os portões e os atravessei. Olhei para Damon uma ultima vez fechando os portões.

– Sabe o quanto que fiquei preocupado, Mia? Não acredito que estava com aquele vampiro!

Tio Jackson já vinha com 'pedras nas mãos' quando me viu entrando em sua sala. Sua expressão era raivosa sobre mim.

– Eu tive um colapso, Damon me ajudou! - falei me encaminhando para as escadas.

– Ele é um vampiro, Mia. - vociferou.

– O que importa? - falei irritada - Você trouxe-me para cá, uma cidade cheia de vampiros, bruxas e outras coisas! Não tenho culpa de que atraio coisas ruins!

Senti uma péssima vibração na sala e meu tio me olhou sério. Respirei fundo fechando meus olhos.

– Seus poderes estão fortes, Mia. - ele murmurou - Fique longe deste vampiro, ou isso pode piorar.

Abri meus olhos a tempo de ver Jackson saindo em direção a outra sala. Neguei com a cabeça e apressei meus passos escadas a cima. Tranquei-me em meu quarto já irritada. Não queria ficar assim com meu tio, porém... Ele está errado. Traz-me à essa cidade e agora proíbe-me de certas coisas! Isso está completamente errado.

Por sorte, para não pensar em nada daquilo que tinha acontecido, acabei pegando no sono. Tendo sonhos bons. Pela primeira vez não acordei com aquela sensação horrorosa e uma dor no peito. Eu não tinha sonhado com minha mãe.

Olhei para o relógio sob minha cabeceira da cama e soltei um suspiro. Eu tinha pouco menos de uma hora para me arrumar para o baile. Decidida a não me atrasar, levantei-me indo direto ao banheiro. Tomei um longo banho relaxante a fim de tirar aquela má energia de mim. Logo que sai, comecei a vasculhar meu armário. Ok. Eu não tenho uma roupa. Eu sabia que não tinha uma roupa á vestir, mas era impossível eu não ter nenhum tipo de roupa.

Lógicamente, como eu nunca tinha ido a um baile antes, minhas roupas eram comuns, mas minha tia sempre me preparava para o dia em que eu teria de usar algo elegante, por assim dizer. As roupas que ela tinha me guardado, estavam dentro de uma caixa antiga, resolvi abri-la. E de primeira encontrei algo que me seria util.

Ótimo, Damon. Você está atrasado. Pensei comigo mesma enquanto esperava o vampiro a frente dos portões negros antigos. Ao concluir tais pensamentos, escutei um carro virando a unica estrada perto. Assim que os faróis foram se aproximando, trazendo consigo uma energia já familiar, eu enxerguei aquele carro azul. E ao ver o carro me lembrei da expressão de meu tio quando o vi chegando com seu carro, logo que terminei de me arrumar. Ele não estava nem um pouco feliz por saber que eu tinha largado o carro no meio da estrada, e acho que agora terei de ir novamente à pé ao colégio.

– Desculpe-me pelo atraso. – Damon disse quando desceu de seu carro – Mas houve um problema, aconteceu algo em cima da hora. – aproximou-se de mim, com uma expressão séria.

– Foi bom que tenha chegado. – falei o olhando sádica – Não foi fácil encontrar algo para vestir. – dei de ombros e ele avaliou-me com uma expressão surpresa.

– Uh. – pareceu ficar sem fala – Está deslumbrante. – afirmou com um lindo sorriso. Senti minhas bochechas queimarem e abaixei meu rosto – Mas eu sinto muito em lhe dizer que... – eu o olhei novamente, agora confusa – Não haverá mais baile.

Abri minha boca sem emitir nenhum som. De primeira senti uma sensação de alívio. Eu nunca tinha ido a algum baile, nem sabia como chegar num... Depois senti uma triste sensação, como disse, nunca tinha ido a algum baile e pretendia muito ir em algum.

– Como assim, Damon? – perguntou chateada.

– Houve um imprevisto. – eu o encaro agora mais confusa que antes. Ele hesita olhando fixamente para os portões atrás de mim. Ficamos num silêncio chato por alguns segundos, até ele finalmente perceber meu olhar implorando por respostas – Ontem a noite houve um acidente.

