Cap. 4 - Dia chuvoso

Abri meus olhos percebendo que o dia já tinha clareado. Por nada eu queria sair de minha cama. Não queria levantar-me, encarar Mystic Falls novamente, talvez ter mais um dia anormal. Porém eu precisa levantar, encarar esse novo dia. Afinal, não serão muitos pela frente.

- Tenha um bom dia. - tio Jackson disse enquanto eu atravessava o hall da sala. Ele estendia-me um molho de chaves.

- O que é isso? - perguntei parando a sua frente o olhando confusa.

- A chave de meu carro. Será melhor para você se tiver um meio de transporte para ir ao colégio.

Por sorte eu sabia dirigir aquele Chevrolet Corvair antigo de meu tio. Não demorou o percurso até o colégio. Mesmo eu querendo que durasse horas e horas, mas eu tinha que encarar aquilo, e talvez até... encarar Bonnie Bennett. A bruxa.

Minha primeira aula foi de Geografia, aula que eu dividia com uma das amigas de Bonnie Bennett. Pelo que ouvi, ela se chama Caroline. Minha aula foi longamente chata. Toda aquela matéria eu sabia muito bem.

Quando finalmente o sinal tocou, me senti completamente aliviada. Juntei minhas coisas e já logo me coloquei para fora daquela sala. De repente, antes mesmo de cruzar aquela porta, escutei meu nome ser chamado por uma doce voz.

Viro-me incrédula, pois logo identifiquei a garota. Caroline. Ela vinha com um grande sorriso. Logo a loira chega a minha frente.

- Oi. - ela disse sorrindo. Eu a olhei confusa em silencio - Desculpe-me te interromper... - ela estava meio sem jeito - Mas... Sabe, sei que é nova aqui. Eu queria te convidar para o baile de boas vindas, que será daqui dois dias.

- Baile de boas vindas. - repeti surpresa. Ninguém nunca tinha me convidado para um baile antes.

- Sim. - ela respondeu animada - Será aqui no colégio. Aposto que irá amar! Eu mesma estou planejando-o.

Eu respirei fundo, sem saber o que lhe responder. Poderia ser legal a ir num baile. Afinal, tenho 17 anos, mereço me divertir um pouco, não?

- Que horas será o baile? - perguntei com um leve sorriso se formando.

Era hora do almoço. Eu estava sentada, lendo um livro qualquer que pertencia ao meu tio Jackson. Comecei a ter uma sensação diferente e logo já entendi. Olhei para o lado e vi Bonnie Bennett aproximando-se de mim, junto com uma garota que também me trazia sensações diferentes.

- Olá. - Bonnie disse ficando ao meu lado. Sorri de leve e coloquei uma mecha de meus cabelos atras da orelha - Mia, não?

- Sim. - murmurei afirmando com a cabeça.

- Eu sou Bonnie. - ela disse sorrindo de lado.

- E eu Elena. - a garota ao seu lado apresentou-se rapidamente e sorriu para mim - Caroline falou de você à nós. - enquanto ela dizia aquilo, percebi Bonnie olhando-me como se estivesse me avaliando - Ela disse que você irá ao baile de boas vindas.

- Sim. - afirmei dando de ombros - Nunca fui a um evento desse, então não tem porque eu não ir.

- Acho que você gostará. - Elena disse.

Então ficamos num silencio por breves segundos, até que Bonnie resolveu quebrá-lo.

- Mia... acho que... - ela estava meio confusa com as palavras.

- Sim, eu sou uma bruxa. - falei de repente, deixando ambas surpresas.

- Que tipo de bruxa? - Bonnie indaga confusa.

- Igual a você. - minto na cara dura. Aliás, eu não sabia se deveria ou não confiar nessa bruxa. Ela tinha uma vampira ao seu lado.

- Não, não é não. - contrariou-me e a olhei surpresa - Você é diferente...

- Bonnie, acho que aqui não é o lugar certo. - Elena disse segurando o braço da amiga - Por que não conversamos sobre isso no dia do baile? - disse olhando em volta, previnindo de que ninguém tivesse ouvindo nossa conversa. Concordei de leve com a cabeça, mesmo sem entender o que elas queriam comigo, mas fazer o que, né?

O dia já estava chuvoso no fim da tarde. Na hora de voltar para casa eu quase nem via a estrada enqaunto dirigia naquele carro velho de meu tio. Meu dia já tinha sido cansativo o suficiente por um dia. Mesmo tendo sido normal, eu me sentia cansada. Não conseguia deixar de pensar onde eu tinha me enfiado.Numa cidade macabra, amaldiçoada, com bruxas e vampiros. De repente, meu carro começa a perder a velocidade. Semicerro meus olhos encarando a estrada quando meu carro para. Piso no acelerador novamente, nada. Dou a partida, faço de tudo... mas nada.

- Que ótimo! - praguejei descendo de meu carro. A chuva estava forte, já deixando-me ensopada e com frio.

Olhei para o outro lado da rua, nenhuma pessoa, casa ou comércio! Nada! Andei até a frente do carro e levantei o capô do mesmo. Ri sarcástica. Como se eu fosse entender de carros! Andei até o meio da rua, eu não conseguia enxergar nada com tanta chuva. Então fortes faróis foram se aproximando numa alta velocidade. Respirei fundo continuando parada no meio da rua e então o carro virou de repente, ficando a centímetros de mim.