– Que tipo de acidente? – pergunto intrigada.

– Um acidente estranho sem explicações, que acabou matando alguns das famílias fundadoras. – explicou de uma vez, sem muita demora – Tiveram de cancelar o baile por causa disso, e amanhã haverá o memorial.

– Nossa. – solto sem saber o que dizer. Percebo que Damon me encara surpreso e fico sem entender – O quê? – indago confusa.

– Acho que você foi a primeira que não desconfiou de mim. – ele disse surpreso. Rio sem entender.

– E por que desconfiaria de você? – falo ainda rindo.

– Bom... Em Mystic Falls, quando pessoas morrem significa vampiros por perto. – ele diz dando de ombros – E digamos que... Minha fama não é muito boa por aqui. – deu um sorriso macabro.

– Bom... Se foi você quem os matou quem estava comigo quando tive o colapso? – pergunto óbvia – Sendo que acabou de me dizer que isso ocorreu esta noite, não?

– Até que em fim alguém que acredite em mim. – ele disse fazendo um pequeno drama teatral. Nego com a cabeça dando uma leve risada.

– Que tipo de acidente? – pergunto novamente intrigada.

– Uma explosão. – falou sério – E não entendo, se foi realmente apenas isso, significa que alguém de lá de dentro da casa do pastor Young quis matá-los. – ele disse confuso.

– Ou talvez alguém de fora? – indago meio óbvia e ele nega incrédulo já preste a me contrariar – Damon, quem alí poderia ser um suicída?

– Qualquer um que tenha algo em mente. – ele diz sem se importar – A xerife Forbes constatou que a explosão foi causada pelo gás que estava ligado. Consideraram isso como um acidente.

– E estão lhe culpando por isso? – quase foi uma afirmação. Ele concordou levemente com a cabeça e revirou os olhos com certo incomodo.

– Eles não entende que eu não preciso esconder minhas provas para isso. Se eu mato, eu não me importo de esconder ou não. – ele dizia como se fosse tão simples e normal.

– Você...? – não consegui terminar de lhe perguntar. Ele apenas me olhou entediado como se fosse a resposta – Damon! – exclamei nervosa. Eu era totalmente contra a morte de pessoas inocentes. Um dos milhares de motivos que eu odiava vampiros.

– Você não acha que sairei por aí em busca de coelhinhos e bambis, não? – ele disse enojado e fiquei completamente enraivada.

– São vidas! – falei nervosa.

– Não se preocupe, Mia. – ele disse revirando seus olhos – Confie em mim, há muito tempo que não tenho o prazer de ter um sangue fresquinho em minha boca. Há um bom tempo que não aprecio uma veia em minhas presas. – ele negou com cera pena de si mesmo.

Encarei-o desconfiada, agora ficando menos nervosa.

– Tem certeza? – desconfio.

– Claro, não tenho para que mentir. – deu de ombros sem se importar.

Respirei fundo me sentindo menos tensa e mais aliviada... Se Jackson já está pirado com minha aproximação com Damon imagine se ele soubesse que Damon é um assassino?

– E ficaremos aqui mesmo, no portão de sua casa macabra? - Damon pergunta com sarcasmo.

– Se você não sabe, o baile foi cancelado. – falei irônica e ele riu de leve – E eu me vesti assim a toa. – bufei irritada.

– Eu tenho uma ideia. – Damon disse sorrindo de lado – Venha comigo. – ele disse andando rápido em direção ao seu carro. Encarei-o sem entender então ele abriu a porta – Se você não vier, nunca saberá o que te espera. – falou sorrindo ao me olhar.

Por alguns segundos pensei em não aceitar, mas por que não?

Quando Damon parou o carro, fiquei confusa por perceber que estávamos no estacionamento do colégio. Ele desceu do carro e veio abrir a porta para mim.

– Vamos? – chamou-me sorrindo angelical.

– Por que estamos aqui? – pergunto confusa.

– Você não estava querendo ir a um baile? Trouxe-lhe a um. – ele disse óbvio e sorri surpresa.

– Mas o baile foi cancelado! – falei sem entender.

– Qual é o problema? Nós podemos fazer um baile para nós. – deu de ombros e estendeu-me sua mão.