Afasto-me um pouco do carro e então um homem desce do mesmo. Logo o reconheço, ficando furiosa.

- Você está louca?! - ele gritou se aproximando de mim.

- Eu sou louca? - praticamente tive de gritar a baixo do uivo da chuva - Você é louco! Ou um péssimo motorista! - gritei sarcástica e coloquei minhas mãos na cintura.

Então ele pareceu me reconhecer, fitando-me descrente. Ele deu alguns passos para se aproximar de mim.

- É você. - ele murmurou num tom que quase nem ouvi - A garota que se jogou na frente de meu carro.

Revirei meus olhos desacreditada.

- Quase o cadáver da 'garota que se jogou na frente de seu carro'. Graças a você. - falei com uma certa irritação - VocÊ não conseguiu ver uma garota parada no meio da rua? - perguntei como se ele fosse um retardado.

- Você... - ele ficou descrente e irritado - Você é louca! Estava parada no meio da rua!? - seus olhos azuis fitaram-me furiosos e confusos.

- Não, eu não sou louca, apenas estava aqui esperando por ajuda. - disse apontando ao carro de meu tio - Essa porcaria morreu!

Ele olhou para meu carro e depois me olhou. Tantas pessoas que poderiam parar para me ajudar tinha de ser Damon Salvatore. O cara que diz que me joguei na frente de seu carro. O cara que viu-me tendo meu primeiro colapso em Mystic Falls.

- Venha. - ele disse andando para seu carro - Vou te levar embora daqui.

- Não precisa. Vou ficar e esperar por alguém que não tente me matar. - falei fria e andei em direção ao meu carro.

Então num segundo, Damon estava a minha frente. Arfei dando um passo para trás e ele olhou-me com um olhar sombrio. Quando ele tentou novamente se aproximar de mim, neguei assustada.

- Fique longe de mim. - avisei séria.

- Não irei te fazer mal. - ele disse com um sorriso que me deu medos - Apenas entre comigo no carro. - seus olhos focaram-se nos meus.

- Não, eu não confio num vampiro que tenta me atropelar. - falei dando-lhe as costas e caminhei de volta para o meio da rua. Senti Damon se aproximando de mim em rápidos passos.

- Então se não pode ser hipnotizada, eu julguei certo, você também é uma vampira. - ele disse convicto. Novamente revirei meus olhos.

- Já parou para pensar que não preciso ser uma vampira para não ser comandada ao seu hipnotismo? - falei revirando os olhos e olhei em volta, impossível não passar ninguém!?

- Eu queria saber o que você é, mas você pouco deu-me tempo de nos apresentarmos melhor. - ele disse ficando ao meu lado.

- Que pena. - falei pouco me importando. Comecei a passar as mãos em meus braços freneticamente, tentando me aquecer daquele frio.

- Entre em meu carro, assim você poderá pegar uma gripe! - ele disse sério.

Respirei fundo e andei em direção ao seu carro. Abri a porta e entrei sem dizer nada. Vi Damon dando a volta no carro e também entrou. Ele olhou-me com um sorriso e neguei com a cabeça.

- Droga, esqueci minha bolsa. - resmunguei abrindo a porta do carro. Saltei de lá indo direto para meu carro. Retirei minha bolsa de lá e fechei meu carro. Quando viro-me de volta para o carro de Damon, meus olhos pararam nos olhos azuis sob a mim.

Turbilhões de sensações dentro de mim. Foi como se o mundo tivesse parado, a terra tinha saído de órbita, minha respiração cessou. Eu via várias coisas por trás daqueles olhos azuis, mas eu não conseguia decifrar nenhuma delas.

Damon encarou-me confuso, eu não consegui nem me mover. Parecia que algo me prendia alí. Eu me sentia presa em algo que eu não fazia ideia. Era confuso. E triste. Algo queria me fazer entrar naquele carro. Minha respiração começou a ficar pesada e meu corpo extremeceu. Neguei desesperada com a cabeça.

Eu não sabia o que estava acontecendo, só sabia que tinha de fugir dalí. Meu corpo finalmente obedeceu aos meus comandos e minhas pernas arrastaram-me para longe de lá. Escutei Damon gritar por meu nome, mas eu já estava correndo para bem longe dele, dentro daquela floresta esccura e fria.

Corria sem rumo, sem nem o conhecimento de onde poderia estar. Não conheço nada desse lugar. Apenas sei que aqui é Mystic Falls. A cidade pequena amaldiçoada que traz consigo todos os seres sobrenaturais possíveis. Meu pé enroscou-se num galho bem duro caido, o que fez com que meu corpo decaísse naquele chão molhado e cheio de barro.

Um alto choque apoderou-se de meu corpo, fazendo um grito sair de minha boca e ecoar por toda floresta. Comecei a tremer, já não mais de frio e sim de dor. Virei-me no chão e olhei para o céu, vendo a chuva cair sobre mim. A dor ficava maior por todo meu corpo e eu podia sentir o suor frio saindo de mim. Desejei morrer alí mesmo, assim acabando de vez com todo meu sofrimento.

Cessei meus gritos, apenas murmurando coisas desconexas, que fazia com que a tempestade de antes fosse uma garoa perto da tempestade que acontecia alí. Gemi fechando meus olhos, sentindo meu corpo cair na inconsciência finalmente, mas antes de finalmente isso ocorrer, pude ainda ouvir algo:

- MIA!